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A Tabela 4.1 apresenta os resultados das estimações pelos métodos de MQO e MQP, que permitem averiguar os impactos das variáveis explicativas, em especial da dummy creche, nas jornadas de trabalho das mulheres e dos homens. Começando as análises pelas estimações por MQO para as mulheres, nota-se que se há uma criança entre 4 e 6 anos no domicílio, a jornada de trabalho da mulher aumenta 3,28 horas por semana, mas se a criança frequenta pré- escola o efeito é de queda da jornada de trabalho feminino em 3,49 horas/semana. Além disso, se a criança até 3 anos possui uma outra alternativa de cuidados que não seja com o responsável ou uma instituição de ensino, o número de horas trabalhadas aumenta 2,35 horas por semana.

Observa-se, ainda, que quanto mais educada a mulher, maior é a jornada de trabalho em comparação a ter no máximo um ano de estudo – com exceção em relação a ter 15 ou mais anos de estudo, com impacto negativo de -1,39 horas/semana. As variáveis de renda apresentaram os resultados esperados: um montante de renda adicional não advinda do trabalho individual afeta negativamente a jornada de trabalho, inclusive a de programas sociais. Outro resultado interessante é o associado à carteira assinada: tudo mais constante, tal atributo aumenta em 6,81 horas/semana a jornada. Ademais, ter mais de um trabalho aumenta a jornada em 12,85 horas.

Considerando os resultados por MQP, percebe-se que todas as variáveis são associadas a coeficientes com significância estatística (ao menos a 10%). A presença de criança até 3 anos no domicílio impacta negativamente a jornada de trabalho em -0,14 horas/semana; se a criança frequenta creche, o número de horas trabalhadas aumenta, mas se a mulher recebe algum auxílio creche, o efeito é negativo (-0,41 horas/semana). Ademais, se a mulher é branca, a jornada de trabalho é maior, assim como se for casada. Quanto às dummies de regiões em comparação ao Sudeste, todas apresentam coeficientes negativos – destaque ao Nordeste com o maior efeito.

Em seguida, ainda pela Tabela 4.1, são avaliados os resultados por MQO para a jornada de trabalho dos homens. A presença de criança com até 3 anos no domicílio é associado a efeito positivo na jornada de trabalho masculina, mas a presença de crianças de 4 e 6 anos e a criança frequentar creche ou pré-escola não foram estatisticamente significativos. Já se a criança tiver alternativa para cuidado que não com o responsável ou uma instituição de ensino, o efeito é positivo na jornada de trabalho masculina, mas menos sensível do que para as mulheres. Além disso, o impacto negativo do benefício creche é de queda da jornada de trabalho em 1,65 horas.

Tabela 4.1 – Variável dependente jornada de trabalho: resultados das estimações por MQO e MQO para

mulheres e homens

Variáveis MQO Mulher MQP MQO Homem MQP

Creche (0,2748) 0,2976 (0,0110) 0,4318* (0,3043) 0,1132 -0,1758* (0,0124) Benefício creche (0,3112) -0,3086 (0,01346) -0,4166* -1,6519* (0,3600) -1,9060* (0,0144) Idade (0,0053) 0,0063 (0,0002) 0,0066* (0,0053) 0,0374* (0,0002) 0,0308* Branco (0,1192) 0,1147 (0,0047) 0,1078* 0,2441** (0,1247) (0,0050) 0,2700* Casado (0,1126) 0,3194* (0,0046) 0,2823* (0,1552) 0,5219* (0,0066) 0,5401* Criança até 3 anos (0,2059) -0,0751 -0,1400* (0,0085) (0,1797) 0,8520* (0,0076) 1,1119* Criança entre 4 e 6 anos 3,2878* 3,3829* 1,2112 1,4752* -1,001 (0,0497) (1,1074) (0,0553) Anos de estudo De 1 a 3 anos (0,5104) -0,7012 -0,7701* (0,0213) 0,6492*** (0,4042) (0,0171) 0,8360* De 4 a 7 anos 0,9588** (0,4029) (0,0167) 0,7205* (0,3347) 1,0889* (0,0142) 1,1455* De 8 a 10 anos (0,4009) 1,1651* (0,0166) 0,9493* (0,3361) 0,6840* (0,0142) 0,8527* De 11 a 14 anos (0,3835) 1,4516* (0,0160) 1,2037* (0,3238) 0,3720 (0,0138) 0,6186*

Variáveis MQO Mulher MQP MQO Homem MQP 15 ou mais anos -1,3959* (0,3933) -1,5879* (0,0164) -2,0530* (0,3572) -1,7446* (0,0151) Urbano (0,2283) 1,8914* (0,0093) 1,7659* 0,3504*** (0,2163) (0,0089) 0,3121* Idoso -1,1011* (0,1857) -1,1637* (0,0077) -0,7639* (0,2138) -0,7873* (0,0089) Pré-escola -3,4946* -1,0192 -3,5936* (0,0503) (1,1258) -1,1781 -1,4344* (0,0560) Cuidado alternativo para a criança 2,3537* 2,3377* 0,6523*** 0,2405* (0,3002) (0,0125) (0,3977) (0,0166) Renda Familiar Líquida -0,0001* -0,0001* -0,0002* -0,0002* (0,0000) (0,0000) (0,0000) (0,0000)

Renda Não Laboral Líquida -0,0008* -0,0008* -0,0008* -0,0008* (0,0010) (0,0000) (0,0001) (0,0000) Renda de Programa Social -0,0049* -0,0046* 0,0008 0,0009* (0,0017) (0,0000) (0,0010) (0,0000)

Horas com afazeres domésticos -0,1272* -0,1142* -0,0085 -0,0157* (0,0012) (0,0002) (0,0085) (0,0003) Mais de um Trabalho 12,8522* (0,4387) 12,3537* (0,0179) 16,6509* (0,5485) 16,5093* (0,0221) Carteira Assinada (0,1272) 6,8112* (0,0053) 6,8942* (0,1604) 3,9828* (0,0068) 4,0244* Regiões Centro-Oeste (0,1757) -0,1754 -0,2087* (0,0080) (0,1964) 0,3118 (0,0090) 0,4081* Nordeste -0,3643** (0,1519) -0,7016* (0,0060) -1,3872* (0,1566) -1,6143* (0,00660 Norte -0,3131*** (0,1803) -0,3286* (0,0096) -0,5097* (0,1837) -0,4992* (0,00960 Sul (0,1495) 0,0863 -0,3565* (0,0059) (0,1562) -0,1949 -0,2010* (0,0061) Constante 32,6933* (0,4997) 33,1239* (0,0206) 37,0146* (0,4336) 37,2195* (0,0182) Observações 44.006 25.381.538 32.087 18.124.437 R² 0,1498 0,1505 0,118 0,12 Prob > F 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

Fonte: IBGE, PNAD de 2015. Elaboração própria. Observação: erros-padrão robustos entre parênteses. * Significativo a 1%; ** Significativo a 5%; *** Significativo a 10%.

As variáveis de renda apresentaram resultados similares aos obtidos para as mulheres. Já se o homem possui carteira assinada, o impacto é de aumento da jornada de trabalho em 3,98 horas/semana, mas é menos sensível do que o das mulheres (6,81 horas/semana). Em relação ao nível de estudo, as dummies correspondentes apresentam resultados menos sensíveis do que os das mulheres, sendo que o maior efeito é para os homens com 8 a 10 anos de estudo, no sentido de aumentar a jornada de trabalho em 0,68 horas/semana; enquanto para os homens com 15 ou mais anos de estudo, o efeito é negativo (-2,05 horas/semana) comparativamente aos homens com até um ano de estudo. Vale lembrar um aspecto apontado no capítulo

anterior: os homens, na média, começam a trabalhar muito cedo. Assim, quanto maior o nível de educação, maiores as chances de entrar na formalidade e conseguir um emprego com menor jornada.

No caso das estimações pelo método MQP, os resultados encontrados são bem similares aos do MQO, sendo que as principais diferenças merecem destaque por se referirem justamente às variáveis explicativas de maior interesse para a presente monografia. As variáveis creche, pré-escola e benefício creche são estatisticamente significativas e associadas a efeitos negativos (reduções médias) na jornada de trabalho masculina, contradizendo as expectativas iniciais.

A Tabela 4.2 mostra os resultados por métodos de PSM para a jornada de trabalho. Como dito no capítulo anterior, são utilizados os métodos nearest neighbour matching, sem (NNM-SR) e com reposição (NNM-CR), e Kernel matching (KM). Vale apontar que, para analisar a significância estatística dos modelos PSM, com base em Wooldridge (2006), deve- se olhar a estatística t de cada modelo. Para ser significante com confiança de até 10%, a estatística t tem que ser maior do que 1,28; para confiança de 5%, a estatística t precisa ser maior do que 1,96; e para confiança de 1%, é preciso que a estatística seja superior a 2,06. Observa-se que o efeito médio positivo da creche sobre a jornada de trabalho feminino, sinalizado pelas estimações por MQO e MQP, é estatisticamente significativo somente pelo KM. Em contrapartida, o possível efeito médio negativo de colocar a criança na creche sobre a jornada de trabalho masculina, que foi sinalizado pela estimação anterior por MQO, não é sugerida nas estimações por PSM.

Tabela 4.2– Efeitos da creche na jornada de trabalho: resultados das estimações por métodos de PSM para mulheres e homens

Variáveis/Estatísticas/Métodos Mulher NN-SR Homem Mulher NN-CR Homem Mulher KM Homem Creche (0,560) 0,660 (0,654) 0,000 (0,559) 0,680 (0,657) 0,040 (0,399) 0,900* (0,451) 0,450

Estatísticas t 1,18 0,00 1,21 0,07 2,24 1,00

Observações:

tratamento/controle 28.512 1.325/ 19.802 651/ 28.512 1.325/ 19.802 651/ 28.512 1.325/ 19.802 651/ Fonte: IBGE, PNAD de 2015. Elaboração própria. Observação: erros-padrão robustos entre parênteses.

* Significativo a 1%; ** Significativo a 5%; *** Significativo a 10%.

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