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4 METODOLOGIA

4.1 Metal de Base

4.2.1 Ensaios Dilatométricos

A dilatometria é uma das técnicas de simulação termomecânica mais utilizadas para o estudo das transformações de fase no estado sólido em condições isotérmicas, de aquecimento contínuo e de resfriamento contínuo(111-113). Esta técnica permite determinar a evolução microestrutural

em relação ao binômio tempo/temperatura através de alterações dimensionais do CP quando submetido a um ciclo térmico específico. As alterações dimensionais e microestruturais do CP são utilizadas para determinar as temperaturas críticas de transformação de um determinado material(114). As transformações de fase provocam rearranjos na estrutura cristalina que resultam

na alteração do volume do CP (a diferença do fator de empacotamento entre as estruturas CFC e CCC provoca a alteração na densidade da célula unitária), podendo ser positiva (expansão) ou negativa (contração)(115). Essas alterações dimensionais são registradas pelo dilatômetro e esses

dados são usados para construir as curvas de dilatação pela temperatura ou curvas dilatométricas.

Na literatura é possível encontrar diversos diagramas de transformação no resfriamento contínuo (Contínuous Cooling Transformation - CCT) que descrevem as transformações de fases durante processos de tratamentos térmicos de aços porém, poucos desses são de fato aplicáveis aos estudos voltados para a ZAC devido, basicamente: (i) as lentas velocidades de aquecimento utilizadas, geralmente menores que 5ºC/s, e; (ii) a utilização de baixas temperaturas de pico ou de austenitização empregadas nesse tipo de abordagem, o que resulta na manipulação de amostras com tamanho de grão austenítico menor do que o normalmente observado na ZAC, especialmente na GGZAC.

A avaliação do efeito dos ciclos térmicos nas temperaturas de transformação da GGZAC dos aços em questão foi realizada através de ensaios dilatométricos, utilizando um dilatômetro de alta velocidade da marca BÄHR modelo DIL805 do Centro de Pesquisa & Desenvolvimento Usiminas. Foram utilizados CPs cilíndricos retirados do centro da espessura, com 4 mm de diâmetro e 10 mm de comprimento, com o maior eixo orientado paralelamente à direção de laminação, conforme ilustrado na figura 4.1. Para a realização dos ensaios, os CPs foram aquecidos por indução de corrente elétrica a uma velocidade de 100⁰C/s até a temperatura máxima de 1350⁰C, com tempo de permanência de dois segundos, e posteriormente resfriados a diferentes velocidades simulando aportes térmicos de soldagem compreendidos entre 4 e 330 kJ/cm, conforme descrito na tabela IV. 1. Além dos ensaios para simular os diferentes ciclos térmicos de soldagem, alguns corpos de prova de cada aço foram aquecidos a diferentes velocidades (0,5; 10; 50; 100⁰C/s) para avaliar a variação das temperaturas de início (Ac1) e de

Tabela IV.1 – Parâmetros utilizados para a simulação da GGZAC no equipamento dilatômetro.

ΔT°8/5 (°C/s) 130 100 50 30 20 10 5,0 2,0 1,0 0,5

t8/5 (s) 2 3 6 10 15 30 70 150 300 500

AT (kJ/cm) 4 5 12 50 60 80 120 180 250 330

ΔT°8/5 = Velocidade de resfriamento entre 800°C e 500°C; t8/5 = Tempo de resfriamento entre 800°C e 500°C; AT = Aporte Térmico.

(a) Dimensões do corpo de prova. (b) Seção A-A’ onde foram realizadas as

análises metalográficas e de dureza. FIGURA 4.1 - Ilustração esquemática dos corpos de prova utilizados nos ensaios

dilatométricos.

4.2.1.1 Análise Metalográfica e Dureza Vickers: Todos os CPs submetidos aos ensaios dilatométricos foram seccionados longitudinalmente, figura 4.1(b), e preparados metalograficamente pelo procedimento convencional de lixamento até lixa 1200 e polimento até pasta de diamente de 1 µm, seguido de ataque químico com nital 4%. Realizou-se, através de uma malha de 16 pontos aplicada em cinco distintas regiões (n=80 pontos), a caracterização/quantificação metalográfica via microscopia óptica (MO). Os microconstituintes foram identificados como: ferrita proeutetóide (FC ou FPI), perlita (p), produtos de temperatura intermediária (PTI) e martensita (M), uma forma simplificada da classificação do The Welding Institute (TWI)(50), onde, os PTIs englobam os constituintes FSA, FSN e FWI, tabela IV. 2.

Nesta mesma seção, realizou-se ensaios de dureza Vickers com carga de 5kgf.

Tabela IV.2 – Classificação dos diferentes produtos de transformação da austenita na ZAC. Adaptado de(7,50). M ic ro co ns ti tui nt es f o rm a do s na G G Z A C e m f unç ã o d a red u çã o d a t em p era tu ra d e tr an sf or m ão “The Welding Institute”

Terminologia adotada por

outros Pesquisadores Descrição Geral

Ferrita Proeutetóide - FP

Ferrita de contorno de grão - FC Ferrita poligonal Intragranular -

FPI

Grãos alotriomórficos formados no contorno da austenita;

Grãos poligonais ou equiaxiais; Perlita - P

Perlita - P

Estrutura lamelar constituída de ferrita e cementita

Agregado Ferrita Carboneto - AFC

Ferrita com MAC Alinhada - FSA

Ferrita de Widmanstätten - FW Bainita Superior - BS

Placas paralelas de ferritas que tem suas origens em FPI ou FC Ex:(Ferrita de Widmannstätten); Ferrita com MAC Não

Alinhada - FSN

Estrutura Granular - EG Bainita Inferior - BI

Placas de ferritas cercadas por

microconstituintes aproximadamente equiaxiais sem orientação definida ou somente agulhas de

ferritas sem orientação definida; Ferrita de

Widmanstätten Intragranular - FWI

Ferrita Acicular - FA

Microconstituinte formado no interior do grão γ, com aspecto de finas agulhas de orientação não definida separadas por contornos

de alto ângulo e com razão de aspecto de 3:1 Martensita - M Martensita - M

4.2.1.2 Determinação das Temperaturas de Transformação: Após os ensaios dilatométricos, para cada condição de resfriamento, tabela IV.1, foram levantadas as curvas de dilatação vs temperatura. As temperaturas de início e término da transformação austenítica correspondem a transição entre as partes linear e não linear, das curvas dilatométricas (ΔL/Lo). Já as transformações que ocorrem em temperaturas intermediárias (PTI), como a formação dos microconstituintes FSA, FSN e FWI, tabela IV.2, foram determinadas através de dois métodos: (i) avaliação das curvas da derivada primeira de ΔL/Lo em relação ao tempo d(ΔL/Lo)/dt e; (ii) análise da deconvolução da curva d(ΔL/Lo)/dt via software Origin® 2018. Após a determinação de todas as temperaturas de transformação de todas as condições simuladas, foi possível criar os diagramas CCTs para a região GGZAC dos aços CONV e UHHIW.