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No quadro 1 observa-se que área de vegetação suprimida foi de 3,576 ha, sendo áreas de diferentes tipologias e todas em estágio sucessional inicial. É importante lembrar que a supressão da vegetação nativa causa impactos consideráveis no o equilíbrio do meio ambiente. O corte desta vegetação, mesmo que em pequena quantidade, resultará afugentamento da fauna silvestre, mudança na dinâmica florestal (exposição de luz no interior do fragmento, incidência de espécies invasoras) e redução de habitat e, consequentemente na ampliação do processo de fragmentação florestal da região, que é bastante alto.

Segundo o quadro 1, a área de vegetação a ser recuperada é de 18,989 ha, sendo maior do que a área suprimida, evidenciando que o impacto negativo da

retirada da vegetação está sendo compensado, reforçando que para verificar a efetividade deve ser feito o monitoramento da área recuperada por alguma tempo porque quando se trata de recuperação de uma área os resultados efetivos são observados a longo prazo.

Quadro 1- Área de vegetação a ser suprimida e área a ser recuperada-CETESB

Discriminação Tipo de vegetação Estágio de sucessão Área Autoriz. suprimida (ha) Área total a ser recuperada (ha) Valor da recuperação para cobrança extrajudicial

Área comum não protegida Vegetação de várzea Estágio secundário inicial 2,379 11,769 R$ 197.475,54 Curso d'agua perene Floresta Estacional decidual Estágio secundário inicial 0,637 7,22 R$ 108.300,00 Outra área protegida Floresta Estacional decidual Estágio secundário inicial 0,56 18,989 R$ 305.775,54 Total 3,576 37,978 R$ 611.551,08

FONTE: Termo de Responsabilidade Ambiental-CETESB

O empreendimento estudado obteve todas as autorizações relativas a intervenção sobre a vegetação, e quanto a área que deverá ser recuperada deve atender todas as exigências da resolução SMA 08/2008 que fixa as orientações para o reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas, caso não sejam cumprida as medidas previstas para recuperação da área já tem um valor pré-estabelecido para cobrança extrajudicial, podendo chegar ao valor de R$ 305.775,54.

Um estudo apresentado no Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica contabilizou que para se recuperar um hectare de mata ciliar, no interior paulista, se investia de R$ 4,3 mil a R$ 5,1 mil, dessa forma a cobrança extra judicial chega ao valor de aproximadamente R$16.102,77 por hectare a ser recuperado, forçando economicamente a empresa a recuperar a área degradada motivada pelo alto valor da cobrança extra judicial.

De acordo com o quadro 2 observa-se que os impactos relacionados a vegetação foram previstos para a implantação do empreendimento, onde todas as perturbações apresentaram uma medida mitigadora admissível.

Quadro 2- Impactos previstos e medidas mitigadoras cabíveis

Impacto Medida

Mitigadora

Cumprimento das medidas

Forma de cumprimento das medidas mitigadoras Área (ha) Perda de cobertura vegetal Manutenção e enriquecimento da vegetação Sim

Projeto de enriquecimento florestal 0,128

Recomposição da cobertura vegetal nas

ZPMS e nas APPS 3,83

Recomposição da cobertura florestal

para criação de corredores ecológicos 3,958

Alteração da paisagem natural Manutenção e enriquecimento e recuperação da vegetação Sim

Projeto de enriquecimento florestal 0,128

Recomposição da cobertura vegetal nas

ZPMS e nas APPS 3,83

Recomposição da cobertura florestal

para criação de corredores ecológicos 3,958

Alteração de habitats Manutenção e enriquecimento e recuperação da vegetação Sim

Recomposição da cobertura vegetal nas

ZPMS e nas APPS 3,83

Recomposição da cobertura florestal

para criação de corredores ecológicos 3,958

Exposição da fauna Segregação das áreas verdes, por meio de cerca, para evitar exposição da fauna silvestre Sim

Programa de prevenção a incêndios florestais

- Projeto de cercamento das áreas verdes

e APPs

Programa de educação ambiental

Medidas mitigadoras são de extrema necessidade para o sucesso do licenciamento ambiental, observa-se então nesse objeto de estudo, que o enriquecimento florestal vai ser de grande utilidade porque vai ampliar a vegetação remanescente ajudando na preservação das espécies nativas da região.

As Áreas de Preservação Permanente (APP) são as áreas do empreendimento com grande importância de conservação, pois tem como principais funções preservar os recursos hídricos, a paisagem, a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e garantir o bem-estar das populações humanas e dessa forma a recuperação de APP ganha importância dentro do projeto, por isso a recuperação e manutenção das APP vão trazer melhorias consideráveis.

A alteração dos habitats causada pela remoção da vegetação é praticamente inevitável, nessa região a vegetação remanescente está distribuída em pequenos fragmentos, dessa forma a implantação de corredores ecológicos vai favorecer a conectividade entre os fragmentos e recompor a vegetação nativa, se tornando uma medida de grande relevância na conservação da vegetação local a longo prazo.

Nos ambientes fragmentados a fauna fica mais exposta, necessitando de um cuidado especial, assim como a medida mitigadora proposta o cercamento das áreas verdes reduz a incidência de atropelamento da fauna, e também evita que os animais circulem pela vizinhança.

Quando não adequadamente dimensionados os potencias impactos decorrentes desse tipo de empreendimento podem gerar danos irreversíveis de natureza física, biótica e antrópica. Desta maneira, atribui-se o papel da Avaliação de Impacto Ambiental – AIA, que por seu caráter preventivo assume particular importância no processo de gestão desse tipo de empreendimento.

O fato dos estudos de impactos seguidos para esse tipo de empreendimento não conseguirem realizar uma análise sistemática, agregando e comparando os efeitos ambientais esperados do projeto e de cada uma de suas alternativas. Também a avaliação da verdadeira consequência dos efeitos adversos é apontada como uma de suas falhas. Em grande parte desses estudos, para qualquer que seja o tipo de empreendimento, a maioria dos impactos previstos são classificados como sendo de pouca magnitude.

5. CONCLUSÃO

Ficou evidenciado no estudo de caso que a vegetação sofreu impactos consideráveis para que esse empreendimento fosse implantado, mas o órgão fiscalizador exigindo as medidas compensatórias e mitigadoras corretas e fazendo as devidas fiscalizações os impactos negativos serão reduzidos.

A empresa seguiu com as medidas exigidas pela legislação, mostrando que o desenvolvimento pode ser sustentável com estudos corretos e práticas de conservação adequadas.

Fica claro que o licenciamento ambiental é de extrema necessidade para o desenvolvimento sustentável, porque além de se preocupar com os recursos naturais para as gerações futuras preocupa-se também com a qualidade de vida do presente, coordenando e direcionando as atividades para que sigam o modelo de desenvolvimento sustentável.

O estudo de caso analisado reforça as questões que envolvem o rigor no cumprimento das leis do licenciamento ambiental e consequentemente a análise criteriosa do diagnóstico da efetividade no cumprimento das medidas mitigadoras sobre a vegetação.

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