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2.3 ALIMENTAÇÃO ANIMAL

2.3.3 Ensilagem

Segundo Arriola et al. (2011), ensilagem é um método de conservação de forragem úmida com base em conversão de hidratos de carbono solúveis em água, em ácidos orgânicos pelas bactérias do ácido láctico, sob condições anaeróbias.

Conforme Pelegrini (2015), a silagem é o alimento que resulta da fermentação anaeróbica (sem presença de oxigênio do ar), com propriedades nutritivas semelhantes à forragem que lhe deu origem.

De acordo com Pelegrini (2015), o milho e o sorgo são as espécies mais utilizadas para a produção de silagem por apresentar melhor qualidade e desempenho, é uma excelente alternativa de alimento aos animais, principalmente em períodos de seca. Para os sistemas intensivos torna-se obrigatório o seu uso, em virtude de fornecer volumoso de alto valor energético.

A produção da silagem inicia com o processo de corte da forragem, posteriormente é transferida para o silo, onde deve ser feita sua compactação e proteção com vedação para que ocorra a fermentação em ambiente anaeróbio. O tamanho médio das partículas, após o corte, não deve ultrapassar os dois cm: partículas muito pequenas (0,2 a 0,6 cm) podem reduzir as perdas no processo de ensilagem e no fornecimento aos animais (OLIVEIRA; OLIVEIRA; 2014).

Para as silagens serem de alta qualidade, precisam conter a seguinte composição bromatológica: MS = Matéria Seca; MM = Matéria Mineral; PB = Proteína Bruta; FDN = Fibra em Detergente Neutro; FDA = Fibra em Detergente Ácido, NDT=nutrientes digeríveis totais.

A Tabela 2.12 ilustra a composição média de diferentes tipos de silagem.

Tabela 2.12 – Composição bromatológica ideal, em silagens de qualidade

Silagem MS (%) PB (%) FDN (%) FDA (%) NDT (%)

Milho 30-35 6-8 38-45 23-28 >65

Sorgo 30-33 6-8 40-48 25-30 >60

Capim 24 9 75 48 53

Fonte: Santos, Ciríaco (2015).

2.3.3.1 Silagem de milho

O que diferencia a silagem de milho da de sorgo, em seu processo de produção, é a época da colheita. A época da colheita da lavoura é um assunto bastante discutido por técnicos, especialistas e produtores, pois dependendo da época sua composição bromatológica apresenta variações, bem como alterações em seu potencial energético, principalmente na silagem de milho.

Para a silagem de milho apresentar alta qualidade, a planta deve apresentar uma composição equivalente a 16% de folhas; 20 a 23% de colmo e de 64 a 65% de espigas. Esta, por ser a parte mais importante da planta para silagem, deve apresentar algo em torno de 74 a 75% de grãos; 7 a 10% de palha e de 14 a 18% de sabugo (CRUZ et al., 2001).

O corte do milho precisa ser realizado antes de sua maturação e o ponto recomendado para a colheita é quando o grão pode ser esmagado com os dedos e a umidade suficiente apenas para umedecê-los. A Figura 2.6 ilustra a planta ideal para a produção da silagem de milho, bem como o ponto de colheita para sua produção.

Figura 2.6 – Planta de milho ideal para a produção de silagem

Fonte: Santos, Ciríaco (2015).

2.3.3.2 Silagem de sorgo

Segundo Amer et al. (2012), o sorgo é uma cultura resistente a climas semiáridos, e de boa adaptação em ambientes de altas temperaturas. Também se adapta bem em solos de baixa fertilidade, com bom rendimento de biomassa, apresentando maior produtividade que o milho. Conforme Cunha e Severo Filho (2010), o sorgo é cultivado no período do verão no RS, sendo uma espécie de origem tropical, e apresenta mecanismos tolerantes à seca. Quanto ao solo, também se adapta em solos argilosos e desenvolve-se bem em solos com pH de 5,5 a 6,5. O metabolismo da planta minimiza a perda de água, sendo tolerante a elevadas temperaturas, além disso, quanto maior a radiação solar maior a produtividade, devido às altas taxas fotossintéticas, desde que as demais condições sejam favoráveis.

Segundo Parrella et al. (2010), a produtividade de biomassa a partir do sorgo pode variar entre 40 a 70 toneladas por hectare, sendo afetada pelo espaçamento entre linhas, empregadas no plantio.

O sorgo sacarino é uma planta da espécie Sorgo bicolor, similar ao sorgo granifeiro e ao sorgo forrageiro, com pequenas variações de porte, presença de açúcar e caldo no colmo. Na Figura 2.7 pode-se ver a diferença entre as duas variedades de sorgo.

Figura 2.7 – Diferença entre as variedades de sorgo sacarino e bicolor

Fonte: Schaffert (2011).

Conforme Schaffert (2011), o bagaço do sorgo sacarino tem maior valor nutricional que o bagaço da cana-de-açúcar, quando usados como forragem para animais. O teor de lignina pode ser aumentado ou reduzido, dependendo da espécie (2% - 12%) (Sorgo Media 4% vs. Cana 8%).

O sorgo sacarino pode ser plantado a partir do mês de outubro, novembro, dezembro e janeiro, e sua colheita pode ser realizada de janeiro a maio (SCHAFFERT, 2011).

De acordo com. Oliveira e Oliveira, (2014), o processo para a produção da silagem de sorgo é idêntico ao do milho. Quanto à colheita, recomenda-se iniciá-la quando os grãos estiverem no estágio de pastoso, com 30 a 35% de matéria seca.

Os cortes tardios apresentam perda de produção devido ao maior número de folhas e acamamento das plantas (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2014).

2.3.3.3 Silagem de milho grão úmido

A Silagem de milho grão úmido é uma conservação apenas do grão. A colheita convencional com a utilização de colheitadeira é realizada quando o grão estiver com 30 a 40% de umidade (NUMMBER, 2001).

Após a colheita é realizada a trituração dos grãos, em seguida é realizado a compactação e cobertura no silo. A silagem de grãos úmidos é uma ótima opção para armazenar grãos de milho por longo período, com baixo custo e, principalmente, mantendo o valor nutricional (NUMMBER, 2001).

Para bovinos de corte ou de leite, os grãos podem ser quebrados em partículas maiores, ou seja, é suficiente quebrar os grãos em 3 ou 4 pedaços, podendo ter até 10 a 15% de grãos (NUMMBER, 2001).

A silagem de milho grão úmido, contribuiu de forma positiva na produção de leite. Esse tipo de alimento eleva a produção de proteínas no leite seu valor nutritivo é semelhante ou ligeiramente superior ao do milho seco (FANCELLI; DOURADO NETO, 2000). De

acordo com GOBETTI et al. (2013), as vantagens no uso da silagem de grãos úmidos de milho explicam-se pela forma como o amido é digerido no rúmen, onde os animais conseguem aproveitar melhor os nutrientes. Na alimentação de vacas leiteiras a silagem de grãos úmidos de milho é uma tecnologia que contribui para melhorar os índices de produtividade animal.

2.3.3.4 Silagem de milho grão úmido reidratado

A silagem de milho reidratado consiste na quebra do grão maduro e na homogeneização da água ao grão moído para a hidratação, quando é armazenado como silagem para aumentar a digestibilidade do amido no rúmen, a moagem do grão pode ser fina. Através desse processo, o milho é reidratado e pode aumentar a eficiência alimentar do rebanho bovino (PEREIRA e PEREIRA, 2013).

Para a realização da mistura de água na moagem é realizada uma adaptação junto ao moinho em um vagão misturador ou por adição de água a uma rosca sem-fim, após a moagem. É importante uma boa homogeneização do milho com a água para evitar o crescimento de fungos. A recomendação tem sido acrescentar de 250 a 300 litros de água por tonelada de milho, com teor inicial de umidade ao redor de 12% (PEREIRA e PEREIRA, 2013).

Na ensilagem de grãos secos ocorre a degradação prévia do amido presente na silagem, facilitando o acesso enzimático ao amido no trato digestivo, aumentando a digestão que ocorre no rúmen. A maior digestão ruminal do amido proporciona aumento na síntese de proteína microbiana, a eficiência de utilização do nitrogênio dietético, o consumo de matéria orgânica digestível, dentre outras características ligadas à produção animal. Entretanto, dietas devem ser formuladas na medida certa, para uso adequado do alimento, de modo a evitar a ocorrência de acidose ruminal (PEREIRA e PEREIRA, 2013).

Essa prática contribui para melhorar o aproveitamento do amido na dieta para vacas leiteiras e propicia o armazenamento do grão na fazenda (PEREIRA et al., 2013).