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A utilização persistente das energias fósseis só pode agravar as desigualdades sociais entre Norte e Sul.

O produto nacional Bruto na maior parte dos países do Sul, desprovidos de reservas energéticas convencionais, é quinze a vinte e cinco vezes inferior ao dos países do Norte. O encargo que representa para as suas economias a importação de energia fóssil é dez a vinte e cinco vezes maior. Numerosos países do Sul já gastam mais com as suas importações de petróleo do que obtêm com todas as suas exportações. Em 2006, os aumentos dos preços das importações de petróleo elevaram-se a mais de 100 mil milhões de dólares, correspondentes a 140% da ajuda ao desenvolvimento fornecida por todos os Estados industrializados. A estratégia de desenvolvimento económico mais coerente para os países do Sul reside pois no recurso ás energias renováveis locais.

Um sistema eléctrico é oneroso sobretudo por causa das infra-estruturas da sua rede. Em muitos países do hemisfério sul a construção de grandes centrais eléctricas só tornou possível fornecer electricidade ás grandes cidades, apesar de a maioria dos habitantes viver nas zonas rurais, tendo isso contribuído para aumentar a migração para os bairros de lata.

Será preciso, pelo contrário, fornecer ás populações a energia de que necessitam nas zonas onde se encontram. Mas isso pressupõe renunciar a infra-estruturas em rede concebidas em grande escala – sendo pois necessário recorrer ás energias renováveis produzidas regional ou localmente, e por isso mesmo capazes de satisfazer a procura.

As tecnologias das grandes centrais energéticas dependem de uns quantos países industriais dominantes, situados no Norte. Na sua maioria, as técnicas de utilização das energias renováveis (centrais solares, instalações para biogás e eólicas) têm um grau de complexidade tecnológica muito menor, sendo por isso muito mais fáceis de utilizar pelos países de Sul para a sua própria produção.

Além disso, a construção de poderosas centrais de energias nuclear e fósseis, tais como as refinarias, com infra-estruturas indispensáveis, induz uma terrível perda de tempo, o mesmo se passando com as centrais hidroeléctricas instaladas nas barragens. Graças ás diversas formas de utilização das energias renováveis (eólica, biomassa, solar), numerosas instalações descentralizadas podem rapidamente entrar em funcionamento. Uma eólica instala-se numa semana, uma central térmica exige entre cinco a quinze anos. As urgentes necessidades energéticas dos países de Sul só poderão ser cobertas a curto prazo pelas energias limpas, podendo ser financiadas através de diversos procedimentos independentes dos grandes bancos.

Nos países industrializados, a reconversão ás energias renováveis passa pela destruição maciça do capital representado pelos sistemas energéticos convencionais. É um problema inexistente nos países de Sul, que não dispõem de um sistema de abastecimento energético moderno. Nestes países é pois mais fácil basear desde o inicio o seu desenvolvimento energético nas energias renováveis.

Na imagem que se segue está representada uma previsão possível para o futuro mundial das seis fileiras em 2020.

Breve abordagem das Energias no Mundo

Na Alemanha, o governo estabeleceu um aumento dos incentivos de 92 para 125 euros por m2 de superfície colectora instalada, o que teve como consequência imediata o relançamento do mercado em 2003. Comparativamente com a China, os números europeus são modestos. Em 2000 existiam na China 26 milhões de m2 de colectores solares e mil fabricantes de componentes e sistemas e a meta do governo chinês para 2005 foi de 65 milhões de m2.

Os colectores concentradores constituem uma importante tecnologia para a produção de energia eléctrica e a meta mundial prevê a instalação de 100 mil MW até ao ano 2025.

Algumas projecções económicas prevêem a viabilidade de construção de centrais deste tipo na Grécia, Itália, Portugal, Áustria, Brasil, Libéria, Tunísia e China, o que representará um potencial mundial de 100 mil MW de produção eléctrica nos próximos 25 anos.

Os preços de fábrica para os módulos FV variam entre 2 e 3 dólares por watt pico, e os sistemas operacionais completos podem ascender, nos Estados Unidos, a valores entre 5 e 7 dólares/Watt, dependendo da dimensão dos sistemas, e sem subsidio. A tecnologia fotovoltaica associada à eficiência energética e à arquitectura bioclimática, integrada na rede eléctrica pode constituir um contributo substancial para as necessidades energéticas mundiais.

A primeira central de energia eléctrica geotérmica, de 250 kWe de capacidade, foi ali construída em 1913 e em 1914 já fornecia energia eléctrica à indústria química e a centros urbanos na região da Toscânia. Actualmente o campo geotérmico de Larderello produz 400 MWe de potência eléctrica.

Francisco (Califórnia), em 1960, se voltou a considerar a exploração deste recurso, se bem que este esteja presente em muitos países.

Figura 4.4 – Produção Mundial de electricidade de origem Geotérmica

A última estimativa (2002), da capacidade mundial instalada em energia geotérmica foi de 8 000 MWe correspondendo a uma produção de 50 000 GWHe / ano proporcionando uma economia de 12,5 milhões de toneladas de petróleo por ano.

Figura 4.5 – Produção Mundial de calor de origem Geotérmica

No mesmo período, uso directo da energia geotérmica (calor), a nível mundial, foi estimado em 15 200 MWt proporcionando 53 mil GWht nesse ano, o que corresponde a 15,5 Milhões de toneladas de petróleo por ano.

As utilizações finais do uso directo da energia geotérmica são muitos, entre elas se incluem o aquecimento ambiente, o aquecimento de água para uso doméstico e nos serviços,

aquecimento de estufas, de instalações pecuárias e aquicultura, secagem de produtos agrícolas e climatização ambiente através de ciclos de absorção.

A dimensão do recurso geotérmico, em energia térmica nos 10 km superiores da crusta terrestre, segundo o Departamento de Energia dos EUA, equivale a 50 mil vezes a energia de todos os recursos de petróleo e gás natural conhecidos.

Projecções razoáveis sugerem que se poderá alcançar pelo menos 10% de crescimento ao ano nas aplicações de energia geotérmica até 2010.

As Filipinas possuem a maior proporção de energia eléctrica produzida por via geotérmica (27% em 2002) na oferta nacional de energia eléctrica e pretende converter-se no primeiro produtor de energia eléctrica geotérmica a nível mundial.

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Portugal

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Produção em 2005 Objectivo

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