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Educação

No documento SANDRA CRISTINA DE SOUZA (páginas 49-52)

Na pesquisa realizada no Posto Indígena do Buriti, Favaro (2007) constatou que 59,2 % das mulheres entrevistadas possuíam até três anos de escolaridade e 16,3% nunca haviam frequentado a escola, perfazendo uma média de 3,8 anos de escolaridade. Estes dados demonstram o desafio que ainda constitui a educação na comunidade Terena, pois as condições de escolarização em outras aldeias Terena são semelhantes às encontradas pela pesquisadora no PI Buriti.

Na Aldeinha, até 1970, as crianças estudavam em uma escola confessional, mantida pela Igreja Presbiteriana de Aquidauana em Anastácio, localizada próxima à atual Rodoviária de Anastácio, durante o Ensino Primário. Poucos alunos da Aldeinha conseguiram nesta época passar pelo Exame de Admissão e frequentar o Ginásio Estadual de Anastácio, hoje denominada Escola Estadual Roberto Scaff. A partir da década de 80 foi criada na Aldeinha, no terreno ao lado da Igreja Uniedas, a Escola Estadual Umbelina Jorge (hoje extinta) -, ambos os terrenos foram doados por Gregório

Delgado da Silva (Índio Neco). Esta escola funcionava durante meio período como sala anexa a uma escola rural da Prefeitura, e em outro período como sala anexa a uma escola estadual. Neste período, o Ensino Médio poderia ser realizado primeiro na EE Roberto Scaff, e a partir de 2001, em outra escola criada na década de 80, a cinco quarteirões da Aldeinha, chamada Escola Estadual Carlos Medeiros. Como docente de alunos indígenas na EE Roberto Scaff, no Ensino Fundamental e Médio, pude observar que estes alunos, em trabalhos em grupo dentro ou fora da sala de aula, sempre realizavam atividades entre si, e alguns professores se perguntavam por que o silêncio destes alunos e a pouca participação em sala, ainda que alguns se destacassem nos trabalhos e obtivessem boas notas.

A partir de 2003, foi criada na Aldeinha uma escola para Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos, sob a coordenação do Estado. As disputas entre município e estado para a coordenação da escola foram grandes neste período e envolveram toda a comunidade. A escola na aldeia tem servido como forma de reafirmação cultural, onde são realizadas palestras, jogos indígenas e outras atividades. Entretanto, as disputas pelos cargos criados por ela, são bem acirradas.

A formação de professores iniciou-se com o acesso de alguns no sistema convencional, geralmente com bolsas de estudo outorgadas pelas missões religiosas que atuavam nas aldeias Terena: SAIM (South American Indians Mission) e uma missão alemã. Alguns estudaram em Dourados ou Campo Grande, em instituições particulares. Havia também o curso de Magistério, nível médio, em Aquidauana, e na década de 90, um curso de Magistério semi-presencial funcionou em Anastácio, formando alguns professores que hoje atuam na Aldeinha. O primeiro curso superior destinado a indígenas foi promovido pela UEMS em 1999, sendo o primeiro curso Normal Superior

Indígena no Brasil, formando aproximadamente 30 professores Terena de várias aldeias do estado. Em 2000, foi criada na UFMS, o curso semi-presencial de Pedagogia, em Aquidauana, que formou cerca de 70 pessoas de várias aldeias. A partir da década de 90, tivemos o ingresso de várias pessoas em cursos da UFMS, sendo que alguns que já concluíram seus cursos atualmente dão aulas na Aldeinha, pois devido à escassez de trabalho para os membros da comunidade, a disputa pelos cargos acaba por excluir alguns professores formados, levando-os a dar aulas em outras escolas ou até mesmo em outras cidades. Em 2007, iniciou-se o Curso de Magistério, nível médio, Povos do Pantanal, com 100 alunos, sendo 10 da Aldeinha. Destes, por várias razões, somente 2 permanecem no curso. Este curso - semi-presencial - é coordenado pela Escola de Formação de Professores Indígenas criada em 2007 pelo Governo Estadual, e mantida em convênio com as prefeituras dos municípios onde se localizam as comunidades indígenas.

A formação teológica foi muito valorizada na comunidade, levando muitos membros da comunidade a estudarem em outras regiões do país, principalmente porque para esta área eles conseguiam bolsas de estudo, hospedagem e alimentação, principalmente de missões americanas. Para dar formação teológica ao povo, foi criado o Instituto Bíblico Água Azul, fundado na Chácara Água Azul, em Aquidauauna, pelos missionários norte-americanos Carl e Ruth Harmon, em 1957. Este instituto visava a formação de líderes indígenas como missionários para o trabalho dentro das aldeias. Na década de 60, a missionária contraiu poliomielite, o que a fez deixar o trabalho e mudar- se para Araçatuba. Lá, Ruth Harmon voltou a trabalhar através do Instituto Bíblico de Evangelização (IBE). A formação de missionários indígenas na Chácara Água Azul só foi retomada em 1982, quando foi fundado no local o Instituto Bíblico Cades Barnéia

(IBCB), pelos missionários norte-amercianos Wess Seng e Trud Seng, através de um convênio da missão norte-americana SAM (Sul American Mission) e a Uniedas, denominação evangélica fundada pelos Terena em 1972, devido à dificuldade imposta pela FUNAI na época com relação à atuação de missionários estrangeiros entre os indígenas.30

Alguns trabalhos de mestrado e doutorado foram e/ou estão sendo realizados por Terenas, como se pode ver na relação a seguir:

Pesquisador Título Instituição

Claudionor do Carmo

Miranda Territorialidade e práticas agrícolas: premissas para o desenvolvimento local em comunidades Terena de MS.

UCDB/2006

Wanderley Dias Cardoso Aldeia Indígena de Limão Verde: escola, comunidade e desenvolvimento local

UCDB/2004

Célio Belizário Mestrando em Educação UCDB

Campo Grande/MS

Celma Francelino Fialho Mestranda em Educação UCDB

Campo Grande/MS Maria de Lourdes Elias

Sobrinho

Mestranda em Educação UCDB

Campo Grande/MS

Paulo Baltazar Mestrado em Ciências Sociais PUC-SP

No documento SANDRA CRISTINA DE SOUZA (páginas 49-52)

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