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Quando os edifícios são demolidos, grandes quantidades de resíduos podem ser geradas num curto período. As técnicas de demolição atualmente utilizadas podem ser (Pichtel, 2003):

 Implodir uma estrutura com explosivos;  Usar um guindaste;

 Desconstruir.

A quantidade de resíduos produzidos devido à demolição pode ser minimizada, através de um processo conhecido como demolição seletiva, que maximiza a reutilização ou reciclagem dos materiais resultantes da demolição dos edifícios. A desconstrução concentra-se essencialmente na recuperação de elementos construtivos, tais como pavimentos, paredes, janelas, portas, tijolos, telhas e componentes estruturais. Alguns projetos têm demonstrado que os resíduos da demolição podem ser reutilizados em novas estruturas em construção no local de demolição (Pichtel, 2003).

A demolição seletiva tem como objetivo a produção de resíduos recicláveis e/ou reutilizáveis com o mínimo de heterogeneidade e sem contaminação dos materiais que impeçam o processo, ou que diminuam as qualidades finais do produto reciclado (Silva, 2008).

Dentro do mercado do sector da engenharia civil, a demolição tradicional tem vindo a ser lentamente substituída por demolição seletiva, em parte por razões ambientais mas principalmente por razões económicas. Um fator importante para esta mudança é a legislação em vigor que exige a separação dos CDW na fonte ou, quando tal operação não for possível, o encaminhamento dos resíduos para operadores licenciados que são, em princípio, capazes de executar a separação. No entanto, a desconstrução é raramente praticada, principalmente devido à falta de informação relativa a exemplos implementados, bem como condições económicas atraentes (Pacheco-Torgal et al., 2013).

Existem diversas técnicas de desconstrução e para escolher qual deve ser aplicada em determinada situação, é necessário ter em conta um conjunto de fatores, tais como, do tipo de construção (que está relacionada com a idade edifício), mão-de-obra disponível, equipamento ou ferramentas utilizadas e as restrições de tempo. É importante referir que a técnica escolhida afeta a forma como a maior parte dos materiais recuperados são reciclados/reutilizados/incinerados e o custo do conjunto operação (Pacheco-Torgal et al., 2013).

Para garantir a eficácia da desconstrução, deve-se efetuar um estudo e um planeamento prévio com todos os detalhes do edifício. Segundo Brito e Freire (2001), estes documentos devem comtemplar os seguintes aspetos:

 Reunir e trabalhar estreitamente com o projetista, dono de obra, fiscalização e empreiteiro;  Estabelecer uma lista de materiais reutilizáveis;

 Definir prioridades consoante os volumes previsíveis dos materiais a reciclar;  Escolher os materiais a serem separados;

 Escolher a sequência de desmantelamento;

 Identificar locais ou espaços necessários onde vão ser separados, desmantelados e reciclados os materiais e os respetivos resíduos gerados;

 Manter informados, esclarecidos e motivados todos os operários no que se refere as ao processo de reciclagem;

A maioria dos edifícios projetados não são adequados para uma demolição seletiva, sendo por isso necessário sensibilizar os projetistas para que, ao projetar determinada obra, tenham alguns cuidados, de modo a maximizarem o reaproveitamento/reciclagem dos resíduos. Assim sendo, os projetistas devem seguir algumas linhas básicas (Brito, 2004):

 Minimizar ao máximo a diversidade de materiais;  Evitar a utilização de materiais tóxicos;

 Conceber um plano de desconstrução;

 Montagens inseparáveis devem ser do mesmo material;

 Pormenorizar para evitar o contacto com o solo e a decomposição de materiais;  Identificar os tipos de materiais utilizados.

2.5.1.VANTAGENS DA DEMOLIÇÃO SELETIVA

As vantagens associadas ao processo de desconstrução incluem (Pichtel, 2003)(Brito, 2004):

 Menores custos: A desconstrução pode ser mais económica que a demolição tradicional porque os custos são compensados pela revenda de materiais recuperados durante o processo;  Evita custos de eliminação: A maioria dos materiais das estruturas desconstruídas podem ser

recuperados, diminuindo assim os detritos depositados em aterros; PLANEAMENTO DA DEMOLIÇÃO/DESCONSTRUÇÃO PROCESSO DE ELIMINAÇÃO  MATERIAIS PERIGOSOS  MATERIAISREUTILIZÁVEIS  MATERIAIS PLÁSTICOS  MADEIRA  AÇO

PLANEAMENTO DA APLICAÇÃO DOS RESÍDUOS (BETÃO E ALVENARIA)

DEMOLIÇÃO CONJUNTA

SEPARAÇÃO DO BETÃO E DA ALVENARIA Figura 2. 5 - Processo de demolição seletiva/desconstrução (Gonçalves e Neves, 2003)

 Redução de custos em taxas ambientais e colocação em aterro;  Aumento de oportunidades de emprego direto e indireto;

 A desconstrução seletiva encontra-se em conformidade com a legislação em vigor, pois em muitos países é obrigatória uma redução substancial na quantidade de resíduos sólidos dispostos em aterros;

 Criação de novos nichos de mercado e de centrais regionais e nacionais de armazenamento e distribuição;

 Em alguns casos, os materiais de construção recuperados poderão ser mais baratos e de melhor qualidade: Materiais reutilizados são menos caros e, por vezes, de maior qualidade do que novos materiais. Por exemplo, algumas estruturas de madeira em bases militares contêm madeira velha;

 Impactos ambientais reduzidos: A desconstrução tem menos impactos ambientais sobre propriedade adjacente porque cria menos poeira e ruído do que a demolição tradicional;  Oferece aos consumidores e construtores uma alternativa em relação à compra de produtos de

construção fabricados a partir de recursos virgens.

2.5.2.IMPEDIMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA DEMOLIÇÃO SELETIVA

Existem alguns inconvenientes associados ao método de demolição seletiva quando comparado com a demolição tradicional, tornando-a menos apelativa junto do sector. Um dos pontos fracos é relativo aos custos diretos, sendo estes substancialmente mais elevados do que os custos praticados pela demolição tradicional. O aumento de custo é provocado pela necessidade de recorrer a mais mão-de- obra, equipamento mais ligeiro e pelo aumento do período de execução (Brito, 2004).

A prática de demolição seletiva não é muito recorrente devido à existência de algumas barreiras, entre as quais se destacam (Brito, 2004):

 Falta de informação, competências e ferramentas relativas à desconstrução e conceção para a desconstrução;

 Falta de mercado instalado suficientemente grande para os produtos;  Conceção atual inadequada dos edifícios;

 Relutância dos construtores que preferem sempre produtos novos;

 Obstáculos legais, nomeadamente na responsabilização civil relativamente aos componentes em „segunda mão‟ e na quantificação dos fatores de segurança;

 Produtos compósitos que podem contaminar os produtos de desconstrução se não forem adequadamente processados.

Em suma, a demolição seletiva visa maximizar o reaproveitamento e reutilização dos CDW, proporcionando por sua vez um conjunto de vantagens positivas. Num futuro próximo, as metas exigidas pela União Europeia para a reciclagem de resíduos serão cada vez mais exigentes, sendo necessário que este processo seja encarado como um negócio em ascensão. No que concerne ao desenvolvimento de técnicas de desconstrução em Portugal, estas não devem ser adquiridas a qualquer custo, sendo perentória uma análise e estudo dos casos de sucesso e fracassos ocorridos noutros países onde esta pratica já é usual. (Freire e Brito, 2001)

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