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ENCONTROS E DESENCONTROS DA FORMAÇÃO E PRÁTICA DO

No documento Download/Open (páginas 50-54)

Nos últimos tempos as questões a respeito da formação dos educadores tem ganhado corpo e se fortalecido na comunidade acadêmica. Isso ocorre pela necessidade de uma constante melhoria, sobretudo no ensino público. Para requerer essa melhoria se faz necessário focar nas questões pertinentes à formação dos profissionais da educação, a fim de definir coerentemente o perfil e as competências desse profissional, tendo também a ideia primeira sobre os conhecimentos profissionais desse professor. Isso vale para todo profissional e também para todos da área da educação, entretanto aqui desejo levantar as questões acerca da postura do professor de arte.

Apesar de não ser o foco desta pesquisa é importante pensar em discussões futuras sobre o saber pedagógico e o especializado nesta área e a pergunta pode ser expressa assim: Como se processa o conhecimento sobre o ensino e para o ensino de Arte? Essa pergunta é geral e pode ser especificada em como é que o professor aprende para o ensino de Arte? Dessa maneira, podemos perceber que ao traçar o perfil dos professores de Arte, temos ideia da consciência crítica sobre nós professores e sobre o que fazemos, bem como sobre o que entendemos como conhecimento profissional numa

relação do, sobre e para o ensino, sem que haja desencontros entre professor e conhecimento. Assim se revela a identidade desse profissional que saberá quem é, o que faz e como faz o que escolheu fazer, levando em consideração que não sabe tudo, mas que é necessário estar atento às inovações.

Outro ponto a observar é que o educador é um profissional que tem como dever compartilhar os saberes que lhe são pertinentes e em sua jornada vai refletindo sobre o processo de ensino, apropriando-se desses saberes e entendendo que conhecer é aprender e que todo aprender está ligado ao desenvolvimento cognitivo e emocional para fazer sentido para toda a vida. Assim se revela a identidade do que tem o prazer de ser e estar professor.

O conhecimento não é estático, é prático, e o que chamamos de prático são os fazeres do conhecimento, o que é feito a partir daquilo que está sendo teorizado. É um modo de fazer sem ser uma receita que nos direciona, trazendo a possibilidade de buscar conteúdo e formas, as várias maneiras de ser, estar e fazer. Esta prática, no contexto escolar, como define Nóvoa, “são as normas e técnicas derivadas do conhecimento científico, relação qual se constitui a formação e desenvolvimento das capacidades e atitudes profissionais docentes” (1997, p.108).

Na esfera social, Lefebvre (1995, p.69) traz que o conhecimento do professor está relacionado à sua matéria, neste caso, o que um Arte – educador sabe sobre Arte e educação, e mais o que sabe sobre ser educador. Debruçando sobre esse ponto, Pimenta (1998) atenta para um conhecimento sobre e para o ensino, levando sempre em consideração os saberes da docência que envolvem experiência do professor, neste caso, de Arte, nos seus lugares de ser professor, em seus idiomas, seja nas Artes Plásticas, Cênicas, Música e Dança, e também o saber científico, sobre qual linha de pensamento esse Arte – educador perpassa, quais são as ideias que lhe aproximam, seja de um pensamento mais liberal, modernista ou não. Não importa, ele deve ter isso bem definido, pois ainda estamos falando de identidade.

Importante é o saber pedagógico, revelando como os saberes da Arte são transmitidos enquanto saberes que se ensinam e se aprendem. É em concordância com esse pensamento que se discursa sobre os saberes da docência.

Uma professora de Arte, habilitada em Artes Cênicas, por exemplo, não pode dizer que não entende as outras linguagens porque é especialista em apenas uma, mas deve lembrar-se que é especialista em Arte e que estudou com mais ênfase uma

linguagem específica. Seu papel como professora é levar o aluno a conhecer, aprender sobre e apreciar Arte, a fim de que venha a reconhecer sua identidade cultural, de seu povo, de seu país, de sua época, da sua condição humana. Sabendo e praticando isso, certamente o aluno terá a oportunidade de, ao vivenciar as aulas, apreciar cada linguagem artística. Talvez com uma pitada a mais nessa ou noutra linguagem, por causa da especialização de quem lhe ensina, mas é preciso garantir que, de maneira alguma, seja negada ao aluno a apreciação a partir da vivência nas outras linguagens.

A maneira com que o professor compreende as ideias postas é sua prática e essa faz parte de sua aprendizagem efetiva, assim como o professor, ao assumir uma postura reflexiva, renova seu conhecimento e busca em sua experiência e reflexão, entendendo suas condições e conhecendo bem seus objetivos, combinando, adaptando, criando com meios de ensino, situações didáticas que convenham aos seus alunos e à forma como avança no programa.

Outro ponto é saber onde e como o professor está inserido no local de trabalho, palco de suas ações pedagógicas, e como isso influencia nessas ações. Nem sempre tem material para pintar, recortar, colar, esculpir, instalar, nem sempre haverá espaço físico suficiente para dançar, atuar, correr. Muitas vezes sua aula vai fazer tanto barulho que irá incomodar os vizinhos de sala.

É importante ser a voz para que essas coisas funcionem, mas no agora, no hoje é importante que o professor sinta-se parte integrante da realidade escolar, pois a vivência do professor com a realidade escolar, bem como sua história de vida e prática pedagógica propiciam mais experiência, integralizando o ser e o estar professor.

Na maioria das vezes, as inovações que partem das políticas públicas não estão direcionadas especificamente ao ensino de Arte, cabendo ao professor de Arte não se isolar dos seus colegas profissionais da educação, a fim de encontrar os caminhos para sua contribuição nesse processo.

O conhecimento profissional e prático está ligado ao campo do conhecimento epistemológico, pedagógico, didático e da experiência e está acessível àqueles que se embrenham pelo caminho das possibilidades, se preocupando com uma educação de qualidade. Esse não deve ser mérito do professor de Arte, mas de todo profissional envolvido com a Educação.

A necessidade de formação continuada é palavra de ordem em todas as esferas profissionais. Não se fala em profissional sem se falar em atualização e, no setor educacional, não é diferente, além de ser extremamente necessário.

Para que os professores de Arte possam desenvolver melhor seu trabalho, de maneira que atinjam os objetivos propostos nas expectativas de aprendizagem em sua disciplina, também se faz necessária formação específica para desenvolvimento das atividades, como nas previstas no livro Ensino de Arte nas séries iniciais – Ciclo I , seja para os que atuam ou não com ciclo I, pois acredito na socialização de conhecimentos para que não haja fragmentação e descontinuidade.

A sociedade é mutável, o aluno não é mais o mesmo, então o professor também não pode ser. Há um resgate cultural, mas também há uma cultura atual, mesmo que seja a de outro olhar sobre o mesmo objeto outrora visto.

Diante das observações feitas até agora em documentos, programas e projetos relacionados ao ensino de Arte para o aluno em processo de alfabetização, atestados pela literatura pertinente, podemos entender que há algumas dúvidas conceituais sobre a Arte e seu ensino, na realidade de professores brasileiros, muitas vezes como resultado da má interpretação de algumas teorias ou do atraso em se posicionar em relação às mudanças que ocorreram no ensino de Arte no decorrer dos anos.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

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