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testaceicornis na qualidade dos frutos produzidos (var. Debora e Mascot)

O peso médio dos frutos produzidos entre o grupo controle, os tratamentos de polinização cruzada e geitonogamia e, a polinização realizada pelas abelhas sem ferrão foi significativamente diferente (var. Debora: F= 14.799; gl= 5; p < 0,0001; var. Mascot: F= 24.3490; gl= 4; p < 0,0001).

Frutos da var. Debora formados após polinização por M. quadrifasciata são significativamente mais pesados que aqueles formados por geitonogamia (vibração mecânica), controle e polinização cruzada (Tabela 15). Entre as abelhas, observamos diferença significativa (F= 5.7130, gl= 2; p= 0,00618) no peso dos frutos polinizados por

M. quadrisfaciata em relação aos frutos polinizados por M. marginata e N. testaceicornis

(p= 0,004965).

O peso dos frutos, var. Mascot, produzidos pela polinização das abelhas sem ferrão não foram diferentes significativamente dos frutos produzidos por geitonogamia e polinização cruzada nem entre as espécies de abelhas (Anova: p < 0,005).

Tabela 15: Peso médio (g), mínimo (Min) e máximo (Max) dos frutos do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill., Solanaceae) var. Debora e Mascot produzidos nos diferentes tratamentos de polinização e pelas abelhas M. quadrifasciata e M. marginata e

N. testaceicornis.

Variedade Tratamentos Frutos (N) Peso (g) ± DP Min (g) Max (g)

Controle 22 48,2 ± 27,71 a 16 122 Polinização Cruzada 14 91,3 ±18,46 b 60 128 Debora Geitonogamia 20 66,8 ± 23,87 c 28 126 M. quadrifasciata 55 111,4 ± 24,15 d 65 151 M. marginata 46 94,9 ± 18,61 b 60 123 N. testaceicornis 10 96,4 ± 11,24 b 82 110 Controle 19 5,4 ± 3,25 A 1,95 12,31 Polinização Cruzada 13 16,8 ± 2,46 B 10,2 25,3 Mascot Geitonogamia 23 14,5 ±2,33 B 8,86 23,5 M. quadrifasciata 22 16,1 ± 5,01 B 10,2 26,4 M. marginata 24 14,3 ± 3,91 B 8,85 25,14

Médias seguidas de letras iguais nas colunas (a – d; A - B) não são diferentes estatisticamente (α=0,05) pelo teste de Tukey

Frutos da var. Debora do grupo controle (C) produziram significativamente menos sementes que aqueles produzidos nos tratamentos de polinização cruzada (PC), geitonogamia (G) e pelas espécies de abelhas (p <0,05). Entretanto, não houve diferença no número de sementes entre M. quadrifasciata e M. marginata, nem entre o tratamento de polinização cruzada (PC) (p > 0,05; Tabela 16; Figura 22).

Entre os tratamentos de polinização cruzada, geitonogamia e polinização pelas abelhas o comprimento dos frutos não apresentou uma variação significativa (F= 5.9458; gl= 4; p= 0,16402). Frutos polinizados pelas abelhas M. quadrifasciata, M. marginata e N.

testaceicornis possuem diâmetro semelhante aos frutos oriundos da polinização cruzada e

maior que aqueles originados do tratamento de geitonogamia e grupo controle (Figura 22).

Tabela 16: Tabela comparativa entre medidas de qualidade dos frutos produzidos entre os grupos de tratamento controle, polinização manual cruzada, geitonogamia (vibração mecânica) e a polinização pelas abelhas M. quadrifasciata, M. marginata e N. testaceicornis nos experimentos com tomateiros das variedades Debora e Mascot. Valor médio de cada medida seguido de seu respectivo desvio padrão.

var. Debora Flores Frutos Peso médio (g) Comprimento (mm) Diâmetro (mm) Sementes (N)

Controle 100 22 48,2 ± 27,71 a 45,3 ± 8,19 a 43,7 ± 10,24 a 10,1 ± 14,31 a Polinização Cruzada 20 14 91,3 ±18,46 b 58,9 ± 5,38 b 53,3 ± 5,43 b 90,2 ± 20,53 b Geitonogamia 50 20 66,8 ± 23,87 c 56,8 ± 6,78 b 45,8 ± 6,90 a 59,2 ± 28,83 c M. quadrifasciata 75 55 111,4 ± 24,15 d 58,1 ± 5,26 b 55,4 ± 5,43 b 100,6 ± 21,32 b M. marginata 66 46 94,9 ± 18,61 b 58,4 ± 5,13 b 54,1 ± 5,27 b 83,1 ± 21,27 b N. testaceicornis 17 10 96,4 ± 11,24 b 56,5 ± 2,15 b 54,2 ± 3,20 b 75,8 ± 11,48 c

var. Mascot Flores Frutos Peso médio (g) Comprimento (mm) Diâmetro (mm) Sementes (N)

Controle 100 19 5,4 ± 3,25 A 24,5 ± 5,51 A 17,7 ± 4,03 A 1,8 ± 3,77 A

Polinização Cruzada 20 13 16,8 ± 2,46 B 32,6 ± 2,74 B 22,2 ± 2,15 B 16 ± 9,53 B

Geitonogamia 50 23 14,5 ±2,33 B 31,1 ± 3,15 B 21,2 ± 2,16 B 12,5 ± 8,57 C

M. quadrifasciata 46 22 16,1 ± 5,01 B 32,8 ± 2,74 B 23,1 ± 2,45 B 16,6 ± 8,85 B

M. marginata 51 24 14,3 ± 3,91 B 31,1 ± 3,38 B 19,5 ± 5,25 A 14,9 ± 8,34 B

O número de sementes por frutos do tomate var. Mascot não foi diferente estatisticamente entre o tratamento de polinização cruzada, M. quadrifasciata e M.

marginata (p>0,05), entretanto, frutos formados após a polinização pelas abelhas

apresentaram número de sementes relativamente maior que frutos não polinizados (controle) e polinizados mecanicamente por vibração (geitonogamia) (Tabela 16; Figura 22).

Frutos desta variedade formados na ausência de polinização cruzada e de agentes polinizadores (grupo controle, C) apresentaram comprimento significativamente menor (F= 6.049, gl= 4; p= 0,000). Frutos oriundos dos tratamentos de polinização cruzada, geitonogamia e pelas abelhas do gênero Melipona não foram estatisticamente diferentes (F= 2.357; gl= 3; p= 0,07846).

O diâmetro dos frutos da var. Mascot, polinizados por M. marginata e pelo grupo controle, não apresentou diferença estatisticamente significativa ao nível de significância de 5% (teste T: t= 1,02954; p= 0,3104).

Figura 22. Diâmetro (mm), comprimento (mm), peso (g) e número de sementes dos frutos do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill., Solanaceae) das variedades Debora e Mascot submetidos aos tratamentos: geitonogamia (G), polinização cruzada (PC), sem polinização (controle, C) e pelas abelhas sem ferrão M.

quadrifasciata (Mq), M. marginata (Mm) e N. testaceicornis (Nt). Caixa indica distribuição de 50% dos

valores, linha horizontal indica a mediana, whisker indica o erro padrão (acima 90% e abaixo 10%) e esferas indicam os pontos extremos. Médias seguidas de letras diferentes (a – d; A - C) indicam diferença estatística a

Discussão

Demonstramos neste estudo que a produção de tomate (Lycopersicon esculentum Mill., Solanaceae) em casa de vegetação foi influenciada positivamente por três, das quatro espécies de abelha sem ferrão estudadas (Melipona quadrifasciata, Melipona marginata e

Nannotrigona testaceicornis). No entanto, houve diferença no comportamento e na

eficiência entre as espécies, no que diz respeito às variedades analisadas (variedade Debora e Mascot).

Os resultados de frutificação dos tratamentos controle e da polinização cruzada confirmaram que Lycopersicon esculentum é uma espécie auto-compatível, apresentando um ISI de 0,64 (Bullock 1985).

A parte reprodutiva da flor do tomateiro é formada por um cone de anteras (estruturas reprodutivas masculinas) e o pistilo (estrutura feminina) que está envolvido por esse cone (Rick & Robinson 1951). O estigma pode estar localizado no interior do cone, na altura do poro ou na parte exterior (Rick & Robinson 1951; McGregor 1976). A localização do estigma permite a autopolinização, que ocorre quando o pólen é liberado das anteras, depositado na câmara que circunda o estilete, saindo pelo poro do cone e assim, entrando em contato com o estigma (Rick & Robinson 1951).

Alguns estudos demonstraram que flores com estigma em posições mais próximas do cone de anteras favorecem a autopolinização e a frutificação (Rick & Dempsey 1969; Levy et al. 1978). Nas flores do tomateiro, para que ocorra a liberação do pólen, é necessária a vibração das anteras (Buchmann 1983). Em cultivos abertos, o vento pode vibrar as anteras e promover a autopolinização depositando o pólen no estigma da própria flor, mas em cultivos protegidos, na ausência do vento, a eficácia reprodutiva destas plantas é baixa.

De acordo com Ruiz e Arroyo (1978), a eficácia reprodutiva de uma planta é uma estimativa da frutificação que seria produzida em condições ideais de polinização. A eficácia reprodutiva encontrada em Lycopersicon esculentum (Mill., Solanaceae) foi igual a 0,30 que é um indicador de que a espécie estudada é dependente da polinização cruzada a nível comercial, quando se deseja aumentar a produção de frutos, que é baixa na ausência da polinização cruzada (20,5%, N= 41).

Apesar de ser auto-compatível, estudos provaram que a polinização cruzada nas flores do tomateiro, promove um aumento no peso dos frutos produzidos (Amoako &

Yeboah-Gyan 1991, Del Sarto et al. 2005). Dessa maneira, a visita de insetos polinizadores é extremamente relevante (McGregor 1976).

Algumas hipóteses sobre o mecanismo de liberação do pólen em flores com anteras poricidas são sugeridas. Segundo Corbet et al. (1988), para que a ação das abelhas leve à liberação do pólen, elas precisam produzir vibrações com a mesma frequência natural das anteras. Entretanto, como existe uma variedade de anteras com tamanhos, quantidade de pólen e umidade diferentes entre as espécies vegetais, espera-se que suas frequências naturais também variem (King 1993).

King & Buchmann (1996) estudando flores de Solanum lacinitiatum concluíram que a frequência natural não mudou à medida que a antera abria, liberava o pólen ou envelhecia, portanto a liberação do pólen não estaria relacionada com a frequência natural dos estames. King & Lengoc (1993) por sua vez, relacionaram a liberação do pólen com a desidratação da camada de trifina que envolve os grãos de pólen. É possível que tanto a frequência de vibração exercida pelas abelhas, quanto a desidratação das anteras interfira no mecanismo de liberação do pólen nas flores de Lycopersicon esculentum.

Embora não tenhamos analisado a física do comportamento de vibração das espécies de abelhas estudadas, estes parâmetros são muito interessantes e podem ser abordados em um próximo estudo.

A liberação do pólen da antera poricida ocorre através da contração dos músculos do tórax das abelhas que produzem vibrações e são transmitidas para as anteras gerando uma ressonância dentro delas (Buchmann & Hurley 1978). Esse comportamento foi observado em M. quadrifasciata e M. marginata, que são conhecidas por realizarem vibração nas flores com antera poricida (Harter et al. 2002, Carvalho & Oliveira 2003). Estudos com Melipona quadrifasciata demonstraram que são eficientes polinizadoras da cultura do tomate (Del Sarto et al. 2005, Hikawa & Miyanaga 2007; 2009; Bispo dos Santos et al. 2009).

O comportamento das abelhas sem ferrão nas flores do tomateiro, seguiu basicamente 4 passos: primeiramente, as abelhas pousavam sobre as anteras da flor, depois se curvavam ao redor ou no ápice do cone, e agarravam os estames para então realizar a vibração. Muitas vezes, após a visita, notamos marcas escuras no cone de anteras (Bin & Sorressi 1973) que também foi observado por Del Sarto et al. (2005). Estas marcas (Figura 23) são danos causados pelas garras das pernas das abelhas enquanto se seguravam nas anteras para vibrar e liberar o pólen ou, enquanto estavam agarradas às flores, pelas pernas

Marcas semelhantes são causadas por abelhas do gênero Bombus e são utilizadas para determinar a atividade de forrageamento destas abelhas em ambiente protegido e medir sua eficiência (Banda & Paxton 1991, Dogterom et al. 1998; Morandin et al. 2001a)

Figura 23: Marca necrótica no cone da flor do tomateiro (Lycopersicon

esculentum Mill., Solanaceae) ocasionada após visita de abelha sem ferrão

durante a polinização por vibração.

Nas abelhas N. testaceicornis o comportamento de vibração, produzindo efeito sonoro audível, não foi observado durante suas visitas às flores, embora outros estudos (Cauich et al. 2004; Palma et al. 2008) tenham afirmado, mesmo sem observar este comportamento, que abelhas do gênero Nannotrigona foram eficientes na polinização do tomate no México.

A abertura e o fechamento das flores dependem de condições ambientais, como temperatura e umidade (Kowalska 2008). O processo de antese nas variedades de tomate estudadas (Debora e Mascot) foi semelhante, ocorrendo logo nas primeiras horas do dia (entre 5:30 e 6:00h) e permaneceram abertas durante todo dia, proporcionando um grande número de flores disponíveis para a visitação das abelhas. O processo de antese ocorreu mais cedo nestas variedades do que observado por Del Sarto e colaboradores (2005) em flores do tomateiro da variedade Rodas (6:30 – 7:30h).

Após a antese, as flores das variedades estudadas permaneceram abertas em média 4 a 6 dias, quando as pétalas começavam a perder o viço, e murchavam até perderem completamente a corola. Acreditamos que a permanência das flores por mais de um dia

possa ser vantajosa para a planta, por ser energeticamente menos dispendioso mantê-las, reduzindo assim, a produção de flores novas diariamente.

Em acordo com Macias-Macias et al. (2001) e Del Sarto et al. (2005) observamos que a maior receptividade dos estigmas na casa de vegetação, está correlacionada positivamente com a temperatura, e que os estigmas apresentaram receptividade alta entre 10:00 e 14:00 horas (Figura 12), estes dados sobre a biologia floral das plantas são importantes, pois a eficiência do polinizador depende, entre outros fatores, do horário da visita (Del Sarto et al. 2005) que deve coincidir com o período de receptividade do estigma (Kearns & Inouye 1993).

Durante 17 dias, após a introdução dos ninhos na casa de vegetação, observamos o comportamento das abelhas no novo ambiente. Verificamos que nos primeiros dias, as abelhas, provavelmente as campeiras mais experientes, saíam do ninho em direção ao teto da casa de vegetação, o que ocasionou a morte de um grande número de forrageiras, pois se chocavam contra a tela ou não conseguiam se orientar e retornar ao ninho.

O vôo das abelhas durante os primeiros dias ocorreu de forma desorientada, e percebemos que os “pontos” onde as abelhas se concentravam na tela da estufa, eram os locais de maior incidência de luz ao longo do dia. De acordo com Slaa e colaboradores (2006), este comportamento de agregação das abelhas no topo da casa de vegetação é um problema comum ao se introduzir colônias de abelhas sem ferrão em ambiente protegido e, a intensidade da luz nestes ambientes também é considerada um agravante (Malagodi- Braga 2002).

As forrageiras de Frieseomelitta varia iniciaram os vôos de reconhecimento do ambiente no quarto e quinto dia de confinamento (inverno e verão, respectivamente), 1 a 2 dias antes de N. testaceicornis e 2 dias antes de M. quadrifasciata e M. marginata. Durante esta atividade, as campeiras de F. varia e N. testaceicornis, percorreram a casa de vegetação em vôos baixos e curtos. M. quadrifasciata e M. marginata por sua vez, realizaram vôos curtos, porém altos e rápidos, acima das plantas, por vezes se chocando com a cobertura. Nestes casos, as abelhas não coletaram nenhum tipo de material.

Dados sugerem que as abelhas sem ferrão se acostumam bem em condições de confinamento (Amano & Boongird 1997). Para as colônias de M. quadrifasciata, M.

marginata, N. testaceicornis e F. varia, concluímos que elas são capazes de se aclimatar às

condições da casa de vegetação,corroborando os dados também observados em estudos anteriores para as espécies M. quadrifasciata (Del Sarto et al. 2005) e N. perilampoides

(Cauich et al. 2004). Entretanto, cada espécie levou um tempo diferente para se “acostumar” às novas condições.

As abelhas Melipona, por exemplo, levaram mais tempo para se adaptar às condições do novo ambiente que as demais espécies. Há registros de ninhos de Melipona em árvores a uma altura de 40 metros (Kerr et al. 1996), que indica que estas abelhas voam em altitudes elevadas, o que provavelmente explica os vôos altos que levaram a uma alta taxa de mortalidade na casa de vegetação (Tabela 5).

Nannotrigona testaceicornis se adaptou às novas condições do experimento

realizado no inverno, pois observamos atividade de coleta de pólen nas flores no 13° dia de confinamento. Entretanto, no experimento conduzido no verão, além de não termos observado visita das abelhas nas flores e após 53 dias na casa de vegetação, notamos que a entrada do ninho se encontrava fechada e assim permaneceu por dois dias, quando verificamos muitas abelhas mortas na frente da entrada do ninho (Figura 24). Neste dia optamos por remover a colônia da estufa.

Figura 24: Operárias mortas de Nannotrigona testaceicornis na frente da colônia após 53 dias de confinamento (N= 257 abelhas)

Neste caso, acreditamos que possa ter ocorrido um desequilíbrio na colônia, gerado por um conjunto de fatores como, por exemplo, a escassez de alimento proteico, uma vez que estas abelhas não coletaram pólen das flores, e da temperatura elevada na casa de vegetação, que podem ter afetado a sobrevivência das abelhas (Moo -Valle et al. 2000).

A correlação negativa do número de abelhas mortas na casa de vegetação ao longo dos dias de observação, mostra a capacidade de adaptação das espécies estudadas em condições de confinamento (Figura 15). Entretanto, conforme sugestão de Del Sarto e colaboradores (2005) é preciso considerar em estudos futuros, se a remoção das forrageiras mais velhas do ninho antes da sua introdução na casa de vegetação pode ser útil para evitar a alta mortalidade das abelhas.

Após o período de adaptação ao novo ambiente, observamos as atividades de forrageamento das abelhas e verificamos que M. quadrifasciata, M. marginata, N.

testaceicornis e F. varia apresentaram diferentes picos de atividade, que pode ser resultado

da influência de fatores internos da casa de vegetação, uma vez que estas mudanças climáticas e ciclos diários ou sazonais influenciam a atividade das abelhas (Hilário et al. 2000; Teixeira & Campos 2009).

Outros fatores também são relevantes para a atividade de forrageamento, como a variação do recurso oferecido, no caso o pólen, que pode variar em quantidade e qualidade ao longo do dia (Roubik 1989), a temperatura no interior da colônia (Hilário 2005), o tamanho populacional (Hilário et al. 2000, 2003), a quantidade de cria (Pick & Blochtein 2002; Nunes-Silva et al. 2010) e o estado das colônias (Hilário et al. 2000).

Forrageiras de M. quadrifasciata e M. marginata na casa de vegetação, apresentaram atividade de coleta de pólen mais cedo (a partir das 9:00h) que N.

testaceicornis (11:00h) Este padrão é típico das abelhas deste gênero e também ocorreu no

meliponário. Estes dados estão de acordo com relatos anteriores de estudos com espécies de abelha do gênero Melipona (Roubik & Buchmann 1984; Roubik 1989, Hilário et al. 2000, Cruz et al. 2005; Del Sarto 2005; Nunes-Silva 2011).

Provavelmente, o tamanho de M. quadrifasciata e M. marginata em relação à N.

testaceicornis e F. varia tenha um efeito positivo na regulação da temperatura corporal,

permitindo suportar as baixas temperaturas que ocorrem no início da manhã. Outra possibilidade sugerida por Bruening (1990) é que as abelhas do gênero Melipona têm preferência por forragear pela manhã.

Em N. testaceicornis houve maior sobreposição das atividades de forrageamento ao longo do dia, as abelhas saíram para forragear mais tarde (9:00h) que as demais espécies e, foram observadas entrando com pólen no ninho somente a partir das 11:00h. Acreditamos que este comportamento tardio, possa ocorrer em virtude do seu tamanho corporal, que ao contrário de espécies mais robustas como M. quadrifasciata e M. marginata, seriam mais

afetaria o horário de início da atividade de forrageamento (Teixeira & Campos 2009). Observamos em alguns dias mais frios no inverno, que estas abelhas não saíram do ninho durante toda a manhã, e exibiram uma película rendada de cera fechando o tubo de entrada.

O forrageamento de F. varia na casa de vegetação foi semelhante ao observado no meliponário, entretanto, apesar de termos avistado a visita em algumas flores (poucas observações) elas não exerceram a atividade de coleta de pólen. Um fato interessante sobre estas abelhas é que, embora não tenham coletado pólen, elas foram mais ativas que as demais espécies em relação à saída de forrageiras do ninho, coleta de água e remoção de lixo, além disso, o ninho se manteve populoso durante todo período de estudo.

Em geral, o padrão de forrageamento das abelhas não foi alterado na casa de vegetação, ocorrendo principalmente no período da manhã, como no meliponário. Apesar da atividade das abelhas ter coincidido com o horário de abertura das flores, oferta de pólen e horários de maior receptividade do estigma, o número de forrageiras saindo dos ninhos não foi alto, oque pode ter influenciado na taxa de visitação das flores, principalmente nos períodos de maior receptividade estigmática.

As oscilações de temperatura no interior da colônia podem interferir na atividade de forrageamento das abelhas (Hilário 2005). Analisando os registros de temperatura nos ninhos das abelhas estudadas, observamos que houve variação na temperatura da região de cria ao longo do dia. No inverno, a temperatura média nesta região, foi maior em relação à temperatura ambiente (Tabela 6A) para todas as espécies. Segundo Engels e colaboradores (1995), as abelhas adultas produzem calor através da ativação dos músculos das asas e, o invólucro que envolve a região de cria seria a principal estrutura com função de manter o calor nestas áreas (Zucchi & Sakagami 1972; Roubik & Peralta 1983; Monteiro 2000; Jones & Oldroyd 2007), resultando nas temperaturas observadas.

Não se sabe como cada operária reage durante a termorregulação, se elas formam uma resposta termorregulatória em grupo, ou se a regulação é subproduto da produção individual de calor (Weidenmüller et al. 2002; Loli 2008).

De acordo com a literatura (Roubik & Peralta 1983; Moo-Valle et al. 2000, Hilário 2005; Loli 2008) a temperatura da colônia não depende ou não está relacionada com a temperatura ambiente, entretanto, nossos dados não confirmaram esta informação, uma vez que a temperatura na área de cria de M. quadrisfasciata, M. marginata, N. testaceicornis e

F. varia, variou de acordo com a temperatura da casa de vegetação nos dois períodos de

gênero Apis, as abelhas sem ferrão estudadas não mantém uma temperatura única o ano todo (Engels et al. 1995).

Em especial no verão e em alguns dias de elevada temperatura na casa de vegetação no período do inverno, foi observado o comportamento de coleta de água nos recipientes espalhados pelo ambiente. Este comportamento é bem conhecido em Apis mellifera e em algumas vespas sociais que utilizam a água para resfriar o ninho (Jones & Oldroyd 2007).

Nas abelhas sem ferrão, algumas hipóteses para a utilização da água coletada pelas operárias foram sugeridas, como por exemplo, para a diluição do mel (Roubik 2006) e do alimento larval (Nicolson 2009). Apenas recentemente, o uso deste recurso para o resfriamento do ninho foi evidenciado por Macias-Macias e colaboradores (2011) em

Melipona colimana e Cauich et al. (2004) em Nannotrigona perilampoides. Antes disso,

outros autores haviam relatado este comportamento em Scaptotrigona postica e

Frieseomelitta varia, mas não apresentaram evidências de que esse recurso fosse utilizado

para o resfriamento do ninho (Nogueira-Neto 1997).

As temperaturas observadas na região de cria evidenciam a capacidade das abelhas sem ferrão de regular a temperatura do ninho em períodos de temperaturas mais altas (Tabela 6B). F. varia diferiu significativamente das demais espécies e foi verificado um maior número de operárias destas abelhas coletando água (N= 213, Figura 25). O ninho das abelhas deste gênero não possui invólucro, que tem como função principal auxiliar no controle da temperatura da região de cria, portanto, sugerimos que as forrageiras de F.

varia coletaram este recurso mais intensamente que as demais na tentativa de compensar a

ausência desta estrutura.

Vimos que a coleta de água foi influenciada pelo aumento da temperatura externa, fato evidenciado pelo alto coeficiente de relação das espécies F. varia, N. testaceicornis,

Figura 25: Operária de Frieseomelitta varia durante coleta de água na casa de vegetação, durante experimento realizado no verão

A polinização das flores do tomateiro pode ser influenciada pelo seu tipo de flor (heterostilia). Em Lycopersicon esculentum (Mill., Solanaceae, var. Debora e Mascot) encontramos na mesma planta, flores com estilete de comprimento longo e curto, que aparentemente estão presentes na planta na mesma proporção. De acordo com alguns autores (revisto por Kowalska 2008; Sękara & Bieniasz 2008) a frutificação da berinjela, que pertence a mesma família do tomate, geralmente ocorre em flores com estilete longo ou médio.

O comprimento dos estiles foi significativamente diferente nas duas variedades, embora o tipo de estilete não tenha interferido na escolha das flores pelas abelhas, nem na duração da visita (Figura 21). Entretanto, a taxa de frutificação de flores com estilete curto foi menor que em flores de estilete longo, mesmo após a polinização pelas abelhas (Tabela 11A e 11B). Apesar de haver diferença na fertilidade dos estigmas de comprimento longo e curto, não há diferença entre a quantidade de pólen entre os morfos (Rylski et al. 1984).

Nossos dados confirmam estudos anteriores, onde foi observado que a taxa de frutificação em flores de estilete curto, mesmo após a polinização, é menor que nas de estilete longo (Rylski et al. 1984; Kowalska 2008; Sękara & Bieniasz 2008). Uma suposta

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