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EDUCAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL: CARACTERÍSTICAS E DISPOSITIVOS LEGAIS

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A EDUCAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA : BREVE HISTÓRICO

1.3. EDUCAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL: CARACTERÍSTICAS E DISPOSITIVOS LEGAIS

A preocupação com a educação da pessoa com deficiência na política educacional brasileira é muito recente, tendo se iniciado efetivamente no século XIX. Para compreendermos melhor os caminhos da educação especial, faremos um breve histórico das práticas, dos dispositivos legais e das políticas públicas.

No Brasil, até 1854 a pessoa com deficiência física, intelectual ou sensorial era excluída tanto da família como da sociedade, sendo acolhida em asilos e instituições de caráter filantrópico e/ou religioso, onde geralmente passava toda a sua vida.

Entre 1854 e 1956 surgiram algumas escolas especiais de caráter público, com ênfase no atendimento clínico especializado para o atendimento de surdos e cegos. Entretanto, eram apenas iniciativas isoladas, que não se originaram de uma política púbica, mas do esforço de pessoas que de alguma forma estavam vinculadas à deficiência, como foi o caso do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, no Rio de Janeiro, hoje Instituto Benjamin Constant (IBC), fundado graças ao interesse de José Álvares de Azevedo, cego desde o nascimento. Assim como a fundação do Imperial Instituto dos Surdos- Mudos, em 1857, hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), que se deu pela iniciativa de um professor francês, com surdez congênita, que veio para o Brasil em 1855.( Mazzotta,1996; Januzzi, 2004) Outras instituições de atendimento e assistência foram sendo fundadas, predominantemente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Segundo Mazzotta(1996), havia no país, em 1942, cerca de 40 escolas públicas regulares que prestavam algum tipo de atendimento para pessoas com deficiência.

Entretanto, de acordo com Jannuzzi (2004), na década de 1950, ainda havia uma escassez de serviços para as pessoas com deficiência, fato que teria dado origem a movimentos comunitários que culminaram com a implantação de redes de escolas especiais privadas filantrópicas, como por exemplo, o Instituto Pestalozzi (1926) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE (1954), instituições especializadas no atendimento às pessoas com deficiência intelectual. Ambas inspiradas em experiências educacionais para crianças e jovens com deficiência na Europa e nos Estados Unidos, respectivamente.

Mazzotta (1996) nos aponta a participação de pais como uma importante força para a conquista de atendimento às pessoas com deficiência, particularmente no caso de deficientes auditivos e intelectuais.

O atendimento educacional às pessoas com deficiência no âmbito nacional foi assumido pelo governo federal em 1957 com a criação da Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro – CESB e da Campanha Nacional de Educação e de Reabilitação de Deficientes Mentais – CADEME, com o objetivo de promover a educação e a assistência em todo o território nacional.

Em 1961, a primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Lei n. 4.024/61, dispôs que a educação é um direito de todos e recomendou a integração da educação especial ao Sistema Regular de Ensino. Um pouco mais tarde, em 1971, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Lei 5.692/71, que alterou em parte, a referida LDB, reafirmou a necessidade de se conferir um tratamento adequado “aos alunos que apresentam deficiências físicas ou mentais, os que se encontram em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados.”

De acordo com Ferreira (1994) na década de 1970 surgiu uma resposta mais contundente do poder público para a questão da educação da pessoa com deficiência. Possivelmente, esse avanço foi decorrência da ampliação do acesso à escola para a população em geral, da produção do fracasso escolar e da implantação das classes especiais nas escolas da rede de ensino, na época, predominantemente sob a responsabilidade dos sistemas estaduais.

Em 1973, conforme nos destaca Mazzotta (1996), no período da Ditadura Militar, o MEC cria o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP objetivando promover no território nacional a expansão e a melhoria do atendimento às pessoas com deficiência. Entretanto, a perspectiva apontava para o assistencialismo, atribuindo um sentido terapêutico e/ou clínico à educação especial, na medida em que o atendimento assumiu um caráter preventivo e/ou corretivo.

Na década de 1970, embora houvesse a perspectiva de incorporação de crianças e jovens com deficiência nas escolas do ensino regular ou comum, visava-se a integração – a adequação do estudante à escola. Conforme nos exemplifica o dispositivo legal (Brasil, MEC/CENESP, 1974) :

Alunos deficientes, sempre que suas condições pessoais permitirem, serão incorporados a classes comuns de escolas do ensino regular, quando o professor de classe dispuser de orientação e materiais adequados que lhe possibilitem oferecer tratamento especial a esses deficientes. (p.20)

Segundo Mazzotta (1996) o MEC sempre entendeu a educação especial como atendimento assistencial e terapêutico ao invés de educação escolar e podemos considerar uma das principais tendências da educação especial no Brasil a ênfase ao atendimento segregado em instituições

especializadas particulares, em detrimento do atendimento educacional integrado nas escolas públicas.

Entretanto, prossegue Mazzotta (2005):

Cabe reiterar que, embora os esforços devam voltar-se prioritariamente para as situações educacionais integradas ao ensino regular, não se pode desmerecer ou menosprezar a relevância das situações educacionais mais segregadas, em determinadas situações, para diversos alunos. Deve-se atentar para não se incorrer no equívoco de simplesmente desacreditar e desativar serviços educacionais apenas por se caracterizarem como segregados. Duramente conquistados, principalmente pelos movimentos conduzidos por grupos de pais, tais recursos precisam ter seu valor e importância devidamente mencionados. Nem figurarem como prioridade da ação governamental, meramente por tradição, tampouco serem sumariamente levados à extinção, por julgamentos apressados.(p.127)

Em 1981, foi instituído pela ONU (Organizações das Nações Unidas), o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência que levantou a bandeira da igualdade de oportunidades para todos. A partir de então, foram formuladas ações que provocaram mudanças, sobretudo, a que se traduz na ruptura com a atitude de benevolência e na adoção de uma posição política, centrada na garantia do direito e acesso à cidadania da pessoa com deficiência. (Oliveira e Amaral, 2004).

Em 1988 a Constituição Federal Brasileira faz referência às pessoas com deficiência, conforme destacado nos dispositivos selecionados :

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

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