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Ensino Fundamental

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CAPÍTULO I TRAÇOS FUNDAMENTAIS ATUAIS DO ENSINO DE FÍSICA NO

1.1. Panorama da Física na Formação Escolar da Educação Básica: do Ensino Fundamental ao

1.1.1. Ensino Fundamental

O primeiro contato dos alunos com a Física, por meio do ensino formal, se dá na disciplina de Ciências Naturais, nos primeiros ciclos do ensino fundamental, em que são considerados alguns princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1999), proposta em três blocos temáticos: ambiente, ser humano e saúde. Quanto aos Recursos Tecnológicos estes são justificados por meio de uma perspectiva interdisciplinar, de concepção construtivista e contextualizada. Mas, infelizmente, nem todos estes blocos são contemplados pelos professores, percebendo-se claramente um maior enfoque aos conteúdos de Biologia e Saúde, em detrimento aos conteúdos relacionados ao bloco de tecnologia (ALMEIDA et al. 2001). Em parte esse “esquecimento” se dá em virtude da falta de preparo dos professores e, também, da dificuldade para trabalharem com metodologias que sejam condizentes para serem apresentadas em sala de aula.

Esses aspectos geram distorções, pois, grande parte dos conceitos físicos é ensinada erroneamente pelos professores do ensino fundamental nas aulas de ciências, gerando um ensino deteriorado no que diz respeito aos conteúdos de Física (MOREIRA e OSTERMANN

1999). Por exemplo, pode-se ensinar, em um contexto, que feche a janela da casa “para que não entre o frio”, ainda que seja, no sentido restrito, está invertendo o processo físico ao empregar essa estrutura linguística.

O primeiro contato com a Física no transcorrer do período escolar é de suma importância em sua aprendizagem, pois as crianças que têm aptidão pela ciência, podem não despertar o interesse e a motivação em aprender Física.

Um dos maiores problemas enfrentados, sem sombra de dúvida é a desvalorização da carreira docente na Educação Básica no Brasil. No discurso sempre eloquente dos políticos brasileiros, a educação é sempre prioritária, mas nas ações práticas, as condições do trabalho, em muitos casos, não são nada dignas. Os investimentos em Educação remetem a baixos salários, número exagerado de alunos nas salas de aula, elevada carga horária semanal, descaso na formação continuada, currículos desatualizados e descontextualizados que se transformaram em um amontoado de conteúdos a serem cumpridos, preparação dos alunos apenas para responderem corretamente as avaliações (MOREIRA, 2018).

Nos dias atuais, os alunos são mais participativos demonstrando um maior interesse por situações cotidianas, pautando-se geralmente por ideias não aceitas cientificamente. Contrariando esta lógica, percebe-se a importância do domínio conceitual por parte do professor, incluindo o emprego de estratégias de ensino que auxiliem na aprendizagem significativa por parte dos alunos.

Nesse sentido, necessita-se do aprofundamento em um estudo relativo tanto ao ensino dos conteúdos físicos como à formação dos professores. Muitos autores indicam que a Física não está presente nas primeiras séries do ensino fundamental, pela grande dificuldade dos professores dessas séries em trabalhar atividades que abranjam conceitos físicos. Infelizmente, a maioria dos docentes de Ciências do Ensino Fundamental é formada em Biologia, e poucos possuem graduação em Física, e a maioria destes profissionais não gostam de lecionar conteúdos de Física para seus alunos devido terem terminado o Ensino Médio sem compreender e entenderem a importância da referida disciplina, como também na própria graduação.

Cursos de formação continuada são oferecidos, mas caracterizam-se por uma prática reflexiva, fundamentada em leituras e reflexões sobre a prática docente. Segundo Monteiro e Teixeira (2004) percebe-se que

[...] os cursos de formação continuada não devem ser estruturados com vistas somente à proposta de ensino que vai apresentar, mas devem se preocupar também com as diversas formas de reflexão que pode oportunizar ao

professor, tanto em relação à sua identidade docente como em relação à análise crítica da proposta. É claro que as limitações a respeito do conhecimento dos conceitos científicos envolvidos na atividade limitaram o desempenho dos docentes. Isso nos leva a destacar a importância e a necessidade da existência de cursos que ofereçam oportunidades de conhecimento teórico acerca de conceitos científicos (MONTEIRO E TEIXEIRA, 2004, p.17).

Muitos professores relatam o interesse em aprender novas formas de ensino de conteúdos específicos com o intuito de elucidar e questionar suas próprias dúvidas sobre os mesmos. Segundo experiência descrita por Silva e Schnetzler (2000), o mais relevante está em compreender situações cabíveis ao cotidiano da sala de aula.

Vale ressaltar que em uma pesquisa temática sobre a formação de professores, André (2004) investigou resumos das teses e dissertações defendidas no Brasil, no período de 1990 a 1998. Entretanto, a autora atestou apenas um pequeno número de pesquisas sobre a formação inicial de professores das séries iniciais do ensino fundamental relacionados ao ensino de conteúdos de Física em cursos de Pedagogia.

As avaliações do curso [de Pedagogia] limitam-se a aspectos internos, como o currículo, ou um fragmento de um curso, como uma disciplina. Constata-se ainda que a quantidade de trabalhos sobre as habilitações sobre a Pedagogia é muito pequeno. Juntando-se a isso o número limitado de pesquisas sobre o professor e o aluno de Pedagogia, o resultado final é um quadro muito pobre, e um conhecimento muito parcial sobre esse nível de formação (ANDRÉ, 2004, p. 83).

Apesar desse número de pesquisas ter crescido consideravelmente nos últimos anos, há uma enorme necessidade de mudanças no processo formativo dos professores de Física, isso reflete a urgência de coerência entre a formação oferecida e a prática esperada do futuro professor, uma formação inicial e continuada pautada na crítica, na contextualização do ensino e no compromisso social, que passe a ser referência para a ação docente:

Dada a natureza do trabalho docente, que é ensinar como contribuição ao processo de humanização dos alunos historicamente situados, espera-se da licenciatura que desenvolva nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que lhes possibilitem permanentemente irem construindo seus saberes-fazeres docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino como prática social lhes coloca no cotidiano (PIMENTA, 2008, p 18).

Entende-se aqui a extrema importância de que se desenvolvam mais pesquisas relacionadas aos cursos de Pedagogia, porque se deve considerar o papel destes cursos

enquanto formadores de profissionais para desempenharem, dentre outras habilitações, as funções de professores das séries iniciais do ensino fundamental.

O crescimento do ensino se dá como um todo, sendo um processo contínuo, no qual o desenvolvimento profissional docente deve ser encarado em uma perspectiva que possibilite a esses futuros professores o domínio de conteúdos, pluralidade de estratégias de ensino, o despertar do interesse em galgar conceitos de forma atraente aos alunos.

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