• Nenhum resultado encontrado

1.3- A articulação ciência-tecnologia-sociedade-educação

A promoção de cidadania exige “atos educativos em contextos variados e ao longo de toda a vida. Atos educativos democráticos, participativos, ativos, conscientes, intencionais e sistemáticos com envolvimento comunitário que requerem a capacidade de ter em conta, simultaneamente, elementos, questões e contextos muito diversos, nomeadamente linhas culturais de força da comunidade envolvente (…). Atos que demandam um sentimento de cidadania que contamine toda a atmosfera educativa. (…) Prestar especial atenção a modos de articular ciência/tecnologia com a sociedade e a situações que permitam debates éticos e culturais, é essencial a uma apreciação da ciência como elemento da cultura e para que o cidadão possa dar sentido a problemáticas socio ambientais” (Santos, 2005).

O ensino das ciências deve ser organizado e debruçar-se sobre temáticas reais, estimulando os jovens a pensar sobre Ciência e Tecnologia do ponto vista filosófico, ético e cultural. O professor, enquanto interveniente e mediador desta tarefa, deve ter o conhecimento do que são a Ciência, a Tecnologia e a Sociedade (CTS). Leonard Waks (em Santos, 2001) diz que o “ O movimento CTS é uma inovação educacional com a intensão de promover uma cidadania responsável na nossa Era dominada pela tecnologia.

A autora propôs-se a fomentar a relação ciência-tecnologia-sociedade-educação assente na interdisciplinaridade e na transversalidade entre as várias áreas da ciência, e, em alguns casos, na articulação entre ciclos de ensino e no desenvolvimento de

projetos extracurriculares, abrangendo o tema Eficiência Energética versus Ambiente.

1.4- A eficiência Energética versus ambiente

Este grande tema tem sido uma constante em debates, um instrumento de investigação, uma preocupação contante nas agendas políticas, um destaque na comunicação social e uma relevância, quer ao nível dos conteúdos de áreas curriculares, quer nas áreas não curriculares, com mais ou menos enfoques científicos e/ou tecnológicos.

O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas) já na publicação do seu quarto Relatório (Novembro de 2003) advertia que «O aquecimento do sistema climático é inequívoco, como já é evidente pelas observações e aumentos médios da temperatura do ar e do oceano, o degelo e o aumento do nível médio do mar a nível mundial. E com 90% de certeza é devido à ação do homem». Por isso as alterações climáticas constituíram-se como uma das principais preocupações dos atuais governos. À evidência científica, quanto à existência de um aquecimento global causado pelos gases com efeito de estufa, gerados pela atividade humana, junta-se um compromisso político mundial, no qual a União Europeia tem um papel destacado, fixando como objetivo reduzir para o ano 2020 as suas emissões em 20% relativamente às de 1990.

Na atualidade, os recentes relatórios indicam que o planeta está em constantes mudanças climáticas, drásticas em determinadas regiões, devido à degradação do meio ambiente. Organizam-se conferências das maiores potências Mundiais para discutir formas de desenvolvimento sem agredir o meio ambiente, principalmente no que diz respeito à geração de energia. Neste sentido, é urgente fomentar esta atitude, ser pró-ativos e intervenientes com o objetivo de se contribuir para um futuro mais sustentável e para uma evolução tecnológica.

A Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza) defendendo a utilização de energias renováveis, propõe “Recusar a inclusão de biocombustíveis como forma de redução de emissões, e apostar no desenvolvimento tecnológico como fator fundamental.”

O trabalho desenvolvido pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), a atribuição do Prémio Nobel a Al Gore e as notícias de fenómenos climáticos extremos e com graves consequências sobre o território e as populações, desencadearam uma preocupação a nível global, não apenas por parte dos especialistas e dos governantes, mas também da população em geral. Assim, as indústrias devem assumir um compromisso de preservação ambiental, optando por formas mais sustentáveis de produção de energia.

No relatório de vinte e oito de outubro de dois mil e dez, a Food and Agriculture

Organization (FAO) mencionou que “(…)A vulnerabilidade da comunidade agrícola

para com as alterações climáticas tem de ser reduzida e é necessário o estabelecimento de melhores sistemas de aviso para os ajudar a lidar com os problemas do ambiente. Finalmente, a agricultura tem de encontrar maneiras de reduzir o seu impacto ambiental – incluindo diminuir as emissões de gases que provocam o efeito de estufa – sem comprometer a segurança dos alimentos e o desenvolvimento rural.”

Focando o estudo para a área da Agricultura, pode pensar-se na utilização de máquinas térmicas, de uma forma limpa, com menos poluição para o meio ambiente, mas com considerável eficiência energética – a utilização/incorporação de um motor

Stirling, no trator agrícola, ao invés do motor convencional.

No que respeita à sustentabilidade energética, pode-se referir que Ambiente e Energia estão interligados, pois tudo o que nos rodeia possui ou pode gerar energia. Na verdade, Energia é uma grandeza física de ampla aplicabilidade. É uma propriedade dos sistemas e existe em várias formas, nomeadamente, a Energia Elétrica. Podem ocorrer transferências de energia (sob forma de calor ou trabalho) ou transformações de Energia (nomeadamente Energia Elétrica em Calor; Energia química em Energia Mecânica; Energia mecânica em Energia elétrica). A energia que é utilizada para o fim pretendido define-se por energia útil e, de uma forma geral, sempre que há uma transferência de energia ocorre dissipação para a vizinhança (energia dissipada).

A WWF (World Wildlife Fund For Nature), uma das mais conhecidas e influentes ONG’s ambientalistas do planeta, tem lutado incessantemente a favor da sustentabilidade das energias renováveis e da promoção da redução da poluição e do

desperdício de energia. Neste sentido, no Relatório da Energia de 2011, lança dez recomendações que, considera poderem contribuir para que em 2050 a energia gasta pelo mundo possa ser 100% renovável. Dessas recomendações, a autora, como forma de articulação e sustentação dos dois projetos a seguir apresentados, destaca a oitava (na área da tecnologia) e a nona (na área da sustentabilidade), que consistem na aposta na investigação e desenvolvimento de eficiência energética e na imposição de critérios exigentes que assegurem a proteção do ambiente e o desenvolvimento social, respetivamente.

Pelo exposto, considera-se urgente investir em novas formas de energia que não envolvam desperdício, podendo, desta forma ajudar na proteção e sustentabilidade ambiental.

Documentos relacionados