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Considera-se como propriedade rural toda área de terreno pertencente à zona rural de propriedade privada. As atividades mais desenvolvidas nas mesmas são a agricultura e a pecuária. Dependendo da destinação e da área ocupada, a propriedade rural tem várias denominações que variam conforme a região.

Hoje, o grande desafio enfrentado em relação à produção agropecuária é manter um equilíbrio sadio entre crescimento sócio-econômico e proteção ambiental, levando em

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consideração a necessidade da produção de alimentos e insumos em larga escala e o equilíbrio ecológico.

Em 1987, os delegados da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento tiveram de admitir a urgência na adoção de mudanças importantes na política agrícola, ambiental e macroeconômica – tanto em nível nacional como internacional – visando criar condições que possibilitem uma agricultura e um desenvolvimento rural viáveis localmente e num contexto de equilíbrio técnico, econômico, social e ambiental [...] (DAROLT apud CERVEIRA, 2002, p. 01).

Diante deste cenário, insere-se a questão energética na propriedade rural, elemento de extrema importância por promover desenvolvimento e renda.

O desenvolvimento rural sustentável está presente como um dos temas centrais das agendas políticas dos governos dos países em desenvolvimento, pois é entendido universalmente como um dos meios mais adequados de se alcançar o crescimento econômico.

Porém os programas de eletrificação rural, que tradicionalmente são implementados, têm se mostrado restritos e excludentes, atendendo principalmente aos produtores de médio e grande porte e deixando às escuras as propriedades de menor porte (RIBEIRO, 2008).

Nunca foi fácil introduzir, onde quer que seja, formas inovadoras e criativas de agir e de pensar. É mais difícil ainda passar da agenda à ação. O conceito de

“desenvolvimento sustentável” é inteiramente novo, e sua prática, ainda controvertida e discutível. Aplicar à realidade local os princípios abstratos da Agenda 21 tem sido um grande desafio político, que exige ousadia, convicção e persistência (CAMARGO apud RIBEIRO, 2008, p. 02).

O gerenciamento das matrizes energéticas dentro da propriedade rural transcende a eletrificação, é antes, um aspecto indispensável para propriedades que buscam modelos de desenvolvimento mais sustentáveis, tendo em vista que discussões recentes também demonstram a preocupação relativa à sustentabilidade energética como sendo uma das questões presentes no debate atual sobre a agricultura (BITTENCOURT, 2005).

Dentre os desafios colocados pela sociedade aos sistemas de produção agropecuária, estão incluídos os relacionados à necessidade de produção de alimentos e outras matérias-primas em quantidade e qualidade adequadas. Também, exige-se que essa produção não contamine o meio ambiente nem utilize os recursos naturais de maneira irresponsável, além

de levar em consideração os aspectos relacionados à eqüidade social (BITTENCOURT, 2005).

Portanto, exige-se que seja estabelecido um padrão de tecnologia sustentável ao longo do tempo.

Dentre as propriedades rurais, existe um universo ainda inexplorado, em sua grande maioria, em relação ao aproveitamento e à integração das fontes energéticas renováveis disponíveis. É importante aproveitar as fontes disponíveis dentro da propriedade criando uma integração das mesmas, pois, dessa forma, há um aumento na eficiência de aproveitamento dentro dos recursos disponíveis.

Pode-se dizer que a matriz energética em uma propriedade rural é compreendida por diferentes elementos, que são classificados e divididos em três grandes grupos. O primeiro é o das fontes e corresponde à origem da energia dentro da propriedade; o segundo são os modelos e tecnologias de processamento de energia e o terceiro é o grupo dos sistemas de conservação de energia (BITTENCOURT, 2005).

As fontes renováveis de energia mostram-se como uma alternativa interessante para minimizar o problema do suprimento energético, principalmente em locais remotos onde as dificuldades de distribuição das linhas de eletrificação e o baixo consumo, sobretudo no aspecto econômico, tornam inviável a distribuição de energia elétrica.

Além da importância da utilização de fontes renováveis para produção de energia elétrica dentro das propriedades, também há de se prestar atenção ao gasto energético para obtenção do produto dentro da propriedade rural, para que se alcance a sustentabilidade.

Quanto menores forem as perdas energéticas, mais eficiente e sustentável é o processo.

Entre os elementos consumidores de energia na propriedade rural, podem-se listar:

iluminação, beneficiamento e conservação de alimentos, agroindústria, aquecimento, trabalho e lazer.

Diversos trabalhos têm sido desenvolvidos visando ao dimensionamento de recursos energéticos renováveis isolados ou integrados. Dimensionamento de sistemas energéticos híbridos solar e eólico, com ênfase no custo e/ou desempenho do sistema, foram apresentados por BEYER & LANGER (1996), PROTOGEROPOULOS et al. (1997) e CELIK (2003).

Modelos de otimização de sistemas utilizando programação linear foram propostos por RAMAKUMAR et al. (1986), KHELLA (1997) e CORMIO et al. (2003). Cálculos probabilísticos envolvendo a probabilidade de perda de fornecimento de energia à carga foram utilizados por BOROWY & SALAMEH (1996) e OFRY & BRAUNSTEIN (1983), como medida da confiabilidade do suprimento de energia. Estudos de sistemas integrados, em

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que diferentes fontes energéticas são combinadas, foram realizados por ROZAKIS et al.

(1997), BASSAM (2001) e NAKATA et al. (2005) (NOGUEIRA; ZÜRN, 2005).

Para um dimensionamento energético seguro, é necessário analisar as condições dos recursos energéticos de cada local em particular, de modo a se estabelecer uma base de dados confiáveis. As características individuais de cada local, em termos da disponibilidade dos recursos naturais e da demanda de energia elétrica, vão determinar quais as melhores fontes a serem utilizadas na propriedade.

Outra vantagem importante oferecida pela exploração dos recursos energéticos locais é a produção de pequenos blocos de energia através de fontes renováveis, tais como pequenas centrais hidrelétricas

(

PCHS

)

, geradores eólicos, células combustíveis, células fotovoltaicas, etc.

Também o proprietário, além de gerar energia para o consumo próprio, pode vender a energia gerada excedente, tornando-se, assim, a geração de energia uma fonte de recursos financeiros na propriedade.

O aproveitamento de energia, obtida através da transformação direta de recursos naturais, como a força do vento, a energia hidráulica, a biomassa e a energia solar são uma importante opção na atual conjuntura mundial onde a crescente demanda global por energia e a importância do impacto das políticas energéticas sobre a sociedade e o meio ambiente forçam a opção por fontes de energia que possam abastecer a demanda de forma eficiente e não agridam o meio ambiente, formando assim a base para um desenvolvimento sustentável.

Outro fator que deve ser levado em consideração é que a pobreza em áreas rurais impede o acesso à eletricidade que está associada à comunicação moderna e à tecnologia da informação, reprimindo também a aplicação produtiva da energia, especialmente nos setores secundário e terciário de incremento de valor agregado aos insumos produzidos.

O acesso à energia elétrica pode ser considerado fator fundamental para a aceleração do desenvolvimento de áreas rurais na agricultura, inclusive com eletricidade para o bombeamento de água, irrigação, substituição das fontes de energia mais caras e qualitativamente inferiores, para a melhoria do padrão de vida da população rural mais carente e para a diminuição da migração das áreas rurais para as áreas urbanas.

Assim, a conversão dos recursos naturais locais em energia elétrica é cada dia mais cotada como meio de substituição aos métodos convencionais de geração de eletricidade, pois, na época atual, em que problemas ambientais se agravam e as matérias primas se esgotam, torna-se insustentável a exploração continuada dos combustíveis fósseis.

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