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Efeito dos metais nos níveis de 5HT e DOPA em P perna

Controle Ar Ressub Controle Ar Ressub.

5.7. Efeito dos metais nos níveis de 5HT e DOPA em P perna

Na figura 4.16., foram apresentados os voltamogramas obtidos da injeção de 5 pmol de

5HT e de DOPA, variando-se os potenciais de 0,4 a 0,9 volts. Como podemos observar, o

potencial de 0,7 volts foi o que apresentou os melhores sinais tanto para 5HT quanto para

DOPA, sendo por isso o potencial utilizado no detector eletroquímico.

Na figura 4.17 foram apresentados os níveis de 5HT e DOPA nos músculos dos

mexilhões expostos aos diferentes metais. Analisando-se o grupo controle separadamente,

podemos observar uma pequena variação nos níveis de 5HT ao longo do tempo, o que sugere

sua atividade no controle de ritmos biológicos.

Comparando-se os diferentes grupos, ao longo do tempo, podemos observar que após

24 horas de exposição a chumbo, cádmio e ferro e 72 horas de exposição a chumbo e cádmio,

os níveis de 5HT foram menores que o grupo controle. Levando-se em consideração os

diversos dados na literatura que indicam o efeito da 5HT no relaxamento da contração tônica

de músculos adutores de mexilhões, e que a primeira resposta do mexilhão frente a exposição

a xenobióticos é a contração tônica do músculo adutor fechando as valvas, podemos inferir

que os mexilhões controle apresentaram uma maior predisposição ao relaxamento dos

músculos do que os mexilhões expostos aos metais, apresentando assim níveis mais elevados

de 5HT que os músculos dos mexilhões expostos aos metais. Em outras palavras, os maiores

níveis de 5HT observados no grupo controle poderiam estar associado a um maior

relaxamento muscular que os mexilhões expostos aos metais.

Por outro lado, mexilhões expostos a ferro por 12 horas apresentaram níveis

significativamente maiores de 5HT em relação ao grupo controle, o que poderia indicar a

liberação de 5HT induzida pela exposição ao ferro.

Discussão

Existem dados controversos na literatura quanto ao papel da DOPA no tecido muscular

de mexilhões. Gies (1986) observou que a DOPA exerceu o relaxamento do músculo retrator

do bisso do mexilhão Mytilus edulis, em doses similares à 5HT, sendo responsáveis pela

ativação da enzima adenilato ciclase, aumentando assim os níveis de AMP cíclico causando o

relaxamento das fibras musculares. Resultados similares foram observados por Kohler & Lindl

(1980), porém estes observaram que precisaria uma concentração muito maior de DOPA, para

ocasionar o mesmo relaxamento causado pela 5HT no mexilhão Mytilus edulis. Por outro lado,

Salánki et al. (1974) e Nemcsók et al. (1997), observaram que a DOPA exerce a contração

tônica do músculo adutor do mexilhão de água doce Anodonta cygnea. Todavia, sabe-se que a

DOPA é um importante neuromodulador muscular em moluscos bivalves, assim como a 5HT,

acetilcolina e noradrenalina.

Existem alguns trabalhos na literatura descrevendo o efeito da exposição de

organismos a metais pesados sobre os níveis de DOPA. Recentemente, Gedeon et al. (2001)

descreveram o efeito da exposição à chumbo nos níveis de DOPA em sistema nervoso de

ratos, verificando um grande aumento (230 %) dos níveis de DOPA após 60 dias de

exposição, sendo que estes níveis decaíram bruscamente, ao longo de mais 120 dias de

exposição. Rademacher et al. (2001) observou que os níveis de DOPA em medula, nervo ótico

e cerebelo de trutas (Onchorhynchus mykiss) expostas a chumbo por duas semanas foi

significativamente menor que o grupo controle, em todos os tecidos estudados.

Observando a figura 4.17., podemos verificar um efeito semelhante nos músculos dos

mexilhões expostos a chumbo. Após 12 horas de exposição, os níveis de DOPA foram

significativamente maiores que os do grupo controle. Porém, estes níveis decaíram após 24, 72

e 120 horas de exposição.

Discussão

Semelhantemente, Alcaraz-Zubeldia et al. (2001), relataram que a exposição de ratos a

cobre causa a depleção dos níveis de DOPA, sendo que o mesmo foi observado nos mexilhões

expostos a cobre. Primeiramente, após 12 horas de exposição a este metal, os níveis de DOPA

aumentaram significativamente, decaindo após 120 horas de exposição, em relação ao grupo

controle.

Interessante notar que após 12 horas, os níveis de DOPA foram também

significativamente maiores em mexilhões expostos a ferro e cádmio. Após 24 horas de

exposição ao ferro, os níveis decaíram significativamente mas foram similares ao controle

após 72 e 120 horas. Estes dados, evidenciam que os metais pesados podem causar bruscas

oscilações nos níveis de DOPA em mexilhões.

Resultados similares foram encontrados para os níveis de 5HT e DOPA nas glândulas

digestivas, como mostrado na figura 4.18. Os níveis de DOPA foram significativamente

maiores após 12 horas de exposição dos mexilhões a chumbo, cobre e ferro. Por outro lado,

após 120 horas de exposição a chumbo, os mexilhões apresentaram níveis menores de DOPA

em relação ao grupo controle.

Com relação aos níveis de 5HT na glândula digestiva, os mexilhões expostos a cádmio

e ferro apresentaram um incremento significativo após 24 horas de exposição. Entretanto após

72 horas de exposição a chumbo, cobre, cádmio e ferro, assim como 120 horas de exposição a

chumbo e ferro, os níveis de 5HT foram significativamente menores em relação ao grupo

controle. Estes dados ajudam a corroborar a hipótese de que a contaminação ambiental por

metais pesados pode afetar os níveis de 5HT e DOPA em diferentes tecidos de moluscos

bivalves.

Trabalhos recentes indicam que DOPA e 5HT são neuromoduladores fundamentais no

controle da alimentação de moluscos (KEMENES, 1997). A presença de DOPA no sistema

Discussão

digestivo de moluscos é responsável pelas respostas dos moluscos ao alimento, enquanto que

5HT possui uma atividade predominantemente modulatória no comportamento alimentar.

Kemenes et al. (1990) tratou espécies de gastrópodes com as neurotoxinas 6-hydróxidopamina

e 5,6-dihidróxitrriptamina, causando a inibição das respostas aos neuro-hormônios DOPA e

5HT, respectivamente. Quando tratados com 6-hidróxidopamina por 24 e 72 horas os animais

não responderam ao alimento, enquanto que quando tratados com 5,6-dihidróxitriptamina não

responderam após 12 a 18 dias.

Sendo assim, alterações nos níveis de 5HT e DOPA nos mexilhões causadas por

metais, poderiam causar sérias mudanças comportamentais nestes organismos,

comprometendo por exemplo o comportamento alimentar. Como dito anteriormente, a

primeira resposta de mexilhões a qualquer tipo de estresse, é a contração tônica dos músculos

adutores fechando as valvas e isolando os tecidos internos do animal do ambiente externo.

Sabe-se que em tais condições os animais ficam incapacitados de se alimentarem devido ao

interrompimento do fluxo de água do ambiente para o animal, que traria as partículas de

alimento (matéria orgânica particulada, micro algas e/ou micro crustáceos). Isto, aliado a uma

possível inibição do comportamento alimentar dos mexilhões pelos metais pesados poderia

aumentar ainda mais os níveis de estresse fisiológico dos animais.

5.8. Influência do horário de coleta e dos ciclos de exposição ao ar e re-submersão nos