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5. CONCLUSÕES

5.3 Em relação às dosagens RCD + PET estudadas e a argamassa convencional

Os aspectos reológicos da argamassa RCD + PET variaram, tanto no estado fresco como no endurecido, em cada dosagem utilizada. As dosagens que apresentaram menores porcentagens de PET tenderam a demonstrar melhor consistência, trabalhabilidade e liga entre os materiais.

A relação água/cimento utilizada para a argamassa convencional não foi adequada para as argamassas dosadas com RCD + PET. Verificou-se que, quanto maior a porcentagem de RCD na mistura (e consequente menor porcentagem de PET) maior é a necessidade de incorporação de água na mistura para conferir a esta as características tácteis, visuais e de trabalhabilidade satisfatórias. Tal fato pode ser em princípio explicado pela quantidade de cimento previamente existente no RCD, demandando dessa forma uma aplicação superior de água. Contudo, notou-se que as dosagens com percentuais menores de RCD tenderam a apresentar relação água / cimento próxima àquela utilizada para a argamassa convencional, uma vez que o PET sendo inerte não absorveria parte da água acrescida durante a dosagem.

Não foi possível obter mistura com dosagem de PET superior a 70%, uma vez que o excesso de PET impediu a liga entre o aglomerante (cimento) e os agregados (RCD + PET). Pode-se notar que a partir da fração 50% RCD + 50 % PET houve dificuldade de gerar o compósito porque o PET, por ser inerte, não favoreceu a reação química entre o aglomerante e o RCD.

Apesar das dosagens com RCD + PET apresentarem uma relação a/c maior do que a dosagem de referência, pode-se notar que as misturas com RCD + PET consumiram uma quantidade

menor de água por metro cúbico de argamassa, pois para elaboração das misturas com RCD + PET o consumo de água esteve entre 498 a 192 litros. Estes valores de consumo de água para fabricação dos compósitos de RCD + PET representam de 82% a 31% em comparação com a manufaturada com o material de referência.

Todas as dosagens elaboradas com RCD + PET tinham pesos específicos menores que o material virgem, pois os pesos específicos das misturas com RCD + PET variaram entre 82% a 50% do valor da argamassa de referência, portanto, verifica-se que estas dosagens são misturas mais leves do que as elaboradas com material virgem.

O consumo de cimento para as dosagens com RCD + PET variou entre 296 a 183 Kg/m3, sendo que estes valores são menores do que o encontrado para a argamassa de referência que foi 360 Kg/m3, portanto, os compósitos de RCD + PET tiveram um consumo de cimento equivalente a 82% a 51% do material de referência. Tal fato explica o menor peso específico das misturas com RCD + PET em comparação ao material virgem.

Em relação às resistências à compressão axial pode-se observar que as dosagens 80% RCD + 20% PET, 70% RCD + 30% PET, 60% RCD + 40% PET e 50% RCD + 50% PET apresentaram ganhos de resistência aos 7 dias superiores ao material convencional mas, a partir deste data de cura, somente a dosagem equivalente a 80% RCD + 20% PET manteve ganho de resistência superior ao do material convencional.

Verificou-se também que, com exceção das dosagens 80% RCD + 20% PET e 50% RCD +50 % PET, todas as demais misturas apresentaram maiores ganhos de resistência no período entre 7 e 14 dias de cura, tal como observado para o material convencional. O maior ganho de resistência para a dosagem 80% RCD + 20% PET ocorreu entre 14 e 28 dias e para a dosagem 50% RCD + 50% PET entre 28 e 63 dias.

Constatou-se que as dosagens 30% RCD + 70% PET e 50% RCD + 50% PET foram as que apresentaram o maior e o menor ganho de resistência respectivamente, sendo eles, de 39% e 8% , durante o período de cura estudado .

A dosagem com o material natural (argamassa convencional) apresentou os maiores ganhos percentuais de resistência nos períodos de cura entre 7 a 14 dias, 28 a 63 dias e, também, 7 a 63 dias em comparação com as dosagens com RCD + PET. Apenas no período de cura entre 14 e 28 dias, a dosagem 80% RCD + 20% PET apresentou o maior crescimento entre todas as misturas inclusive com o material natural.

O compósito elaborado com material natural apresentou um R2 muito significativo em relação ao incremento de resistência e tempo de cura, enquanto as dosagens com RCD + PET apresentaram valores de R2 com baixa dispersão, uma vez que, variam entre 0,67 a 0,97. Pode-se analisar que as misturas 70% RCD + 30% PET, 40% RCD + 60% PET e 30% RCD + 70% PET mostraram valores de R2 mais significativos que a dosagem com material natural, pois obtiveram os seguintes valores de R2: 0, 97, 0,97 e 0,96 respectivamente.

O ganho de resistência até os 63 dias ocorreu em todos os casos seguindo a tendência demonstrada por uma curva logarítmica, sendo que os valores R2 apresentaram baixa dispersão para todas as dosagens, exceto para dosagem 50% RCD + 50% PET, a qual apresentou um R2 de 0,67.

Verifica-se que a dosagem com RCD + PET que apresentou o melhor resultado, no ensaio de resistências à compressão axial, foi a mistura 80% RCD + 20% PET, pois esta mostrou resultados superiores ao emprego do material virgem nas diferentes idades de cura: 7, 14, 28 e 63 dias. Nesta dosagem destacou-se a importância do ganho de resistência inicial, o que recomendaria a sua utilização em situações que exigem rápido endurecimento da argamassa.

Desta forma, constata-se que a dosagem que apresentou os maiores valores resistência à compressão axial foi a dosagem 80% RCD + 20% PET, sendo que esta dosagem teve uma resistência à compressão axial média de 27% ao material natural.

Os valores de resistência à compressão para as dosagens com RCD + PET apresentaram uma redução significativa em função do incremento de PET nas dosagens estudadas, pois se pode verificar uma diferença média de 70% entre as resistências obtidas para a mistura com maior percentual de PET para a menor fração (80% RCD + 20% PET e 30% RCD + 70% PET) em qualquer um dos tempos de cura estudados. Provavelmente, este fato possa ser explicado em

função de que o PET é um material inerte que não reage com o aglomerante, desta forma, não contribuindo para o ganho de resistência.

Verificou-se que a permeabilidade da argamassa na dosagem 80% RCD + 20% PET é superior que ao coeficiente sugerido pela norma ACI 522R-06 (2006) “Pervious Concrete” e, também, em comparação com a argamassa convencional. Em relação ao índice obtido pela mistura com RCD + PET, apurou-se que o coeficiente ficou 7% maior que o sugerido pela norma ACI 522R-06 (2006) e 11% maior que a argamassa de referência.

Verificou-se que a substituição do agregado natural por PET interferiu na permeabilidade do material. Tal resultado pode ser explicado pelo fato do plástico ser inerte e não sofrer uma reação química entre o aglomerante (cimento) e o agregado miúdo (RCD), gerando assim, um aumento no volume de vazios e, por consequência, favorecendo a permeabilidade da argamassa.

5.4. EM RELAÇÃO ÀS VANTAGENS AMBIENTAIS DA ARGAMASSA PROPOSTA

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