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Foto 5 Organizações de Assessoria – Grupo 3

6.1 OFICINA III ENA

6.2.5 Encaminhamentos Finais

A oficina de avaliação do PAA gerou debates profundos e consistentes sobre o Programa, possibilitando avaliar sua trajetória, o momento atual e como está sendo visto pelas organizações envolvidas diretamente com sua execução. Vejamos os encaminhamentos sugeridos pelos grupos:

a) fazer um debate mais qualificado e aprofundado no Consea sobre controle social e discutir uma instância para fazer o controle social do PAA no estado da Bahia.

O Consea é considerado a instância de controle social do PAA. Na Bahia, ele recebe demandas de municípios e organizações para emitir pareceres em projetos e prestação de contas, mas como o Consea entende seu papel como controle social? Como lidar com as fragilidades das estruturas de controle social do Programa nos municípios por causa dos poucos Conseas existentes no plano municipal e da crescente apropriação deste controle pelos conselhos de assistência social (proposta efetivada pelo MDS)? Portanto, qual seria a proposta mais adequada de controle social do PAA na Bahia? Seria o caso de se criar uma comissão no Consea? Como sistematizar e/ou estruturar esse controle social? Como fortalecer os Conselhos Municipais para que esses atuem?

O controle social é uma lacuna do Programa em todo o Brasil. A Conab teve a iniciativa de realizar os Seminários de Avaliação do PAA e este era o espaço de socialização e oxigenação do Programa com agricultores, consumidores e assessorias. Nesses seminários, nasceu a proposta de criação do Comitê Consultivo.

Em 2007, foi feita a proposta de criar, no estado da Bahia, uma instância de controle social do PAA, em todas as suas modalidades. Na última plenária do Consea, em maio de 2014, essa questão foi colocada novamente e espera-se que essa oficina fortaleça essa proposta fornecendo elementos que a concretizem.

b) encaminhar ao Consea a proposta de que este Conselho paute a Conab e o governo do estado da Bahia para discutir a situação do PAA.

Na oficina, avaliou-se que se faz necessária uma discussão política com o governo da Bahia e a Conab e solicita-se que o Consea encaminhe a essas instâncias as questões levantadas pelos participantes dessa oficina. Alguns presentes informaram que participariam no dia 15 de setembro de 2014 de uma reunião com o Grupo de Acompanhamento do PAA, coordenado pelas Superintendências Regionais da Conab e composto por representantes dos movimentos sociais, do Consea estadual e de órgãos do governo do estado. Embora o grupo tenha discutido usar esse espaço para tratar as questões discutidas na oficina, arrazoou que era necessário fazer intervenção mais política por meio do Consea.

c) o Consea/BA deve elaborar um documento político, público, sobre a situação do PAA na Bahia, a partir da avaliação da oficina, e encaminhá-lo ao governo do estado, à Conab, ao Consea Nacional e a outras instâncias em que o PAA seja discutido.

A oficina encaminha ao Consea a solicitação de que este prepare uma carta política, a partir do debate e dos resultados dessa oficina, que retrata a leitura da sociedade civil da Bahia sobre a situação do Programa. Ainda, sugere-se que sejam evidenciados os problemas relativos a situação dos povos e comunidades tradicionais, como os povos de terreiro, o dilema do controle social do PAA, a diminuição do acesso a esse mercado institucional pelas organizações, em face dos efeitos do referencial normativo do PAA.

7 ANÁLISE SOBRE AS MUDANÇAS NO PAA

O PAA foi sendo forjado a partir da iniciativa do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), como vimos anteriormente e, ao longo desses 11 anos, foi tema constante de debate entre o governo, o Conselho Nacional e estaduais de Segurança Alimentar e Nutricional, Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), os movimentos sociais, organizações de assessoramento e aquelas envolvidas diretamente na sua execução, com o intuito de ajustá-lo e qualificá-lo como instrumento de política agrícola e de promoção da assistência alimentar e nutricional.

Como resultado desse processo, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) transformou-se em uma das melhores experiências de política pública em compras governamentais, altamente legitimado pelos movimentos sociais e pelo Consea. Esse apoio e legitimação foi forjada a partir dos seus resultados, que gerou diferentes arranjos institucionais, fortalecendo a construção social do mercado e aproximando os atores da produção e do consumo. Esse processo tem contribuído para o fortalecimento do tecido social local, a inclusão produtiva, a diversificação de alimentos, o fortalecimento das relações de gênero, além de ter alcançado milhões de pessoas em insegurança alimentar e nutricional. Ainda, o PAA tem contribuído para a promoção da alimentação adequada e saudável, na valorização da agroecologia, no uso e promoção das sementes crioulas e na inclusão produtiva de milhares de famílias ao mercado formal.

Por isso, o Consea, o FBSSAN e os movimentos sociais sempre mantiveram o apoio e a constante vigilância para assegurar e ampliar o orçamento e os recursos financeiros destinados ao Programa. Ao mesmo tempo, essas organizações têm se mobilizado para preservar sua formatação original, por meio das operações da Conab, que fortalecem as organizações produtivas (associações e cooperativas) como protagonistas desse Programa, nos mais de 2.600 municípios em que a Companhia já operou o PAA, chegando a todos os estados brasileiros.

A oficina realizada no III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), como vimos no capítulo 6, possibilitou evidenciar as dificuldades que as organizações sociais estão enfrentando para acompanhar o conjunto de mudanças normativas que estão em curso no Programa, mesmo aquelas já inseridas. Possivelmente essa situação é fruto da ausência de debate por parte do governo e, sobretudo, porque não há o envolvimento das organizações que operam o Programa em nível local. Esse processo está gerando desestímulo das cooperativas e associações em continuar participando do PAA, em função do impacto negativo que essas

mudanças estão promovendo. Além disso, há uma percepção de que o Programa está sendo paralisado. Tendo em vista este diagnóstico, pretendemos, neste capítulo, apresentar o que vem sendo modificado no PAA.

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