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elaboração de um código de conduta dos eleitos locais

2.4. melhorar a qualidade do serviço prestado e o envolvimento dos cidadãos na política de comunicação municipal

2.4.13. elaboração de um código de conduta dos eleitos locais

A elaboração deste código de conduta obedeceria aos seguintes princípios:

 Compromisso de honrar a Constituição e toda a legislação enquadradora do ordenamento jurídico português, nomeadamente a Lei nº 52-A/20057, prometendo guiar a sua actividade

pelos princípios éticos vertidos no referido código;

 Actuar com base na eficácia e na eficiência, defendendo o interesse geral, fomentando a honestidade, a imparcialidade, a confidencialidade, a austeridade e o contacto regular com os cidadãos;

 Defender o respeito pelos direitos humanos, divulgando os valores cívicos, o respeito pela diferença e exercendo os seus direitos e obrigações;

 Devem abster-se de exercer as suas funções ou utilizar as prerrogativas do seu cargo para favorecer interesses privados, próprios ou de terceiras pessoas, proibindo o favoritismo e o exercício da autoridade em benefício próprio;

 Promover o respeito e a igualdade entre homens e mulheres e evitar qualquer actuação que possa ser discriminatória;

 Comprometer-se a cumprir o programa eleitoral e a prestar contas, conjuntamente com todos os que com ele concorreram às eleições;

 Assumir o compromisso de defender um melhor ambiente, de proteger os recursos naturais e o ordenamento do território.

Não sendo a participação, como refere Bilhim (2004), uma obrigação moral ou política da democracia, esta nem por isso deixa de ser uma democracia se não houver elevada participação dos cidadãos. Todavia, o conceito de participação nas metodologias de trabalho tem a si associado o conceito de “empowerment” (Friedmann, 1996), que coloca a ênfase na autonomia das tomadas de decisão de comunidades territorialmente organizadas, na autodependência local (mas não na autarcia), na democracia directa (participativa) e na aprendizagem social pela experiência.

7 Na Lei nº 52-A de 10 de Outubro, os eleitos locais estão vinculados ao cumprimento de um conjunto de princí-

O território está, na perspectiva de Vidal (2005), na base da governança actual e futura, daí não se poder continuar a pensar que povos, cidades, províncias e regiões são apenas o espaço de aplicação das políticas decididas a nível nacional e internacional. Numa economia e sociedade baseadas cada vez mais em elementos imateriais, tais como o conhecimento, o knowhow e a informação – e cada vez menos nos factores materiais da produção – “os lugares, onde esses ingredientes intangíveis podem ser combinados, se tornam lugares estratégicos em termos económicos, sociais e políticos.” (Vidal, 2005:4).

O Quadro 2.9. sintetiza um conjunto de necessidades tendentes a privilegiar o potencial humano existente nas freguesias, como principal pilar de um desenvolvimento sustentável e de uma prática de envolvimento das comunidades locais nas políticas públicas.É neste contexto, que se inserem as medidas e objectivos promotores da organização de debates públicos sobre temas relevantes, o processo de escolha dos candidatos e a elaboração do código de conduta dos eleitos locais.

Quadro 2.9. As medidas e os objectivos

Objectivos Medidas Ampliar o processo de escolha Aumentar a transparência Melhorar a informação Reforçar a consciência colectiva Maior responsabilidade Organização de

debates sobre temas relevantes √ √ √ Processo de escolha dos candidatos antecedido de consultas √ √ √ √ √ Elaboração do Código de Conduta dos eleitos locais

√ √

Nota: O √ significa o impacto de uma medida num objectivo

conclusão

Os cidadãos e as organizações da sociedade civil tornaram-se cada vez mais interventivos, além de tentarem influenciar os decisores políticos, não obstante participam, em simultâneo, cada vez menos nos processos democráticos formais, traduzindo-se o seu comportamento na abstenção nos procedimentos eleitorais e na diminuição de confiança nos governos. Perante este quadro,

os governos sofrem pressões para se relacionarem com os cidadãos de novas maneiras, tomando consciência de que cada vez mais os imputs dos cidadãos podem ser um importante recurso na formação de políticas e na produção de bens e serviços (OCDE, 2001). Neste sentido, o modelo de intervenção aqui exposto procura interiorizar uma “nova conceção de governação”, que como refere Merrien (1998), apela a que o Estado se retire, se torne modesto e trabalhe em rede, associando-se com actores de diversa naureza, que colocam em comum os seus recursos, as suas capacidades, os seus projectos e partilhem responsabilidades.

Todavia, o encorajamento permanente ao exercício da cidadania plena, com direitos e responsabilidades, passa por aquilo a que Graham e Philips (1997) classificavam por governação centrada nas pessoas, o que se traduz, na perspectiva da administração pública, no estabelecimento de novas formas de envolvimento dos cidadãos na vida pública, entre os períodos eleitorais.

Capítulo terCeIro: resultados esperados da Intervenção

A avaliar pelo que foi defendido no capítulo anterior, o objectivo do projecto aqui apresentado tem em vista potenciar espaços adequados à utilização de experiências e das singularidades que os cidadãos transportam por serem, na verdade, os sujeitos privilegiados dos actos administrativos. Este trabalho de projecto, de acordo com o já explicitado, assenta em dois elementos estratégicos essenciais e omnipresentes nas diferentes áreas operacionais em que se decompõe o mesmo: o uso das novas tecnologias de informação, com vista a uma prestação do serviço público com maior qualidade e uma melhor interacção entre os actores públicos e sociais. O envolvimento dos cidadãos na coisa pública, como condição primordial para incrementar em quantidade e qualidade o diálogo entre governo local e a sociedade.

Todavia, sabemos, como refere Gomes (2003), que no espaço público, definido por governança, política e socialmente diferenciado, evoluem actores anónimos que, sem partilharem, em regra, os mesmos valores, interesses ou princípios de acção, as trocas crescem exponencialmente, acentuando a opacidade dos comportamentos respectivos. É neste contexto, que a administração deve estar não apenas ao serviço dos cidadãos, mas igualmente ao serviço do Estado democrático (Antunes, 2003).