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2. Conhecimento versus Competências

2.2 Ensino em Contexto

A promoção da literacia tecnológica e ambiental, associada às competências básicas mais tradicionais, poderá ser a política mais segura a seguir perante o espectro de um mundo desigual, dividido entre digitalmente aptos e inaptos. Em face dos desafios postos pela constante evolução tecnológica, as escolas podem fazer a diferença como geradoras de riqueza e de coesão social. Para além do mundo do poder tecnológico, a interacção social e as relações pessoais continuam a ser os ingredientes essenciais de construção e de descoberta do conhecimento. Proporcionar uma diversidade de trajectos educativos, estimular a criação de espaços de pertença, gerir fluxos de informação e favorecer personalidades emocionalmente amadurecidas, são crescentemente importantes para a obtenção de resultados educativos equilibrados (Carneiro, 2000).

Um modelo de aprendizagem estritamente baseado nas áreas disciplinares, colide com a crescente necessidade de adaptação a um mundo complexo. As escolas e os sistemas educativos no seu todo, enfrentam o desafio de reinventar e adaptar os currículos, de modo a dar resposta às necessidades de um novo mundo, à existência cada vez maior de estruturas humanas multiculturais e às necessidade locais da sociedade onde está inserida a escola. Complexidade, diversidade, mobilidade, conectividade, escolha e populações multiculturais, associadas ao crescimento de democracias responsáveis, originam pressões de mudança sem precedentes sobre o modo como as escolas estão organizadas, sobre a forma como os alunos aprendem e sobre a maneira como osprofessores ensinam.

Literacia Ambiental à Saída do Ensino Secundário

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Efectivamente e escola necessita de se adaptar e reconstruir, às determinantes de uma sociedade flexível, em permanente mutação e virada para a inovação. Mas quais as linhas mestras, com as quais se possa provocar e desenvolver a mudança sustentável, de um sistema educativo ultra-estável e naturalmente avesso a mudanças, prisioneiro de conceitos de uma transferência rotineira de conteúdos. O conhecimento deve ser encarado como uma ferramenta no desenvolvimento de competências, essenciais na sociedade contemporânea, da sociedade do saber e da informação e de uma aprendizagem ao longo da vida. A aprendizagem adquirida nas escolas representa, hoje em dia, uma parcela cada vez menor da aprendizagem que se adquire no dia-a-dia. Os conteúdos devem ser explorados em contextos de interacção e actividade promovendo a autonomia e desenvolvendo competências. Num mundo inundado de informação, aquilo a que prestamos atenção não são os conteúdos, mas sim os contextos e independentemente da importância dos conteúdos, são os contextos que oferecem estrutura. Será então necessário, fomentar acções de formação no corpo docente que promovam o gosto pela reflexão/investigação/acção em matéria de educação e desenvolvimento curricular (Nóvoa, 1992). A cultura de cada comunidade permitirá funcionar como um filtro orientador e selectivo da estruturação de visões do mundo. Num oceano imenso de informação, aquilo a que prestamos atenção é aos contextos e, em larga medida, são os contextos que oferecem estrutura, que permitem compreender um mundo de diversidade onde vivemos cada vez mais sequiosos de conhecimento e mais afogados em informação. O desenvolvimento científico e tecnológico e as consequências na sua própria produção e no quotidiano das pessoas, alterou as dinâmicas de incorporação dos conhecimentos e da aprendizagem, colocando a ênfase na necessidade de trabalho colaborativo entre indivíduos e instituições. O enorme distanciamento que ocorre entre a proposta curricular que grande parte das escolas ainda desenvolvem e a vida real, não são evidências do contraste entre a aprendizagem que ocorre informalmente na vida das pessoas e aquela que ocorre formalmente por meio do currículo escolar. Formadora de cidadãos, o que a escola tem vindo a propor é a formação geral em oposição à formação específica. O desenvolvimento de capacidades de pesquisar, procurar informações, analisá-las e seleccioná-las; a capacidade de aprender e criar e desta forma incorporar conhecimento, fomentam aprendizagens significativas (Berger et al., 2004). Desta forma promove-se a formação da pessoa e a preparação e a orientação básica para sua integração no mundo do trabalho, com as competências que garantam seu desempenho profissional, promovendo hábitos de trabalho e de responsabilidade e que permitam acompanhar as mudanças que

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caracterizam a produção no nosso tempo e o desenvolvimento das competências para continuar aprendendo, de forma autónoma e crítica, em níveis mais complexos de estudos. Na actual sociedade do conhecimento, aprender a continuar a aprender coloca-se como competência fundamental para inserção numa dinâmica social que se reestrutura continuamente. A perspectiva é, pois, de uma aprendizagem permanente, de uma formação continuada, tendo em vista a construção e o exercício da cidadania. Construir competências não pressupõe abandonar a apropriação de conhecimentos nem a construção de novos conhecimentos, ao contrário, estes processos são articulados sistemicamente. As competências são modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, acções e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objectos, situações, fenómenos e pessoas que desejamos conhecer, operações mentais estruturadas em rede que mobilizadas permitem a incorporação de novos conhecimentos e sua integração significativa a esta rede, possibilitando a reactivação de esquemas mentais e saberes em novas situações, de forma sempre diferenciada.

O ponto de partida para uma educação significativa tem de ser a realidade do aluno. Embora conhecimento não seja igual a informação, as tecnologias empregues na difusão desta, vieram revolucionar profundamente o acesso, o uso e a difusão daquele, alterando as nossas percepções acerca do que é o saber, o que é preciso e importante saber, quando é que se aprende, como é que se adquire o saber e em que quadro de relações sociais é que ele de novo se distribui. Para tal, é necessário desenvolver na sociedade e nos alunos a cultura do trabalho pois é com trabalho que se aprende.

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