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Capítulo 3 – A AirBnB na cidade do Porto

3.1. Enquadramento Teórico

A AirBnB enquanto atividade associada à economia alternativa insere-se, em termos concetuais, na vertente da Economia de partilha e/ou Consumo Colaborativo. Como já se explicou, Lisa Ganksy (2010) afirma que a economia de partilha é um sistema socioeconómico produzido em volta da premissa de partilha de recursos físicos e de recursos humanos. Este sistema socioeconómico, resume-se à partilha de bens e serviços, quer por pessoas quer por organizações, ao longo das suas distintas fases, que são a criação, a produção, a distribuição, o comércio e consumo. Rachel Botsman (2009) diz que é um modelo económico, que tem tido uma rápida explosão e carateriza-

se por ações de troca, partilha, comércio, negociação e aluguer entre pessoas, conceitos que têm sido reinventados através das mais recentes tecnologias, onde se inserem as plataformas digitais como a AirBnB.

E dentro da economia de partilha, onde é que a AirBnB se insere? Segundo Schor (2014), num grupo de atividades que dão um novo significado à “utilização de ativos/bens duradouros”. A autora afirma que estas plataformas vieram facilitar o uso dos bens de longa duração, aqueles bens que não é usual comprar-se constantemente, como é o caso das habitações e dos carros. A AirBnB insere-se neste grupo, pois é uma plataforma que permite aos proprietários que tenham um quarto a mais em sua casa (um bem duradouro) arrendar, ao preço que acharem indicado, a outros indivíduos que estejam de passagem na sua cidade. Já Botsman e Rogers (2009) inserem a AirBnB dentro de um grupo que elas intitulam como “sistemas de serviços de produtos”. Estes sistemas são definidos como sendo um conjunto comercial de produtos e serviços que visam a sustentabilidade do consumo e da produção e que são capazes de satisfazerem as necessidades de um utilizador.

A plataforma digital AirBnB faz parte de um novo movimento, que a comunidade cientifica apelida de “Peer-to-Peer market”, que traduzido para português é: “Mercado de Pessoa-para-Pessoa”.

Mas o que é o movimento “Peer-to-Peer” (P2P)? De forma sintética, é um modelo económico em que os “pares” (cliente e vendedor) fornecem serviços e/ou bens entre eles, sem haver os tradicionais agentes intermediários, que subtraem os seus lucros e benefícios, através de taxas pelo uso dos seus serviços (Tao, 2012). Esta definição de economia P2P está também escrita e explicada na plataforma online “Investopedia”, um site dedicado a artigos e notícias sobre Economia, e que diz o seguinte: “Consideramos a economia P2P como um modelo descentralizado pelo qual dois indivíduos interagem para comprar ou vender bens e serviços diretamente uns com os outros, sem intermediação de um terceiro, ou sem o uso de uma empresa de negócios.” Uma ilação que se retira com esta citação é que, o comprador e o vendedor transacionam diretamente uns com os outros, sem intermediários. A título de exemplo, nos websites Olx e Ebay, pode-se vender bens ou prestações de serviços, ao preço que se entender, sem ter que pagar taxas de intermediação, ficando assim com o lucro total da venda e

ainda tem-se a opção de negociar com o potencial cliente.

As plataformas digitais “Peer-to-Peer” enquadram-se dentro deste conceito, mas com ligeiras alterações, pois elas funcionam como intermediários, mas não de forma tão capitalista. Quando se recorre a estas plataformas beneficia-se do facto de não se precisar dos tradicionais agentes intermediários e/ou empresas. Por exemplo: se quiser viajar e alugar um quarto, se for a uma agência de viagens ela vai cobrar taxas e tarifas pelos seus serviços. Estas plataformas digitais, que se consideram como um serviço P2P, são criadas com intuito de facilitar a comunicação de ambas as partes, facilitando e agilizando os processos e não cobrando valores altos pelos serviços de mediação. A plataforma digital “CurrencyFair” enumera algumas razões responsáveis por este sucesso num artigo: (CurrencyFair, 2017)

Fonte: CurrencyFair, 2017

- “A maior razão pela qual os consumidores se reúnem em mercados “peer-to-peer” é economizar dinheiro.”. É um dado adquirido que as pessoas quando vão fazer uma compra online, elas vão andar à procura da melhor oferta, onde paguem menos dinheiro com o intuito de se certificarem que obtiveram o melhor negócio possível.

- “Com os mercados P2P os clientes cortam a comissão que o agente intermediário iria cobrar pelos seus serviços de intermediação, substituindo-a por uma comissão muito mais baixa cobrada pela plataforma digital P2P para facilitar a transação. Isso vai levar a que se reduza o custo total para o consumidor e aumenta os lucros do vendedor.”

- “Outro benefício dos mercados P2P é a conveniência que eles oferecem.”. O que isso quer dizer? Significa que eles economizam o tempo para os consumidores, evitando que os consumidores percam demasiado tempo a procura de determinados produtos ou serviços. Isso é possível devido à sua simplicidade organizacional, possuindo tudo num sitio apenas, permitindo aos clientes escolher e selecionar com facilidade, com um horário extenso e intenso, 24 horas por dia, 365 dias por ano, sempre em funcionamento.

- “Os sites dos mercados P2P possuem uma natureza altamente especializada. Eles dedicam-se e fazem apenas uma determinada coisa, e fazem-no de uma forma muito eficiente.” - “É uma experiência diferente e divertida.”. Este modelo “Peer-to-peer”, transmite e remete, para um sentimento parecido com o de partilhar, o que leva a que estas plataformas sejam um íman de atratividade interpessoal, conectando-nos ainda mais e de forma diferente do habitual. Aproxima-nos.

Existem diversos tipos de plataformas que são consideradas “mercados P2P”, com diversos objetivos, para diversas pessoas e com diversos temas. Abrangem diversas áreas, por exemplo, plataformas dedicadas aos transportes, a habitação, comércio, dinheiro, apostas, educação. Alguns exemplos de plataformas digitais, ordenadas por temática.

Tabela 7 - Plataformas digitais P2P, currencyfair.com, 2016

Fonte: currencyfair.com, 2016