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Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil estão algumas das principais bacias marginais emersas e submersas de exploração de petróleo e gás natural: bacias Potiguar-Ceará, Pernambuco-Paraíba, Sergipe-Alagoas, Pará-Maranhão, Foz do Amazonas-Marajó, Recôncavo e Camamu-Almada. A exploração de óleo e gás nessas bacias tem ocorrido de forma contínua há mais de trinta anos.

Nesse sentido, surgiu o Projeto Monitoramento Ambiental de Áreas de Risco a Derrames de Petróleo e Seus Derivados (REDE 05 - PETRORISCO, FINEP/CTPETRO/PETROBRÁS) de características multidisciplinares e interinstitucionais,

em temas envolvendo o monitoramento ambiental e a atividade petrolífera. Um dos objetivos da Rede 05 consiste em desenvolver mapas de sensibilidade ambiental ao derramamento de óleo, através da atualização periódica dos dados cartográficos, tendo em vista a dinâmica costeira e as variações climáticas sazonais que podem provocar alterações hidrodinâmicas, geoquímicas e biológicas, entre outras, as quais são importantes para a previsão do movimento da mancha de óleo (PETROMAR 2007).

É importante salientar que os mapas SAO confeccionados atualmente são cartas- estanques, não são interativas. Os resultados mostram situações estáticas, não levando em consideração as mudanças hidrodinâmicas tão freqüentes na costa Norte e Nordeste do Brasil. Além disso, não são desenvolvidos mapas temporais, para fins comparativos. Isso serviria para analisar se uma área é mais sensível em uma época (ou estação) do que em outra época. Dependendo dos fatores envolvidos, verificar se uma região é mais sensível ao óleo no verão ou no inverno, por exemplo.

Castro (2002) desenvolveu mapas SAO temporais na área de Galinhos e verificou que essa área é mais sensível no mês de dezembro e menos sensível no mês de junho. Foi um trabalho inovador, visto que exibiu a diferença de sensibilidade da área caso acontecesse derramamentos de óleo em meses diferentes.

Castro et al. (2003) ressaltou a importância de se confeccionar mapas de sensibilidade ambiental ao derramamento de óleo em épocas distintas. Isso se torna importante visto que a sensibilidade pode mudar de acordo com a sazonalidade, pois dependendo da estação do ano, o ambiente afetado pelo óleo derramado pode reagir de diferentes maneiras.

Além disso, esse aspecto da temporalidade também se torna importante em ambientes de macro e mesomarés (características das regiões Norte e Nordeste), visto que o comportamento de marés, ventos e correntezas influenciam na resposta do local diante de um derramamento de óleo.

Sendo assim, essas necessidades motivaram o desenvolvimento de um sistema computacional para confeccionar mapas SAO temporais a fim de se obter com mais rapidez esses mapas e analisar as possíveis diferenças existentes. Este sistema e seu funcionamento são detalhados no capítulo 4.

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4.1. MAPAS DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL AO DERRAMAMENTO DE ÓLEO NA ÁREA DE ESTUDO

Como discutido no Capítulo 3, os mapas de sensibilidade ambiental ao derramamento de óleo (Mapas SAO) constituem um componente essencial e fonte de informação primária para o planejamento de contingência e avaliação de danos em casos de derramamento de óleo. Eles exibem a sensibilidade da linha de costa, os recursos biológicos e as atividades socioeconômicas de uma área, a fim de mostrar as principais feições atingidas caso ocorra um derrame de óleo nas proximidades.

É importante confeccionar esse tipo de mapa em épocas diferentes para avaliar a diferença de sensibilidade da área em situações distintas. Cada situação é única devido à sazonalidade, tipos de óleo diferentes que podem ser derramados (com diferentes toxicidade e permanência) e as características próprias da região costeira.

Alguns Mapas SAO foram desenvolvidos nas áreas de Galinhos, São Bento do Norte e Guamaré. Castro et al. (2004a) desenvolveu mapas SAO nas áreas de Galinhos e São Bento do Norte nas épocas de Junho/2000 e Dezembro/2000. Os resultados são exibidos nas Figuras 4.1 e 4.2 abaixo:

Figura 4.1 - Mapa de Sensibilidade das áreas de Galinhos e São Bento do Norte no período de Junho/2000. Fonte: Castro (2002).

Figura 4.2 – Mapa de Sensibilidade das áreas de Galinhos e São Bento do Norte no período de Dezembro/2000. Fonte: Castro (2002).

A sensibilidade em algumas áreas aumentou de junho para dezembro do mesmo ano. Os ISLs que registravam sensibilidade 2 em junho aumentaram para sensibilidade 3 e em outras localidades aumentaram de 3 para 4. Logo, um derrame de petróleo no mês de Dezembro/2000 teria sido mais prejudicial à área do que um derramamento em Junho do mesmo ano. O manguezal sempre apresenta ISL 10, sensibilidade máxima, pelo fato de absorver totalmente o óleo que chega até ele. As atividades sócio-econômicas foram destacadas no mapa, mas a biologia não foi possível, visto que houve carência de dados dessa natureza na área.

Castro et al. (2004b) desenvolveu um Mapa SAO para a área de Guamaré no ano de 2001, elaborando esses mapas em um intervalo de três em três meses (Março, Junho, Setembro e Dezembro de 2001). As Figuras 4.3 e 4.4 exibem os resultados dos meses de março e setembro.

Figura 4.3 – Mapa de Sensibilidade da área de Guamaré no mês de Março/2001. Fonte: Castro et al. (2004).

Figura 4.4 - Mapa de Sensibilidade da área de Guamaré no mês de Dezembro/2001. Fonte: Castro et al. (2004).

Analisando os dois mapas acima, percebe-se um considerável aumento do índice de sensibilidade em alguns locais da área. Em março de 2001, os principais ISLs foram 2, 3 e 10, com a identificação de algumas atividades sócio-econômicas, como aquacultura e pesca artesanal. Nessa época não havia um estudo com os dados biológicos, por isso não foi possível identificar a biologia existente na área.

Em dezembro do mesmo ano, além da geomorfologia da área e da sócio-economia, existiam também dados biológicos, com todas as espécies encontradas na área e os locais de maiores concentrações delas. Identificou-se, então, aves, carangueijos, peixe-boi, sururu e tartarugas. Logo, o mapa SAO de dezembro é bem mais completo, com informações mais detalhadas. Passa a ter ISL 2, 3, 4, 6, 7 e 10, a identificação da sócio-economia, as áreas em destaque onde aparecem as espécies biológicas (são as áreas hachuradas no mapa) e o ícone com cada uma delas.

Sendo assim, desenvolver mapas de sensibilidade ambiental ao derramamento de óleo em áreas próximas a locais de exploração petrolífera, passou a ser uma ferramenta necessária

como forma de identificar os locais mais sensíveis e que deveriam ser urgentemente atendidos no caso de um derrame de óleo nas redondezas. A área de Guamaré possui o Pólo Petrolífero de Guamaré, sujeito a acidentes e/ou vazamentos. Os Mapas SAO dessa área tornaram-se assim imprescindíveis.

Todos os mapas construídos até então tinham sido confeccionados com o uso do software ArcView e praticamente “desenhando” tudo que era necessário aparecer no mapa. Sendo assim, o primeiro objetivo principal desse trabalho foi desenvolver um sistema computacional que “automatizasse” o processo de confeccionar o mapa SAO de determinada área, a partir de alguns dados inseridos pelo usuário. A esse novo sistema foi dado o nome de AutoMSA (Automação de Mapas de Sensibilidade Ambiental ao Derramamento de Óleo).