• Nenhum resultado encontrado

II A paisagem do concelho de Sousel

2.3. Enquadramento fisiográfico

Ao nível do enquadramento fisiográfico do concelho foram consideradas as componentes da hidrografia, altimetria, declives e orientação das encostas a partir da cartografia 10K do IGP de 2004, com uma equidistância entre curvas de 5metros.

2.3.1.Linhas fundamentais do relevo

Em termos de caracterização da paisagem é frequente utilizar-se a bacia hidrográfica como unidade geográfica natural. O concelho de Sousel encontra-se integrado na Região Hidrográfica do Tejo (RH5), na sub-bacia do Rio Sorraia que é afluente da margem esquerda do Tejo.

_________________________________________________________________________________ Figura 27. Enquadramento geográfico da bacia hidrográfica do Tejo e Sub-bacias existentes na RH5

Fonte: http://www.apambiente.pt/_zdata/planos/PGRH5-TEJO

Dentro do território concelhio é possível identificar 5 bacias referentes à Ribeira de Almadafe, Ribeira do Alcôrrego, Ribeira de Sousel, Ribeira do Lupe e Ribeira de Ana Loura. As duas primeiras ribeiras marcam a área Poente do concelho e as restantes três a área Nascente.

As linhas de água, para além de serem um recurso, de promoverem a proteção e de constituem corredores de transporte são, em termos espaciais, linhas de força na paisagem. São linhas naturais com margens curvilíneas que encerram movimento e dinâmica, sendo visíveis a partir da planície ou de pontos mais elevados. O serpentear natural destes corredores em conjunto com a vegetação que lhe está associada

36

constituem elementos de identificação imediata, muito apreciados no clima mediterrânico.

A marcação das linhas fundamentais do relevo - entenda-se festos e talvegues - é fundamental pois ajuda na orientação da paisagem, permite uma interpretação fisiográfica quase paralela com o seu funcionamento orgânico, colocando em evidência o processo dos circuitos, sendo o mais evidente o da circulação hídrica.

2.3.2.Hipsometria

Com a carta hipsométrica pretende-se obter uma melhor perceção do relevo através da explicitação de áreas compreendidas entre curvas de nível de cotas significativas para a definição de aspetos morfológicos e de zonamento. Neste caso as classes hipsométricas definiram-se de 35 em 35m.

Em termos altimétricos observou-se que a variação no concelho situa-se entre os 156metros, mesmo no limite oeste do concelho na confluência e os 454m na Serra do Caixeiro.

Os pontos dominantes da paisagem correspondem a situações de cota elevada e localizam-se a Sul de Sousel, destacam-se os altos da Serra de Bartolomeu (372m) e da Serra de S. Miguel (397,5m) a partir dos quais se tem uma ampla visibilidade sobre a paisagem envolvente, devido ao facto de esta sucessão de elevações ser a mais destacada até à Serra de S. Mamede, muito mais a norte. Faz, por isso, sentido pontuar estes sítios, enquanto locais com força e simbolismo, que são notáveis em termos fisiográficos tanto pelo alcance de observação que permite como por serem visíveis a partir de grande parte do concelho.

_________________________________________________ Figura 28. Panorâmica a partir do cimo da serra se S. Miguel

37

______________________________________ Figura 29 .Hipsometria do Concelho de Sousel

Fonte: Câmara Municipal de Sousel I Setor de Planeamento (consta do anexo c do presente relatório)

2.3.3.Declives

Os declives introduzem um fator quantitativo à interpretação do relevo, permitindo assim uma caracterização mais pormenorizada e objetiva. À semelhança das classes hipsométricas, as classes definidas para os declives são variáveis, dependendo fundamentalmente da escala da carta, do relevo existente e da finalidade a que o estudo se destina.

As classes consideradas para a caracterização do relevo são: 0 – 3% (relevo plano), 3 – 8% (relvo suave), 8 – 16% (relevo ondulado), 16 – 25% (relevo acidentado) e > 25% (relevo muito acidentado).

A análise permite afirmar que a área mais plana se localiza em torno de Cano e Casa Branca, numa extensa planície que constitui a terminação do relevo plano presente na face oeste do anticlinal de Estremoz. Em oposição a área de relevo mais acidentado localiza-se nas Serras de S. Bartolomeu, S. Miguel e Caixeiro, a Sul de Sousel. Trata-se de uma faixa marcada por grandes elevações, por vezes distanciadas entre si, originando vales abertos e portelas de passagem, ou em outros casos, mais estreitas, criando-se um relevo ritmado mas que, por força da elevada erosão, nunca é áspero ou quebrado. Esta presença constitui o limite dos enrugamentos que marcam decisivamente a paisagem a norte da Serra d’Ossa termo noroeste do anticlinal de Estremoz. Também merecem referência as Ribeiras de Almadafe, Sousel, Lupe e Ana Loura que ora se espraiam por margens amplas, ora correm apertadas em vales mais encaixados, com declives mais acentuados. Por exemplo na Ribeira de Almadefe os vales encaixados de xisto com margens por vezes inacessíveis. Por último salienta-se a presença de relevos

Almadafe Vale de Freixo Casa Branca Cano Sousel Santo Amaro

38 ondulados na área oriental do concelho, Sousel-Santo Amaro como consequência do prolongamento dos substratos graníticos que descem de norte, da área de Fronteira/Vale de Maceiras.” 22

_____________________________________________________________________ Figura 30. Perfil da Serra. Panorâmica a Noroeste de Sousel, com vista para Sudeste

Fonte: Teresa Patrão (foto.1702)

___________________________________ Figura 31 . Declives do Concelho de Sousel

Fonte: Câmara Municipal de Sousel I Setor de Planeamento (consta do anexo c do presente relatório)

2.3.4.Orientação de Encostas

A última componente analisada foi a orientação dominante das encostas à radiação solar, pelo que as orientações consideradas basearam-se na definição de encostas muito frias (exposição a norte e nordeste); encostas frias (exposição a noroeste); encostas temperadas (exposição a este e oeste); encostas quentes (exposição a Sudeste) e encostas muito quentes (exposição a Sul e Sudoeste).

Da observação efetuada concluiu-se que a área Poente do concelho, na planície entre Cano e Casa Branca, é uma área quente fruto dos seus reduzidos declives permitirem uma total exposição. As margens esquerdas das Ribeiras de Almadafe, do Alcôrrego,

22CARNEIRO, André, Lugares tempos e pessoas - Povoamento rural romano no Alto Alentejo, volume II, p.410-411

Casa Branca Cano Sousel Santo Amaro Almadafe Vale de Freixo

39

de Sousel e do Lupe e de Ana Loura bem como as vertentes norte da Serra de S. Bartolomeu, de S. Miguel e do Caixeiro revelam encostas frias a muito frias.

_______________________________________________ Figura 32 . Orientação de encostas do concelho de Sousel

Fonte: Câmara Municipal de Sousel I Setor de Planeamento (consta do anexo c do presente relatório)

Casa Branca Sousel Cano Santo Amaro Casa Branca Sousel

40

Documentos relacionados