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Efeitos da coleta de PFNMs sobre a população explorada

CAPÍTULO I – Os efeitos ecológicos da comercialização de produtos florestais não

I.3. Resultados

I.3.3. Efeitos da coleta de PFNMs sobre a população explorada

Para a escala populacional, foram encontrados 78 estudos dos efeitos da exploração de PFNMs. Grande parte dos casos mostra alterações no tamanho populacional (65%) e, a seguir, na estrutura etária (33%). Já para a estrutura genética foi encontrado apenas um estudo (1%), enquanto inexistem evidências dos efeitos para a razão sexual e distribuição

espacial.

Efeitos da coleta de PFNMs sobre o tamanho populacional

Efeitos sobre o tamanho da população explorada compõem o parâmetro com mais casos analisados na escala populacional (65%). No total, há 51 estudos dos efeitos da coleta de todas as partes reprodutivas, vegetativas, de plantas inteiras, compostos secundários e do corpo de frutificação de fungos (Tabela I.4).

A coleta de folhas apresentou o maior número de estudos (n=10) (Figura I.6) e, dentre estes, sete observaram redução no tamanho populacional. Por exemplo, a exploração de folhas da palmeira C. Radicalis Mart., reduziu as taxas de reprodução e crescimento, aumentou a mortalidade e, consequentemente, reduziu o tamanho populacional (ENDRESS; GORCHOV; BERRY, 2006). Outros três casos de coleta de folhas, contudo, não observaram efeitos sobre o tamanho populacional (ENDRESS et al., 2004; PEDERSEN, 1996; ZUIDEMA; KROON, WERGER, 2007).

Em seguida, aparecem estudos realizados para a coleta de frutos (n=9) (Figura I.6) de diversas espécies. Quatro casos verificaram redução do tamanho populacional (n=4) (por ex. SHACKLETON; GUTHRIE; MAIN, 2005), quatro não observaram alterações (por ex. EMANUEL; SHACKLETON; BAXTER, 2005) e um caso chegou a resultados inconclusivos (AVOCÈVOU-AYISSO et al., 2009).

Em terceiro encontram-se análises da coleta de sementes (n=7), caules (n=7) e cascas (n=7) (Figura I.6). Para a coleta de sementes, a maior parte (n=4) observou redução do tamanho populacional em espécies arbóreas e herbáceas (por ex. RAIMONDO; DONALDSON, 2003), dois casos, relativos à coleta da castanha-do-brasil (B. excelsa Humb. & Bonlp.), não observaram alterações no tamanho populacional (WADT et al, 2008; ZUIDEMA; BOOT, 2002), enquanto um caso obteve resultado incerto (BERNAL; 1998). Já para a coleta de caules (n=7), quatro casos observaram redução no tamanho populacional como, por exemplo, no caso da espécie herbácea N. grandiflora DC. (GHIMIRE; McKEY; AUMEERUDY-THOMAS, 2004), enquanto três estudos realizados com diferentes espécies herbáceas e arbóreas não verificaram alterações populacionais (por ex. VÁZQUEZ-LOPEZ,

et al., 2004). No caso da exploração de cascas (n=7), realizados com espécies arbóreas, há três

estudos que observaram reduções populacionais (por ex. GAOUE; TICKTIN, 2007), três casos que não observaram alterações (por ex. BITARIHO et al., 2006) e um estudo inconclusivo (GUEDJE et al., 2003).

Em quarto lugar encontram-se estudos dos efeitos da coleta de plantas inteiras (n=3) e compostos secundários (n=3) sobre o tamanho populacional (Figura I.6). Para a coleta de plantas inteiras, dois estudos, um com briófitas (PECK, 2006) e outro com uma herbácea (A.

tricoccum Ait.) (ROCK; BECKAGE; GROSS, 2004), obsevaram reduções populacionais.

Em contraste, outro estudo com diversas espécies de briófitas não observou alterações (ROMERO, 1999). Para compostos secundários, há uma evidência de diminuição populacional com a coleta da resina popularmente chamada gaharu (GEBREHIWOT et al., 2003) e dois casos inconclusivos, incluindo outro estudo realizado para a coleta de gaharu (PAOLI et al., 2001).

Em quinto lugar aparecem estudos de efeitos da coleta de raízes (n=2) e do corpo de frutificação de fungos (n=2) sobre o tamanho da população explorada (Figura I.6). Para a coleta de raízes, ambos os casos realizados com espécies diferentes, obsevaram reduções populacionais (LARSEN, 2002; PLOWDEN, UHL; OLIVERIA, 2003). Já no caso de fungos, um caso mostrou diminuição (CHEN, 2004), enquanto o outro não obsevou modificações

(EGLI et al., 2006). Por último, há apenas um estudo relativo à coleta de flores, cujos resultados indicam que a atividade não modificou o tamanho populacional (MARSHALL; NEWTON, 2002).

Figura I.6. Frequência de estudos sobre parâmetros populacionais de acordo com a parte explorada (n=78)

Efeitos da coleta de PFNMs sobre a estrutura etária da população

O segundo parâmetro avaliado na escala populacional foram os efeitos sobre a estrutura etária (33%; n= 78). Há 26 avaliações das consequências da exploração de todas as partes reprodutivas, folhas, caules, cascas, compostos secundários e corpo de frutificação de fungos (Tabela I.4). Não foram encontrados estudos sobre a exploração de raízes e plantas inteiras.

A coleta de sementes (n=7) (Figura I.6) foi o aspecto mais estudado. Três destes estudos, realizados com duas espécies de palmeiras e com a castanha-do-brasil, observaram diminuição no número de indivíduos de ao menos uma das classes etárias da população

(BERNAl, 1998; PERES et al., 2003; RAIMONDO; DONALDSON, 2003). Dois casos, também realizados com a castanha-do-brasil, não observaram alterações na estrutura etária da população explorada (WADT et al., 2008; ZUIDEMA; BOOT, 2002). Por fim, dois casos chegaram a resultados inconclusivos (MURALI et al., 1996).

Em segundo lugar, há estudos sobre a coleta de frutos (n=6) (Figura I.6), quatro dos quais, realizados com árvores, não observaram alterações na estrutura etária da população que pudessem ser atribuídas à exploração (por ex. GANESAN; SETTY, 2004). Outra evidência observou a redução de ao menos uma das classes etárias (AVOCÈVOU-AYISSO et al., 2009) e a última foi inconclusiva (MURALI et al., 1996).

A coleta de folhas (n=4) e caules (n=4) aparece em terceiro lugar (Figura I.6). Para folhas, os quatro estudos, realizados com diferentes espécies, observaram redução do número de indivíduos de alguma das classes etárias da população explorada (por ex. RODRÍGUEZ- BURITICÁ; ORJUELA; GALEANO, 2005). Já nos estudos de caules (n=4), três casos observaram a redução de ao menos uma das classes etárias (ANDERSON; ROWNEY, 1999; PETERS et al., 2007; RAIMONDO; DONALDSON, 2003), enquanto um caso não observou alterações (GRIFFTHS; SCHULT; GORMAN, 2005).

Em quarto há dois estudos com coleta de cascas (Figura I.6), ambos apontando para a redução de uma das classes etárias da população explorada (BOTHA; WITKOWSKI; SHACKLETON, 2004; de OLIVEIRA et al., 2007).

Flores, compostos secundários e o corpo de frutificação de fungos apresentam apenas um estudo cada. No caso da coleta de flores, não foram observadas alterações (MARSHAL; NEWTON, 2003). Já para o composto secundário e corpo de frutificação foi observada redução de ao menos uma das classes etárias da população explorada (CHEN, 2004; O’BRIAN; KINNAIRD, 1996).

Efeitos da coleta de PFNMs sobre a variabilidade genética

A variabilidade genética é o efeito da exploração na escala populacional menos estudado (Figura I.6). Com somente um estudo para a exploração da raiz do ginseng americano (P. quinquefolius L.), as evidências mostram redução na diversidade genética da população causada pela exploração (CRUSE-SANDERS; HAMRICK; AHUMADA, 2005).