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Efeitos da distância institucional sobre o comércio bilateral de produtos agropecuários,

5.8 Efeitos do ambiente institucional sobre o comércio bilateral de produtos agropecuários,

5.8.2 Efeitos da distância institucional sobre o comércio bilateral de produtos agropecuários,

O objetivo do segundo subitem é o de identificar e avaliar os efeitos da distância institucional sobre o comércio de produtos agropecuários entre Brasil e União Europeia, portanto, faz-se necessário destacar o comportamento da variável distância institucional entre o Brasil e os países que integram a amostra.

Tabela 13: Estimativas do modelo gravitacional para distância institucional por meio do modelo PPML, período 1995 – 2016. Equação Tradicional Equação Teórica (EF país) Equação Teórica (EF tempo) Equação Teórica (EF país e tempo) ln(prodbra) 0,151667 0,6298*** - - ln(prodpaís) 9,2905*** −3,3467*** −9,4088*** −2,3134*** ln(cons) 10,1186*** 3,5512*** 10,2487*** 2,3598*** ln(distkm) −2,3956*** - −2,3179*** - ling −0,5136* 2,4602*** −0,5141* 2,6036*** acor 0,6279*** 0,014867 0,6128*** −0,076167 distinst 0,754767 0,013167 −0,308367 −0,2480*** crise2008 0,964567 0,3410*** 1,2567** 1,6759*** constante 17,844467 −3,592267 19,9967*** 14,6681***

Fonte: Elaboração própria da autora a partir de dados de saída do software Stata.

Nota: *** denota significância a 1%; ** denota significância a 5%; * denota significância a 10%; ns não significativo.

Legenda: prodbra é a produção agropecuária no país exportador; prodpais é a produção agropecuária no país importador; cons é o consumo de produtos agropecuários no país importador; distkm é a distância geográfica entre o país exportador e o importador; ling é uma dummy que assume valor um se os países falam a mesma língua; acor é uma dummy que assume valor um, caso os países sejam integrantes de um mesmo acordo regional de comércio para produtos agropecuários; distinst é o índice que representa a distância institucional entre o país exportador e o país importador; crise2008 é uma

dummy que assume valor um no anos a partir da Crise de 2008.

Nesse segundo subitem, o primeiro modelo proposto desconsiderou a inserção de

dummies de tempo e de países – representa a equação tradicional e apresentou >, de 71,07%, considerado um modelo bem explicativo.

Porém, de acordo com os resultados da equação tradicional a variável distância institucional (distinst) não se apresentou significativa, ou seja, ao não considerar os efeitos fixos de país e de tempo, a distância institucional entre o Brasil e os países que integram a União Europeia não impacta na exportação de produtos agropecuários para a União Europeia.

Da mesma maneira do resultado encontrado na presente pesquisa, Mendonça (2011) obteve como resultado nas equações tradicionais que a heterogeneidade institucional apresentou efeito negativo, porém não significativo sobre os fluxos comerciais, indicando que os custos de transação de produtos agropecuários não são afetados por essa variável.

Considerando os termos de resistência multilateral, o modelo com efeito fixo por país apresentou >, de 93,69%, ou seja, ao considerar o termo de resistência multilateral por país, o modelo apresentou-se mais elevado para as especificações teóricas, melhorando significativamente seu grau de explicação. E, o modelo com efeito fixo por tempo apresentou >, de 74,53%, portanto, ao considerar o termo de resistência multilateral por tempo, o modelo apresentou-se menos elevado para as especificações teóricas do que ao considerar o

termo de resistência multilateral por país, porém ainda melhor explicativo do que o modelo de equações tradicionais.

Com relação a variável de interesse desse subitem é importante ressaltar que ao considerar o termo de resistência multilateral por país e o termo de resistência multilateral por tempo a variável distância institucional (distinst) não se apresentou significativa, ou seja, da mesma maneira ocorrida no modelo contendo a equação tradicional, a distância institucional entre o Brasil e os países que compõem a amostra não impacta na exportação de produtos agropecuários para a União Europeia.

Por fim, o modelo que aborda o termo de resistência multilateral por país e por tempo apresentou >, de 96,20%, ao considerar os efeitos fixos por país e por tempo, o modelo apresentou-se mais elevado para as especificações teóricas, melhorando significativamente seu grau de explicativo. Destaca-se que essa especificação é a mais completa para identificar e explicar os efeitos da distância institucional sobre o comércio bilateral de produtos agropecuários, Brasil – União Europeia, melhor que as equações tradicionais e as equações teóricas que consideram somente efeito fixo por tempo e somente efeito fixo por país.

Ao considerar o termo de resistência multilateral por país e por tempo em conjunto a variável distância institucional entre Brasil e os países que compõem a amostra apresentou-se significativa e efeito negativo. Ou seja, uma elevação na distância institucional entre Brasil e os países que integram a União Europeia atua no sentido de reduzir o comércio bilateral de produtos agropecuários entre Brasil e União Europeia. Ressalta-se que países com histórias e bagagens culturais diferentes, como Brasil e os países que compõem a União Europeia, poderão fazer escolhas diversas diante de uma mesma matriz institucional, alterando os impactos sociais e econômicos das instituições.

Mendonça (2011) obteve resultado similares ao considerar o termo de resistência multilateral por país e por tempo para a variável distância institucional, apesar da configuração da variável utilizada pelo autor ser diferente da utilizada na presente pesquisa, o objetivo é o mesmo, nesse sentido, o autor afirma que esses resultados sugerem que a distância institucional entre os países reduz os fluxos de comércio. Portanto, os custos de transação entre países com arranjos institucionais desiguais são maiores, afetando de forma negativa o comércio de produtos do setor agropecuário.

Ghemawat (2001) afirma ainda que existem diversas variáveis que limitam o comércio entre os países, o que por sua vez aumenta a distância entre eles, sendo que essa distância pode ser cultural, administrativa, política, geográfica e econômica. Afirmação esta que comprova o resultado obtido no presente trabalho, já que o índice de distância institucional é

composto por variáveis de distâncias cultural, demográfica, financeira, econômica, conexão global, conhecimento e política.

Além disso, é importante destacar que somente ao considerar o termo de resistência multilateral por país e por tempo em conjunto é que a variável de destaque se apresenta significativa, ou seja, além da questão histórica e cultural, o tempo estudado na presente pesquisa (1995 – 2016), bem como seus acontecimentos políticos, econômicos, climáticos, entre outros são fundamentais para desempenho das exportações brasileiras de produtos