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Enquadramento dos serviços de abastecimento água para consumo humano

CAPÍTULO V: EXPERIÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DE PLANOS DE

V.3. Desenvolvimento do Estudo

V.3.1. Enquadramento dos serviços de abastecimento água para consumo humano

O abastecimento de água às populações é uma actividade vital para a vida humana, como tal estes serviços são considerados de interesse geral, essenciais ao bem-estar dos cidadãos, à saúde pública, à segurança colectiva das populações às actividades económicas e à protecção do ambiente, assim o desenvolvimento económico e social do País encontra-se directa e indirectamente relacionado com o estado dos serviços de água e com a qualidade desses mesmos serviços (MAOTDR, 2007; ERSAR, 2010a).

Os serviços de abastecimento de água destinada ao consumo humano devem obedecer a um conjunto de princípios, entre os quais se destacam a universalidade de acesso, a continuidade e a qualidade de serviço, a eficiência e a equidade de preços, sendo da responsabilidade do Estado e das Autarquias locais garantir o cumprimento destes princípios e das exigências impostas pelas regras nacionais e comunitárias, sem prejuízo das entidades gestoras de água, quer sejam do sector público ou privado (MAOTDR, 2007; ERSAR, 2010a).

De acordo com o Despacho nº 2339/2007, de 14 de Fevereiro, os Governos Constitucionais têm vindo a desenvolver estratégias de forma a aproximar os padrões de qualidade e de exigência dos serviços de abastecimento de água em Portugal dos padrões dos países mais avançados da União Europeia, assim como assegurar o cumprimento das recomendações e da legislação comunitária.

Em Abril de 2000 foi aprovado o Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais 2000-2006 (PEAASAR I), sendo este um documento orientador dos objectivos e das políticas governamentais, e estratégico para a estruturação do sector de abastecimento de água e saneamento de águas residuais urbanas, tendo em consideração as questões sociais, ambientais e económicas. Um dos resultados conseguidos com o PEAASAR I foi o início da reestruturação do sector de

abastecimento de água em Portugal (MAOTDR, 2007; ERSAR, 2010a). Este Plano tinha estabelecido quatro linhas de orientação estratégicas, nomeadamente a requalificação ambiental, as soluções integradas, a qualidade do serviço e a garantia de sustentabilidade, assim, como um conjunto de pressupostos considerados essenciais para o sucesso do mesmo, tais como a obrigação do cumprimento da legislação nacional e comunitária relativa aos sistemas de abastecimento de água e à qualidade da mesma, promover a melhoria da qualidade do serviço, adopção de soluções empresariais de gestão dos sistemas de abastecimento e o estabelecimento de tarifas justas para os utentes destes serviços. A estratégia e os pressupostos presentes no PEAASAR I encontravam-se enquadrados com os objectivos delineados para o País durante o período de 2000-2006, nomeadamente assegurar o cumprimento da legislação nacional e comunitária vigente e a cobertura de 95 % da população servida com água potável no domicílio (MAOTDR, 2007).

Em 2007 foi aprovado o PEAASAR II, para o período de 2007 a 2013, através do Despacho nº 2339/2007, 14 de Fevereiro de 2007, que tem como objectivo dar continuidade ao PEAASAR I e conferir mais progressos para o sector da água, nomeadamente, a percentagem da população abastecida em Portugal, o cumprimento da legislação vigente e melhoria da qualidade do serviço, a adopção de medidas para optimização da gestão dos sistemas em “alta” e em “baixa” e para optimização do desempenho ambiental do sector.

No PEAASAR II existe igualmente uma clarificação do papel e da possível participação da iniciativa privada no sector da água, adaptada à realidade portuguesa, assim como visa a minimização das ineficiências dos sistemas e a racionalização dos custos, estabelece os modelos de financiamento e as linhas de orientação da política tarifária e define a reformulação do enquadramento e do modelo regulatório necessário à sua maior eficácia. A concepção do Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais, para o período 2007-2013, teve em consideração outras estratégias existentes e relevantes para este Plano, pelo que existe uma forte ligação e articulação entre o PEAASAR II e outras políticas, estratégias e regulamentos nacionais e comunitários em vigor, de forma a maximizar os efeitos e não existirem contradições, como por exemplo:

• Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável “ENDS 2015” (RCM n.º 109/2007, de 20 de Agosto);

• Lei da Água (Lei nº 58/2005, de 29 de Dezembro);

• Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos (Lei nº 54/2005 de 15 de Novembro);

• Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (RCM n.º 113/2005, de 30 de Junho);

• Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (Lei n.º 58/2007, de 4 de Setembro);

• Programa Nacional de Acção para o Crescimento e Emprego (RCM nº 183/2005, de 28 de Novembro);

• Plano Tecnológico (RCM nº 190/2005, de 16 de Dezembro); • outros.

A estratégia presente no PEAASAR II engloba a vertente social, ou seja, procura garantir a universalidade do serviço de abastecimento de água e com elevada qualidade, a vertente sustentável, através de uma gestão e operação eficientes e do equilíbrio económico e financeiro e a vertente de segurança, ou seja, a prestação de um serviço que salvaguarde a protecção da saúde pública e do ambiente. Estas três vertentes traduzem-se em três grandes objectivos estratégicos, designadamente, a universalidade e a continuidade e qualidade do serviço, a sustentabilidade do sector e a protecção da saúde pública e do ambiente (Despacho nº 2339/2007, 32 de14 de Fevereiro). Destes objectivos estratégicos resultam os objectivos operacionais relacionados com a prestação de um serviço universal, a melhoria da produtividade e da eficiência das actividades e da gestão do sector em articulação com o Programa Nacional de Acção para o Crescimento e o Emprego, com o Plano Tecnológico e com as políticas de desenvolvimento regional, assim como, a eficácia e a transparência dos modelos de gestão do sector, a inclusão dos princípios subjacentes à estratégia nacional e comunitária para o desenvolvimento sustentável, entre outros (MAOTDR, 2007; ERSAR, 2010a).

No Sector da Água coexistem numerosos e diversificados tipos de agentes, que necessitam de informação rigorosa, relevante e de referência, sobre o sector da água, quer para apoiar na definição de políticas ou de estratégias nacionais, regionais, comunitárias e empresariais, quer para a avaliação e comparação do serviço prestado, por esse motivo, foi decidido que a entidade reguladora dos serviços da água (ERSAR), anualmente, elaboraria o Relatório Anual do Sector de Águas e Resíduos

em Portugal (RASAARP), de forma a colmatar a lacuna de informação existente sobre estes dois sectores e fornecer informação de apoio relevante aos decisores e a todos os intervenientes (ERSAR, 2010a, p.38), disponibilizando-o ao público, através do site desta entidade. O RASAARP agrega informação sobre a caracterização geral económica e financeira do sector, a avaliação da qualidade do serviço prestado aos utilizadores e o controlo da qualidade da água para consumo humano.

V.3.2. Caracterização geral do sector da água destinada ao consumo humano