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2.4.2 Práticas/Abordagens Transversais às Principais Áreas

2.4.2.8 Engenharia de Requisitos pela Gestão da Interacção entre os Requisitos

Um tópico de crescente importância da engenharia de requisitos é a denominada “gestão da interacção dos requisitos” e Robinson et al (2003) definem-no como um conjunto de actividades que visam a descoberta, análise, gestão e apresentação das relações críticas ou dependências, entre conjuntos de requisitos, para uma correcta determinação dos requisitos. Embora seja um termo recente, a engenharia de requisitos já reconhece há muito que os tópicos e questões que cobrem a gestão da interacção dos requisitos são cruciais para obter uma boa especificação de requisitos.

Segundo Robinson et al (2003), a gestão da interacção dos requisitos permite analisar até que grau um sistema consegue satisfazer, simultaneamente, múltiplos requisitos, uma vez que um sistema tem vários componentes e cada componente tem vários requisitos, os quais interagem entre si e com o ambiente (tema já abordado no ponto

2.3.3.4 Interacção dos Requisitos). As actividades geridas no âmbito do ciclo-de-vida da gestão da interacção dos requisitos são ilustradas na Figura 5, a qual foi derivada por estes autores, do seu modelo de negociação automatizada, criado a partir de uma revisão de ferramentas e teorias (Robinson e Volkov, 1998).

Figura 5 - Actividades do ciclo-de-vida da gestão da interacção de requisitos (Fonte: Derivado por Robinson et al, 2003)

Partição dos Requisitos

R R Identificação da Interacção Conflito Evidência da Interacção Conflito R R Geração da Resolução Selecção da Resolução Actualização de Requisitos

Mais especificamente, a descrição começa com os requisitos não estruturados, os quais são “particionados” pelos analistas. Este particionamento procura centrar a análise de interacção em sub-conjuntos controláveis de requisitos, facto que se revela importante, pois a análise pode envolver computação sigificativa. Seguidamente, a “identificação da interacção” entre os requisitos pode reconhecer conflitos que os analistas devem tratar, de acordo com a sua classificação (positiva ou negativa). Depois, durante a “evidência da interacção”, considera-se apenas um sub-conjunto de interacções de cada vez. A “geração da resolução” fornece caminhos alternativos para resolver cada conflito. Finalmente, a “selecção da resolução” determina quais as resoluções que se vão tornar pedidos de alteração para a “actualização” do documento de requisitos.

A gestão da interacção dos requisitos preocupa-se com a estratégia de aplicação destas actividades para identificar, analisar, monitorizar, documentar, comunicar e alterar as interacções de requisitos. As actividades podem ser aplicadas durante um processo definido, ou posteriormente, podem envolver a utilização de ferramentas e técnicas especiais e podem ser conduzidas apenas por analistas, ou por analistas e outros

stakeholders. As abordagens tradicionais, como o ciclo de vida clássico de software,

sugerem verificar e resolver interacções depois de qualquer alteração substancial ao documento, especialmente após uma fase do ciclo de vida (Boehm, 1998).

Métodos e Ferramentas

As várias actividades do ciclo podem ser conduzidas de acordo com vários métodos, tendo Robinson et al (2003) identificado, para as acções chave, os seguintes:

Métodos de detecção da interacção: baseados em classificação; baseados em padrões; planeamento de actividades; análise de cenários; métodos formais; monitorização em tempo real;

Métodos de resolução do conflito: redução (generalização, extensão do intervalo de valores); refinamento (especialização); compromisso; reestruturação (reforço, replaneamento); outros (protelar, abandonar).

As ferramentas CASE são apropriadas para verificar a consistência, uma vez que muitas suportam a rastreabilidade das anotações do documento, actualizando o estado de um

documento anotado, sempre que passa de uma actividade para outra. No entanto, estas ferramentas têm sido bem sucedidas para modelar e codificar, mas menos bem sucedidas na análise de requisitos.

2.5 Problemas Associados à Determinação de Requisitos com Impacto

no Sucesso de um PDSI

Gerir a determinação de requisitos é um dos aspectos mais difíceis de um PDSI. A natureza desordenada e não linear da determinação dos requisitos é bem conhecida dos investigadores e profissionais de SI. Entender o porquê da dificuldade da actividade de determinação dos requisitos nas organizações e desenvolver caminhos para melhorar o processo e os seus resultados, é um desafio constante para ambos os grupos (Davidson, 2002).

Nuseibeh e Easterbrook (2000) apresentam algumas dificuldades inerentes ao processo de engenharia de requisitos, as quais, não sendo devidamente tratadas, podem tornar-se riscos para o sucesso de todo o PDSI:

Os stakeholders podem ser numerosos e heterogéneos;

Os seus objectivos podem variar e entrar em conflito, dependendo das suas perspectivas acerca do contexto no qual trabalham e das tarefas que esperam desempenhar;

Esses objectivos podem não ser muito explícitos ou difíceis de articular, ficando o alcance dos mesmos dependente de um conjunto de factores fora do seu controlo.

No ponto 2.3.1 Determinação de Requisitos como Factor de Sucesso de um PDSI, apresentaram-se os dois assuntos que, também ao longo dos capítulos seguintes, se evidenciam como chave para o sucesso da determinação de requisitos e, consequentemente, potenciadores de sucesso do PDSI e que são:

 2.3.1.1 Importância dos Requisitos Claros, Correctos e Completos – foi referido,

na literatura revista, que estabelecer o correcto e completo conteúdo (conjunto de requisitos) do SI é um factor importante para o alcance do sucesso de um

PDSI, nomeadamente para o cumprimento da já apresentada métrica de sucesso (ponto 2.2.4.2 Medidas de Sucesso de um PDSI): “Funcionalidades do sistema, completas e instaladas, de acordo com o âmbito do projecto contratado”;

 2.3.1.2 Impacto de Erros nos Requisitos – foi referido, na literatura revista, que evitar ou corrigir erros nos requisitos, numa fase inicial é um factor importante para o alcance do sucesso de um PDSI, nomeadamente para o cumprimento das já apresentadas métricas de sucesso (ponto 2.2.4.2 Medidas de Sucesso de um PDSI): “Custo do projecto dentro do orçamentado” e “Fim do projecto dentro do prazo planeado”.

Os problemas recolhidos na literatura e apresentados neste capítulo, de alguma forma, revelaram ter impacto nestes assuntos, sendo assim merecedores de atenção e tratamento, que potencie o aumento da probabilidade de sucesso do PDSI. A determinação de requisitos é uma actividade realizada ao longo de todo o PDSI, tendo- se apresentado as suas preocupações e actividades (no ponto 2.4.1 Principais Áreas de Actuação, Técnicas e Métodos), nas várias áreas da engenharia de requisitos.

Os problemas recolhidos ocorrem numa ou várias áreas da engenharia de requisitos, ou transversalmente ao PDSI. Serão apresentados na área da engenharia de requisitos na qual se apresentaram mais influentes (conforme Figura 6), não obstante a sua importância e necessidade de atenção noutras áreas.

Figura 6 - Principais problemas associados à determinação de requisitos, nas áreas de actuação (Fonte: desenvolvido pela autora, com base na bibliografia revista)

Qualidade da documentação e rastreabilidade Detecção e resolução de conflitos Validação empírica Consenso dos stakeholders Compreensão: o Objectivos o Domínio do sistema o Tarefas do utilizador o Contexto organizacional Existência de incerteza Obstáculos de comunicação Fraca participação utilizador Habilidade do analista

Tratamento de alterações Evolução de Requisitos Comunicação de Requisitos Validação de Requisitos Modelação e Análise de Requisitos Levantamento de Requisitos Controlo do PDSI

Todas estas dificuldades são envolvidas por um conjunto de questões de contexto, incluindo questões contratuais e de aquisição, e pelo facto de o ambiente político e social, no qual é introduzido um novo sistema, alterar a natureza do trabalho e as próprias organizações.

2.5.1 Levantamento, Modelação e Análise de Requisitos