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4 TÓPICOS DA BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM

4.4 O ensino médio e a BNCC

No intuito de fazer com que o currículo atinja os objetivos e parâmetros do processo educativo é preciso que existam temas e que se estabeleça relação entre as disciplinas, a fim de que elas não sejam apenas uma seleção de conteúdo.

No decorrer do ano de 2017, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi abordada como um dos mais relevantes debates sobre educação no país. Em trâmite desde abril, o documento da Base foi homologado pelo Ministério da Educação (MEC), em sua terceira versão, no dia 20 de dezembro de 2017. De acordo com o Mendonça Filho (2018), ao apresentar a Base Nacional Curricular Comum a define da seguinte maneira:

A BNCC é um documento plural e contemporâneo, resultado de um trabalho coletivo inspirado nas mais avançadas experiências do mundo. A partir dela, as redes de ensino e instituições escolares públicas e particulares passarão a ter uma referência nacional comum e obrigatória para a elaboração dos seus currículos e propostas pedagógicas, promovendo a elevação da qualidade do ensino com equidade e preservando a autonomia dos entes federados e as particularidades regionais e locais. Prevista na Constituição de 1988, na Lei

18 A Medida Provisória n. 746 propunha 1.200 horas, e a lei n. 13.415, de 2017, definiu até 1.800 horas, podendo ser, portanto, inferior às 1.200 propostas anteriormente.

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, e no Plano Nacional de Educação, de 2014, a BNCC expressa o compromisso do Estado Brasileiro com a promoção de uma educação integral e desenvolvimento pleno dos estudantes, voltada ao acolhimento com respeito às diferenças e sem discriminação e preconceitos (MENDONÇA FILHO, 2018, p. 5).

Em linhas gerais a Base Nacional Comum Curricular trata-se um documento que indica as competências (gerais e específicas), as habilidades e as aprendizagens indispensáveis que os estudantes devem desenvolver no decorrer de cada etapa da educação básica. A BNCC destaca também, que tais competências, habilidades e conteúdos devem ser os mesmos, independentemente de onde as crianças, os adolescentes e os jovens morem ou estudem.

Ao analisar a Base Nacional Curricular comum, é possível constatar que muitas competências estão ligadas ao conceito de energia. Segundo o artigo n. 22 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a educação básica tem por finalidade “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer- lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (BRASIL, 1996). A progressão no trabalho e nos estudos deve ser desenvolvida pelo ensino médio, uma vez que as suas finalidades específicas incluem “a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando” (BRASIL, 1996). Segundo Ramos (2005), essa preparação deve ser feita por um currículo que destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício.

Portanto, ainda conforme Ramos (2005) percebe-se a necessidade de o ensino médio construir possibilidades formativas que contemplem as múltiplas necessidades socioculturais e econômicas dos sujeitos que o constituem (adolescentes, jovens e adultos), reconhecendo-os como sujeitos de direitos no momento em que cursam o ensino médio. Isso implica possibilitar, sobre uma base unitária que sintetize humanismo e tecnologia, a preparação para o exercício de profissões técnicas, a iniciação científica, a ampliação cultural, o aprofundamento de estudos, além de outras.

A doutrina que disciplina o ensino médio recorre à diversidade como reconhecimento das diferenças que, embora reconhecidas como ponto de partida de um processo, têm um horizonte comum determinado pela constatação de que os itinerários de vida dos jovens e dos jovens adultos serão cada vez mais imprevisíveis. Nesse cenário, a escola, especialmente a média, é convocada a contribuir para a aprendizagem de competências gerais, visando à constituição de pessoas mais aptas a assimilar mudanças,

autônomas em suas escolhas, que respeitem as diferenças e, ainda, que constituam identidades; “capazes de suportar a inquietação, conviver com o incerto, o imprevisível e o diferente” (BRASIL, 2002).

De acordo com a Base Nacional Curricular Comum, as competências e habilidades do ensino médio referem-se muitas vezes ao conceito de energia. Desse modo, é imprescindível que os estudantes sejam capazes de compreender a realidade e a situação dos contextos envolvendo energia e nos quais estão inseridos. No caso da aplicação deste projeto, que os alunos percebam, a partir da observação e do conhecimento, que a energia fotovoltaica instalada no colégio onde estudam está amplamente relacionada com as atividades que eles executam em seu cotidiano e com os conteúdos que aprendem em disciplinas diversas. No sentido de assegurar e organizar o desenvolvimento das competências específicas, propostas cada componente curricular, a BNCC apresenta um conjunto de habilidades. Tais habilidades estão relacionadas a distintos objetos de conhecimento e expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares. Tomando o tema energia como referência e a BNCC (Base Nacional Curricular Comum), a TABELA 4.1 destacar algumas habilidades que o estudante do ensino médio deve adquirir.

Tabela 4.6 - Competências e habilidades ligadas à Educação em Energia

Linguagens,

Códigos e

suas

Tecnologias

-Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos.

- Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens, relacionando texto com seus contextos, mediante a natureza, função, organização das manifestações, de acordo com as suas condições de produção e recepção.

- Compreender criticamente textos de divulgação científica orais, escritos e multissemióticos de diferentes áreas do conhecimento, identificando sua organização tópica e a hierarquização das informações, questionando fontes não confiáveis e problematizando enfoques tendenciosos ou superficiais

- Produzir textos para a divulgação do conhecimento e de resultados de levantamentos e pesquisas – texto monográfico, ensaio, artigo de divulgação científica, verbete de enciclopédia (colaborativa ou não), infográfico (estático ou animado), relato de experimento, relatório, relatório multimidiático de campo, reportagem científica, podcast ou vlog científico, apresentações orais, seminários, comunicações em mesas redondas, mapas dinâmicos etc. –, considerando o contexto de produção e utilizando os conhecimentos sobre os gêneros de divulgação científica, de forma a engajar-se em processos significativos de socialização e divulgação do conhecimento.

Ciências da Natureza,

-Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos para interpretar situações em diversos contextos, sejam atividades cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza e Humanas, ou ainda questões econômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a consolidar uma formação científica geral.

-Articular conhecimentos matemáticos ao propor e/ou participar de ações para investigar desafios do mundo contemporâneo e tomar decisões éticas e socialmente responsáveis, com base na análise de problemas de urgência social, como os voltados a situações de saúde, sustentabilidade, das implicações da tecnologia no mundo do trabalho, entre outros, recorrendo a conceitos, procedimentos e linguagens próprios da Matemática.

-Interpretar situações econômicas, sociais e das Ciências da Natureza que envolvem a variação de duas grandezas, pela análise dos gráficos das funções representadas e das taxas de variação com ou sem apoio de tecnologias digitais.

Matemática

e suas

Tecnologias

aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e/ou global. -Analisar e representar as transformações e conservações em sistemas que envolvam quantidade de matéria, de energia e de movimento para realizar previsões em situações cotidianas e processos produtivos que priorizem o uso racional dos recursos naturais.

-Avaliar tecnologias e possíveis soluções para as demandas que envolvem a geração, o transporte, a distribuição e o consumo de energia elétrica, considerando a disponibilidade de recursos, a eficiência energética, a relação custo/ benefício, as características geográficas e ambientais, a produção de resíduos e os impactos socioambientais.

-Elaborar explicações e previsões a respeito dos movimentos de objetos na Terra, no Sistema Solar e no Universo com base na análise das interações gravitacionais.

-Investigar e analisar os efeitos de programas de infraestrutura e demais serviços básicos (saneamento, energia elétrica, transporte, telecomunicações, cobertura vacinal, atendimento primário à saúde e produção de alimentos, entre outros) e identificar necessidades locais e/ou regionais em relação a esses serviços, a fim de promover ações que contribuam para a melhoria na qualidade de vida e nas condições de saúde da população.

-Analisar as propriedades específicas dos materiais para avaliar a adequação de seu uso em diferentes aplicações (industriais, cotidianas, arquitetônicas ou tecnológicas) e/ou propor soluções seguras e sustentáveis.

-Justificar a importância da preservação e conservação da biodiversidade, considerando parâmetros qualitativos e quantitativos, e avaliar os efeitos da ação humana e das políticas ambientais para a garantia da sustentabilidade do planeta.

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

-Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de produção e descarte (reuso e reciclagem) de resíduos na contemporaneidade e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade socioambiental e o consumo responsável.

-Analisar e avaliar os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de análise, considerando o modo de vida das populações locais e o compromisso com a sustentabilidade.

-Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de empresas e de indivíduos, discutindo as origens dessas práticas, e selecionar aquelas que respeitem e promovam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável.

-Analisar e discutir o papel dos organismos nacionais de regulação, controle e fiscalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas ambientais sustentáveis.

5 SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

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