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Educar com Consciência Ambiental

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4. RESULTADOS

4.3. Educação Ambiental

4.3.1. Ambientalização no Currículo da Agropecuária

4.3.1.1. Educar com Consciência Ambiental

O ensino agrícola apresenta-se como o ramo da educação profissional diretamente responsável por conduzir ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva na agropecuária, setor da economia responsável por grande parte do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Usualmente entende-se o ensino agrícola como o processo educacional profissionalizante em agropecuária, geralmente oferecido através das escolas/colégios agrícolas/agrotécnicas, correspondente à educação profissional nos níveis básico e técnico.

A ligação do ensino agrícola com a agropecuária é inquestionável. Uma vez que a agropecuária é predominantemente rural , a ligação do ensino agrícola com o meio rural é inevitável, indo muito além de critérios meramente geográficos ou administrativos. Tal ligação não pode, entretanto, ser confundida com exclusividade. Nem o rural é exclusivamente (em alguns casos tampouco predominantemente) agrícola, nem a agropecuária é exclusivamente rural (Monteiro, 2009). Assim, o campus agropecuário (antiga escola agrotécnica) é responsável por oferecer a seus alunos oportunidades concretas de aprendizagem contextualizadas numa agropecuária e ruralidade em contínua transformação, para que possam exercitar criativamente a capacidade de transferir conhecimentos e habilidades através da diversidade de situações e oportunidades que a vida produtiva lhes oferece.

Se o ensino agrícola é, por natureza, indissociável da agropecuária, e se o sucesso da escola agrícola depende em grande parte da sua articulação com um meio rural em intensa transformação então a forma como percebe a agropecuária e o meio rural é componente essencial na construção dos objetivos da escola e do ensino agrícola em si mesmo.

Os crescentes avanços tecnológicos na física, biologia molecular, genética, microeletrônica e química iniciadas com a “revolução verde” no começo da década de 60, têm provocado dramáticas e profundas transformações na agropecuária.

A escola participa então dessa rede como uma instituição dinâmica com capacidade de compreender e articular os processos cognitivos com os contextos da vida.

As transformações na agricultura e no meio rural têm provocado mudanças nas expectativas e perspectivas dos alunos do ensino agrícola e em consequência colocado novos desafios às escolas agrícolas. Historicamente, o ensino agrícola tem sido marcado pela dicotomização de seus propósitos e conteúdos em educação “profissional” e “acadêmica”. Tal dicotomização tem limitado a integração entre agropecuária e ciência, além de restringir as oportunidades de utilizar-se da agropecuária como contexto para uma educação abrangente, promotora do bem estar social, econômico e ambiental, que transcenda os aspectos meramente produtivos da atividade. Para fazer frente a essa realidade, é urgente e indispensável uma integração entre agricultura, ciência e tecnologia de forma a auxiliar os estudantes a desenvolver habilidades para entender, aplicar, e gerar tecnologia. O ensino

agrícola é desafiado a suprir seus alunos com as ferramentas para enfrentar os desafios de uma agricultura e um meio rural em constante e rápida transformação educando sempre com uma conscientização ambiental.

Educar com consciência ambiental leva a desenvolver nos alunos a reflexão sobre a preservação, reutilização e combate ao desperdício trabalhado. Já existe a disposição, na literatura corrente inúmeras sugestões de atividades que favorecem o trabalho do educador ambiental: introduzir tema transversal em todos os componentes afins para uma maior conscientização; promover trilhas ecológicas aos alunos acompanhados por professores, abordando assuntos referentes à preservação e conservação do Bioma Mata Atlântica. Promover a educação ambiental voltada para a preservação das nascentes, objetivando a produção de água, ou o aumento da vazão. Além disso, o educador pode promover palestras à comunidade circunvizinha que visem à conscientização. Orientar a importância da conservação do solo, para quando o aluno voltar para sua terra esteja com uma maior conscientização contra o uso desenfreado das queimadas e desmatamento, para tal deverá a escola desenvolver o fortalecimento das questões ambientais. Promover Boas Práticas Agronômicas para os projetos agropecuários, orientando-os quanto aos procedimentos ambientalmente corretos no exercício de suas funções, fazendo com que se tornem responsáveis pelas práticas conservacionistas em seu ambiente de trabalho.

A educação ambiental, como tantas outras áreas de conhecimento trata de um aprendizado social, baseado no diálogo e na interação em constante processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados, que podem se originar do aprendizado em sala de aula ou da experiência pessoal do aluno. Assim, a escola pode transformar-se no espaço em que o aluno terá condições de analisar a natureza em um contexto entrelaçado de práticas sociais, parte componente de uma realidade mais complexa e multifacetada. Cabe sempre enfatizar a historicidade da concepção de natureza, o que possibilita a construção de uma visão mais abrangente (geralmente complexa, como é o caso das questões ambientais) e que abra possibilidades para uma ação em busca de alternativas e soluções.

A Educação Ambiental não é neutra, e educar com consciência ambiental é um ato político baseado em valores que conduzem para a transformação social. É um processo dinâmico que deve, portanto providenciar a reflexão, o debate e a sua própria modificação. A Educação Ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos neste planeta.

O PCN Meio Ambiente corrobora tal visão afirmando:

“A problemática ambiental exige mudanças de comportamentos, de discussão e construção de formas de pensar e agir na relação com a natureza. Isso torna fundamental uma reflexão mais abrangente sobre o processo de aprendizagem daquilo que se sabe ser importante, mas que não se consegue compreender suficientemente só com lógica intelectual. [...] Assim, a questão ambiental impõe às sociedades a busca de novas formas de pensar e agir, individual e coletivamente, de novos caminhos e modelos de produção de bens, para suprir necessidades humanas, e relações sociais que não perpetuem tantas desigualdades e exclusão social, e, ao mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um novo universo de valores no qual a educação tem um importante papel a desempenhar.” (p.180)

Os profissionais que atuam nos campi agropecuários são líderes, e como tal suas percepções e decisões exercem grande impacto na vida escolar e a maior responsabilidade é promover mudanças estruturais, educativas, e culturais na escola levando o aluno a uma conscientização ambiental. Os professores, mas principalmente o de geografia e das áreas técnicas, devem constituir-se em ponte entre a realidade exterior e a comunidade escolar,

atuando como orientador, estimulador e motivador, para as mudanças. O sucesso do ensino agrícola depende em grande parte da medida em que a formação escolar e a experiência profissional é transmitida, permitindo assim reconhecer uma real, íntima e permanente conexão da escola com o meio rural.

Apesar do debate e da conscientização sobre a preservação da natureza ter aumentado nas últimas décadas, ainda falta a mudança de atitude.

O ensino de geografia vem se renovando bastante acompanhando as mudanças provocadas pela revolução técnico-científica. Conhecer o mundo hoje significa também aprender a refletir. A respeito disso, Visentini (2007) afirma:

“Estudar Geografia é uma forma de compreender o mundo que vivemos. Por meio desse estudo, podemos entender melhor o local em que moramos — seja uma cidade, seja uma área rural — e o nosso país, assim como os demais países. O campo de preocupação da Geografia é o espaço da sociedade humana, em que homens e mulheres vivem e, ao mesmo tempo, produzem modificações que o (re)constroem permanentemente. Indústrias, cidades, agricultura, rios, solos, climas, populações: todos esses elementos — além de outros — constituem o espaço geográfico, isto é, o meio ou realidade material em que a humanidade vive e do qual é parte integrante. [...] Para nos posicionarmos inteligentemente em relação a este mundo temos de conhecê-lo bem. Para nele vivermos de forma consciente e crítica, devemos estudar os seus fundamentos, desvendar os seus mecanismos. Ser cidadão pleno em nossa época significa antes de tudo estar integrado criticamente na sociedade, participando ativamente de suas transformações. Para isso, devemos refletir sobre o nosso mundo, compreendendo-o do âmbito local até os âmbitos nacional e planetário. E a Geografia é um instrumento indispensável para empreendermos essa reflexão, que se deve ser a base de nossa atuação no mundo em que vivemos."( p.10 – 11)

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