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Ensaios de tracção de juntas topo-a-topo

A Tabela 3.18 resume as tensões de rotura medidas para os três adesivos. O elevado número de ensaios de provetes de AS deveu-se sobretudo às tentativas de medir deformações (ver Secção 2.2.4). Verificou-se que as tensões de rotura dos provetes de AS e Hysol 3423 foram próximas das tensões de rotura à tracção dos provetes maciços (Tabelas 3.1 e 3.4), se bem que ligeiramente inferiores. Todavia, a tensão de rotura dos provetes de Hysol 9466 foi bastante superior à dos provetes maciços (Tabela 3.5), e excedeu os 43 MPa referidos na ficha de dados do fornecedor. Os valores obtidos para a tensão de rotura não são relacionáveis com os encontrados para os obtidos pelo ensaio à tracção de provetes maciços, porque os substratos influenciam o comportamento do

67 adesivo. A diferença na velocidade de deformação do adesivo também tem forte contribuição na tensão de rotura obtida. A rotura foi adesiva para os provetes de AS (Figura 3.29), coesiva para os de Hysol 3423 (Figura 3.30) e predominantemente coesiva para os de Hysol 9466 (Figura 3.31), ainda que com zonas de rotura aparentemente adesiva.

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Figura 3.29 - Superfícies de fractura de juntas topo-a-topo de AS.

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Figura 3.31 - Superfícies de fractura de juntas topo-a-topo de Hysol 9466.

4 Conclusões

Neste trabalho foram realizados um conjunto de ensaios que procurou caracterizar as principais componentes do comportamento mecânico de três adesivos epóxidos: Araldit Standard (AS), Loctite Hysol 3423 e Loctite Hysol 9466. O programa de ensaios incluiu ensaios de tracção de provetes maciços, ensaios de compressão de provetes maciços, ensaios de corte de juntas de sobreposição simples com aderentes espessos e ensaios de tracção de juntas topo-a-topo.

Ensaiaram-se à tracção provetes maciços obtidos por vazamento em molde com desgasificação por vácuo (DV) ou após mistura dos componentes do adesivo em recipiente quente (MRQ), método desenvolvido no decorrer deste trabalho. O primeiro não foi eficaz na remoção de bolhas de ar, enquanto que o segundo permitiu obter provetes isentos de bolhas, excepto no caso do adesivo Hysol 3423, de viscosidade bastante superior à dos restantes adesivos. Relativamente aos dados dos fabricantes e de outros estudos publicados, os módulos de elasticidade e tensões de rotura medidas foram geralmente mais

70 elevadas, sobretudo estas últimas. Todavia, as maiores diferenças registaram-se nas deformações de rotura dos provetes obtidos por MRQ, sobretudo nos adesivos AS e Hysol 9466, em que o método evitou a retenção de bolhas. De facto, verificou-se que a presença destas afectou sobretudo a deformação de rotura dos provetes obtidos por DV.

Nos provetes maciços de compressão não foi possível eliminar bolhas de ar, mas, apesar dos reduzidos comprimentos de medida dificultarem medições de deformações, os módulos de elasticidade foram razoavelmente consistentes com os de tracção. Como é habitual nos materiais poliméricos, as tensões de rotura foram bastante superiores às de tracção, mesmo não considerando acréscimos de tensão após o primeiro pico, associados ao embarrilamento dos provetes.

Nos ensaios de corte usou-se uma nova conFiguração do ensaio de aderentes espessos, mas houve dificuldades na medição de deformações, cuja análise será feita em trabalhos futuros com modelos de elementos finitos. Não obstante, os resultados indicam deformações de rotura elevadas, mesmo para o adesivo frágil Hysol 3423 e para os provetes de AS, que, aparentemente, tiveram rotura interfacial. Além disso, mediram-se tensões de rotura superiores às que constam das fichas de dados dos fabricantes.

Finalmente, nos ensaios de tracção de juntas topo-a-topo, as resistências medidas para os provetes dos adesivos AS e Hysol 3423 foram semelhantes às tensões de rotura à tracção de provetes maciços, se bem que os primeiros tenham sofrido rotura interfacial. Já os provetes de Hysol 9466 tiveram resistências superiores, o que se deve à sua ductilidade e ao estado de tensão nas juntas não ser uniaxial.

Para além das análises de elementos finitos já referidas, os trabalhos futuros a realizar nesta área deverão também contemplar:

 A utilização de tratamentos superficiais mais elaborados para os substratos, sobretudo para as juntas do adesivo AS;

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