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O nível de energia a ser considerado na dieta é o ponto de partida na formulação de rações para as aves, pois além do alto custo na produção, é um fator determinante para produção de ovos, além da manutenção na integridade corporal e produção de calor.

Se houver um aumento no consumo de proteína e aminoácidos, não acompanhado pelo consumo correto de energia, haverá um comprometimento no desempenho dos animais (Leeson & Summers, 2001b). Embora, a ambiência das instalações também seja um fator fundamental e que influencia no consumo de ração e no bem-estar dos animais, podendo ocasionar assim sérias perdas econômicas e metabólicas nas criações comerciais.

A energia aproveitada pelo animal é particionada em quatro frações: energia bruta, proveniente da queima total dos alimentos, energia digestível, como sendo a EB retirando a energia contida nas fezes, a energia metabolizável, se retirarmos a energia das fezes, urina e gases, e a energia líquida, se além dessas excretas, for subtraída a energia perdida no incremento calórico que ocorre no metabolismo geral dos nutrientes.

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Para as aves, a medida utilizada geralmente é a energia metabolizável, uma propriedade nutricional estratégica em sistemas de criações em que se utiliza alimentação à vontade, pois o consumo alimentar é regulado principalmente pela densidade calórica da ração, podendo determinar a eficiência produtiva e econômica da atividade (Moura et al., 2008).

Para poedeiras, os níveis de energia metabolizável podem variar bastante, principalmente, na fase de produção. Segundo Chwalibog (1992), poedeiras alimentadas à vontade apresentam um consumo energético até 10% acima do que realmente necessitam.

Contudo, em situações de avaliação experimental de exigências nutricionais, o consumo de ração à vontade para tentar minimizar o estresse, que pode comprometer o desempenho e a qualidade dos ovos, pois esses animais tem o hábito de se alimentarem constantemente. No entanto, é necessário o acompanhamento periódico do consumo de ração e da produção para que a conversão alimentar desses animais esteja adequada à dieta que está sendo ofertada, não comprometendo os resultados da pesquisa.

Sabe-se que o consumo de alimento nas aves é influenciado pela densidade energética da dieta. No entanto, a regulação desse consumo não é proporcional quando esses animais estão alojados sob altas temperaturas (Muirhead, 1993).

Faria & Santos (2005) afirmaram que a exigência de energia fica condicionada a fatores como peso corporal, ganho de peso, composição corporal e do ovo, eficiência de utilização dos nutrientes para deposição nos tecidos, além da sensação térmica encontrada dentro dos galpões. Sakomura et al. (2005a) confirmaram que as exigências de energia metabolizável das poedeiras comerciais dependem, também, da temperatura ambiental.

Em uma situação de estresse por calor, comum em regiões tropicais, pode ocorrer uniformidade insatisfatória do lote, principalmente, se além da densidade energética das rações, o bem-estar animal não estiver sendo favorecido, pois são dois fatores que influenciam diretamente nas características produtivas do lote.

A principal característica que pode ser alterada em um lote desuniforme de aves de reposição é a variabilidade na idade ao primeiro ovo e, portanto, no consumo de alimento, além de afetar o cálculo na porcentagem de produção, pois não refletirá o número real de aves que estão em postura (Leeson & Summers, 1997).

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As aves, nestas condições, podem aumentar a exigência em determinados aminoácidos para a síntese de proteínas específicas, e as interações entre os aminoácidos, tais como arginina e metionina, provavelmente diferem daqueles submetidos a temperaturas mais amenas.

Vale ressaltar que o incremento de calor produzido pelo metabolismo de proteínas é bem mais elevado que o de carboidratos, que por sua vez é maior do que o da gordura (Pond et al., 2005). Por isso, é recomendável o aumento dos níveis de energia na dieta através da inclusão de óleo, podendo reduzir o nível de proteína, em situações de estresse por calor (Leeson & Summers, 1997).

Em contrapartida, Usayran et al. (2001) não encontraram qualquer relação entre a temperatura ambiente e os níveis de óleo na dieta alimentar de poedeiras comerciais. No entanto, de acordo com Almeida et al. (2012), em situações de estresse por calor, elevar os níveis calóricos da dieta de poedeiras comerciais com a inclusão de óleo, pode compensar a redução na ingestão de nutrientes e suprir as necessidades de energia.

O Brasil apresenta predominantemente um clima tropical, com temperaturas, geralmente, acima do recomendado para a produção de aves comerciais. Como a maioria dos galpões, utilizados para criação de poedeiras comerciais, são abertos, a sensação térmica para o lote tende a ser amenizada, já que há ventilação, favorecendo a dissipação de calor, de umidade e dos gases.

Sabe-se que essas elevadas temperaturas ambientais são encontradas, principalmente, na região nordeste do Brasil e afetam negativamente o desempenho das aves, pois reduz o consumo de ração, e consequentemente, o ganho de peso, comprometendo a eficiência alimentar, caso não sejam feitos os ajustes nutricionais necessários na dieta.

De acordo com Bunchasak & Silapasorn (2005), isso também pode ocasionar aumento da gordura abdominal, diminuição do peso dos ovos, além de reduzir a qualidade da casca do ovo.

Segundo Gunawardana et al. (2009), a literatura é muito limitada sobre o efeito da energia ofertada na dieta sobre o desempenho, composição, sólidos totais e qualidade dos ovos, principalmente em situações de estresse por calor.

Apesar dessa afirmação, sabe-se que um dos distúrbios metabólicos mais evidentes em poedeiras submetidas ao estresse por calor é a alcalose respiratória. Esse

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processo é desencadeado devido ao aumento da frequência respiratória, gerando uma hiperventilação e redução nos níveis de dióxido de carbono no sangue. Esse fenômeno influencia o equilíbrio eletrolítico do organismo, resultando na produção de ovos pequenos e de casca fina (Carvalho et al. 2012b).

Aliado a isto, o aumento no consumo de água provoca um aumento na excreção de íons de bicarbonato (HCO3-), que são elementos fundamentais para a formação do carbonato de cálcio (CaCO3) que compõe a casca dos ovos. Portanto, o déficit desse composto no organismo da ave provoca redução na espessura da casca, sendo encontrada maior quantidade de ovos com casca fina ou quebradiça no lote.

Não há dúvidas que o fornecimento de dietas balanceadas promova o máximo desempenho das aves de postura comercial, possibilitando ao setor de produção de ovos atingir seu principal objetivo, oferecer proteína animal de alta qualidade com menor custo de produção e melhor desempenho produtivo das aves (Carvalho, 2012a).

Dados recentes mostram que a temperatura ambiental, bem como o nível de energia metabolizável a ser considerado nas dietas das aves pode comprometer, quantitativamente e qualitativamente, o desempenho de poedeiras, leves e semipesadas (Costa et al., 2004).

Uma ferramenta que auxilia o estudo da nutrição e leva em consideração os mais diversos fatores que podem afetar o desenvolvimento das aves de postura, são as equações de predição.

Penz (1995) diz que a utilização de modelos matemáticos para estimar as exigências nutricionais pode solucionar diversos desequilíbrios nutricionais das rações, uma vez que as dietas são formuladas para atender determinadas quantidades de nutrientes.

Silva (1995) afirma que além da influência da linhagem nas exigências nutricionais das frangas de postura, também há variação de acordo com o estádio de crescimento das aves, pois cada período possui objetivos distintos, tais como formação óssea e muscular, empenamento e formação do aparelho reprodutor, implicando em exigências nutricionais diferentes para cada fase de crescimento.

De acordo com Sakomura et al. (2005b), a determinação das exigências nutricionais das aves pode ser feita pelo método fatorial, que consiste em estimar os requerimento nutricionais através de modelos matemáticos, considerando a somatória

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das necessidades para mantença, crescimento e produção, constituindo uma equação. Contudo, antes de indicar o uso das equações de predição a nível prático, é importante testar seu padrão de resposta nos animais.

Sakomura et al. (2004) avaliando equações de predição para frangas na idade de 3 a 8 semanas, observaram que apenas as aves alimentadas à vontade apresentaram uniformidade satisfatória pouco superior ao recomendado pelo manual de criação da linhagem. Os mesmos autores também afirmaram que as aves consumindo energia e proteína um pouco acima da exigência, apresentaram carcaças mais magras às 20 semanas de idade, e que as equações testadas para predizer o consumo de energia metabolizável em frangas de reposição não proporcionaram bons resultados.

Sabe-se que a relação entre produção de calor e a temperatura interna dos aviários não é linear, uma vez que, em condições de estresse calórico, as exigências energéticas das aves são elevadas para se iniciar a perda de calor por evaporação respiratória (Rutz, 1996). Logo, é imprescindível a incorporação de fatores de correção para temperatura nas equações de predição das exigências energéticas, uma vez que esta variável tem efeito direto sobre a exigência de EM para mantença (Pesti et al., 1992).

Harms et al. (2000) afirmaram que a eficiência de utilização da energia pela poedeira é inerente, também as características genéticas da ave. Assim, há dificuldade em estimar, nas equações de predição, o consumo de energia sem levar em consideração os fatores tais como: as condições de temperatura, o peso dos animais, além da interrelação com os outros nutrientes, os aminoácidos, por exemplo.

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