• Nenhum resultado encontrado

EFEITO DA DISTÂNCIA DA GRANJA AO FRIGORÍFICO SOBRE INDICADORES SANGUÍNEOS DE ESTRESSE

Distância X Animais Mortos e Cansados

EFEITO DA DISTÂNCIA DA GRANJA AO FRIGORÍFICO SOBRE INDICADORES SANGUÍNEOS DE ESTRESSE

Vivian Christina da Costa OCHOVE1, João Garcia CARAMORI JÚNIOR2, William BERTOLONI3, Gerusa da Silva Salles CORRÊA4, Lívia Saab MURARO5, Raquel Aparecida Salles da CRUZ6

1Pós graduação em Ciência Animal, FAMEV, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Avenida Fernando Corrêa da Costa, s/nº, Cuiabá, Mato Grosso,

viochove@yahoo.com.br. 2Departamento de Ciências Básicas e Produção Animal, FAMEV, UFMT. 3Departamento de Zootecnia e Extensão Rural, FAMEV, UFMT.

4Departamento de Ciências Zootecnia e Extensão Rural, UFMT, 5Pós graduação em Ciência Animal, FAMEV, Universidade Federal de Mato Grosso, 6Graduanda do curso de Medicina Veterinária FAMEV/ UFMT.

RESUMO: O presente estudo foi realizado em um frigorífico de suínos de Mato Grosso, com objetivo de avaliar a influência da distância entre a granja e o frigorífico sobre indicadores de bem-estar animal e perdas por mortalidade. Foram utilizadas três granjas, distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado e os tratamentos avaliados foram distância curta (45 km da granja ao frigorífico), média (430 km) e longa (700 km).

Uma amostra de vinte suínos de cada tratamento foi utilizada totalizando 60 animais, escolhidos aleatoriamente, dos quais, alíquotas sanguíneas para determinações sorológicas de creatina fosfoquinase (CPK), lactato desidrogenase (LDH) e cortisol foram coletadas. A frequência de mortalidade foi avaliada ao desembarque. Os resultados de CPK e cortisol foram avaliados através da ANOVA e teste Student Newman Keuls (SNK), com nível de significância de 5%. Para LDH, por esta não apresentar distribuição normal, utilizou-se o teste de Fisher com nível de significância de 5%. Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a distância curta causou maiores níveis de cortisol, caracterizando estresconclui-se agudo e, quanto maior a distância, maiores as perdas por estresse crônico e mortalidade.

Palavras- chave: Suínos, distância de transporte, cortisol, CPK, LDH.

ABSTRACT

This study was conducted in a refrigerator of pigs in Mato Grosso, to evaluate the influence of the distance between the farm and the fridge on indicators of animal welfare and loss by mortality. We used three farms, distributed in a completely randomized design and

treatments were short distance (45 km from the farm to the fridge), average (430 km) and long (700 km). A sample of twenty pigs from each treatment was used totaling 60 animals, randomly chosen, of which blood aliquots for determinations of serum creatine

phosphokinase (CPK), lactate dehydrogenase (LDH) and cortisol were collected. The frequency of mortality was assessed for landing. The results of CPK and cortisol were evaluated by ANOVA and Student Newman Keuls test (SNK), with a significance level of 5%. For LDH, for not presenting normal distribution using the Fisher's test with a

significance level of 5%. Based on the results, it appears that the short distance caused higher levels of cortisol, acute stress and characterized, the greater the distance, the greater the losses by chronic stress and mortality.

Keywords: Pigs, distance of transport, cortisol, CPK, LDH.

1. INTRODUÇÃO

A questão do bem-estar assumiu importância quando observou-se que o manejo aplicado desde a granja até o frigorífico esta diretamente relacionado ao nível de estresse e perdas por mortalidade. O tempo e as condições de transporte, a distância bem como altas temperaturas ambiente são fatores que provocam estresse e podem causar prejuízos tanto para o produtor quanto para a indústria. Porem, mesurar o bem-estar não e fácil e, por isso, diversos indicadores de estresse devem ser utilizados. Comportamento, mudanças fisiológicas relacionadas as respostas ao estresse bem como alterações na qualidade da carne são informações muito úteis (WARRIS et al., 1998).

O estado de Mato Grosso, além de grande extensão territorial, apresenta elevadas temperaturas que são considerados fatores agravantes para o bem-estar dos suínos durante o transporte. Para mensurar a ausência de bem-estar, os indicadores sanguíneos de estresse utilizados com maior frequência são cortisol, creatina fosfoquinase e lactato desidrogenase no soro e plasma sanguíneos (WARRIS et al., 1994). Considerando as características

climáticas diferenciadas da região do centro-oeste brasileiro e, que não existem trabalhos que caracterizem o nível de estresse nessas condições, o objetivo do presente estudo foi comparar o bem-estar de suínos transportados por diferentes distâncias no manejo pré-abate utilizando dos parâmetros sanguíneos de estresse e da frequência de mortalidade.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em um Frigorífico de Suínos sob o Serviço de Inspeção Federal (SIF) no estado do Mato Grosso, em janeiro de 2009.

Foram utilizados 60 suínos provenientes de três granjas, com diferentes distâncias entre granja e frigorífico, com a mesma genética, nutrição, manejo e peso de abate homogêneo.

Foi considerado como tratamento as diferentes distâncias entre granja e frigorífico, sendo 45 km para o Tratamento 1 (T1), 430 km para T2 e 700 km para T3. Os animais receberam os mesmos cuidados ao embarcar na granja de origem. O transporte dos animais de cada granja para o frigorífico foi realizado no mesmo dia, em rodovias pavimentadas, com mesma densidade (0, 45 m2 / 100 kg peso vivo), mesma lotação (200 suínos cada) com destino ao frigorífico supracitado. No desembarque, os suínos foram imediatamente descarregados e conduzidos às baias de espera no frigorífico e submetidos às mesmas condições de densidade, tempo de descanso de três horas, banho, condução com painéis, método de insensibilização, sangria e refrigeração. Para cada tratamento, uma amostra aleatória de 20 suínos (10%) foi retirada para então serem submetidos ao experimento. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com três tratamentos e 20 repetições cada.

Imediatamente após o processo de insensibilização, amostras de sangue (10 mL) foram coletadas do corte da sangria em copo plástico descartável, transferidas para um tubo de centrifuga contendo dez gotas de heparina sódica (25000 UI/5 mL) e homogenizadas lentamente. As amostras foram submetidas a uma centrifugação a 3500 rpm/ 10 minutos em temperatura ambiente, utilizando-se uma centrifuga portátil 220v, com capacidade para oito tubos, da marca Casa Forte®. Após a centrifugação, alíquotas de 2 mL do plasma obtido foram transferidas para ependorf’s criogênicos e armazenadas a -196ºC até a execução das análises dos indicadores sangüíneos de estresse (LDH, CPK e cortisol). As determinações de creatina fosfoquinase (CPK) no plasma sangüíneo foram realizadas com o kit CK-NAC UV UV unitest/ WIENER® lab. Para os níveis de lactato desidrogenase (LDH) utilizou-se o kit DESIDROGENASE LÁTICA (UV) /KATAL®. Ambas determinações foram realizadas em espectofotômetro semi automático da marca BIOPLUS® -200. As determinações de cortisol foram realizadas baseadas em técnica de quimioluminescência.

Os dados foram avaliados através da análise de variância pelo programa estatístico SAEG versão 9.1 (2007). Para as variáveis cortisol e CPK, quando significativo, utilizou-se o teste de Student Newman Keuls (SNK) a 5% de significância. Para a variável LDH, cujos valores foram submetidos a tranformação para Logarítimo da variável (por não apresentaram distribuição normal), utilizou-se o teste Fisher ao nível de 5% de significância.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os níveis de indicadores sanguíneos de estresse em função da distância estão descritos na tabela 1.

Tabela 1 - Parâmetros bioquímicos do plasma de suínos em função da distância granja – frigorífico. Tratamentos Análises T1 (45 km) T2 (430 km) T3 (700 km) Significância Cortisol(mcg/ dL) 8,14 a 5,7 b 6,47 b P<0,05 LDH(U/L) 2359,23 a 3567,4 a 2131,35 a P<0,05 CPK (U/L) 4448,875 a 6796,6 a 6954,3 a P<0,05

*Médias acompanhadas de letras distintas em sobrescrito diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade.

Com relação aos níveis de cortisol, a menor distância apresentou maiores valores em comparação às outras (p<0,05). Durante o longo período de transporte, os animais podem ter mais tempo para se adaptar às condições de transporte após os eventos estressantes como a retirada das baias, embarque na granja, mistura de lotes, e realmente chegam a uma melhor condição nas instalações do frigorífico do que após um transporte curto (PEREZ et al.,2002). No entanto, BRADSHAW et al.,(1996) trabalhando com suínos constatou que o longo transporte resultou na elevação dos níveis de cortisol, o que não foi observado, no entanto, no presente estudo.

Ao comparar os níveis plasmáticos de cortisol obtidos com o percentual de animais cansados ao desembarque, pôde-se constatar que, de fato, o maior nível de cortisol representou o grupo de animais cujo tratamento foi mais estressante (T1=45 km) (Gráfico1). Porém, o tratamento cuja distância foi maior apresentou maior frequência de mortalidade, demonstrando a necessidade de outros estudos para minimizar essas perdas. Gráfico 1. Comparação dos níveis de cortisol com o % de animais cansados ao desembarque.

Documentos relacionados