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Simões (1972) afirma existir uma baixa correlação entre o crescimento das árvores e o resultado da análise química do solo, porque este indica apenas as concentrações dos nutrientes que, teoricamente, estariam disponíveis para a planta. Também, para Kramer & Kozlowski (1972) a análise do solo tem valor limitado porque o extrato do solo não se constitui num indicador seguro da disponibilidade dos elementos nutritivos para as árvores. Além disso, o âmbito radicular é extremamente grande (profundidade e projeção horizontal), principalmente em solos homogêneos. Salienta ainda, que as exigências nutricionais variam com a espécie. Desta maneira, concentrações adequadas para uma podem ser impróprias para a outra, mesmo que a análise das informações gerais sobre a fertilidade do sítio seja de máxima importância, quando combinada com a análise dos tecidos.

De acordo com Corey (1973), a disponibilidade de nutrientes para as plantas é determinada pelos fatores que afetam a capacidade do solo em fornecê-los e pelos fatores que afetam a habilidade da planta para absorvê-los da solução do solo. Considerando o exposto, Mclean (1973) afirma que um dos maiores informativos do solo é o pH, tanto em solos ácidos, como básicos ou neutros. Este informa sobre a solubilidade dos vários componentes, capacidade aparente dos íons em se translocarem e a atividade dos microrganismos. Em síntese, indica a disponibilidade aparente dos nutrientes para a planta.

Gessel (1962) diz que em poucas situações existe correlação entre o conteúdo de elementos no solo e o crescimento das florestas, por esta razão, um grande número de relações entre as propriedades químicas do solo e o crescimento das árvores continua na dúvida e, freqüentemente, não existem parâmetros de comparação. Estas afirmativas adicionadas à falta de informações das exigências das espécies florestais, as relações solo-planta são ainda objeto de estudo na metodologia de análise do solo.

Zottl & Tschinkel (1971) salientam que somente através da análise química do solo não é possível dar recomendações detalhadas sobre as quantidades necessárias de fertilizantes, sendo mais ilustrativo combiná-la à análise química foliar, porque segundo Malavolta (1974), existe uma relação direta entre a quantidade de elementos no solo e sua concentração na planta. Se bem que, em termos florestais, onde a interação raiz/solo é um processo a longo prazo, devido a

maior permanência das árvores de uma determinada área, a digestão total deve ser preferível porque possibilita o conhecimento da totalidade dos elementos existentes no solo, disponíveis ou não para a planta.

2.5.1 Crescimento e nutrientes no solo

As plantas necessitam de determinados elementos químicos para a manutenção de seus processos fisiológicos e bioquímicos. Entretanto, as quantidades desses elementos disponíveis no solo muitas vezes são insuficientes ou até mesmo limitantes para o desenvolvimento de determinadas espécies (Souza, 2004).

De acordo com Gabelman & Loughman (1987), outro fator a ser considerado é que o mecanismo de especificidade na nutrição mineral de plantas integra certo número de características morfológicas e anatômicas, como, também, processos fisiológicos e bioquímicos, resultando em diferenças na capacidade de absorção de nutrientes nas diferentes espécies.

Segundo os mesmo autores, deve-se considerar, também, que os requisitos por nutrientes específicos para o crescimento vegetal são diferentes para cada genótipo de plantas.

Stuart Chapin (1987) destaca como adaptações ou respostas fisiológicas das plantas silvestres ao estresse de nutrientes, o aumento da massa de raízes e de folhas e sua maior longevidade, que aliado á redução da taxa de transpiração das plantas, contribuem para um baixo índice de crescimento. Em conseqüência disso, tem-se uma baixa demanda anual de nutrientes, sendo que essa estratégia capacita a planta a continuar o crescimento de uma estação para a outra em ambientes inférteis.

Andrae & Krafpfenbauer (1983), em trabalho realizado com Araucaria

angustifolia, destacam que as análises químicas do solo estimam somente as

quantidades disponíveis de nutrientes. Determinaram as concentrações de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e alumínio na madeira, casca, raízes, acículas mortas, brotos vivos e mortos, em latossol vermelho escuro, e concluíram que a quantidade de nutrientes contida na biomassa foi superior aos valores encontrados no solo e na serapilheira.

De Hoog (1981), em estudo relacionado à nutrição e crescimento de

Araucaria angustifolia, recomenda que a utilização dos teores trocáveis de nutrientes

no solo não constitui metodologia adequada para estimar a disponibilidade de nutrientes, devido às baixas correlações desses teores com o crescimento das árvores. Utilizando análise de regressão múltipla conclui que o pH, determinado em KCl, e o conteúdo de ferro no solo correlacionam-se positivamente com o índice de sítio para as camadas de solo a 0-20cm; 0-50cm e 0-100cm. O conteúdo total de manganês teve significativa contribuição na camada de solo a 0-20 cm, sendo que essas três variáveis explicaram 42,3% da variação da capacidade produtiva do índice de sítio.

Nos trabalhos de De Hoogh et al. (1980) e De Hoog (1981) a deficiência em nitrogênio também foi considerada como o fator de maior limitação do crescimento de Araucaria angustifolia.

Hoppe (1980), concluiu que o nitrogênio é o principal elemento limitante no crescimento de Araucaria angustifolia em Passo Fundo – RS, e que embora o fósforo, cobre e boro estejam correlacionados positivamente com a altura dominante, não apresentam níveis muito deficientes. Também, concluiu que os fatores limitantes do crescimento podem variar de local para local, com base na comparação de resultados de trabalhos semelhantes realizados com araucária em outras localidades.

Simões & Couto (1973) e Brum (1979) em estudo de fertilização de Araucaria

angustifolia no Estado de São Paulo, concluíram que o nitrogênio e o fósforo são os

principais elementos limitantes do crescimento.

Em estudo realizado com Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze, Cassol (1982) observou a existência de relações entre as características químicas do solo e o índice de sítio, sendo que altos conteúdos de nutrientes correspondem a altos índices de sítio. Nas correlações desenvolvidas o horizonte orgânico (L, F, H) foi o mais significante, sendo que o nitrogênio e o fósforo desse horizonte do solo foram os elementos que melhor se correlacionaram com o crescimento.

Estudos de crescimento de Araucaria angustifolia realizados por Van Goor (1965) referem-se a níveis críticos de fatores químicos. Para Ca + Mg esses níveis críticos estão situados em quantidades menores que 2mEq/100g de solo, saturação

Estudo de avaliação de sítio para Araucaria angustifolia realizado no Planalto Sul do Brasil por De Hoogh & Dietrich (1979), de modo geral, confirma a verificação de Van Goor (1965) sobre a existência de um mínimo de Ca + Mg ou uma saturação de bases muito baixa (< 10%), para a ocorrência de um bom crescimento. Nesse estudo, a percentagem de saturação de bases (V%) foi o fator químico do solo com maior significância sobre a qualidade do sítio para Araucaria angustifolia.

Em estudo comparativo entre Pinus spp. e Araucaria angustifolia, Brum (1979) concluiu que para um bom desenvolvimento a araucária necessita absorver nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e boro em quantidades superiores às espécies de Pinus. O autor indica a deficiência de nitrogênio como o fator que mais afeta o crescimento, seguido de fósforo, potássio, cálcio, cobre e boro.

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