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CAPÍTULO 3 – RETÓRICA VISUAL DO DESIGN GRÁFICO

3.1 CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS FIGURAS RETÓRICAS

3.1.1 Figuras de Adjunção

3.1.2.1 Elipse

Supressão para dar ênfase pela falta. Pela imagem, a percepção de que alguma coisa está faltando, fazendo com que ela pareça incompleta.

Figura 2.45– Exemplo de figura de elipse

Fonte: Editora Abril S.A. Capa da revista Veja, 2032, de 31.10.07

3.1.2.2 Circunlocução

Rodeios que não dizem exato o que é, provocando supressão. No modo visual, por exemplo, ela pode ser obtida pelo reflexo de uma pessoa no espelho, sem apresentar a própria pessoa (PERSAVON, 1964 apud DURAND, 1974:42).

Figura 2.46– Exemplo de figura de circunlocução

Fonte: Editora Abril S.A. Capa da revista Veja, 2029, de 10.10.07

3.1.2.3 Suspensão

Supressão dos elementos que diferenciam, enfatizando a diferenciação. Esta figura é utilizada por exemplo nos anúncios que ocupam as duas faces de uma mesma folha, a primeira página apresentando um texto ou uma imagem enigmática (RACORAMA, 1966 APUD DURAND, 1974:43).

Figura 2.47– Exemplo de figura de suspensão

Fonte: Editora Abril S.A. Capa da revista Veja, 2033, de 07.11.07

3.1.2.3 Dubitação e Reticência

Conclusão aberta ou com possibilidades expostas.

Na dubitação hesita-se entre várias formas para transmitir um mesmo conteúdo (DURAND, 1974:43)

Figura 2.48– Exemplo de figura de dubitação

Fonte: Três Editorial Ltda. Capa da revista IstoÉ, edição de 1986, de 21.11.07

Na reticência, a pode ser obtida pela apresentação de uma tarja como censura ou inibição.

Figura 2.49– Exemplo de figura de reticência

3.1.2.4 Tautologia e Preterição Casos de falsa homologia.

Tautologia: visualmente, a apresentação do próprio produto, como se apenas sua presença dispensasse qualquer outro comentárioreforçando a idéia de valorizar ainda mais o que está sendo mostrado.

Figura 2.50– Exemplo de figura de tautologia

Fonte: Trê Editorial Ltda. Capa da revista IstoÉ, edição 1970, de 01.08.07

Preterição: apresentação de um gesto de falso pudor; mostrar que está escondendo alguma coisa que fica à mostra.

Figura 2.51– Exemplo de figura de preterição

Fonte: Editora Editora Confiança Ltda. Capa da revista Carta Capital, edição 460, de 31.08.07

3.1.3 Figuras de Substituição

3.1.3.1 Hipérbole

Figura 2.52– Exemplo de figura de hipérbole

Fonte: Editora Abril S.A. Capa da revista Veja, 2033, de 07.11.07

3.1.3.2 Alusão e Metáfora

Alusão: substituição proximal dentro de uma relação de similaridade de forma e diferença de conteúdo.

Metáfora: substituição comparativa, com transferência de significado.

Figura 2.53– Exemplo de figura de metáfora

Fonte: Três Editorial Ltda. Capa da revista IstoÉ, edição 1984, de 07.11.07

3.1.3.3 Metonímia

Uma parte pelo todo, a diminuição ou recorte, o que sobra, a diferença. As substituições são as mais variadas: causa pelo efeito, efeito pela causa, objeto por seu destino, o todo pela parte (sinédoque). Na figura 2.54, o martelo é o objeto que representa o julgamento (destino).

Figura 2.54– Exemplo de figura de metonímia

Fonte: Trê Editorial Ltda. Capa da revista IstoÉ, edição 1971, de 08.08.07

3.1.3.4 Perífrase e Eufemismo

Suavizar, atenuar a oposição.

Perífrase apresentação, por exemplo, de uma sala de escola desarrumada, lembrando que os alunos estavam ali anteriormente.

Figura 2.55– Exemplo de figura de perífrase

Fonte: Editora Confiança Ltda. Capa da revista Carta Capital, edição 454, de 25.07.07

Eufemismo: apresentação de uma imagem suavizada sobre o conceito que se tem de alguém ou de algum lugar.

Figura 2.56– Exemplo de figura de eufemismo

Fonte: Editora Confiança Ltda. Capa da revista Carta Capital, edição 462, de 14.09.07

3.1.3.5 Trocadilho e Antífrase Casos de falsa homologia.

Trocadilho: visualmente pode ser obtida pela apresentação de um elemento pictórico em substituição ao correspondente verbal.

Figura 2.57– Exemplo de figura de trocadilho

Fonte: Editora Globo S.A. Capa da revista Época, edição 483, de 20.08.07

Antífrase: visualmente, ela pode ser percebida pelo emprego de uma imagem com sentido oposto ao verdadeiro. É usada como efeito estilístico para sugerir ironia ou evidenciar um tabu.

Figura 2.58– Exemplo de figura de antífrase

Fonte: Editora Confiança Ltda. Capa da revista Carta Capital, edição 455, de 2707.07

3.1.4 Figuras de Troca

3.1.4.1 Inversão

Troca de valores ou minimização de linguagens da identidade; visualmente, ela pode ser percebida pela apresentação de uma pessoa de costas ou de cabeça para baixo.

Figura 2.59– Exemplo de figura de inversão

Fonte: Editora Globo S.A. Capa da revista Época, edição 489, de 01.10.07

3.1.4.2 Hendíadis e Homologia

Hendíadis: no modo visual, por exemplo, um objeto concreto - um pacote de detergente e um conceito abstrato – economia de gás (DURAND, 1974:48). Na figura 2.60, objetos concretos: mulher e criança na bicicleta e um cesto de frutos naturais; conceito abstrato: atitude de preservação do meio ambiente.

Figura 2.60– Exemplo de figura de hendíadis

Fonte: Editora Abril S.A.Capa da revista Veja, edição 2031, de 24.10.07

Homologia: apresentação de uma figura antes e depois de sofrer alguma transformação.

Figura 2.61– Exemplo de figura de homologia

Fonte: Três Editorial Ltda. Capa da revista IstoÉ, edição 1979, de 03.10.07

3.1.4.3 Assíndeto

Diferenciação por ausência; retirada de elementos explícitos. Pode ser percebida pela apresentação de uma imagem desconstruída, mostrando falta de coordenação entre as partes.

Figura 2.62– Exemplo de figura de assíndeto

3.1.4.4 Anacoluto e Quiasmo

Concordância e discordância abrupta, quebra.

Anacoluto apresentação de uma imagem impossível de acontecer na realidade.

Figura 2.63– Exemplo de figura de anacoluto

Fonte: Editora Confiança Ltda. Capa da revista Carta Capital, edição 458, 17.08.07

Quiasmo: apresentação de uma roupa de uma pessoa no corpo de outra, sapatos femininos usados por uma figura masculina.

Figura 2.64– Exemplo de figura de quiasmo

Fonte: Editora Confiança Ltda. Capa da revista Carta Capital, edição 475, 19.12.07

3.1.4.5 Antimetábole e Antilogia

Figura 2.65– Exemplo de figura de antimetábole

Fonte: Editora Globo S.A. Capa da revista Época, edição477, de 09.07.07

Antilogia: apresentação de elementos contraditórios, ou seja, claro e escuro, preto & branco e colorido, etc.

Figura 2.66– Exemplo de figura de antilogia

Fonte: Três Editorial Ltda. Capa da revista IstoÉ, edição 1972, de 15.08.07

Apesar das figuras retóricas serem identificadas por elementos dentro de uma imagem, é no todo que a mensagem produz seu significado e a retórica mostra seu estilo. É o conjunto que comunica a idéia como um todo.

CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA GERAL

A metodologia utilizada neste estudo teve o propósito de possibilitar a criação de mecanismos de investigação que pudessem servir de ferramenta para avaliação da comunicação visual da mensagem da capa de revista de informação, tendo em vista que o problema que motivou o interesse para realização desta pesquisa foi verificar quais são os padrões gráficos encontrados, de maneira recorrente, na linguagem gráfica pictórica das capas de revistas semanais de informação, responsáveis por atribuir funções de representação e interação no meio social onde circulam.

A hipótese considerada nesta pesquisa foi a de que a análise das regularidades na sintaxe e composição gráfica de capas de revistas semanais de informação possibilitaria a verificação de conexões semânticas e pragmáticas associadas.

Por esta razão, demos início a uma pesquisa exploratória em busca de uma base teórica que alicerçasse o conhecimento necessário sobre a comunicação do design gráfico e suas relações com outras áreas de interesse da pesquisa, para identificar uma metodologia que oferecesse condições de levantar argumentos que confirmassem ou refutassem a nossa hipótese.

Compreendemos que tínhamos que nos orientar por teorias que considerassem o contexto social como um fator essencial para a ocorrência do processo de comunicação porque entendemos que o ato comunicativo do design de uma capa de revista é resultante da construção social do significado dentro de uma cultura compartilhada. Identificamos na Gramática do Design Visual (VG) de Gunther Kress e van Leeuwen (2006) um suporte teórico muito adequado para a compreensão dos conceitos de comunicação visual do design gráfico, com atenção à produção de significados, e também pelas indicações de parâmetros para a criação de uma ferramenta de análise na investigação das funções de representação e interação da capa.

No entanto, a compreensão desses conceitos colocou em evidência a dimensão retórica da linguagem das capas, e por esta razão consideramos relevante incluir uma abordagem sobre figuras de linguagem, reconhecendo, neste aspecto, um crescimento na perspectiva do olhar investigativo para a função de representação da revista. Como ferramenta para os procedimentos de análise dos aspectos de estilo, fomos buscar em Durand (1974) os estudos realizados com imagens de anúncios publicitários que possibilitaram a ele a criação de um inventário visual de figuras retóricas.

Ao fazermos estas escolhas, consideramos que nossa metodologia abordou aspectos sintáticos, semânticos e pragmáticos do design gráfico, através de uma análise quantitativa e qualitativa, com o intuito de obter, da forma mais completa possível, um panorama da representação da informação que circulou, nacionalmente, no período de julho a dezembro de 2007, através das capas de suas revistas mais representativas.

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