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Os dados apresentados nas categorias anteriores levantaram informações e conhecimentos acerca do pós-operatório de idosos com FFP por queda pelos idosos, familiares e enfermeiros. Dentre achados, foi considerado relevante a falta de conhecimento dos enfermeiros sobre a mobilização do idoso no pós-operatório, uma vez que esses profissionais podem mudar a realidade por meio de ações assistenciais – sejam elas técnicas ou educativas. Portanto, discutir essa demanda a luz da fundamentação teórica da Educação em Saúde e dos preceitos de Paulo Freire, com ênfase na conscientização, Autonomia, Educação Libertadora e, Educação e Mudança, mostrou-se imprescindível para a construção teórica do protocolo que visa implementar mudanças nesta realidade.

A construção teórica resultou da inter-relação de construtos provenientes da apreensão e da síntese dos dados presentes na justaposição da pesquisa e assistência (pontos de convergência) ao longo do desenvolvimento da PCA (PAIM, TRENTINI, SILVA, 2016). Assim, teorizar envolve construções, reconstruções, desconstruções e reconstruções, elevando as informações obtidas em um alto nível de abstração até chegar a um esquema que possa descrever e explicar fenômenos reais da vida cotidiana (TRENTINI, PAIM, SILVA, 2014). Para isso, os diversos pontos de convergência produziram as “ondas” da PCA em direção à melhora do cuidado ao idoso no pós- operatório de correção de FFP por queda (Figura 15).

Figura 15 – Ondas que representam a aproximação, o distanciamento e os pontos de convergência da prática assistencial e pesquisa.

As ondas de afastamentos e aproximações da PCA, demonstradas na figura 15, seguem após o término da pesquisa. Entende-se que os enfermeiros irão se deparar com necessidades e, ao buscarem conhecimentos em geriatria e gerontologia e modificarem sua prática assistencial, encontrarão um novo ponto de convergência, agora entre sua busca científica e seu cuidado.

A conscientização dos profissionais aconteceu pela atitude crítica, seguida da reflexão e ação na realidade. O processo de conscientização dos enfermeiros foi guiado pelas seis Ideias Força de Freire (2001). A educação dos profissionais foi precedida de reflexão, o que aconteceu nas entrevistas conversação, momento em que começaram a refletir sobre as problemáticas da realidade. Nos GC, a reflexão sobre as demandas levou ao comprometimento dos enfermeiros com o cuidado aos idosos no pós- operatório, momentos em que se reconheceram como sujeitos da realidade em que trabalham e buscaram estratégias para mudar a assistência, qualificando o cuidado de enfermagem. Isso converge com os pressupostos de Freire (2001) de que os sujeitos constroem respostas aos desafios e criam cultura com as mudanças elaboradas. Assim, fazem história ao participarem das instrumentalizações e mudarem suas atitudes, que são efetivadas pela intervenção. O alcance dos objetivos se dá pela participação ativa na transição, que significa que a educação que liberta exige a revisão de sistemas (FREIRE, 2001).

Os preceitos Freireanos coadunam com a PCA, pois a etapa de teorização inicia a partir do momento que os sujeitos problematizam sua realidade. Neste estudo, a problematização dos temas como o pós-operatório do idoso e sua mobilização fizeram sentido para os enfermeiros, pois são as demandas de sua realidade. A reflexão sobre a realidade enfrentada por idosos, acompanhantes e enfermeiros serviu como base para o compromisso dos profissionais com a construção de novos conhecimentos para a mudança na prática assistencial. Dessa forma, a convergência entre a pesquisa e a prática possibilitou aos enfermeiros a elaboração de estratégias, para a melhora no cuidado e ES ao idoso, as quais compõem o protocolo construído. A participação desses profissionais no processo de transformação da assistência reflete na autonomia deles e na recuperação do idoso, permeada por princípios do envelhecimento ativo e funcionalidade.

As ondas da PCA representam os movimentos de aproximação e de distanciamento e de convergência da pesquisa e da prática formando espaços de

justaposição destas atividades, espaços estes que apontam a compreensão acerca das alterações no pós-operatório decorrentes do processo de envelhecimento, objetivos da cirurgia e seus cuidados. A construção do protocolo foi elaborada com os enfermeiros na perspectiva de manter a funcionalidade do idoso e auxiliar na sua recuperação quanto para facilitar o cuidado dos profissionais aos idosos – não se restringindo aos que realizaram cirurgia traumatológica.

Com a abstração sobre as relações que os construtos estabeleceram entre si, criou-se o espiral de teorização (Figura 16). Esse esquema teórico representa os valores que cada situação possui e que a transformação do cuidado ao idoso no pós-operatório de correção de FFP por queda e acompanhante é dependente de um processo, com elementos complementares e condicionantes, que acontece quando o enfermeiro reflete e problematiza a realidade encontrada, assumindo compromisso com a construção do conhecimento. Assim, sintetiza-se a tese de que a tomada de consciência de enfermeiros para a construção de um protocolo de serviço é uma prática de liberdade para a emancipação por meio da ES em uma relação dialógica, com idosos pós-correção de FFP por queda e seus acompanhantes, favorecendo a transformação da realidade de cuidado.

Fonte: elaboração própria autora, Santa Maria, RS, Brasil, 2018.

O espiral caracteriza a teorização por que tem sentido único, sem interrupções levando a um mesmo centro. Pode ser entendido como um percurso guia que acumula reflexões, conhecimentos dos envolvidos e construções que modificam a ES no decorrer do processo até conquistar o objetivo. Este alvo é a renovação do cuidado ao idoso pós- correção de FFP por queda e seus acompanhantes pautado na ferramenta construída.

A partir disso, os enfermeiros fundamentam sua capacidade de transformação ES e o cuidado ao idoso em conhecimentos construídos conjuntamente, sendo possível entender que a educação libertadora esteve presente no desenvolvimento do estudo. A participação crítica desses profissionais nos diálogos, auxiliou na problematização das temáticas consideradas importantes para compor o protocolo. Assim, eles não estão no mundo, mas com ele por meio de relações estabelecidas, que decorrem de criação e recriação da realidade para ajudar o mundo ser melhor (FREIRE, 2014c).

Com a melhora na assistência, os enfermeiros oferecem subsídios para idosos e acompanhantes lidarem com sua nova condição de saúde, enfrentando as limitações vivenciadas, de maneira a manter a autonomia e o máximo possível da independência e da funcionalidade do idoso. Assim, entende-se que o protocolo de serviço promove um novo caminho para o cuidado e ES ao idoso que realizou cirurgia para correção de FFP, qualificando a assistência e auxiliando na afirmação da Enfermagem como Ciência.

4.6 SOCIALIZAÇÃO DOS RESULTADOS: ESTRATÉGIAS PARA REFLETIR