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7. Ensaios e observações de aspetos ao longo do tempo

7.2 Ensaios na célula experimental

7.2.2 Ensaio de choques e de perfuração

Este ensaio faz parte de um conjunto de procedimentos desenvolvidos para a concessão de uma aprovação técnica europeia de sistemas compósitos de isolamento térmico pelo exterior (ETICS) [38], que tem sentido seguir por se ter optado pelo aglomerado de cortiça expandida – isolante térmico – aplicado como revestimento exterior.

Por ser uma zona exposta, estar sujeito a agressões físicas tais como perfuração de objetos, passagem de pessoas, impactos de objetos, vandalismo ou outros choques e tipos de agressões, faz sentido proceder a este ensaio.

Capítulo 7 – Ensaios e observações de aspetos ao longo do tempo

O primeiro ensaio designa-se por ensaio de impacto e a carga de impacto que se pode colocar é de 3 J e 10 J. Tem como objetivo observar o que acontece ao aglomerado decorrendo desses choques e perceber se há deterioração do material, penetração ou fendilhação.

Figura 132 Ensaio de impacto 3 J e 10 J

O segundo ensaio designa-se por ensaio de perfuração ou Perfotest e, tal como o nome indica, pretende-se observar se ocorre ou não perfuração com disparos de um objeto circular de diferentes diâmetros, respetivamente 6 mm, 12 mm e 20 mm. Apesar do ensaio não ter como objetivo observar a fissuração, tal pode ocorrer sem haver perfuração.

Figura 133 Perfotest

Ambos os ensaios foram realizados em duas fases diferentes. Na primeira fase apenas foram realizados os testes a nível qualitativo e passado um mês e meio foram realizados os mesmos testes com medições rigorosas para registo de eventuais alterações e conclusões mais sustentadas.

O primeiro dia de ensaio iniciou-se com o teste do Perfotest. De forma a perceber se eram necessárias cargas de impacto superiores, e tal como utilizado para os ETICS, escolheu-se a carga com diâmetro de 20 mm. Observa-se o ocorrido e conclui-se se há ou não

perfuração ou penetração. Fizeram-se em três locais diferentes da fachada e observou-se então que o equipamento provocava a fissuração de três círculos não completos.

Passou-se para a carga inferior de 12 mm em três locais distintos e neste caso houve penetração.

Se com a carga de 12 mm houve penetração, para 6 mm será mais evidente e visível a penetração pelo que apesar de se poder excluir a sua realização, optou-se por a realizar. O ensaio de choque foi realizado de seguida, inicialmente com uma bola de impacto de 3 J que não causou qualquer alteração no aglomerado.

A bola de 10 J, já de maior dimensão, fez uma marca percetível ao toque mas que não era visível. De notar nesta situação a excelente capacidade do aglomerado readquirir a posição inicial após este choque. Passados 15 segundos já não se sentia a marca deixada pela bola. Fazendo uma análise qualitativa e segundo os critérios de apreciação (anexo VIII) destes dois ensaios, é possível concluir que o aglomerado de cortiça expandida tem a categoria I: “sem deterioração após choque de 3 J e de 10 J e sem perfuração com punção de 6 mm”. Passado um mês e meio realizou-se o mesmo ensaio, com o objetivo de perceber se passado este tempo as características de resistência do aglomerado ao choque e perfuração modificam e se de, alguma forma, a superfície se degrada.

Começou por se realizar o ensaio de choque de 3 J. Foram provocados três impactos do lado direito da fachada a sul e dois do lado esquerdo. Em todos eles não foi visível a alteração e apenas ao tato se tinha a sensibilidade do impacto. Desenhou-se um círculo à volta da área danificada e marcou-se a área onde se sente ao tato a mossa provocada. Mediu-se com uma régua essa distância.

Figura 134 Resultados do ensaio de choque com carga de 3 J

De seguida fez-se o choque com a carga de 10 J e visivelmente não se percebeu qual a área que tinha sofrido o impacto mas ao toque tal era possível. Marcou-se da mesma forma a zona de impacto.

Capítulo 7 – Ensaios e observações de aspetos ao longo do tempo

Figura 135 Resultados do ensaio de choque com carga de 10 J

É de realçar, tal como constatado no ensaio qualitativo, a rapidez com que o aglomerado readquire a sua forma inicial.

Com o pêndulo utilizado no choque, observou-se com maior rigor, uma ligeira abertura de fissuras mas na zona “magoada” o aglomerado recupera rapidamente a forma inicial, deixando de ser sentida passados 15 a 20 segundos.

Na fachada a poente foram realizados três impactos de 3 J e 10 J respetivamente, observando-se iguais reações por parte do aglomerado. É então possível concluir que a resposta do impacto é independente da exposição solar.

Fez-se também um choque com 10 J sobre a parte da fachada com o acabamento de verniz pinho e verificou-se que foi ainda menos gravoso o choque, praticamente impercetível, conferindo então o verniz alguma proteção e resistência a choques ao aglomerado.

Para o perfotest tal como utilizado nos ETICS realizou-se a punção de 6 mm. Se se observar perfuração, é dispensável fazer o de 4 mm pois perfura garantidamente. As observações a fazer neste ensaio são duas: se fissura ou perfura e são também marcados círculos à volta da zona de perfuração.

Com a punção de 6 mm verificou-se que o aglomerado perfurou, com a de 12 mm fissurou mas não perfurou, ou seja, não ficou a marca da punção em profundidade.

Por fim testou-se com punção de 20 mm e verificou-se que não perfurou nem fissurou.

Figura 136 Resultados do ensaio de impacto de 6 mm, 12 mm e 20 mm respetivamente

Como conclusão do ensaio o aglomerado apenas cumpre parte do critério da categoria I: não perfura nem fissura após choque de 3 J e 10 J mas perfura com punção de 6 mm. Assim sendo o aglomerado resiste sem problema, sendo satisfatório o seu comportamento a

choques e a perfuração. No entanto refere-se a facilidade com que é possível retirar-se bocadinhos do material e com que as aves também os retiram, existindo uma facilidade em danificar este material.