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EMPODERAMENTO E INSTRUMENTALIZAÇÃO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA PARA A GESTÃO DE SEUS DIREITOS: CONTRIBUIÇÕES

DO SERVIÇO SOCIAL

Diante do que foi exposto até o momento, vimos que as demandas da população em situação de rua no município de Guaratuba iniciam suas atividades vinculadas ao SUAS, atendidas através de política social e pública e que ainda se encontra em fase bastante preliminar de atendimento.

Estas pessoas ainda que em número reduzido, apenas cinco (comparado às demandas da população flutuante e em situação de rua que se somam durante o verão) têm acesso restrito – uma vez por semana até as dez horas da manhã - a alguns serviços específicos do CREAS, especialmente aqueles vinculados à higiene e necessidades fisiológicas. A falta dos equipamentos que complementam as bases da política nacional para esta população como o Centro Pop é de urgência inegociável, pois como questiona um dos entrevistados: “vocês também acham que somos gente uma vez por semana?”.

O que pretendemos com este estudo é contribuir para a implementação de política pública específica, e isto nos remete a questionar sobre como podemos fazê-lo, considerando os elementos apresentados tanto pelas condições atuais do CREAS quanto pelas reflexões, críticas e claras demandas das pessoas entrevistadas, que se encontram em vulnerabilidade e risco social extremo.

A gestão para a efetivação dos serviços sociais devidos à Pop Rua em especial nas capitais dos estados onde o Movimento Nacional tem forte participação,indica alguns avanços bastante intensos na implementação das previsões da Política Nacional. Exemplifica isto os estudos de pós-doutoramento da orientadora deste TCC, Profª Édina Mayer Vergara que apresenta suas experiências vividas em seu pós-doutoramento junto ao MNPR de Natal/RN, bem como os estudos de Bino Zwetsch em sua consultoria prestada à Organização das Nações Unidas – ONU – em 2015.

A formação política deste segmento é fundamental, para que conhecendo e compreendendo a política nacional que se desenhou a partir do Decreto 7.053/2009 e de suas próprias lutas possam se organizar para a participação como usuários na efetivação de seus direitos como prevê o próprio SUAS.

Durante o processo da pesquisa surge à oportunidade de um morador em situação de rua participar do encontro a ser realizado em Curitiba pelo MNPR, encontro esse em comemoração aos dez anos do Movimento, o que resultará na nossa mediação para que assim ocorra, conforme prevê o Capítulo VI, do Art. 6º, do Decreto 7.053/2009, já citado anteriormente e que valoriza a “participação da sociedade civil, por meio de entidades, fóruns e organizações da população em situação de rua, na elaboração, acompanhamento e monitoramento das políticas públicas; e o VII: incentivo e apoio à organização da população em situação de rua e à sua participação nas diversas instâncias de formulação, controle social, monitoramento e avaliação das políticas públicas”. A vinculação de uma pessoa em situação de rua que resida em Guaratuba a um evento promovido pelo Movimento Nacional para comemorar e avaliar sua presença no estado do Paraná nestes dez anos será uma oportunidade fundamental para a semeadura de possibilidades de organização no Litoral que ainda não conta com o Movimento em nenhum dos seus sete municípios.

Acreditamos essa ser uma excelente oportunidade para fortalecer o processo de empoderamento e instrumentalização dessa população que tivemos contato durante esta pesquisa, pois as lutas e conquistas do MNPR trarão grande contribuição para que a pop rua de Guaratuba se reconheça mais fortemente como sujeitos de direitos. Se um membro do próprio segmento local conhecer a potência que este movimento social possui terá maior legitimidade com seus pares e poderemos continuar a contribuir como sujeitos de participação e controle social, também moradores em Guaratuba, pois “trata-se de estabelecermos uma situação de troca. Os grupos devem ser esclarecidos sobre aquilo que pretendemos investigar e as possíveis repercussões favoráveis advinda do processo investigativo. (MINAYO, 2002 p. 55)

Também entendemos que a participação do Setor Litoral da UFPR enquanto representante de um segmento universitário de vanguarda, conforme destacada seu PPP, poderá ser uma instituição agregadora das possibilidades de organização deste movimento social considerando os espaços das Interações Culturais e Humanísticas (ICH). Neste semestre e espaço pedagógico, através da mediação da Profª Flávia Fachini está ocorrendo a ICH Movimentos Sociais que, desde seu planejamento, demonstrou disposição para dialogar com os acadêmicos que estudam ou se interessam pelo tema, buscar formas de agregar as pessoas em situação de rua a este grupo para fomentar tal organização.

Outra questão fundamental diante das fragilidades apresentadas no equipamento social CREAS para a efetivação diária de demandas elementares à proteção social básica das pessoas que vivem em situação de rua em Guaratuba, entendemos ser urgente buscarmos que este coletivo da ICH ou, em outro espaço de formação política com estes sujeitos, formas de que os princípios previstos no decreto 7.053/2009 em seu Art. 5o que afirma como direito uma Política Nacional para a População em Situação de Rua, que além da igualdade e equidade ainda sustentem:

I - respeito à dignidade da pessoa humana;

II - direito à convivência familiar e comunitária;

III - valorização e respeito à vida e à cidadania;

IV - atendimento humanizado e universalizado; e

V - respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência.

Na mesma grandeza que o respeito ao sujeito, ao grupo, se encontra, no Art.6º, Cap. VIII o seguinte destaque: “respeito às singularidades de cada território e ao aproveitamento das potencialidades e recursos locais e

regionais na elaboração, desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento das políticas públicas”.

Observar, conhecer, compreender a realidade local, entendendo-a como particular à Sistemas Únicos que efetivam saúde e assistência e outros direitos sociais desenhados em políticas de caráter nacional, num país de proporção continental. Temos um modo de ser caiçara, a potência turística, os espaços de exuberante natureza, mas também demandas urgentes por equipamentos sociais que já deveriam compor o cenário local, porém ainda exigem muito planejamento proposição e ação social a fim de efetivá-los para além do mínimo.

Viver a rualização de forma temporária ou na rua de forma mais longa não é fácil, o ser carrega consigo pouco além de seu corpo, cuja fome lhe cobra providências pelo menos três vezes ao dia, todos os dias, um sono protegido todas as noites, dentre tantas mais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo permitiu considerar que o fenômeno população em situação de rua possui múltiplas determinações que derivam na forma de organização da sociedade capitalista que, explora e degrada a vida dos indivíduos, os submetendo a precárias condições de sobrevivência.

A partir dos fundamentos bibliográficos e webgráficos realizados, foram identificadas características que se manifestam nas pessoas em situação de rua com quem tivemos contato durante o processo de pesquisa realizada no município de Guaratuba. Pelos depoimentos percebe-se a clara determinação do fenômeno como uma expressão radical da questão social que se apresenta como demanda gritante ao Serviço Social. Mesmo que a caracterização nacional tenha sido feita em grandes centros urbanos as sequelas da questão social não são menos intensas no nosso município.

Guaratuba apresenta características próprias e demandas sociais de seu próprio povo, a essas se acrescentam aquelas relacionadas ao turismo de veraneio – portanto sazonal – mas suficiente para atrair pessoas de outras localidades em busca de oportunidades e emprego.

Mas o contingente de moradores locais já estava à espera destes espaços de trabalho quase sempre informais6. Aos muitos que não conseguem se inserir ao nosso precarizado mercado de trabalho e, já trazendo muitos fatores mais de vulnerabilização social, passam a habitar as ruas permanecendo no município durante o ano inteiro, o que é, inclusive, preferível ao inverno rigoroso de Curitiba.

Os diálogos com as pessoas em situação de rua foram marcados por relatos de histórias marcantes, permeadas pelas contradições e pelas

6O estudo de trabalho de conclusão de curso em Serviço Social apresentados por Karilla do Rocio Moreira da Rocha para avaliação neste semestre apresenta o estado da arte do trabalho informal no Litoral do Paraná, com acento especial à realidade vivida pelas famílias de Guaratuba que constam no Cadastro Único - SUAS

desigualdades sociais, características da forma como se estrutura a sociedade capitalista.

Cabe destacar aqui que mesmo a assistência social se constituindo como a política social que mais oferece programas ou projetos destinados a este segmento populacional existe ainda, muitos entraves ao acesso destes com destaque as marcas históricas de seletividade da assistência social; a fragilidade de organização desta população enquanto classe social justamente devido a sua heterogeneidade; a indisponibilidade por parte do Estado da abertura de espaços públicos para participação deste segmento populacional nas discussões acerca de seus interesses; ao histórico descompromisso do Estado para com esta população; a desarticulação ainda existente apesar dos avanços conquistados pela rede de proteção social com os princípios e diretrizes da Política Nacional de Inclusão Social da População em Situação de Rua.

Este estudo permitiu identificar as pessoas em situação no município de Guaratuba e compreender a importância e urgência por sua formação política que permita-lhes entender, discutir, problematizar a Política Nacional da População em Situação de Rua e com os mesmos contribuir com sua instrumentalização para a gestão de seus direitos. Isto é processual, é convívio, é construção coletiva e participativa, é ocupação do Serviço Social e deste Setor universitário.

Este trabalho floresce para alguns frutos para o fortalecimento e instrumentalização dos direitos dos moradores em situação de rua do citado município, durante o processo deste trabalho surge à oportunidade de um dos sujeitos entrevistados nesta pesquisa participar do encontro em comemoração aos dez anos de organização do Movimento Nacional da População de Rua no Paraná. O empoderamento político e humano de uma pessoa que vive a dura realidade das ruas é um descortinar para a potência desta população que ainda enfrenta a distancia dos mínimos sociais, e que entendem que nada mais têm a perder, pois como dizem:“o não nós já temos”.Agora é preciso ir “do papelão à

bandeira”.7A articulação dos entrevistados à potencialidade do MNPR é impacto da experiência dialógica e participativa, da interação e confiança construídas através de uma “coleta de dados” que pretendeu ser além dela mesma.

As potencialidades de parcerias com a comunidade em que o Setor Litoral se insere são muitas e, através do conhecer e compreender, como se esboça neste semestre, a ICH de Movimentos Sociais será capaz de propor e construir com os sujeitos que deram sentido a este estudo, caminhos para empoderamento nas suas lutas por direitos.

Afinal, cooperar com a organização de mais um Movimento Social é um impacto histórico deste processo mais amplo. E há de chamar-se MNPR do Litoral do Paraná.

7 A primeira frase é um lema dos sujeitos organizados no MNPR. A segunda dá título ao relatório de pós-doutoramento da Profª Dr.ª Édina Mayer Vergara junto ao Programa de Pós Graduação em Serviço Social da UFRN, que vivenciou por um ano os processos de organização e luta do MNPR do estado do Rio Grande do Norte.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Pesquisa nacional sobre a população em situação de rua. Brasília, 2008.

______.Decreto Presidencial n° 7.053, de 23 de Dezembro de 2009a. Institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, Seção 1, 24 dez. 2009. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7053.htm . Acesso em: 17 ago. 2017

IAMAMOTO, M.V. Serviço Social em tempos de Capital Fetiche: Capital Financeiro, Trabalho e Questão Social. São Paulo: Cortez 2007

IAMAMOTO, Marilda Vilela & CARVALHO, Raul de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. – 41. Ed.

– São Paulo: Cortez, 2014.

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política: Livro I: o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo, 2009.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social, Teoria Método e Criatividade. Petrópolis: Vozes, 2002.

NETTO. J. Paulo. Desigualdade, pobreza e serviço social in: Em pauta nº 19-2007, Revista da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. ISSN 1414-8609, Rio de Janeiro: RENAVAN, 2007. P.135-170.

PAUGAN, Serge. Fragilização dos vínculos: uma dimensão essencial do processo de desqualificação. Revista Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, 1989. n. 60. 2000

PEREIRA, Potyara. A Política Social: temas & questões. 3ª edição São Paulo:

Cortez, 2011.

SILVA, Maria Lucia Lopes da. A população em situação de rua no Brasil e a luta por políticas públicas ao seu alcance.(2010)

SILVA, Maria Lucia da. Mudanças recentes no mundo do trabalho e o fenômeno População em Situação de Rua no Brasil - 1995 a 2005. Brasília, 2006

VERGARA, Édina. Do Papelão à Bandeira. Relatório Pós-Doutorado em Serviço Social.PPG Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2016.

ZWETSCH, Bino. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República/

SDH/PR, 2015

ANEXO 1

CARACTERIZAÇÃO NACIONAL POP RUA – MDS, 2007

A população em situação de rua é um grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição da pobreza absoluta, vínculos interrompidos ou fragilizados e inexistência de moradia convencional regular, sendo compelidos a utilizarem a rua como espaço de moradia e sustento, por contingência temporária ou de forma permanente... (MDS, 2005).

Nos anos entre 2007 e 2008, uma parceria do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome MDS com a UNESCO é feita uma Pesquisa Nacional, nos municípios com mais de 300.000 habitantes e em todas as capitais, exceto Belo Horizonte, São Paulo, Porto alegre e Recife (locais no qual já houve a pesquisa), contabilizando assim um contingente de 31.922 adultos em situação de rua nos 71 municípios pesquisados.

A seguir, apresentaremos com mais explicitude, alguns resultados dessa pesquisa, destacando o perfil e a caracterização desta população, relacionando com a Política Nacional.

(82%) Masculino Faixa etária (26 e 45 Anos) (12%) Feminino Faixa etária (26 a 45 Anos)

Diante deste perfil, a Política Nacional traz em seu quinto artigo inciso v:

“Respeito ás condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial ás pessoas com deficiência”. (Decreto 7.053.2009)

SAÚDE

A realidade que aponta os estudos, é que as pessoas em situação de rua, no Brasil, já fazem parte da exclusão social existente há décadas, tendo a pobreza como um marco maior. A maioria das pessoas que vivem nas ruas raramente procura o serviço de saúde, recorrendo á rede ambulatorial somente em última estância.

A vulnerabilidade de quem vive nessa situação e a insuficiência dos recursos obtidos através RAS (Rede de Atenção á Saúde) são indicadores de que a saúde da PSR não mudou significativamente.

Dentre as demais doenças diagnosticadas, destacamos: (10,1%) Hipertensão (6,1%) Problema psiquiátrico (5,1%) HIV/ AIDS (4,6%) Problema de visão ou cegueira (18,7%) Fazem uso de medicamentos Dentre os entrevistados, apenas frequentam Postos ou Centros de Saúde, para assim poder receber os medicamentos , quando doentes procuram em primeiro lugar os hospitais ou emergências , caso não possam entrar, utilizam os Postos de Saúde.

Um dos motivos que fazem com que estas pessoas não procurem atendimentos é a exigência por partes dos hospitais, do uso e apresentação de quaisquer documentos de identificação, ou comprovante de residência.

A presente Política Nacional traz legivelmente no seu artigo quinto o

“Atendimento humanizado e universalizado”, ampliando ainda como objetivos, assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as políticas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda”, e complementa:

“Garantia de atenção integral á as pessoas em situação de rua mesmo sem familiares ou responsáveis e adequação das ações e serviços existentes, inclusive unidades móveis, assegurando a equidade e o acesso universal no âmbito do SUS, com dispositivo de cuidados interdisciplinares e multiprofissionais”. (Decreto 7.053,2009)

EDUCAÇÃO

Quanto á educação formal, a pesquisa aponta que a maioria dos entrevistados sabe ler e escrever. Revelou também que apesar de não estarem estudando, porém fazem algum curso ou curso profissionalizante. (74%) Sabem ler e escrever (17%) Não sabem ler e nem escrever (8,3%) Assinam apenas o próprio nome (3,8%) Fazem algum tipo de curso (2,1%) Cursam o ensino formal (1,7%) Fazem cursos profissionalizantes.

Para o quesito educação, a Política Nacional enfatiza no artigo sexto, dentre as diretrizes:

“XIV – disponibilizar programas de qualificação profissional para as pessoas em situação de rua, como o objetivo de propiciar o seu acesso ao mercado de trabalho”. (Decreto 7.053,2009)

NECESSIDADES FISIOLÓGICAS

Mediante aos quesitos pesquisados, não se pode deixar passar em branco, o fator necessidades fisiológicas, já que as pessoas em situação de rua fazem das ruas a sua morada.

Apontam os dados que para uso do banho, são usados os chafarizes, localizados em praças públicas. Utilizam albergue para o banho (31,4%) Utilizam abrigos (14,2%) Banheiros públicos (5,2%) Casa de parentes ou amigos (32,5%) Utilizam a rua para necessidades fisiológicas (25,2%) Utilizam os albergues ou abrigos (21,3%) Banheiros públicos (9,4%) Utilizam estabelecimentos comerciais (2,7%) Casa de parentes ou amigos.

Nesta especificidade, perante a Política Nacional, podemos destacar o:

Art.7 XIII “Implementar ações de segurança alimentar e nutricional suficiente para proporcionar acesso permanente á alimentação pela população em situação de rua á alimentação , com qualidade”. (Decreto 7.053, 2009).

Para estas ações caberá ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome, sob a Coordenação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.

IDENTIFICAÇÃO FORMAL

Para que todo e qualquer cidadão estando ou não em situação de rua, faz necessária a documentação até mesmo para entradas em postos de saúde, e ser inseridos nos programas governamentais. Este fator, só contribui para a desinserção aos programas e as inúmeras dificuldades em vários aspectos da vida em sociedade. Dificulta também no processo de cadastro para emprego formal e no exercício da cidadania.

Mesmo estando na Constituição Federal de 1988, no seu artigo quinto

“são gratuitos para o reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito”. Mesmo constando na Constituição Federal, muitos dos que necessitam dos documentos, para que faça valer dos seus direitos, ainda sim, recorrem a Defensoria Pública.

Para este item da pesquisa, fica assim distribuído: (24,4%) Não possuem documentos de identificação (21,9%) Possuem documentos (88,5%) Não recebem nenhum benefício do governo (3,2%) Recebem aposentadoria (2,3%) Beneficiários do programa bolsa família (1,3%) Benefício de prestação continuada – BPC.

O BPC é um benefício da assistência social, integrante do Sistema Único da Assistência Social – SUAS pago pelo Governo Federal e operacionalizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, cujos beneficiados são idosos e pessoas com deficiência.

Para que o indivíduo possa exercer a sua cidadania se faz obrigatório o uso da documentação, ou seja, ela Identidade (RG) ou Cadastro de Pessoa Física (CPF).

VÍNCULOS FAMILIARES

Como índice, a Pesquisa Nacional da PSR, aponta que os pressupostos para o rompimento familiar são: desemprego, violência dentro de casa, perda de alguém querido, perda da auto-estima, abuso de álcool e outras drogas e as doenças mentais, quando não são oriundos de outras cidades , e estão sem ter onde morar.

Dentre os entrevistados, ficou assim catalogado: (51,9%) Possuem parentes na cidade onde estão (38,9%) Mantêm contato com os parentes (14,5) Os contatos são de dois em dois meses(34,3%) Contato é frequentemente (39,2%) Bom relacionamento com parentes (29,3%) Relacionamento ruim ou péssimo (23,1%) Mantêm contato com parentes fora da cidade Dentre as perguntas feitas aos entrevistados, uma foi mais pertinente:

O QUE OS LEVA A ESCOLHER A RUA COMO MORADA?

Inúmeros foram os fatores, e destacamos: (35,5%) Alcoolismo ou drogas (29,8%) Desemprego (29,8%) Desavença com pai ou mãe (29,1%) Os motivos estão todos relacionados um com o outro destaque da Pesquisa Nacional da PSR é o fato de que os entrevistados declararam ter vivido em seis cidades ou mais:

(11,9%) Já passaram por mais de seis cidades (59,9%) Número menos de cidades já passadas Segundo o Decreto 7.053 de 2009, a Política Nacional PSR, preconiza no seu artigo 5° o “direito a convivência familiar e comunitária”, no qual há uma possibilidade de que seja feita esta integração entre as diversas políticas sociais do governo para que as pessoas que se encontrem em situação de rua possa se reintegrar á vivência familiar, seja por políticas de habitação e emprego, ou políticas de saúde voltadas ao combate ao alcoolismo e outras drogas.

HABITAÇÃO

Como já podemos constar que as pessoas que estão nesta situação de rua, utilizam o espaço das ruas como sendo a sua morada. Constroem de forma precária, suas casas de papelões, com restos de materiais recicláveis, e assim

Como já podemos constar que as pessoas que estão nesta situação de rua, utilizam o espaço das ruas como sendo a sua morada. Constroem de forma precária, suas casas de papelões, com restos de materiais recicláveis, e assim

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