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6.3.2- Efeitos dentoalveolares; 6.3.3- Efeitos no perfil tegumentar;

6.3.1- Efeitos esqueléticos:

Em relação ao aparelho Pendulum, o aparelho extrabucal cervical promoveu um redirecionamento do crescimento maxilar, com uma restrição do crescimento anterior, refletindo em uma diminuição estatisticamente significante do ângulo SNA e da medida A-Nperp (figura 11).

Figura 11 – Sobreposição (linha SN) das alterações médias promovidas pelos aparelhos extrabucal cervical e Pendulum.

O redirecionamento do crescimento maxilar, resultando em uma restrição do crescimento sagital para anterior da maxila, tem sido largamente reportado na literatura31, 59, 82, 84, 93, 111, 118, 146, 166, 184, 189, 193, 194. Isso ocorre

devido a uma ação ortopédica do aparelho extrabucal cervical na maxila31, 59, 82, 84, 93, 111, 118, 146, 166, 184, 189, 193, 194, resultante do emprego de forças de alta

magnitude (450g/lado). Pode-se concluir que esse efeito mostrou-se essencialmente esquelético, sem interferências do complexo dentoalveolar superior, visto que não houve diferença estatisticamente significante na inclinação vestibulolingual dos incisivos superiores entre os grupos, o que poderia ter influenciado no posicionamento mais posterior do ponto A no Grupo AEB.

Grupo AEB

Por outro lado, o aparelho Pendulum não promoveu qualquer alteração na maxila, sendo que seus efeitos restringiram-se ao complexo dentoalveolar, fato corroborado por outros estudos, reportando a ação do aparelho Pendulum associado ao aparelho ortodôntico fixo10, 11, 38. A alteração

maxilar observada na figura 12, com a sua anteriorização (aumento do ângulo SNA e medidas lineares A-Nperp e Co-A), deveu-se ao crescimento sagital maxilar, que ainda ocorre neste período da adolescência, contudo em menor magnitude30.

Figura 12 - Sobreposição (linha SN) dos traçados médios inicial e final – aparelho Pendulum.

A similaridade nos efeitos mandibulares observada nos Grupos AEB e Pendulum já era esperada (figura 11), visto que ambos os aparelhos agem primariamente na maxila31, 43, 44, 59, 82, 84, 93, 111, 118, 146, 166, 184, 189, 193, 19446, 51,

Inicial

85, 97, 115, 161, 183. O aumento das dimensões sagitais mandibulares verificado em

ambos os grupos (figura 12 e 13), contudo sem diferença estatisticamente significante entre eles (figura 11), deveu-se ao crescimento sagital mandibular inerente aos indivíduos de ambos os grupos, fato corroborado em outros estudos11, 38, 59, 74, 93, 94, 118, 155, 167.

Figura 13 – Sobreposição (linha SN) dos traçados médios inicial e final – Grupo AEB.

A relação maxilomandibular esquelética, representada pela variável ANB, refletiu esse comportamento da maxila e mandíbula acima descrito. Houve uma melhora estatisticamente significante da relação maxilomandibular esquelética com o emprego do aparelho extrabucal cervical, em relação ao aparelho Pendulum (figura 11). Isso devido ao redirecionamento com a restrição do crescimento maxilar para anterior promovido pelo aparelho

Inicial

extrabucal cervical31, 59, 82, 84, 93, 111, 118, 146, 166, 184, 189, 193, 194, (figura 13), fato não verificado com o uso do aparelho Pendulum, em decorrência da sua ação restrita ao complexo dentoalveolar10, 11, 38.

Já a relação maxilomandibular dentária, representada pela variável overjet, não apresentou diferença estatisticamente significante entre os dois grupos estudados (tabela 10). Isso porque ambos os aparelhos promovem efeitos ântero-posteriores semelhantes nos incisivos após o uso do aparelho ortodôntico fixo, com a retração dos incisivos superiores e vestibularização e protrusão dos incisivos inferiores10, 11, 38, 47, 82, devido provavelmente ao uso dos

elásticos de Classe II durante o tratamento ortodôntico fixo.

Com relação aos componentes verticais, observou-se que os grupos, em geral, comportaram-se de forma bastante semelhante, como verificado na figura 11. Durante a distalização dos primeiros molares superiores com o uso dos aparelhos extrabucal cervical e Pendulum, ocorre a rotação horária do plano palatino no Grupo AEB31, 36, 47, 82, 94, 166, 194 e anti-horária no Grupo Pendulum43, 97, além da rotação horária do plano mandibular, verificada em ambos os tratamentos31, 36, 43, 44, 78, 81, 85, 94, 97, 166, 194, devido à extrusão dos molares superiores36, 47, 94, 110, 194 no Grupo AEB e à inclinação distal das coroas

dos molares distalizados43, 44, 81, 85, 97 no Grupo Pendulum. Porém, segundo

vários estudos, essa rotação dos planos mandibular e palatino é corrigida durante o tratamento ortodôntico fixo após o uso do aparelho extrabucal cervical54, 166 ou do aparelho Pendulum11, 38, devido ao padrão de crescimento

inerente do indivíduo54, 110. Em decorrência disso, verificou-se uma suave

rotação anti-horária mandibular em ambos os grupos (tabela 10), provavelmente graças ao crescimento craniofacial dos pacientes, corrigindo os efeitos iniciais promovidos durante a distalização dos molares superiores, sem qualquer influência da mecanoterapia empregada.

As alturas faciais total (N-Me) e ântero-inferior (AFAI) aumentaram de forma semelhante nos dois grupos analisados (tabela 10).

Segundo TANER-SARISOY, DARENDELILER182, em 1999, grande parte das

mecânicas ortodônticas, se não todas, são extrusivas, e essa extrusão

aumenta a AFAI durante o tratamento181, mantendo-a aumentada durante o

período de contenção. Por sua vez, o aumento da AFAI repercute diretamente no aumento da altura facial total (N-Me). Provavelmente, esse aumento da

AFAI, em decorrência de ambas as mecânicas empregadas associou-se ao crescimento craniofacial vertical ocorrido durante o período estudado11.

Contudo, houve um maior crescimento posterior vertical do ramo mandibular, representado pela medida Ar-Go no Grupo AEB, fato corroborado

por BAUMRIND et al.21. Esse maior crescimento vertical do ramo mandibular

provavelmente ocorreu como um efeito compensatório da maior extrusão dos primeiros molares superiores verificada no Grupo AEB. Essa “compensação” gerou uma rotação anti-horária mandibular, maior no Grupo AEB, contudo sem alcançar significância estatística em relação ao Grupo Pendulum.

A diferença estatisticamente significante verificada na relação

dentária vertical, representada pela variável overbite, revelou uma maior diminuição do mesmo no Grupo Pendulum. Provavelmente, o maior aumento da altura vertical posterior (Ar-Go) no Grupo AEB levou a uma maior rotação anti-horária mandibular não estatisticamente significante, mas que associada a uma maior extrusão dos incisivos superiores e inferiores no Grupo AEB, também não estatisticamente significante, podem ter alcançado, juntos, significância estatística na menor diminuição do overbite no Grupo AEB, em relação ao Grupo Pendulum. Além disso, a maior inclinação para vestibular dos incisivos inferiores verificada no grupo Pendulum, leva a um efeito de “intrusão” relativa desses dentes (devido à própria vestibularização), com um maior efeito corretivo da sobremordida profunda nesses pacientes.