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Encaminhamentos dados pelo Programa Convivência Escolar

No documento alexmoreiraroberto (páginas 46-50)

1.4 Programa Convivência Escolar

1.4.3 Encaminhamentos dados pelo Programa Convivência Escolar

Com a implementação do Programa Convivência Escolar, algumas orientações foram desenvolvidas, tendo em vista as discussões ocorridas no âmbito das SME, DREs e UEs. Elas surgiram como forma de dar resposta às demandas apresentadas, uma vez que a perspectiva inicial de formatação do Programa previa que essas discussões norteariam as propostas de ações, com foco no convívio existente nas escolas da RME.

Sendo assim, destacamos alguns dos encaminhamentos realizados após a apresentação do programa, influenciados pelas discussões propostas nos espaços de diálogo e formação dos GTs das diferentes instâncias.

1.4.3.1 Publicação da Portaria nº 5.552, de 4 de setembro de 2012

Publicada no Diário Oficial da cidade de São Paulo, no dia 5 de outubro de 2012, a Portaria nº 5.552, de 4 de setembro de 2012, estabelece procedimentos para as unidades educacionais nas comunicações dos casos de violência, abuso e maus tratos aos alunos. Apresenta, ainda, um modelo padrão de formulário que deve ser entregue ao Conselho Tutelar nessas situações. A norma dispõe que

a comunicação ao Conselho Tutelar deverá ser realizada por meio do “Termo de Notificação”, ora instituído, conforme constante do Anexo Único, parte integrante desta Portaria. § 1º - O Termo de Notificação terá como objetivo assegurar a efetiva promoção dos direitos dos estudantes pelas Unidades Educacionais da RME, mediante documento padrão contendo relato escrito ao Conselho Tutelar, das situações de risco ou violência a que estejam submetidos os alunos (SÃO PAULO, 2012).

A Portaria também informa que tais procedimentos devem ser realizados nos casos de

a) (...) fundada suspeita, evidência, indícios ou relato, de prática de violência, abuso ou maus tratos contra os educandos.

b) quando constatada negligência, abandono do educando, esgotadas as ações de competência da Unidade Educacional para garantir, especialmente, o direito à educação (SÃO PAULO, 2012).

Assim, na presença dos casos descritos acima, a escola precisa ficar atenta a alguns procedimentos quando precisar utilizar o Termo de Notificação. Para orientar os profissionais que atuam na escola, a Portaria diz que esse documento deve ser

I - redigido conjuntamente pela equipe gestora e demais profissionais da Unidade Educacional envolvidos com o fato a ser notificado; II - relato objetivo dos fatos; III - protocolado junto ao Conselho Tutelar/autoridade competente por intermédio de ofício da Unidade Educacional, solicitando, inclusive, o sigilo na identificação da unidade educacional que encaminha o Termo de Notificação; Parágrafo Único: A equipe gestora deverá: a) providenciar o protocolo junto ao Conselho Tutelar/autoridade competente; b)

manter em seus arquivos, cópia do Termo encaminhado, para posteriores registros de acompanhamento; c) dar ciência da ocorrência à Supervisão Escolar mediante protocolo de cópia do Termo de Notificação (SÃO PAULO, 2012).

Pode-se dizer que essa publicação é um dos frutos oficiais do Programa Convivência Escolar e das discussões ocorridas nos GTs da SME e das DREs, dentre elas a DRE/MP. Essa relação fica evidente quando, ao final da Portaria, é mencionado, no seu artigo 5°, que "caberá às Diretorias Regionais de Educação por meio do Grupo de Trabalho - Convivência Escolar as orientações sobre a implementação do Termo de Notificação" (SÃO PAULO, 2012. Grifo do autor).

Isso ratifica a importância desse Programa para o cotidiano das escolas, uma vez que ele auxilia na criação de parcerias com redes externas, além da criação de fluxos de atendimentos aos vários casos com os quais a escola lida cotidianamente.

É necessário que o poder público crie uma rede de proteção às crianças e aos adolescentes, cumprindo o que a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9394/1996) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8069/90) preconizam. Portarias como essa auxiliam no enfrentamento de casos que envolvam violência, abuso e maus tratos contra os estudantes.

A formalização de um “Termo de Notificação”, a ser utilizado pela escola nos encaminhamentos desses casos, contribui para o cotidiano da UE, além de estabelecer um modelo preocupado em descrever, de forma precisa, o ocorrido. Esse mesmo padrão também pode, futuramente, ser utilizado como ferramenta para estudos que envolvam um mapeamento da rede como um todo no tocante aos casos já citados.

Nesse sentido, a publicação da Portaria reforça os compromissos estabelecidos pelo Programa Convivência Escolar, voltados para a melhoria do convívio nas escolas, criando uma rede de proteção dos estudantes, o que possibilita uma melhor aprendizagem para todos os alunos.

As eleições municipais ocorridas no final do ano de 2012 marcaram a transição partidária na cidade de São Paulo, com a saída de um prefeito do Partido Social Democrático – PDS –, aliado ao Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB –, ambos com tendências de direita, e o ingresso de um governante do

Partido dos Trabalhadores – PT –, de ideais esquerdistas, que estava há oito anos fora do comando da cidade.

Com a transição de poder ocorrida na gestão da cidade de São Paulo e a troca de secretário de educação – de Alexandre Schneider para César Callegari –, as ações do PCE foram canceladas. No portal da internet disponibilizado pela SME, no link do Programa7, não foram disponibilizadas informações sobre a sua interrupção e não há, na agenda de 2013, o planejamento das suas ações.

Isso ocasionou, logo no início do ano de 2013, a interrupção, por parte da SME e da DRE/MP, das ações relacionadas ao Programa Convivência Escolar. Na DRE/MP, a orientação foi de que as escolas continuassem as suas ações iniciadas no ano anterior, motivadas pelos encontros do GT e pelas ROCES, porém informando que, no momento, não havia ações previstas pelo PCE.

Os supervisores responsáveis pela implementação do Programa na diretoria apontaram que os ADs expuseram o seu descontentamento com o rompimento das ações do PCE por parte da DRE/MP mediante o movimento de transição vivido pela SME, evidenciando, com isso, carências de apoio de formação vivida pela gestão das escolas municipais no tocante a questões relacionadas à forma de lidar com a violência ocorrida nas escolas.

Entre esses ADs imperava a sensação de que o PCE foi mais um dos programas e ações implementadas pela SME que não tiveram continuidade. Os supervisores responsáveis pelo Programa na DRE/MP também evidenciaram o seu descontentamento com o encerramento das formações e orientações por ele propostas.

Um ano após os primeiros passos dados pelo PCE, alguns professores, quando questionados sobre a sua existência, evidenciaram não saber do que se tratava e afirmaram que, na escola em que atuavam, não foi discutido nada sobre o assunto e nem implementada nenhuma ação.

Mesmo entendendo que esse momento de transição de poder, troca de secretário de educação, de dirigentes regionais e de outros integrantes da equipe técnica da SME demanda certo tempo para que as ações sejam iniciadas, nenhuma medida de retomada das discussões e ações do PCE haviam sido realizadas seis

7

Disponível em: <http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/convivereaprender/Default.aspx>. Acesso em: 26 jun. 2013.

meses após a posse do novo prefeito e, consequentemente, do novo secretário de educação

No início do ano letivo de 2013, durante a primeira reunião pedagógica das escolas, conduzidas pelos coordenadores pedagógicos, já sob a nova gestão, as UEs foram orientadas pela DRE/MP a continuar as discussões e ações no combate à violência. Entretanto, no âmbito da escola, as ações do PCE estavam canceladas, ou seja, as unidades escolares não teriam mais tempo e espaços específicos na DRE/MP, via GTs ou ROCEs, para pensar e discutir sobre o tema.

Sendo assim, todas as atividades relacionadas à continuidade do PCE seriam realizadas apenas no âmbito da escola, e não mais da DRE/MP. Cabe ressaltar que, na maioria das escolas participantes das ROCEs e do GT, poucas ações haviam sido implementadas durante o ano em que o Programa ocorreu e que, após o seu encerramento, essa movimentação se tornou ainda mais frágil.

1.5 Assistentes de Direção e Professores: Resistências ao Programa

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