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51 Eis o quadro de Bouchard:

Alimentos Calorias CO8 O8 Gr, Albumina elaborada 97,4 Hydratos de carbono 150,0 Alcool ' 13,0 Gr, 468,52 630,0 414,0 42,35 Gr. 79,77 220,05 125,28 24,87 Gr. 60,95 160,0o 129,51 27,13

í

Gr, Albumina elaborada 97,4 Hydratos de carbono 150,0 Alcool ' 13,0 1:554,87 449,97 377,64 2p,90 H 58ffr,05 para o assucar al- buminado Azoto urinário 14sr,46 co = Quociente respiratório -QT" = 1>12

Este quadro representa uma média de sete dias de observação. Appliquemos-lhe a hypothèse de Bouchard, isto é, supponhamos que o organismo se tornou incapaz de consumir este assucar ; necessa- riamente haverá uma eliminação, pelo rim, da sua totalidade, o que representa uma glycosuria de

150 grammas de assucar proveniente dos hy-

dratos de carbono

-f- 54gr,45 provenientes da elaboração da albu-

mina (0,558 milligram mas de assucar por cada um gramma de albumina elaborada), o que perfaz a cifra total de

294gr,45 de glucosa urinaria.

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cosa arrasta comsigo a perda d'uma quantidade de calorias que, calculada á razão de 4,2 calorias por cada um gramma de assucar, perfaz o quantum to­ tal de

204gr,45 x 4caI­,2 = 858ca\69 ; sejam 858 calorias. Por outro lado, a falta de combustão dos 204gr,45 de glucosa traz á diminuição da cifra do oxygenio consumido que, calculada á razão de lgr,067 de oxy­ genio por cada gramma de assucar, faz um total de

204gr,45xlg,­,067 = 218gl',14 de oxygenio; seja um abaixamento de 218gr,14 de oxygenio consu­ mido, o qual deduzido da cifra representante do gasto diário total de oxygenio, dá

377gr,64­218gr,Í4 = 159gl',50.

Quer dizer, a cifra de oxygenio consumido durante o dia baixará de 377gr,64 a 159g,',50.

A seu turno, o acido carbónico exbalado dimi­ nuirá egualmente da quantidade correspondente ao assucar não comburido; esta pode calcular­se, quer deduzindo cia cifra total de anhydrido carbónico consumido por dia a ■ quantidade produzida pela combustão da albumina e dos hydrocarbonados

449gr,97 ­ (79gr,77 + 220gr,05) = 150gr,15, quer multiplicando o numero de grammas d'assucar urinário por lgI',46, quantidade de anhydrido çarbo­

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nico a que dá origem a combustão de um gramma de assucar, e deduzindo egualmente da cifra total de anhydrido carbónico consumido por dia

204gr,45 x l«r,46 = 298gr,49 449gr,97 - 298gr,49 = 151gr,48 Finalmente o quociente respiratório

baixará também um pouco.

E, com effeito, como aqui se vê, insignificante a differença nos quocientes respiratórios, mas im- pressiona a enorme perda de calorias que, accres- centa Bouchard, o organismo não pôde soffrer sem reagir^ á gordura ou á albumina alimentares ou proprias, pedirá a economia o numero de calorias que lhe faltam.

Se pede á gordura, ser-lhe-hão precisas 93gr,26 para o fornecimento das 858 calorias, pois que cada um gramma de gordura fornece 9,2 calorias

4 5P gordura 1 414 .

414 caionas' = T x = ~ã = 9>2 calonas segundo se deduz do quadro apresentado por Bou- chard.

Se pede as 858 calorias á albumina, ser-lhe-hão precisos tantos grammas quantos os necessários para, á razão de 2,5 calorias, produzirem aquella cifra

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Da impossibilidade em que está o organismo de des- truir o assucar, um gramma de albumina fornecerá apenas 2,5 calorias, e não 4,8 calorias como no es- tado normal, segundo se deduz do seguinte calculo:

[97gr,4 54gl',45] ' produzem 468,52

' Albumina Assucar Calorias

54^,-35 oxydado produz 228,25

Assucar Calorias

Ora como este assucar não é queimado, o nu-

mero de calorias produzido pela elaboração dos 97gr,4

de albumina, será:

468cal-,52 - 228cal-,27 = 240cal-,25

o que dá:

24°M '25 = 2cal\5 por cada um gramma de albumina.

Supponhamos, pois, que a economia pede as 858

calorias á gordura; teremos um consumo de 93gr,26

de gordura, o que arrasta as seguintes modificações no quadro de Bouchard: Gr. Cal. C O2 O2 Albumina 97,4 240,25 0 2,90 Fécula . . 150,0 0 0 0 Gordura. 138,3 1:272,36 384,58 398,02 Alcool . . 13 42,35 24,87 27,13 1:554,96 409,45 428,05 Gr. Glucosa urinaria . . 204,45 Azoto urinário . . . 14,46 Quociente respiratório 0,95

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Ou, se supprimirmos os hydrocarbonados, tere- mos o mesmo quadro apenas modificado na cifra de glycosuria, que fica reduzida á que provém do desdobramento da albumina:

Glucosa urinaria 54gr,45.

D'aqui se deprehende que em todo o diabético que peça ás gorduras o numero de calorias que a glycosuria lhe faz perder, o consumo de oxygenio augmenta sensivelmente, a eliminação do anhydrido carbónico diminue e por conseguinte o quociente respiratório .baixa; o azoto urinário conserva-se in- variável, emquanto que a glycosuria diminue.

Supponhamos agora que o organismo pede, não á gordura, mas sim á albumina, as 858 calorias que

a glycosuria lhe rouba; resulta-nos o quadro sè1

guinte: Gr. Cal. CO2 O» Albumina 440,7 1:098,25 0 12,4 Fécula . . 150 0 0 0 Gordura . 45 414,0 125,28 129,5] Alcool . . 13 42,35 24,87 27,13 1:554,60 150,15 269,04 pelo qual se vê que o oxygenio consumido fica abaixo de normal, o anhydrido carbónico não va- ria, ficando-nos o quociente respiratório

™ = 0,558

Glucosa urinaria 245,91 + 150 = 395,91 ou, supprimidos os feculentos,

Glucosa urinaria 245,91

Azoto urinário = | ^ £ = 65,70.

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Em resumo, estes cálculos indicam-nos que to- das as vezes que um organismo perde o seu poder de destruição para o assucar, pode (e vê-se a isso obrigado) substituir os hydrocarbonados por outras substancias, que são a gordura ou a albumina.

Se lança mão da gordura, vemos augmentar a ci- fra do oxygenio consumido, diminuir a do anhydrido carbónico exhalado, e, conseguintemente, uma dimi- nuição do quociente respiratório, embora minima; ao mesmo tempo, nota-se um abaixamento da glycosu- ria e a constância do azoto urinário.

Se troca os feculentos pela albumina, vemos uma diminuição no oxygenio consumido, a constân- cia do anhydrido carbónico, uma diminuição sensí- vel do quociente respiratório, augmenta de glycosu- ria e d'azoto urinário.

Portanto, se as variações do quociente respirató- rio não justificam, por insignificantes, a diabete por diminuição de gasto do, assucar nos tecidos, tam- bém a não combatem, porque não podemos pôr de parte os phenomenos de polyphagia ou de autopha- gia, que necessariamente vêem compensar o desen- volvimento de calorias que o assucar não pode já fornecer; outro tanto diremos da azoturia, depen- dente também dós mesmos phenomenos compensa- dores. Os cálculos acima mostram o pouco valor de taes objecções, ao mesmo tempo que revelam a superioridade do regimen gordo para os diabéticos.

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Y I I

Uma vez rebatidas as objecções mais importan­ tes á theoria que explica a diabete por diminuição de gasto do assucar nos tecidos; destruída ainda, porque conduz a um absurdo, a theoria de Chau­ veau e Kaufmann, poderíamos limitar­nos ao que fica dito e que demonstra a superioridade da theo­ ria de Bouchard; como, porém, a realidade d'esta se não deduza do que deixamos exposto, mas ape­ nas a sua verosimilhança, continuaremos, reíerindo­ nos ao artigo de Bouchard, a procurar evidenciar a veracidade da sua theoria, entrando em jogo com o novo elemento denominado — coeficiente de avidez

dos tecidos para o assucar — e vendo a que conclu­

são nos leva a applicação dos methodos que ser­ vem para medir no individuo são este coefficiente. Para conseguir tal fim, Bouchard compara o gasto do assucar entre indivíduos sãos e diabéticos, ser­ vindo­se dos quadros seguintes:

INDIVÍDUOS SÃOS ■ Idade A s s u c a r c o n s u m i d o ■ Idade Por kilog, do corpo Por kilog. de album, fixa Kilog. 50,7 Gr, 7,2 Gr. 51,4 25 » 65, 5,7 38,8 40 » 51,8 5,5 37,6 59 » 85,3 2,5 18,2 70 » *. . . 55,5 3,3 22,9

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D'esté quadro já nós deduzimos que o poder de destruição do sangue para o assucar varia na ra- zão inversa da idade. O coefficiente de avidez, dos

tecidos' para o assucar obtem-se, dividindo a quan-

tidade maxima de assucar consumido em vinte e quatro horas por um kilogramma de albumina fixa n'um individuo qualquer, pela quantidade maxima consumida nas mesmas vinte e quatro horas (sem- pre em relação ao kilogramma de albumina fixa) por um individuo não glycosurico, da mesma idade ou de idade approximada, collocado nas mesmas condições de temperatura e de trabalho; n'estas condições foi construído o quadro supra, como mé- dia de vários dias de observação de individuos não glycosuricos e cujos coefficientes de avidez são, para todos, sensivelmente eguaes á unidade.

Tomando então diabéticos como sujets de obser- vação, e considerando os individuos do quadro citado como termos de comparação, como typos padrões, Bouchard construe outros quadros relativos aos dia- béticos; assim, tomando para observação vima mu- lher de quarenta e oito annos de idade, pesando

68K',240, tendo 9gr,440 de albumina fixa e que 6

diabetica, Bouchard chega ao quadro seguinte:

Idade Peso

Assucar consumido

Idade Peso

Por kilog. do

corpo de album, fixa Por kilog.

Kllog. 68,240 Gr. 1,34 Gr. 9,72 Kllog. 68,240 média de 24 horas

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Para a confecção d'esté quadro, Bouchard sub- mette a doente a um regimen mixto composto de albumina e gordura, á vontade da doente, e de 80 grammas de assucar, único hydrocarbonado que lhe era permittido tomar; sob a influencia d'esta ali- mentação, a glycosuria que era de 400 grammas tende a baixar, descendo a 340 grammas no pri- meiro dia, 170 grammas aos dois dias, 114 gram- mas no fim do terceiro, e 52 grammas no quarto dia; conservando-se, a partir d'esté dia, com leves osillaçSes, em torno de 52 grammas.

Tomando a média das analyses de urinas a co- meçar no quarto dia e a terminar no nono, Bou- chard encontrou nas vinte e quatro horas:

Azoto urinário 14gr,90

o que corresponde a 100gr,366 de albumina

e por conseguinte a 56gr,004 de glucosa;

juntando a este assucar proveniente da albumina elaborada, os 80 grammas provenientes da alimenta- ção, obtemos um total de

136gr,004 de assucar

ingerido ou formado nas vinte e quatro horas. Por outro lado, a glycosuria média durante es- tes cinco dias foi de

44gr,27;

d'onde a cifra de assucar utilisado:

136gr,004 - 44gr,27 = 91gr,734

o que dá

6 0

consumido por kilogramme de peso do corpo, e

%~ - 9gr>72 de assucar consumido por kilogramma de albumina fixa.

Este foi o máximo consumo que a doente pôde fazer, nas condições de temperatura e de trabalho em que se encontrava.

Tomando agora do quadro comparativo dos in- divíduos sãos, aquelle que mais se approxima d'esta doente, e vendo qual a quantidade maxima de as- sucar que elle é capaz de consumir, nós encontra- mos :

Idade Peso

Maximo de assucar consumido

nas 24 horas

Idade Peso

Por kilog. do

corpo de album, fixa Por kilog. Kilog. 50,7 Gr, 9,10 Gr. 61,50

Calculando, pois, segundo estes dados, o coefi-

ciente de avidez dos tecidos para o assucar n'esta

doente, teremos:

0 = - ^ L 0,158 61 «r ,5 '

numero inferior á unidade, que é a cifra normal. 'Bouchard, experimentando ainda sobre outros diabéticos, chegou sempre a resultados concordes :

0=0,10 — 0,14 — 0,51 — 0,19 — 0,42, etc., sempre menor que a unidade.

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