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Efeitos admiráveis

No documento Confessai-Vos Bem - Pe. Luiz Chiavarino (páginas 42-45)

D — Padre, além do perdão dos pecados, a confissão traz mais outras vantagens?

M — Traz; e muitíssimas e surpreendentes. Nós todos temos três inimigos implacáveis,

deploráveis e obstinados, os quais, dia e noite armam ciladas contra a nossa alma. São eles: a concupiscência, o demônio e o mundo. Da infância ao túmulo, perseguem-nos sempre, onde quer que estejamos e ceifam inúmeras vítimas de todas as idades e condições. Ai de quem não se previne com o remédio divino, que é a confissão.

D — E a confissão consegue vencer esses inimigos?

M — Uma confissão isolada, não; é preciso que seja repetida frequentemente. Esses

inimigos, feridos uma vez com a confissão, não morrem, mas tornam a tentar a prova, mais maliciosos do que antes, modificam e multiplicam os seus lagos para nos causar danos maiores. Oh! Quantos, apesar de sinceramente arrependidos, tornam a cair, depois de breves intervalos, nas mesmas faltas.

São Felipe Neri conta que um jovem o procurou, resolvido a abandonar, custasse o que custasse, certos pecados impuros, que tinha o hábito de cometer. Ele ouviu-o, e, vendo a firme vontade que tinha de se emendar, absolveu-o em nome de Jesus Cristo e lhe disse que fosse em paz, e que, se por acaso, aquilo acontecesse de novo, voltasse logo para se confessar.

No dia seguinte, eis de novo o rapaz aos pés de São Felipe.

— Padre, o demônio foi mais forte do que eu, tornei a cair na mesma falta. — Você está arrependido?

— Sim, padre.

— Pois bem, eu o absolvo, vá em paz, mas na primeira recaída, volte.

No terceiro, no quarto, no quinto dia, ei-lo sempre de novo aos pés do Santo confessando as recaídas de sempre, e assim aconteceram doze, treze vezes com intervalos mais ou menos longos, até que finalmente venceu o seu defeito, tornou-se tão puro e tão casto que São Felipe o acolheu entre os seus filhos e ele se tornou um apóstolo zeloso. E assim, a confissão, constantemente repetida, acabou por ser a mais forte, venceu o demônio impuro e os seus mais obstinados assaltos.

D — Padre, podem se repetir tais casos de recaída?

M — Por infelicidade podem, principalmente com os jovens. D — E então?

M — Então, é preciso repetir cada vez e sem perda de tempo, a confissão. Assim como

uma única injeção não chega para matar o bacilo do tifo e da tuberculose, uma só confissão não é suficiente para paralisar o micróbio da concupiscência que circula no nosso sangue. A confissão tem uma força toda especial contra a sensualidade tanto que, segundo o que dizem pessoas eminentes, quase não se pode crer na castidade daqueles que não se confessam, sejam quais forem o estado e as condições em que se encontram. Conservar-se-ão afastados de certos excessos, mas não terão a integridade absoluta de costumes sem a confissão frequente.

D — Será então por esse motivo que a confissão é recomendada, sobretudo à

juventude?

M — Assim é, porque é precisamente no coração da juventude que aparece mais em

preservativo" da corrupção. Oh! Que lindo espetáculo apresenta perante Deus e os homens tantos jovens, encaminhados em tempo à frequência deste Sacramento.

D — Então, era com razão que São José Cottolengo e São João Bosco a inculcavam

com tanta insistência nos seus institutos?

M — Sim, D. Bosco, e com ele os melhores educadores, compreenderam que, quando

se quer livrar a infância de ambos os sexos da perda da inocência, não há caminho mais seguro do que a confissão frequente.

D — Parece-me que o Papa Pio X também decretou alguma coisa em relação à

confissão das crianças.

M — Bendita seja a santa e muito querida memória deste Pontífice vigilante, que, para

remediar tantos abusos e hábitos que tomaram pé por culpa de extravagantes e perigosas interpretações, estabeleceu pelo decreto de 8 de Maio de 1910, que a idade para a Confissão e Comunhão é aquela em que a criança começa a julgar por si mesma, isto é mesmo antes dos sete anos. Determinou também que o hábito de não confessar ou de não absolver as crianças chegadas ao uso da razão é, sob todos os pontos de vista, repreensível, recaindo toda a responsabilidade sobre os pais, sobre o confessor, sobre os institutos e sobre o Vigário.

D — De modo que, segundo o senhor, Padre, a confissão frequente é indispensável a

todos, pequenos e grandes?

M — Sim, é indispensável a todos. Se quiserem realmente vencer o inimigo mortífero

da alma, previnam-se contra qualquer espécie de impureza? Querem que essas mesmas vitórias sejam alcançadas pelos que dependem de vocês? Vão, conduzam, e mandem à confissão. Experimentem e vejam o quanto Jesus é poderoso.

Um dia um sacerdote, Vigário de uma cidade importante do Monferrato, foi procurar São João Bosco. Assim que chegou, desatou em pranto. O Santo ergue-o, e, amorosamente começou a interrogá-lo sobre a razão de tal angústia.

— D. Bosco! Estou resolvido a abandonar a minha Paróquia, vejo que não posso fazer nada de bem, os meus esforços são correspondido com indiferença e frieza sempre crescentes. Por toda a parte abundam a blasfêmia, o modo de falar desonesto, o desrespeito dos dias santificados, os maus hábitos, a dança, o escândalo. D. Bosco, aconselhe-me, por piedade!

— Desde quando reina este estado de coisas? — Desde muitos anos, e vai sempre piorando. — O senhor rezou, fez rezar?

— Imagine, Padre, se eu não havia de rezar! Muitas vezes fiz votos, mas tudo foi inútil. — Mas seus paroquianos vão à Igreja, frequentam os Sacramentos?

— Vão à Igreja frequentam bastante os Sacramentos, mas depois... — As confissões são bem feitas?

— Qual nada! Esse é o meu maior desgosto!...

— Pois bem, faça assim: Volte para casa sossegado, e, de agora em diante faça sermões Unicamente sobre a excelência da confissão bem feita.

O zeloso sacerdote obedeceu e quando, depois de três anos, encontrou D. Bosco na sala de espera da estação de Asti, jogou-se novamente aos pé e beijando-lhe a mão com afetuosa efusão, não acabava mais de lhe agradecer pelo conselho iluminado que lhe dera.

proporciona-me sempre novas e indizíveis consolações.

D — D. Bosco era um santo, não era mesmo Padre?

M — Era um homem repleto de espírito de Deus, mas conhecedor do mundo,

investigador profundo dos corações e, como S. Felipe Néri, batalhava com zelosa constância pela confissão frequente, a qual, se é muito pouco praticada, e não sempre com proveito, é porque é muito pouco conhecida.

Ela, além de ser o remédio por excelência, é ainda o Sacramento milagre, capaz de sozinha, refrear o mundo inteiro.

D — Será possível?

M — Eis aqui uma amostra num outro fato histórico de D. Bosco:

No ano de 1855, S. João Bosco tinha pregado três dias os Exercícios Espirituais aos jovens da "Generala", de Turim, que é um instituto correcional dos indisciplinados. Tendo-os confessado todos, pediu e obteve depois de muita insistência, do próprio ministro Urbano Rattazzi, a licença de conduzi-los todos, em número de 350, a um passeio até o parque real de Stupidini, a quatro milhas de distância de Turim. A mais espontânea alegria durou até à tardinha e na hora de voltar para casa, ninguém deixou de responder à chamada. É impossível descrever a surpresa de todos, que não podiam explicar como é que um pobre padre sozinho, sem guardas nem soldados, tinha podido manter em ordem e submissos tão grande número de internados, não sabiam que o grande segredo de D. Bosco era a confissão.

D — É verdade, a confissão é poderosa. Oh! Se os pais o reconhecessem como

educariam melhor a juventude, e como haveria maior respeito, obediência e moralidade nas próprias famílias!

M — Sem dúvida! De fato, não tenho medo de exagerar dizendo que, confessando com

pessoas que frequentam a confissão, dificilmente encontramos um pecado mortal! Confessando só duas, as quais só se confessam de vez em quando, dificilmente não se encontram pecados mortais.

D — Uma casa que se varre frequentemente, como um vestido que se escova sempre,

como o rosto que se lava diariamente se conservam limpos; o mesmo se dá com a alma que se confessa com frequência: não é Padre?

M — Justamente.

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No documento Confessai-Vos Bem - Pe. Luiz Chiavarino (páginas 42-45)