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2.1 Substrato dentinário radicular

2.1.4 Efeito do tratamento endodôntico

Burns et al., em 2000, verificaram a influência dos cimentos endodônticos sobre os agentes cimentantes resinosos. Utilizaram dentes humanos recentemente extraídos, desinfetados com NaOCl 5,25% por oito horas, os quais tiveram as coroas separadas das raízes, que receberam tratamento endodôntico com irrigação com NaOCl 5,25%. Depois do preparo, foram divididos em três grupos: G1 não recebeu nenhum tipo de obturação endodôntica (controle); G2 obturação pela técnica da condensação lateral, utilizando guta percha e um cimento à base de eugenol; G3 cimento endodôntico à base de hidróxido de cálcio. Para os grupos 2 e 3, a guta percha foi removida com instrumentos aquecidos e os condutos foram preparados com 7 mm de profundidade para receber o sistema de pinos Para-post de 1,25 mm de diâmetro. O cimento Panavia 21 foi utilizado para a cimentação em todos os grupos e foi aplicado de acordo com as recomendações do fabricante. Em seguida, os espécimes foram armazenados em água por 24 horas. A força para o deslocamento do pino sob tração foi registrada em uma máquina de ensaio universal. Os resultados demonstraram não existir diferenças entre os grupos e a principal fratura ocorreu na interface sistema cimentante/dentina.

Após o preparo do espaço para receber o pino, a superfície das paredes do conduto pode ainda apresentar detritos. Serafino, et al., 2004, utilizaram 40 dentes humanos divididos em quatro grupos, de acordo com a forma de irrigação e obturação, sendo: Grupo A – irrigação com 3ml de hipoclorito de sódio a 5,25% e obturação com condensação lateral fria; Grupo B – irrigação com hipoclorito de sódio 5,25% e EDTA 10% e obturação com condensação lateral fria; Grupo C – irrigação com 3ml de hipoclorito de sódio a 5,25% e obturação com condensação vertical quente; Grupo D – irrigação com hipoclorito de sódio e EDTA 10% e obturação com condensação vertical quente. Imediatamente após o tratamento endodôntico e preparo para receber os pinos, foram feitos cortes no sentindo mésio-distal para avaliar, em MEV, a presença de detritos, restos de dentina, restos de cimento e guta-pecha no interior dos túbulos dentinários. As técnicas de condensação não influenciaram na presença de detritos. O terço apical do conduto foi a porção que apresentou maior concentração de detritos, diminuindo nas porções média e coronal, a qual apresentou concentrações pequenas ou quase inexistentes.

Menezes et al., em 2008, avaliaram a influência dos cimentos endodônticos na resistência de união de pinos cimentados em dois momentos diferentes (imediato e 7 dias após a obturação). Foram utilizados 60 dentes bovinos, cujas raízes foram padronizadas com 15 mm, que foram endodonticamente instrumentadas e divididas em cinco grupos: Grupo 1 – controle, sem obturação endodôntica; Grupo 2 – obturação com o cimento endodontico Sealer 26 (cimento a base de hidróxido de cálcio) e cimentação imediata do pino; Grupo 3 – obturação com o cimento endodôntico Searler 26 e cimentação dos pinos após sete dias de armazenagem; Grupo 4 – obturação com cimento Endofill (cimento a base de óxido de zinco e eugenol) e cimentação imediata do pino ; Grupo 5 – obturação com o cimento Endofill e cimentação do pino após sete dias. Os preparos e a cimentação dos pinos foram similares para todos os grupos, sendo utilizada a combinação do sistema adesivo SBMP (primer e adesivo) e cimento resinoso RelyX ARC (3M ESPE). Em seguida, as raízes foram armazenadas por 24 horas, a 37oC, em água destilada. Para determinar a resistência de união foi realizado o teste de push-out em seis fatias de cada raiz (1mm de espessura), sendo duas fatias representativas de cada terço radicular. Observou-se que os cimentos endodônticos contendo eugenol produziram uma redução na resistência de união, quando comparados ao grupo controle e aos grupos que utilizaram o cimento à base de hidróxido de cálcio. Porém, essa redução não foi significativa para os terços médio e coronal da raiz, quando a cimentação adesiva do pino ocorreu sete dias depois da obturação do conduto. Todavia, o terço mais apical da raiz ainda manteve resistência de união baixa. Quando essa porção foi analisada em MEV, observou-se que havia lacunas entre o sistema cimentante e a dentina, provavelmente devido à inibição da polimerização gerada pela presença de remanescentes de eugenol no tecido dentinário.

Cecchin et al., em 2011, avaliaram o efeito de diferentes cimentos endodônticos sobre a resistência de união de pinos de fibra de vidro cimentados à dentina radicular. Foram utilizados 50 dentes caninos superiores, cujas coroas foram seccionadas na JCE. Todas as raízes foram endodonticamente tratadas e instrumentadas de forma padronizada. Ao final da instrumentação, as raízes foram divididas em cinco grupos (n=10), de acordo com a obturação endodôntica que iriam receber, sendo: Grupo 1 – controle, obturados apenas guta-percha; Grupo 2 – obturados com cimento endodôntico AH plus (à base de resina); Grupo 3 - obturados

com cimento autocondicionante Epiphany (à base de resina); grupo 4 – obturados com cimento Sealer 26 (à base de hidróxido de cálcio); e grupo 5 – obturados com cimento Endomethasone (à base de óxido de zinco e eugenol). Após o armazenamento por sete dias, em 100% de humidade, a 37oC, os dentes foram

preparados para receber os pinos com broca de Largo no 3, seguido de limpeza do

espaço para o pino com solução de digluconato de clorexidina a 0,2% e secagem com cone de papel. RelyX U100 foi manipulado e inserido nos condutos com seringa Centrix, seguido da inserção do pino e fotoativação por 40 seg. As raízes foram armazenadas a 37oC por 24 horas. Uma fatia de cada terço radicular foi obtida para a realização de teste de push-out, seguido da avaliação das fraturas em estereomicroscópio, com aumento de 20X. Observou-se que a profundidade do conduto não alterou a resistência de união do cimento à dentina radicular. A obturação com cimento à base de óxido de zinco e eugenol promoveu valores reduzidos em relação a todos os outros grupos que se comportaram de forma estatisticamente similar. O padrão de fratura mais comum foi a fratura mista. Para o cimento à base de óxido de zinco e eugenol, ocorreu um ligeiro aumento nas fraturas adesivas na dentina, isso pode ter ocorrido pela presença do eugenol, criando um elo fraco entre a dentina e o cimento.