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CAPÍTULO III – A INTELIGENCIA ARTIFICIAL COMO ELEMENTO DO

2. A EFETIVIDADE DO ATO REALIZADO POR IA

Considerando que o tempo de vida e desenvolvimento do modelo de IA atual é novo quando comparado a outras tecnologias, bem como tratar da utilização dele de forma expandida é delimitar ainda mais esse período. O que dizer então sobre a utilização de IA pelo judiciário nacional, ora, seria considerar um período quase irrisório da sociedade. Entretanto é nesse período que judiciário tem demonstrado maior produtividade, não apenas por investir em IA e outros sistemas

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Tradução livre: “(...) os algoritmos que regem a IA podem ser regidos por regras que desencadeiam decisões "desencadear decisões" não é o mesmo que "tomar decisões", pois essa última ação implica em ter

consciência, enquanto aquela envolve automação) com resultados incontroláveis, imprevisíveis e estruturais, portanto, dai decorrem os esforços normativos para garantir que o controle final seja de natureza humana”.

91 inteligentes, mas capacitar seus colaboradores para utilizarem dele de forma eficiente e eficaz.

Todo esse progresso não ocorreu instantaneamente, foram necessários anos de inadequação tecnológica, quando comparado ao setor privado, e uma nova ótica de seus gestores quanto a necessidade demandada do órgão. Nesse sentido, MADALENA aduz o seguinte: ―há pouco tempo, diga-se de passagem, de forma tardia, o Judiciário brasileiro deu uma amostra de progresso, ao implantar sistemas para a execução dos serviços cartorários‖ (MADALENA e OLIVEIRA, 2000, p. 18).

Atender aos princípios processuais, também faz parte da almejada efetividade dos atos, de modo que, ainda que esse alcance seja praticamente teórico, a persecução sedimenta ainda mais a realização da efetividade do ato. De maneira exemplificativa, a demanda pelo principio da razoável duração do processo, conforme o inciso LXXVIII do artigo 5 da CF, incluída pela emenda constitucional 45/04, vaticina a efetividade do ato jurisdicional de forma que possa granjear o objetivo traçado pelo ato judicial realizado, ou seja, a pacificação social para o bem comum, característica interessante quando em comparação com a eficiência.

Utilizar o serviço prestado pelo judiciário hoje, pode ser comparado a consumir um serviço prestado por uma empresa privada, no sentido de utilização de meios modernos, tanto para conhecimento como para atuação no processo. Inclusive com a adoção em alguns estados de sistemas inteligentes para os cartórios, de forma que o modo de operação passou por consideráveis mudanças, afim de que todo o processo passasse a ser realizado de forma sinérgica. Afinal não cabe mais a um órgão que utiliza sistemas inteligentes e mesmo IA‘s preocupar-se tão somente em acessar bancos de dados e realizar buscas simples, até porque isso seria, na verdade, subutilizar o potencial de todo o sistema, conforme exposição de MADALENA:

―quando falamos de sistema inteligente, nos referimos àqueles que empregam técnicas de Inteligência Artificial, isto é, sistema que habilita a máquina a fazer coisas que requerem inteligência. A Inteligência Artificial, por sua vez, utiliza várias técnicas para tornar a máquina inteligente, como por exemplo raciocínio baseado em cases, agentes inteligentes, sistemas especialistas, etc., para falarmos das técnicas mais conhecidas. Assim, quando aberto o processo judicial, o mesmo passaria a ser gerenciado por um sistema inteligente, com dispensa de certos trabalhos manuais e intelectuais dos serventuários e do juiz.‖ (MADALENA e OLIVEIRA, 2000, p. 20).

92 Ainda que o judiciário esteja galgando em direção a plena utilização dessa tecnologia por todo o órgão, é imperioso salientar que está numa fase de experimentação, ou seja, uma fase inicial de qualquer projeto de maior porte.

Outro ponto importante a ser abordado, está relacionado ao fato da produtividade dos juízes, ora, sabe-se que o magistrado tem que estar cada vez mais coeso com o princípio da celeridade, mas sem que os demais sejam deixados de lado, isso significa que a cobrança quanto as decisões proferidas é cada vez mais intensa sobre esses profissionais, que, ainda, detém natureza humana e portanto limitação quanto a suas possibilidades, que vez ou outra têm suas decisões refutadas, não por falta de conhecimento mas por excesso de atividades a serem realizadas por ele, destarte atribuir-lhe condições de atuar como judicante apenas e não como um gestor processual auxiliaria com esse revés, como assim diz o código de ética da magistratura nacional:

Art. 29. A exigência de conhecimento e de capacitação permanente dos magistrados tem como fundamento o direito dos jurisdicionados e da sociedade em geral à obtenção de um serviço de qualidade na administração de Justiça.

Ainda que modernamente as profissões tenham requisições cada vez maiores de conhecimento em outras áreas, conceber o magistrado como gestor e não um especialista na solução de litígios é elemento impactante na qualidade da sentença. Não obstante a esse raciocínio tem-se:

Art. 31. A obrigação de formação contínua dos magistrados estende-se tanto às matérias especificamente jurídicas quanto no que se refere aos conhecimentos e técnicas que possam favorecer o melhor cumprimento das funções judiciais.

Onde o termo favorecer correlaciona-se exatamente ao raciocínio anterior, quando o magistrado deve ser investido na figura de garantidor da realização do direito, aprimorando conhecimentos e não um profissional atuante em diversas áreas.

Aliado as transformações sociais que avultaram a quantidade de demandas ao judiciário ao longo das últimas duas décadas, resultaram na sobrecarga de todo sistema judiciário. Em face de tal panorama, seria injustificável perpetuar o planejamento vigente até poucos anos de inchar o judiciário com mais servidores, sem que houvesse uma adequação da estrutura administrativa com novos meios tecnológicos. Outrossim, não caberia também uma visão restrita e ultrapassada de apenas utilizar tais meios tecnológicos para o desenvolvimento de

93 sentenças mas sim em todo o contingente de gerenciamento de feitos, prazos e fases (CARDOSO, 2001, p. 129), objetivando eficiência na qualidade do serviço e satisfação do cliente final, a contração quanto o limite de prazos de procedimentos, que por sua vez justificariam a utilização de sistemas inteligentes em toda a estrutura judiciária.

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