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CAPÍTULO 2 Potencial da utilização de farinha de larvas do inseto

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.3 Ensaio de digestibilidade

Os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína, aminoácidos essenciais e energia da farinha de lava de T. molitor (TM) para o camarão L. vannamei foi determinado utilizando o método indireto descrito por Cho e Slinger (1979). Uma dieta referência contendo ingredientes semi-purificados (Tabelas 2.1 e 2.2) foi formulada com o auxílio do software Optimal Fórmula 2000, para conter 300 g kg-1 de proteína digestível e 3000 kcal kg-1 de energia digestível com base nas recomendações e exigências nutricionais para o bom desempenho do camarão L. vannamei (NRC, 2011). Para os aminoácidos essenciais, a formulação foi baseada nas exigências das espécies Penaeus monodon e Marsupenaeus japonicus (NRC, 2011), exceto para os aminoácidos arginina, lisina e treonina, dos quais as exigências já foram definidas para o L. vannamei (XIE et al., 2012;

ZHOU et al., 2012; ZHOU et al., 2013). A partir da dieta referência, uma dieta teste foi confeccionada contendo 845 g kg-1 da dieta referência e 150 g kg-1 de farinha de larva de T. molitor (Tabela 2.2). Em ambas as dietas foi adicionado 5 g kg-1 de óxido de cromo, como marcador inerte. Cada dieta foi preparada misturando os macro ingredientes e os micro ingredientes, que haviam sido previamente misturados, em um misturador (modelo BP-20C G. Paniz, Caxias do Sul, RS, Brasil). Em seguida, o óleo de fígado de bacalhau, o óleo de soja e a lecitina de soja foram homogeneizados em uma emulsão e adicionados à mistura. Por último, o teor de umidade foi ajustado para 25 % com auxílio de um analisador de umidade (modelo MB 45, Ohaus, São Paulo, Brasil). Em seguida, a “massa” foi extrusada em uma extrusora (modelo MX-40, Imbramaq, Ribeirão Preto, SP, Brasil) a uma temperatura de 100 °C, pressão de 4 atm, velocidade de produção de 800 g min-1 e com uma matriz laminar de 1,5 mm para formar péletes de 2,0 mm de diâmetro. Os péletes foram secos em uma estufa de fluxo de ar (Modelo MA-035/3, Marconi Equipment Laboratory Ltda, Piracicaba, SP, Brasil) a 55 °C até atingir um teor de umidade em torno de 10 %, acondicionados em sacos plásticos de polietilieno e armazenados a – 20 ± 2 °C até a utilização.

Grupos de oito camarões (peso médio 10,1 ± 1,1 g) foram estocados em seis aquários retangulares de vidro (50 L) em uma sala equipada com sistema de distribuição de água salgada (proveniente da praia da Barra da Lagoa, Florianópolis, SC, Brasil), sistema de aeração (O2 > 5mg L

-1

) e termostatos e tomadas para aquecedores (28 ± 0,5 °C). Os camarões foram aclimatados por sete dias às dietas e condições experimentais e após esse período, iniciou-se a coleta de fezes. A alimentação foi fornecida ad libitum três vezes por dia (8:00, 13:00 e 18:00 h). Após a última alimentação, os tanques foram limpos e 30 % da água renovada. As rações fornecidas foram deixadas na água durante uma hora. Em seguida, as sobras de rações e as fezes eliminadas neste período foram retiradas do aquário por sifonagem. Após a alimentação da manhã e da tarde, somente fezes frescas e intactas foram coletadas por sifonagem com uma pipeta Pasteur, suavemente enxaguadas com água destilada para remover o excesso de água salgada e os alimentos não consumidos, que porventura tivessem sobrado na coluna da água, transferidas para tubos falcon e imersas em banho de gelo. Posteriormente, as fezes de cada tratamento foram centrifugadas a 6000 x g durante 5 min em uma centrífuga refrigerada a 4 ± 2 ºC (modelo 5804R Eppendorf AG, Hamburgo, Alemanha) para retirar o excesso de água. No final do experimento, as fezes foram liofilizadas (Liobrás,

L101, São Carlos, SP, Brasil) e armazenadas em tubos falcon a -20 ºC até a realização das análises químicas.

Tabela 2.1: Composição da dieta referência (semi-purificada) utilizada no

experimento de digestibilidade da farinha de larva de Tenebrio molitor para o camarão Litopenaeus vannamei.

Ingredientes Quantidade (g kg-1) Amido de milhoa 371,5 Caseínaa 265,0 Caulimb 80,0 Gelatinaa 67,0 Celulosea 50,0 Premix macromineralf 46,0

Óleo de fígado de bacalhauc 39,5

Premix Vitamínico-micromineralh 24,0 Lecitina de sojad 21,0 Óleo de sojae 19,0 Cloreto de sódiof 7,0 Carboximetilcelulosea 5,0 Óxido de cromog 5,0 a

Rhoster Indústria e Comércio LTDA (Araçoiaba da Serra, SP, Brasil). b

Vita Essência Farmácia de Manipulação e Homeopatia LTDA (Florianópolis, SC, Brasil).

c

Delaware LTDA (Porto Alegre, RS, Brasil). d

IMCOPA Importação, Exportação e Indústria de Óleos S.A. (Araucária, PR, Brasil).

e

Cocamar Cooperativa Agroindustrial (Maringá, PR, Brasil). f

Labsynth Produtos para Laboratórios LTDA (Diadema, SP, Brasil). Composição (g kg-1): fosfato bicálcico 454 g; cloreto de potássio 297 g; cloreto de sódio 164 g; sulfato de magnésio 75 g.

g

Vetec Química Fina LTDA (Duque de Caxias, RJ, Brasil). h

Vaccinar Indústria e Comércio LTDA (Belo Horizonte, MG, Brasil). Composição (g kg-1): vitamina A 2.400.000 IU; vitamina D3 600.000 IU; vitamina E 30.000 IU; vitamina K 3.000 mg; vitamina B2, 4.000 mg; ácido pantotênico 10.000 mg; niacina 20.000 mg; vitamina B12 8.000 µg; cloridato de colina 100.000 mg; biotina 200 mg; vitamina B1 4.000 mg; vitamina B6 3.500 mg; inositol 25.000 mg; vitamina C 60.000 mg; sulfato de cobre 3.500 mg; iodado de cálcio 160 mg; sulfato de ferro 20.000 mg; sulfato de manganês 10.000 mg; sulfato de zinco 24.000 mg; selênio 100 mg; cobalto 80 mg; BHT 5.000 mg; excipiente q.s.p. 1.000 g.

Tabela 2.2: Composição centesimal e perfil de aminoácidos essenciais

analisados da dieta referência, dieta teste e do ingrediente teste (farinha de larva de Tenebrio molitor, TM).

Composição (g kg-1 base seca)

Dieta referência Dieta teste Ingrediente teste (TM) Matéria seca a 913,6 913,6 962,8 Proteína 297,1 332,2 558,2 Lipídeo 50,0 120,5 346,4 Cinzas 136,0 119,0 30,3 Fibra bruta 2,90 11,8 46,5 ELN 514 416,5 18,6 Energia (kcal g-1) 4390 4914 7744 Aminoácidos essenciais (g kg-1) Arginina 13,1 15,7 34,5 Histidina 6,1 7,8 20,1 Isoleucina 11,1 12,4 23,6 Leucina 21,9 24,3 38,0 Lisina 20,3 22,7 33,6 Metionina 7,0 7,3 7,6 Fenilalanina 13,0 14,4 23,0 Treonina 11,3 13,0 35,6 Valina 15,3 17,8 32,9 a g kg-1 base úmida.

ELN = Extrato livre de nitrogênio = 100% − (% umidade + % proteína + % lipídeo + % cinzas + % fibra bruta)

Os coeficientes de digestibilidade aparente (CDAs) da matéria seca, proteína, energia e aminoácidos de cada dieta foram determinados de acordo com a seguinte equação (CHO; SLINGER, 1979):

( ) (

)

Os coeficientes de digestibilidade aparente (ADCs) para matéria seca, proteína, energia e aminoácidos do ingrediente teste (TM) foram determinados de acordo com a seguinte equação (BUREAU; HUA, 2006):

( )

Onde: ADCdieta-teste e ADCdieta ref. são coeficientes de digestibilidade aparente calculados na Eq. 1; Nref e Ning são as concentrações (%) do nutriente (matéria seca, proteína bruta e aminoácido) ou energia na dieta de referência e do ingrediente teste, respectivamente.

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