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A efetivação da intervenção

2. COMO PROMOVER UMA NOVA PRAXIS?

2.2 O segundo desafio: Repensar minhas aulas de Língua Portuguesa

2.2.2 A efetivação da intervenção

Como mencionei no subcapítulo anterior, a proposta de intervenção foi orientada por uma sequência didática, no entanto, vale salientar que tal sequência foi se constituindo a partir das experiências do meu fazer em sala de aula e das contribuições de várias disciplinas cursadas durante o Profletras. Todas as disciplinas contribuíram de alguma forma para que essa sequência didática fosse construída e se efetivasse de fato, ainda que com algumas incertezas e muitas apostas. Digo incertezas porque em nenhum momento me foi dada uma receita pronta para ser aplicada em sala de aula. Muito pelo contrário, a única certeza que tinha era a de que precisava fazer com que as orientações teorias trabalhadas durante o curso se tornassem práxis, mas o ―como‖ era a principal questão. Daí então é que nascem as apostas. Não trago aqui o termo ―aposta‖ como um jogo de sorte ou azar, mas no sentido de investir em algo com um propósito, com o desejo de que saia do mundo das ideias e se efetive como algo possível e viável.

Dentre as muitas concepções de sequências didáticas estudadas, elegi a sequência básica apresentada por Cosson (2006), para o desenvolvimento de atividades leitoras tendo como objeto a literatura, para orientar os trabalhos com a leitura dos textos que apresentaria aos alunos. Apesar de não propor, nessa sequência didática, um trabalho de leitura apenas com textos literários, utilizei as orientações apresentadas pelo autor por considerar que os procedimentos de leitura elencados por ele concebem que o leitor é tão importante quanto o texto e a leitura como um fenômeno cognitivo e social. A sequência básica é constituída por quatro passos: motivação, introdução, leitura e interpretação.

A motivação é o primeiro passo da sequência básica e consiste em preparar o aluno para entrar no texto. Segundo Cosson (2006), o sucesso inicial do encontro do leitor com a obra depende de boa motivação. A introdução é a apresentação do autor e da obra. A leitura é o momento da decifração da entrada no texto através das letras e das palavras. O autor nos adverte que ao ensinarmos leitura não podemos perder de vista os objetivos; pois a leitura escolar precisa de acompanhamento e direcionamento. A interpretação constitui-se das inferências para chegar à construção do sentido do texto, dentro de um diálogo que envolve autor, leitor e comunidade. Cosson(2006) salienta que o importante na interpretação é que o aluno tenha a oportunidade de fazer uma reflexão sobre a obra lida e externalizá-la de forma explícita, permitindo o estabelecimento do diálogo entre os leitores.

Para subsidiar as atividades de produção textual utilizei as orientações de Dolz, Noverraz & Schneuwly (2004) por constatar, na estruturação de suas propostas, uma

preocupação em promover um maior envolvimento do aluno com a aprendizagem desse processo. A estrutura de base da Sequência Didática apresentada por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 98) é constituída pelos seguistes passos: ―apresentação da situação, produção inicial, módulo 1, módulo 2, módulo 3 (ou oficinas) e produção final.‖

A apresentação da situação é o momento em que os alunos fazem uma representação da situação de comunicação e do gênero a ser trabalhado. Como produção inicial, os alunos elaboram um texto escrito ou oral do gênero a ser trabalhado. De acordo com Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), essa produção serve como um diagnóstico tanto para os alunos como para o professor. Para os alunos porque vai permitir que eles consigam descobrir o que já sabem fazer e se conscientizam dos problemas que eles mesmos, ou outros alunos, apresentam e para o professor porque pode adaptar as atividades propostas na sequência didática, de acordo com as dificuldades dos alunos.

Os módulos são atividades para se trabalhar os problemas que aparecem na primeira produção e dá aos alunos os instrumentos necessários para superá-los. Durante a elaboração dos módulos, destaca-se a recomendação dos autores para que se variem as atividades e os exercícios propostos. Na produção final, o aluno deve colocar em prática o conhecimento apropriado durante a realização das atividades nos diferentes módulos.

Desse modo, elaborei a sequência didática, que apresento a seguir, tentando sistematizar atividades de leitura e produção textual que tivesse o gênero memórias como elemento norteador para a promoção do ensino e aprendizagem da leitura e da escrita que levasse em consideração a identidade dos alunos e fosse significativo para eles.

Antes de descrever a sequência didática na prática e como esta se efetivou, gostaria de esclarecer que devido ao fato de atuar numa turma de 5º ano, na qual ministro aulas de todas as disciplinas, foi possível organizar os horários de modo que as atividades do projeto fossem, de certo modo, priorizadas. Desse modo, as atividades da intervenção eram realizadas nas segundas e terças das 07h:30min. às 11h:30min., com um intervalo de 30 minutos. A escolha desses dias foi motivada pela não ocorrência de aulas de outras disciplinas, Inglês e Educação Física, e por serem os dias em que a frequência era maior. Apesar da liberdade de escolha do horário de aplicação do projeto ter sido facilitada pelo fato de ensinar a maioria das disciplinas aos alunos, foi bastante difícil conciliar a execução das atividades planejadas co m a demanda de projetos e atividades promovidos pela escola. A maioria desses projetos abraçados pela escola é enviada pela Secretaria Municipal de Educação e quase sempre chega com uma certa urgência de execução e cobrança de resultados.

Então, concomitantemente com a intervenção proposta por mim, tive que desenvolver com os alunos vários outros projetos, como o Programa Salvador Avalia (PROSA), Olimpíadas da língua portuguesa, Dia do Bem Querer, além do trabalho com todas as datas comemorativas (Carnaval, Semana Santa, Páscoa, Descobrimento do Brasil, Dia do Índio, das Mães, do Livro, do Circo, dos Pais, do Estudante, do Soldado etc.), que a escola faz questão de desenvolver todos os anos. Dessa forma, a sequência didática foi se materializando a partir do possível, e principalmente do viável, diante de uma realidade difícil e desafiadora que é a sala de aula. Passo agora então, a descrever a sequência didática e sua realização, assim como os resultados obtidos durante as aulas.

2.2.3. A Sequência Didática e sua aplicação

1.

OBJETIVOS

Ampliar a competência comunicativa, lendo e escrevendo textos socialmente relevantes a partir do apropriação do gênero textual memórias.

Ler, ouvir, compreender e comentar textos com base no gênero memórias.

Identificar as características formais e discursivas do gênero memórias.

Planejar, produzir, reescrever, revisar e oralizar memórias.

Realizar análise linguística sobre os textos produzidos.

2.

CONTEÚDOS

Gênero textual Memórias

Leitura

Produção textual.

Procedimentos de produção, reescrita e revisão de textos.

Análise linguística - uso da letra maiúscula, ortografia, pontuação, vocabulário, transposição da fala para a escrita, concordância verbal, coesão, coerência.

3.

DESENVOLVIMENTO 1ª Aula : 4 h/a2

2

A sigla h/a: corresponde a quantidade de minutos utilizados em cada aula na Educação Básica que corresponde os Ensino Fundamental e Médio, desse modo, são utilizados 50 minutos de uma hora para cada aula.

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