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1. JUSTIFICATIVA E INTENÇÃO DO ESTUDO

2.7 O ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA NA ERA DA INTERNET

De acordo com Piñol15 o interesse pelo estudo da Língua Espanhola ocorreu no começo do século XXI, quando muitas pessoas pensavam que bastava um produto comercial ou mesmo uma ideologia aparecer na Internet para ter valor e obter

reconhecimento. A partir desta premissa o interesse pelos processos de ensino/aprendizagem cresceu e se proliferou.

Esta autora afirma que anterior ao interesse da Internet integrada ao ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira, já existia desde o século XVII, um curso multimídia. A obra pioneira seria Orbis sensualium pictus, voltada para o ensino do latim, publicada por Comenius, nome latinizado de Johann Amós Komensky, natural de Morávia, República Checa, um dos grandes pedagogos da história.

Segundo Piñol, esta obra desde a sua concepção pedagógica até à estrutura formal, possui muito em comum com o que se entende de metodologia multimídia e interativa. Comenius contribui para o ensino de uma língua estrangeira a partir da associação que realizou entre os elementos lingüísticos e as imagens. Em sua obra, os desenhos aparecem sistematicamente para facilitar a compreensão das palavras, e a partir delas se chega à gramática. As unidades partem de um desenho que representa uma cena, junto aparece um texto com algumas palavras numeradas, que são relacionadas a elementos do desenho, que também estão numerados. Assim, a ilustração visual facilita a compreensão leitora. Estas são semelhanças apresentadas nos curso de multimeios interativos que temos atualmente.

De acordo com Piñol15 foi necessário passar muitos anos para que às idéias inovadoras de Comenius fossem adotadas pelos professores de línguas estrangeiras. Somente no século XX, nos anos sessenta as lâminas e depois o vídeocassete, foram incorporados às didáticas dos idiomas estrangeiros. Atualmente, temos a união entre o hipertexto, com entornos interativos e os multimeios.

Os multimeios foram utilizados primeiramente no ensino de inglês e de francês, e posteriormente no Espanhol. Este fato, segundo Piñol, contribuiu para que os professores destes idiomas refletissem sobre as vantagens e desvantagens das novas tecnologias na suas aulas. No ensino de idiomas, a missão dos multimeios é contribuir a um processo cognitivo que desenvolva as competências lingüísticas e pragmáticas (Chun-Plass, 1997; Plass, 1998 – Piñol), e para conseguir este objetivo impende desenhar interfaces que facilitem ditas competências15.

Para Philip Barker a tecnologia do ciberespaço tem muito a oferecer ao ensino de línguas estrangeiras. Compartilham opiniões semelhantes Mark Warschauer e

Richard Kern ao afirmarem que WWW (World Wide Web) oferece um novo e revolucionário método para o ensino de línguas estrangeiras, em que se pode organizar, relacionar e ter acesso à informação de forma autêntica e criativa. Todavia, salientam que o aproveitamento deste recurso ainda se encontra em fase inicial15.

De acordo com Piñol nos anos noventa houve o interesse pela língua espanhola nos Estados Unidos, e o primeiro experimento que se tem notícia foi realizado pela professora Mireia Trenchs, no ano de 1991, em uma escola do Harlem, em Nova Iorque, e se deu através do correio eletrônico nas suas aulas de Espanhol. Como não encontrava programas informáticos que colaborassem nas suas aulas, optou pelo correio eletrônico, pois este ampliaria seu tempo e espaço, visto que se encontrava com seus alunos somente duas vezes por semana, e eles já estavam familiarizados com este meio. Começou por enviar mensagens em Espanhol para seus alunos. À medida que estes respondiam, Trenchs corrigia a escrita e os alunos praticavam desta forma a escrita e a compreensão leitora.

Com este trabalho ficou evidente que o correio eletrônico dá aos alunos liberdade para escolher estilos de escrita pessoal. Na elaboração dos e-mails os alunos acudiam às fontes de informações digitais e a dicionários bilíngües.

O seguinte projeto que, segundo Piñol, integrou o correio eletrônico às aulas de espanhol, foi realizado pela professora Manuela González Bueno, da Universidade de Kansas, no ano de 1998. Foi oferecido a cinqüenta estudantes de Espanhol a possibilidade de escrever em Espanhol mensagens utilizando o correio eletrônico, com temas livres e quando desejassem, durante dois semestres. Desta forma a professora Bueno desejava provocar um maior envolvimento na tarefa proposta. Este projeto oportunizou aos alunos uma comunicação que na sala de aula não mantinham por vergonha ou medo de cometerem erros. Nas mensagens escritas por seus alunos a professora pôde detectar uma maior criatividade, confidencialidade e franqueza. Bueno concluiu com este projeto que a inclusão do correio eletrônico na aprendizagem da língua estrangeira favorece a participação e organização espaço-temporal na comunicação, bem como a quantidade e qualidade dos conteúdos15.

Afirma Piñol que o correio eletrônico pode servir para que os estudantes de uma língua estrangeira exercitem a comunicação leitora e a expressão escrita. Para esta

atividade é essencial a presença do professor para auxiliar na elaboração e na decodificação da mensagem.

Apesar de a Internet ser um recurso com potencial para a comunicação entre as pessoas e para a aprendizagem de idiomas, ainda são escassos os estudos realizados, ou publicados sobre o seu uso para o ensino de Espanhol como língua estrangeira. Outro recurso da Internet que pode ser explorado em sala de aula é o Chat, porém salienta que apresenta certas limitações para a aprendizagem no que diz respeito à correção formal, seria mais adequado para níveis mais avançados. Existe por parte do aluno maior preocupação em escrever em uma comunicação assincrônica, pois habitualmente costuma reler e revisar sua mensagem antes de enviá-la, já na comunicação sincrônica, que se assemelha mais à comunicação cara a cara, não possibilita esta revisão. Com a rapidez e a pressa em se comunicar, para responder ao que lhe é solicitado, o aluno se fixa menos na correção e na efetividade de sua mensagem15.

O computador no ensino de uma língua estrangeira pode e é usado atualmente como ferramenta para explorar novos conhecimentos, serve como veículo de conteúdos significativos, culturais, e dá suporte à aprendizagem individualizada e cooperativa16 e permite aprender o idioma através de um processo reflexivo.