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EM BUSCA DA IMORTALIDADE

No documento Zecharia Sitchin - Encontros Divinos Ilustrado (páginas 148-183)

Por volta de 2.900 a.C. Gilgamesh, um rei sumério, recusou-se a morrer.

Quinhentos anos antes dele, Etana, rei de Kish, procurou conseguir a imortalidade ao preservar sua semente - seu DNA - ao ter um filho. (Segundo a Lista de Reis Sumérios, ele foi seguido no trono por "Balih, filho de Etana"; mas se era um filho de sua esposa oficial ou de uma concubina, os registros não dizem.)

Quinhentos anos depois de Gilgamesh, os faraós egípcios procuraram atingir a imortalidade juntando-se ao deuses no Pós- vida. Porém, para embarcar na jornada que os transladaria à Eternidade, primeiro eles tinham de morrer.

Gilgamesh procurou adquirir a imortalidade ao se recusar a morrer... O resultado foi uma procura repleta de aventuras, cuja história tomou-se um dos mais famosos épicos do mundo antigo, nosso conhecido por meio de uma recensão acadiana escrita em doze estelas. No curso dessa busca, Gilgamesh - e com ele os leitores do

Epopéia de Gilgamesh - encontrou um homem-robô, um guardião

artificial, o Touro do Céu, deuses e deusas, e o ainda vivo herói do Dilúvio. Com Gilgamesh, chegamos ao Local de Aterrissagem e testemunhamos o lançamento de um foguete, depois vamos ao Espaçoporto, na região proibida. Com ele escalamos a Montanha dos Cedros, afundamos num barco submarino, atravessamos um deserto onde rugem leões, atravessamos o Mar da Morte, atingimos os Portões do Céu. O tempo inteiro Encontros Divinos dominam a saga, as previsões e sonhos determinam seu curso, as visões enchem seus estágios dramáticos. Realmente, como afirmam as primeiras linhas do épico:

Ele viu tudo até os confins da Terra,

experimentou todas as coisas, conseguiu toda a sabedoria. A coisas secretas assistiu, os mistérios desvendou. Trouxe de volta uma história de tempos antes do Dilúvio.

Segundo as Listas de Reis Sumérios, depois do reinado de 23 reis em Kish, "O reinado foi removido para Eanna". E.ANNA era a casa (templo-zigurate) de Anu no território sagrado de Uruk. Havia uma dinastia semi-divina que se iniciou com Meskiaggasher, "filho do deus Utu", que era o maior sacerdote do templo de Eanna e se tomou rei também. Foi seguido no trono por seu filho, Enmerkar ("Ele que construiu Uruk", a grande cidade ao lado do território sagrado), e seu neto, Lugalbanda - de ambos os governantes foram escritas histórias heróicas. Depois de um breve intervalo pelo divino Dumuzi (cuja vida, amores e morte constituem em si uma história), Gilgamesh subiu ao trono. Seu nome era algumas vezes escrito com o prefixo "Dingir" para indicar sua divindade; sua mãe era uma deusa completa, a deusa Ninsun; e isso, assim como explica o grande e longo Epopéia de Gilgamesh, o tornava" dois-terços divino" (seu pai, Lugalbanda, era apenas o sumo sacerdote quando Gilgamesh nasceu).

No início de seu reinado Gilgamesh foi um rei benevolente, aumentando e reforçando sua cidade e importando-se com os cidadãos. Contudo, à medida que os anos se passavam (segundo a

Lista de Reis, ele governou por 126 anos, os quais, divididos pelo

fator 6, teriam sido apenas 21), começou a incomodar-se com a idade e foi absorvido pelas questões da Vida e da Morte. Apelando a seu padroeiro, Utu/Shamash, ele disse:

Em minha cidade o homem morre; oprimido está meu coração. O homem perece; pesado está meu coração...

Homem, o mais alto, não pode esticar-se até o céu; Homem, o mais largo, não pode cobrir a Terra.

"Espiei por sobre o muro, vi os cadáveres", diz Gilgamesh a Shamash, referindo-se talvez a um cemitério. "Eu também vou 'espiar por sobre o muro', estou destinado ao mesmo fim?" Porém a resposta do deus não o tranqüilizou. Shamash respondeu: "Quando os deuses criaram a humanidade, reservaram a morte para a humanidade; a vida retiveram em seu próprio poder". Aconselhou-o em seguida a viver a vida dia após dia, enquanto pudesse - "Encha sua barriga, alegre-se dia e noite, transforme cada dia numa festa de alegria, dia e noite dance e brinque!".

Embora o conselho do deus terminasse com o aviso de que Gilgamesh deixasse que sua esposa se "deleitasse em seu colo", Gilgamesh entendeu as palavras de uma forma diferente. "Alegre-se dia e noite", disseram-lhe em resposta às suas preocupações sobre o envelhecimento e a morte; ele entendeu como uma pista de que o "sexo alegre" o manteria jovem. Então criou o hábito de andar pelas ruas de Uruk à noite, e quando encontrava um casal recém-casado, exigia o direito de fazer sexo primeiro com a noiva.

Quando os gritos do povo chegaram aos ouvidos dos deuses, "os deuses ouviram a queixa" e resolveram criar um homem artificial que

seria páreo para Gilgamesh, lutando com ele até a exaustão e distraindo-o de suas escapadas sexuais. Ao receber a tarefa, Ninmah usou a "essência" de vários deuses e, guiada por Enki, criou na estepe um "homem selvagem" com músculos de cobre. Foi chamado de ENKI.DU - "Criatura de Enki" - e recebeu de Enki "sabedoria e compreensão amplas" além de grande força. Um selo cilíndrico, agora no Museu Britânico, representa Enkidu e seus criadores, assim como Gilgamesh e sua mãe, a deusa Ninsun (fig. 40).

Vários versos no épico são dedicados ao processo pelo qual essa criatura artificial foi humanizada, fazendo sexo sem parar com uma prostituta. Quando isso foi conseguido, Enkidu recebeu instruções sobre sua missão por parte dos deuses: lutar, subjugar, acalmar e tomar-se amigo de Gilgamesh. Para que este último não fosse tomado de surpresa, os deuses disseram a Enkidu que Gilgamesh seria avisado por meio de sonhos. Que os sonhos seriam usados pelos deuses de uma forma tão premeditada é tornado claro pelo texto (Estela I, coluna 5, linhas 23-24):

Antes que tu desças da colina,

Gilgamesh te verá em sonhos em Uruk.

Isso mal acabara de ser planejado, Gilgamesh teve um sonho. Ai ele foi até sua mãe, "amada e sábia Ninsun, versada em todo conhecimento", e lhe contou sobre o sonho:

Minha mãe, tive um sonho na noite passada. Apareceram estrelas nos céus.

Algo dos céus vinha em minha direção.

Tentei erguê-la, mas era pesado demais para mim. Tentei virá-la, mas não consegui.

a povo de Uruk estava por perto, os nobres em volta dele,

meus companheiros estavam beijando-lhe os pés. Fui atraído para ele como para uma mulher;

Eu o coloquei a seus pés; você o fez competir comigo.

"Aquilo que vinha na sua direção dos céus é um rival", disse Ninsun a Gilgamesh: "Um camarada resistente que salva um amigo vem até você". Ele irá lutar com você com todas as forças, mas não o abandonará jamais.

Gilgamesh, então, teve um segundo sonho-premonição. "Nos baluartes de Uruk existe um machado." A população estava reunida ao redor dele. Depois de alguma dificuldade, Gilgamesh conseguiu levar o machado até sua mãe, e ela o fez competir com ele. Outra vez Ninsun interpretou o sonho: "O machado de cobre que você viu é um homem. Igual a você em força. Um aliado forte virá até você, um capaz de salvar a vida de um camarada. Ele foi criado na estepe, e logo chegará a Uruk".

acordo com a vontade de Enlil".

Depois, numa noite, quando Gilgamesh saía para ter suas aventuras sexuais, Enkidu ficou em seu caminho e não deixou que Gilgamesh entrasse na casa onde recém-casados estavam a ponto de ir para a cama. Uma luta seguiu-se; "agarraram um ao outro como dois touros". Paredes estremeceram e batentes foram destruídos enquanto os dois lutavam. Finalmente, "Gilgamesh dobrou o joelho". Perdera a luta contra um estrangeiro, e "amargamente começou a chorar". Enkidu ficou perplexo. Então a sábia mãe de Gilgamesh falou aos dois: aquilo estava previsto para acontecer, e dali em diante os dois seriam companheiros, com Enkidu agindo como protetor de Gilgamesh. Prevendo perigos futuros - pois ela sabia que havia mais na previsão do sonho do que contara a Gilgamesh -, Ninsun rogou a Enkidu que fosse à frente de Gilgamesh e se tornasse um escudo para ele.

Enquanto os dois desenvolviam uma amizade, Gilgamesh começou a contar a seu camarada coisas de seu coração atribulado. Lembrando seu primeiro sonho premonitório, em que "algo do céu" era agora descrito como o "trabalho das mãos de Anu", um objeto que se incrustou no solo ao cair do céu. Quando ele, finalmente, conseguiu retirá-lo, foi porque os homens fortes de Uruk "agarraram a parte mais baixa", ao passo que ele, Gilgamesh, "puxava pela frente". A lembrança do sonho se tornou uma visão nítida enquanto Gilgamesh descrevia seus esforços para abrir o topo do objeto:

Pressionei com força a parte superior; não consegui remover a tampa

nem erguer seu Elevador.

Narrando seu sonho-visão, sem saber se era uma lembrança de uma realidade obscura ou uma fantasia noturna, Gilgamesh agora descreve o Elevador que caiu na terra, o "trabalho artesanal de Anu", um aparelho mecânico com uma parte superior que servia

como cobertura. Determinado a ver o que estava no interior, Gilgamesh continuou:

Com um fogo destruidor, seu topo então quebrei

e entrei na profundidade do interior.

Uma vez no interior do Elevador, "apanhei Aquilo-que-empurra-para- a-frente" - o motor - "ergui-o e trouxe para minha mãe". Não seria aquilo um sinal de que o próprio Anu o chamava para a Habitação Divina? Sem dúvida tratava-se de um presságio, um convite. Mas como poderia responder à pergunta? "Quem, meu amigo, pode chegar ao Céu?", indagou Gilgamesh a Enkidu, que respondeu em seguida: "Apenas os deuses, indo ao subterrâneo de Shamash" - o Espaçoporto, na região proibida.

Porém aqui Enkidu tinha uma informação surpreendente. Existe um Local de Aterrissagem na Montanha dos Cedros, disse ele. Enkidu o descobrira enquanto percorria a terra e podia dizer a Gilgamesh onde se situava! Existia, porém, um problema: o local era protegido por um guardião habilidosamente criado por Enlil, uma "máquina de cerco", cuja "boca é fogo, cujo hálito é morte, cujo rugido é tempestade de dilúvio". O nome do monstro era Huwawa, "a quem Enlil indicou como terror para os mortais", e ninguém podia chegar perto dele, pois "a sessenta léguas ele pode escutar os bois selvagens na floresta".

O perigo apenas encorajou Gilgamesh a tentar alcançar o Local de Aterrissagem. Se obtivesse sucesso, conseguiria a imortalidade; se falhasse, seu heroísmo será lembrado para sempre: "Se eu cair, 'Gilgamesh caiu contra o feroz Huwawa', dirão, muito tempo depois que meus descendentes nascerem".

Determinado a ir, Gilgamesh orou para Shamash, seu padroeiro e comandante dos homens-águias, pedindo ajuda e proteção. "Deixai que eu vá, Ó Shamash! Minhas mãos estão elevadas em oração...

dai vossa ordem para o Local de Aterrissagem... colocai vossa proteção sobre mim!", rezou Gilgamesh, sem obter resposta favorável. Revelou o plano à mãe, pedindo que ela intercedesse junto a Shamash. "Uma jornada distante empreendi com ousadia, até o lugar de Huwawa; uma luta incerta estou para enfrentar; um caminho desconhecido estou para tomar. Ó minha mãe, reze para Shamash por mim!"

Escutando as palavras do filho, Ninsun colocou o traje de sacerdotisa, "fez uma oferenda de fumaça e ergueu as mãos para Shamash. 'Por quê, tendo me dado um filho como Gilgamesh, o dotastes com um coração tão inquieto? E agora o impelis a partir numa jornada longa, até o lugar de Huwawa, para enfrentar uma batalha incerta?' Dai a ele vossa proteção", pediu ela a Shamash. "Até que ele alcance a Floresta de Cedros, até que ele mate o feroz Huwawa, até o dia em que ele vá e retome." Voltando-se para Enkidu, Ninsun anunciou que o adotara como filho. "Embora não fosse do mesmo ventre que Gilgamesh, Enkidu tinha uma obrigação nos ombros." "Deixem que Enkidu vá na frente, pois aquele que vai na frente salva seus companheiros", disse ela aos dois companheiros.

Assim, com armas novas, os dois companheiros partiram em sua viagem perigosa até o Local de Aterrissagem, na Montanha dos Cedros.

A quarta estela do Epopéia de Gilgamesh começa com a viagem até a Montanha dos Cedros. Movendo-se tão rápido quanto possível, os dois "comiam sua ração depois de vinte léguas, e, ao completarem trinta, paravam para passar a noite", cobrindo, dessa maneira, cinqüenta léguas por dia. "A distância levou-os desde a lua nova até a lua cheia, depois mais três dias" - um total de dezessete dias. "Então eles vieram para o Líbano", em cujas montanhas estão os únicos cedros de fama bíblica.

impressionados. "Suas palavras silenciaram... permaneceram quietos e olharam para a floresta. Contemplaram a altura dos cedros; olharam para a entrada; onde Huwawa passava, havia um caminho, as marcas eram retas, um canal de fogo. Contemplaram a Montanha dos Cedros, habitação dos deuses, o cruzamento de Ishtar." Haviam sem dúvida chegado ao seu destino, e a visão era impressionante.

Gilgamesh fez uma oferenda para Shamash e pediu um presságio. Encarando a montanha, ele pediu: "Trazei-me um sonho, um sonho favorável!".

Pela primeira vez ficamos aqui sabendo que se praticava um ritual para acontecerem tais sonhos premonitórios. Os seis versos que descrevem o ritual estão em parte danificados, mas a porção intacta dá uma idéia do que aconteceu:

Enkidu arranjou-o para ele, para Gilgamesh. Com poeira... ele fixou...

Fez com que o outro deitasse no interior do círculo e ...como cevada selvagem...

...sangue...

Gilgamesh sentou-se com o queixo tocando os joelhos.

Ao que parece, o ritual exigia que se fizesse um círculo com poeira; usavam-se cevada selvagem e sangue, alguma forma mágica, e ao sentar-se no interior do círculo, devia-se tocar os joelhos com o queixo. O rito funcionou, pois o que lemos a seguir é que o "sono que se derrama sobre as pessoas venceu Gilgamesh; no meio da vigília o sono separou-se dele; ele conta um sonho para Enkidu". No sonho, "que foi extremamente perturbador", Gilgamesh viu ambos no sopé de uma grande montanha; repentinamente a montanha tom- bou, e os dois "foram como moscas" (significado incerto). Garantindo a Gilgamesh que o sonho era favorável e que o significado se tornaria claro ao amanhecer, Enkidu incentivou Gilgamesh a dormir

de novo.

Dessa vez Gilgamesh teve um sobressalto ao despertar. "Você me acordou?", perguntou ele a Enkidu. "Você tocou em mim? Chamou meu nome?" Não, respondeu Enkidu. Então, talvez tenha sido um deus que passou, disse Gilgamesh, pois em seu segundo sonho ele vira outra vez a montanha caída: "Eu estava por baixo, com os pés presos". Brilhou um clarão forte e um homem apareceu; "O mais belo da terra ele era. Me puxou de sob a montanha caída; deu-me água para beber, meu coração aquietou-se; ele colocou meus pés no chão".

Mais uma vez Enkidu assegurou a Gilgamesh que a "montanha" que caíra significava Huwawa assassinado. "Seu sonho é favorável", afirmou ele, dizendo que deveriam dormir outra vez.

Enquanto os dois dormiam, a tranqüilidade da noite foi rompida por um ruído semelhante a um trovão e por uma luz cegante; Gilgamesh não tinha certeza se estava sonhando ou enxergando realmente tais coisas. O texto descreve assim a situação:

A visão que vi era impressionante! Os céus gritaram, a Terra rugiu!

Embora a luz do dia estivesse chegando, veio a escuridão. Raios brilharam, uma chama apontou para cima.

As nuvens incharam, choveu morte!

Então o brilho desapareceu; o fogo apagou-se. E tudo o que havia caído virou cinza.

Talvez Gilgamesh tenha testemunhado, ali mesmo, o lançamento de um Shem, um foguete - o sacudir do chão enquanto os motores se inflamavam, as nuvens de fumaça e a "chuva da morte" escurecendo o céu do nascente; o brilho das chamas é enxergado através da fumaça enquanto o foguete sobe; e o brilho que desaparece e as cinzas caindo na terra são as evidências finais do lançamento do foguete. Teria Gilgamesh percebido que se

encontrava no "Local de Aterrissagem", onde encontraria o Shem que o tornaria imortal? Aparentemente sim, pois a despeito das palavras de cautela de Enkidu, Gilgamesh tinha certeza de que fora um bom presságio, um sinal de Shamash de que ele devia avançar. Porém antes que a Floresta de Cedros pudesse ser penetrada e o Local de Aterrissagem atingido, havia o terrível guardião, Huwawa, a ser vencido. Enkidu sabia onde ficava o portão, e pela manhã os dois companheiros avançaram até lá, com cuidado para evitar as "árvores-armadilhas que matavam". Ao atingirem o portão, Enkidu tentou abri-lo. Uma força invisível o atirou para trás, e por doze dias ele ficou paralisado. A narrativa conta que Enkidu esfregou a si mesmo com plantas, criando um "manto duplo de radiância" que fez com que" a paralisia fosse embora do braço e a impotência sair dos quadris".

Enquanto Enkidu estava imobilizado, Gilgamesh fez uma descoberta: encontrou um túnel que conduzia até a floresta. A entrada estava obstruída por rochas e entulho. "Enquanto Gilgamesh cortava as árvores, Enkidu cavava as rochas e o entulho”. Depois de algum tempo, encontraram a si mesmos na floresta e viram adiante um caminho - o caminho "onde Huwawa faz uma trilha ao passar de um lado para outro".

Por um instante os dois companheiros permaneceram ali, imóveis, sem ação, "contemplando a Montanha dos Cedros, habitação dos deuses, santuário de Inana". Eles" olharam e olharam para a altura dos cedros, observaram a trilha aberta na floresta. O caminho era bem batido, uma excelente estrada. Os cedros mantinham sua imponência por toda a encosta da montanha, sua sombra era muito agradável; enchia as pessoas de bem-estar".

Exatamente quando os dois se sentiam tão bem, veio o terror: "Huwawa fez sua voz ser ouvida". De alguma forma alertado sobre a presença dos dois na floresta, Huwawa, com sua voz, reboou morte e condenação para os intrusos. Numa cena que lembra o encontro, muito mais tardio, entre o menino Davi e o gigante Golias, quando

este último se sentiu insultado pela luta desigual e ameaçou "dar a carne de Davi aos pássaros do ar e aos animais do campo", assim Huwawa ameaçou e humilhou os dois: "Vocês são tão pequenos que parecem um cágado e uma tartaruga. Se eu fosse engolir vocês, não conseguiria satisfazer meu estômago. Sendo assim, Gilgamesh, vou morder sua garganta e o pescoço e deixar seu corpo para os pássaros da floresta e para as bestas que rugem".

Tomados de medo, os dois companheiros viram o monstro aproximar-se. Era "poderoso, os dentes como os dentes de um dragão, suas faces como as de um leão, sua vinda como uma inundação que se aproxima". De sua testa emanava um "raio brilhante; devorava árvores e arbustos". Da "força mortal dessa arma ninguém podia escapar". Um cilindro sumério que representa um monstro mecânico pode ter relação com Huwawa (fig. 41). Aparece um monstro, o rei heróico, Enkidu (à direita), e um deus (à esquerda), este representando Shamash, que, de acordo com a história épica, veio nesse momento crucial para salvá-los. "Dos céus divinos Shamash falou a eles", revelando uma fraqueza na armadura de Huwawa e apresentando uma estratégia para os dois atacarem. Huwawa, explicou a divindade, geralmente protege a si mesmo com os "sete mantos", mas no momento só usava um, seis ainda não foram colocados". Podiam, portanto, matar Huwawa com a arma que possuíam, se apenas conseguissem aproximar-se o suficiente; para tornar isso possível, Shamash anunciou que criaria um redemoinho que "iria fustigar os olhos de Huwawa" e neutralizar o raio da morte.

Em pouco tempo o solo começou a estremecer; "nuvens brancas se tornaram negras". "Shamash invocou uma grande tempestade contra Huwawa", de todas as direções, criando um enorme redemoinho. "O rosto de Huwawa tornou-se grave; ele não conseguia avançar, nem podia mover-se para trás." Os dois, então, atacaram o monstro incapacitado. "Enkidu atingiu o guardião, Huwawa, derrubando-o. Por duas léguas os cedros ressoaram" com a queda. Ferido, porém não morto, Huwawa falou, perguntando-se por que não exterminara Enkidu assim que o descobrira na entrada da floresta. Voltando-se para Gilgamesh, Huwawa ofereceu-lhe toda a madeira que desejasse entre os cedros - Sem dúvida um prêmio valioso. Mas Enkidu apressou Gilgamesh, para que não desse ouvidos às suplicas. "Mate-o. Acabe com ele. Antes que o líder Enlil

No documento Zecharia Sitchin - Encontros Divinos Ilustrado (páginas 148-183)

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