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II – INDÚSTRIAS DO TURISMO E DO VINHO

III. ENOTURISMO NO MUNDO E EM PORTUGAL 1 Introdução

III.2. ENOTURISMO NO DISTRITO DE ÉVORA

De acordo com Saramago (2007), o distrito de Évora corresponde ao Alentejo Central, abrange uma área de 7.227 Km2, é constituído por 14 municípios e conta com uma população de 180.000 habitantes (Figura 5.): Alandroal, Arraiolos, Borba, Estremoz, Évora, Montemor-o-Novo, Mora, Mourão, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vendas Novas, Viana do Alentejo e Vila Viçosa.

 

 

Figura 5. Mapas- Alentejo Central e Concelhos do Distrito de Évora Fonte: CIMAC (2012).

III.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA OFERTA

A oferta de enoturismo caracteriza-se pelo conjunto de equipamentos existentes ligados ao vinho e à vinha, nomeadamente adegas, caves, museus do vinho, rotas de vinhos, sendo nalguns casos também incluída a oferta de serviços de restauração (gastronomia, pratos típicos), lojas especializadas em vinhos, ou em produtos regionais (doçaria regional, azeite, enchidos, queijo, mel, artesanato), eventos vinícolas e de carácter eno-gastronómico e alojamento (Quadro 6.).

Concretamente na região Alentejo, as atividades ligadas ao Enoturismo estão sobretudo concentradas no distrito de Évora, atraindo mais de 60% do total dos enoturistas que visitam a região (Pina, 2009). É neste distrito que se encontram também os maiores produtores de vinho, como as adegas cooperativas de Borba, Redondo e Reguengos de Monsaraz e alguns dos produtores emblemáticos da “nova vinicultura do Alentejo” e do país, como é o caso de João Portugal Ramos, Herdade do Esporão, Adega da Cartuxa (FEA) ou Herdade das Servas.

É ainda neste distrito que está sedeada a Rota dos Vinhos do Alentejo, em crescimento nos últimos anos e que agrupa um conjunto diversificado de adegas conforme atrás mencionado e de outras atrações como a Enoteca e Museu do Vinho do Redondo e o Museu da Vinha e do Vinho de Reguengos.

Quadro 6. Recursos Relacionados com o Vinho no Distrito de Évora  

CATEGORIA   TIPO   Total  

Vinho                          

Adegas-­‐  Rota  dos  Vinhos  do  Alentejo  (total  65)   39   Equipamentos  relacionados  com  Enoturismo    

(Museus  do  Vinho  (2),  Enoteca,  Adega  

tradicional,  Gabinete  da  Rota  dos  Vinhos  )                            5   Produtores  de  Vinhos/  Outras  empresas  

Vinícolas     86  

Sub-­‐regiões  DOC  (do  total  de  8)   4   Confraria  dos  Enófilos  do  Alentejo,  Évora   1   Direção  Regional  de  Agricultura  do  Alentejo  

Quinta  da  Malagueira   1   SPA  de  Vinoterapia     3         Produtos  regionais   Total  de  DOP  Alentejo   12  

                                     

Produtos  Dt.  Évora  com  DOP-­‐  3/  IGP-­‐  7   10  

Azeite   10   Mel   21   Enchidos   14   Queijos   38   Outros   20   Artesãos    177  

Lojas  de  Produtos  Regionais      126  

A diversidade de adegas a visitar, privadas e familiares, cooperativas, ou ainda a Fundação Eugénio de Almeida, pela sua estrutura fundiária, com grandes extensões de vinha, desenham a paisagem como um “mar de vinha”, o que também contribui para a atratividade do destino.

De relevar ainda a oferta de lojas especializadas em vinhos, como por exemplo, a loja Louro em Évora ou a mercearia Gadanha, em Estremoz, a loja Cellar Gourmet, em Montemor; os Spa com Vinoterapia, ainda que limitada ao Hotel L’And Vineyards, e ao Hotel M’ar D’ar em Évora; dos ateliers e cursos sobre vinho e gastronomia, sejam de iniciação à prova, curso dos aromas ou mais elaborados, almoços e jantares vínicos, participação na vindima ou poda, organizado por adegas, ou por empresas de animação turística que também oferecem programas tailormade com o vinho, como os percursos por diferentes adegas; de diversos eventos populares ligados ao Vinho, à gastronomia, aos produtos da terra como a Festa da Vinha e do Vinho, em Borba, ou a Festa da Vinha, no Redondo, a Cozinha dos Ganhões, em Estremoz, o congresso das Açordas, em Portel ou a Mostra Gastronómica do Concurso de Cozinha Alentejana, em Évora ou ainda as inúmeras semanas Gastronómicas.

A oferta relevante de equipamentos de enoturismo na área em estudo encontra-se espelhada no Quadro 5., que quantifica os recursos relacionados com o Vinho no distrito de Évora (vide Apêndice 2 - 3. Recursos de Enoturismo no Distrito de Évora), muito embora a totalidade dos recursos turísticos e complementares identificados figurem nos apêndices 3 - 16 de cada concelho. De notar que a inventariação apresentada não pretende ser exaustiva, elencando apenas os recursos identificados e considerados com interesse do ponto de vista do seu potencial turístico.

Contudo, o enoturismo não é apenas vinho, vinhas, rota dos vinhos ou adegas. Como referem Hall et al. (2000c), uma das vantagens comparativas do Enoturismo nos países do “Novo Mundo” é a diversidade da oferta que integra a arquitetura do produto enoturístico. Na verdade, o vinho e a região vinícola constituem factores de atratividade, os quais não sendo únicos ou exclusivos, são parte integrante de uma oferta diversificada que inclui o património histórico e cultural, a restauração, alojamento, atividades de lazer, de turismo ativo, assim como eventos culturais ou artísticos. Por exemplo, Évora, património da humanidade pela UNESCO que é, atualmente, o principal destino turístico da região (INE, 2010), os castelos e palácios, de Vila Viçosa, Reguengos

de Monsaraz, Alandroal, ou Estremoz,Borba e os seus mármores, são “elementos” diferenciadores

da arquitetura do produto enoturístico do Alentejo. Como o são, também, o Alqueva, as históricas Pousadas de Portugal, ou ainda, os vários ranchos folclóricos e grupos de cantares presentes em todos os concelhos, os diversos eventos tanto de carácter religioso, popular ou temático, os produtos de artesanato como os tapetes de Arraiolos e mantas, peças de mobiliário pintado ou objetos de cortiça, peles e couro, a olaria do Redondo e de São Pedro do Corval, a gastronomia e os produtos alimentares regionais como o azeite, queijos, enchidos ou mel. Mas também as longas planícies, as Serras d’Ossa e do Monfurado, o lago do Alqueva, as ZPE (Zonas de Proteção Especial) e áreas Rede Natura desenham paisagem Alentejana, assim como os parques temáticos como o Fluviário de Mora e o Monte Selvagem, ou ainda as zonas de caça turística, de pesca desportiva ou centros hípicos enriquecem património natural da região.

Do inventário e da análise da oferta turística verifica-se que o distrito de Évora, como referido no PENT (2006) para a região Alentejo oferece um “misto de tranquilidade e de diversão saudável”, que fazem do Touring Cultural e Paisagístico o produto turístico prioritário para a região, distrito e sobretudo para o interior. No entanto verifica-se também o potencial de outros produtos como o turismo de natureza, ativo, náutico (ex. Marina da Amieira, no Alqueva e no Litoral), do turismo cinegético, turismo rural para além das inúmeras possibilidades de desenho de roteiros temáticos seja à medida das expectativas do cliente ou já delineadas como exemplo são da rota do fresco, do Endovélico, do mármore ou a rota dos Azeites.