3. EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
3.1. ENSINAR E APRENDER CONVERGINDO PARA A EDUCAÇÃO
As profundas transformações que ocorrem na sociedade trazem a
necessidade de mudanças em todas as áreas de conhecimento, principalmente no
que se refere à área educacional, desde a educação básica até a educação
superior. Sabe-se que a educação infantil é fundamental e a figura do professor é a
principal referência, pois é ele o orientador por excelência no contato diário com o
educando. É ele o alicerce que direciona totalmente o desenvolvimento intelectual
de seu aluno.
Humberto Maturana (2002, p. 29) define precisamente o conceito de educar
ao dizer que consiste na convivência entre criança e adulto, de forma recíproca e
perdura por toda a vida. Na infância, a criança aprende a aceitar e a respeitar o
outro a partir do respeito e aceitação de si mesmo. Na adolescência, essa
aprendizagem será validada e a transformará em um adulto social e responsável por
seus atos. Assim sucessivamente, pois “como vivermos é como educaremos”.
A educação é um processo contínuo que dura toda a vida, e que faz da comunidade onde vivemos um mundo espontaneamente conservador, ao qual o educar se refere. Isso não significa, é claro, que o mundo do educar não mude, mas sim que a educação, como sistema de formação da criança e do adulto, tem efeitos de longa duração que não mudam facilmente. Há duas épocas ou períodos cruciais na história de toda pessoa que têm consequências fundamentais para o tipo de comunidade que trazem consigo em seu viver. São elas a infância e a juventude. Na infância, a criança vive o mundo em que se funda sua possibilidade de converter-se num ser capaz de aceitar e respeitar o outro a partir da aceitação e do respeito de si mesma. Na juventude, experimenta-se a validade desse mundo de convivência na aceitação e no respeito pelo outro a partir da aceitação e do respeito por si mesmo, no começo de uma vida adulta social e individualmente responsável [sic].
Portanto, a educação é o direcional – primeiro degrau da escala evolutiva do
ser humano. Através da educação, o educando vivenciará o social, o moral, o
político, o ético e inclusive o religioso. Aprenderá a respeitar a individualidade de
cada pessoa, com suas diferentes personalidades, pois todo ser humano é muito
importante. As relações humanas, para serem sociais, têm fundamento na aceitação
mútua.
A enorme capacidade intrínseca aos seres humanos é a facilidade de
aprender e adaptar-se à realidade em que está inserido e interagir com ela.
Na visão de Pedro Demo (2000, p.47)
Aprender é a maior prova de maleabilidade do ser humano, porque, mais que adaptar-se à realidade, passa a nela intervir. Saber aprender é fazer-se oportunidade, não só fazer oportunidade. Deixa-se de lado a condição de massa de manobra, objeto de manipulação, para emergir como ator participativo, emancipado.
Saber aprender é estar aberto a novas oportunidades, é fazer-se oportuno,
tornando-se um ser humano emancipado, cada um com o seu diferencial, pois se
aprende pelo fato de que as pessoas são diferentes umas das outras, porque não
seguem a mesma linha de aprendizagem, sempre questionando pontos diferentes,
assim aprende-se pelas diferenças. A aprendizagem é, pois, um processo “flexível e
dinâmico” (DEMO, 2000, p.50).
O mesmo autor (DEMO, 2005, p. 87) também ressalta que
[...] aprender e conhecer emergem como categorias cruciais da cidadania, porque são referências fundamentais da constituição do sujeito capaz de história própria. [...]. Unem-se no mesmo processo qualidade formal e política. No espaço da qualidade formal, temos o manejo do conhecimento, o domínio dos métodos e técnicas, a capacidade de teorizar, pesquisar e elaborar, enquanto, no espaço da qualidade política, temos a qualidade de intervenção prática, inovação e mudança.
Aprender nunca é demais nem mesmo para os que estão formados, pois
não é somente o professor quem ensina, pois o aluno também pode ensinar ao
professor. Mas para isso é necessário que se crie uma discussão construtiva em
sala de aula, através de pesquisas elaboradas pelos alunos e acompanhadas pelo
educador. É necessário que a leitura de textos seja estimulada, para que o aluno
possa desenvolver sua criatividade, melhorar sua redação e assim aprender a
construir sua autonomia.
A vinculação entre professor e aluno é fundamental para concretizar uma
aprendizagem significativa como salientado Joaquim Falcão (2009, p.5)
O conhecimento deixa de ser algo a ser adquirido e passa a ser produção do sujeito, cognoscente, tomando como substrato sua própria realidade. A partir do momento em que o aluno passa a ser sujeito da construção do conhecimento é que pode se exigir que ele o elabore e eventualmente o entregue.
Para Paulo Freire (2004, p. 23)
Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar. Aprender precedeu ensinar ou, em outras palavras, ensinar se diluía na experiência realmente fundante de aprender. [...].Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade.