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Antes conhecidas como DST, as IST são um problema de saúde pública em todo o mundo. Compreendem as infecções e doenças que são transmitidas, principalmente, por via sexual e podem causar desde lesões locais, o câncer e até a morte. As de maior relevância para a saúde pública são a sífilis, o HPV, as hepatites do tipo B e C, e o HIV/AIDS. Esta última, em 2016, matou mais de 12.000 pessoas no Brasil e outras 37.884 foram infectadas, sendo a maioria jovens de 13 a 24 anos, segundo dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2018). Em 2019, foram 5.418 novas infecções no Brasil, entre jovens de 20-29 anos, o que representa 41,8% do total de casos brasileiros para este ano. Na Paraíba, verificou-se em 2018, 358 casos de aids e 281 no ano seguinte. Ressalte-se que o HIV não tem cura, mas possui tratamento que controla os sintomas e o agravamento do quadro clínico (BRASIL, 2019).

Especialistas da área acreditam que essa situação de epidemia entre os jovens decorre do avanço e da ampliação na distribuição das terapias antirretrovirais, e consequente melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV. Para eles, os jovens em idade escolar não encaram o HIV/aids com a devida seriedade, pois não viram o início da epidemia nas décadas de 1980 e 1990, que tirou a vida de personalidades midiáticas. Por isso, não costumam se proteger devidamente na maioria de suas relações sexuais (CORRÊA, 2016).

No entanto, dados do Ministério da Saúde revelam uma realidade preocupante e que reforçam a importância ampliar as discussões sobre educação sexual, principalmente sobre as IST/HIV/AIDS, também no ambiente escolar. Apresenta-se dados referente aos óbitos por AIDS ocorridos entre 1980 e 2018 de acordo com a localidade na Tabela 1.

Tabela 1: óbitos por causa básica AIDS, ocorridos entre 1980 e 2018 nas regiões geográficas, no país e no Estado da Paraíba.

Localidade Óbitos por causa básica AIDS, ocorridos entre 1980 e 2018, segundo a região, país e estado.

Norte 17.205 casos 5,0%

Nordeste 46.135 casos 13,6%

Centro-Oeste 17.821 casos 5,2%

Sudeste 197.618 casos 58,3%

Sul 60.126 casos 17,7%

Brasil 338.905 casos

Paraíba 2.568 casos 5,6% dos casos no NE

Fonte: BRASIL, 2019.

Também é apresentado um comparativo entre os óbitos por aids ocorridos no Brasil, Nordeste, na Paraíba e na cidade de João Pessoa, no ano de 2018 e estão na Tabela 2 abaixo.

Tabela 2: comparativo dos óbitos por causa básica AIDS, ocorridos em 2018, no Brasil, no Nordeste, Estado da Paraíba e na cidade de João Pessoa.

Localidade Óbitos por causa básica AIDS, ocorridos em 2018

Brasil 10.980

Nordeste 2.413

Paraíba 129

Joao Pessoa* 36

Fonte: BRASIL, 2019.

*Fonte: BRASIL, 2019. Sinan/SES-PB

Os dados apresentados deixam evidente a necessidade de se melhorar os mecanismos para implementação das políticas de saúde dentro do ambiente escolar, em colaboração com os serviços de saúde, visando impactar na redução dos números de casos novos das IST, na mortalidade, bem como nas morbidades ocasionadas por elas. Mas vale salientar que os dados podem ser ainda maiores, em virtude dos diagnósticos tardios e das subnotificações dos casos, principalmente nas regiões mais afastadas dos centros urbanos, onde não existem os centros especializados e consequente dificuldade de acesso aos tratamentos aos antirretrovirais.

Outro item a ser observado é a questão social. Em 2018, 45,5% dos óbitos, por causa base aids por cor no Brasil, foram declarados pardos e 10,5 pretos, totalizando 56% dos óbitos por aids no país. O Brasil é um país de dimensões continentais, onde o acesso à educação, emprego, segurança pública, transporte, sobretudo da saúde são distribuídos de maneira desigual no território. As populações mais pobres concentram grandes parcelas de pessoas autodeclaradas pretas e pardas, fruto do contexto histórico que contribuiu fortemente para o aumento das desigualdades sociais. Dificuldades tais impedem muitas pessoas de terem acesso aos direitos fundamentais, incluindo a educação.

Assim, trabalhar a autonomia dos estudantes no âmbito da educação sexual também significa, dentre outras coisas, promover o acesso destes aos mecanismos de prevenção, proteção e tratamento da saúde. Como prova disso, o Boletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS (2019), fez uma relação entre o total de casos notificados de aids no Brasil em relação a escolaridade e apresentou que 21,0% do total de casos declararam ter escolaridade até o Fundamental II, 24,7% o ensino médio e com uma significativa redução para 13,5% dos que declararam ter o nível superior.

Os casos notificados da doença revelam também uma fragilidade brasileira em relação ao acesso a tratamentos, prevenção cominada e ao diagnóstico precoce, principalmente, em relação a populações-chave (gays e outros homens, profissionais

do sexo e seus clientes, pessoas trans e pessoas que usam drogas injetáveis) e aos jovens das periferia.

Apresenta-se abaixo a Tabela 3 dados sobre os casos notificados da doença segundo a faixa etária:

Tabela 3: Casos de aids notificados em 2018, segundo a faixa etária.

Faixa etária Casos aids 2018 por faixa etária:

13-19 anos 814

A cada ano, novos casos de infecção por HIV são notificados em todo mundo.

Na Tabela 4 abaixo apresenta-se o número de notificações registradas no Brasil, separadas por localidades em 2019.

Tabela 4: Casos novos de HIV registrados em 2019, no país, região, estado e município.

Localidade Novos casos de HIV registrados no SINAN em 2019

Brasil 15.923 saúde e passaram a exigir uma atuação coletiva de outros setores da sociedade, como a escola, por exemplo, que surge como uma aliada importante, no que tange à construção de conhecimentos necessários à uma vida sexual plena e segura por parte de seus estudantes (GRANGEIRO, 2016).

O diálogo sobre a prevenção combinada e adesão a ela junto aos jovens e populações chaves devem ser utilizadas como estratégia de redução dos casos de HIV, devendo ser reforçada a divulgação constante do acesso a PEP, PREP, da oferta de teste rápido, da adesão ao antirretroviral, do uso

de preservativos masculino e feminino entre outras ações, sendo essas essenciais para atingirmos essas metas (BRASIL, 2019.p.3).

Na mão dos acontecimentos, o Ministério da Saúde em 2008, implantou o Programa Saúde na Escola (PSE) com o objetivo de integrar as ações de prevenção e de intervenção na área da saúde com as redes de educação, promovendo a educação em saúde para a população escolar. Assim, os profissionais de saúde, em sistema de colaboração, atuariam junto aos professores para trabalhar, dentre outras coisas, temáticas envolvidas na educação sexual (BRASIL, 2008).

Seguindo essa lógica, o educador se torna responsável por promover a

“Educação em Saúde”, com enfoque nas principais IST, suas transmissões e prevenção. A construção do conhecimento deve ser contextualizada, respeitando os saberes prévios, crenças e valores, sem deixar de encorajar o debate e as discussões, visto a importância dessa abordagem para adolescentes do ensino médio (GRANGEIRO, 2016). Portanto, neste trabalho, consideramos a utilização da rede social Facebook como maneira de promover e desenvolver competências acerca das IST numa escola da rede pública da Paraíba.

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