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O Ensino de Português para Estrangeiros na Universidade Federal de Minas Gerais

Equipe Responsável: Profa. Regina Lúcia Péret Dell’lsola

Supervisora do Curso de Português para Estrangeiros (UFMG)

Denise Araújo Pedron Estela Maura Silva de Castilho Guilherme Lentz da Silveira Monteiro Renata Josely da Silva

Professores do Curso de Português para Estrangeiros(UFMG)

O ensino de Português para Estrangeiros é oferecido semestralmente pela Faculdade de Letras da UFMG, através de seu Centro de Extensão da Faculdade de Letras e tem como público alvo alunos adultos que desejam, em curto espaço de tempo, obter o máximo de conhecimento da língua portuguesa. A principal motivação desses alunos é se comunicar na língua dos brasileiros, uma vez que estão aprendendo esta língua em contexto de imersão. Para não se perder de vista o objetivo dos alunos, pois foi para aprender o Português é que se organizou a turma (e não exatamente para que o professor os ensinasse), atualmente, o curso compreende quatro níveis: Básico (para principiantes, sem conhecimento da língua portuguesa); Intermediário I (para principiantes, com conhecimento básico de Português); Intermediário II (para estrangeiros que se comunicam em Português e desejam aperfeiçoar suas habilidades orais e escritas) e Avançado (para aqueles que apresentam bom desempenho oral e necessitam desenvolver a habilidade escrita em norma culta).

Constatamos que o trabalho mais importante na sala de aula é feito pelo aluno e não para ele. Cabe ao professor orientá-lo e estimulá-lo propondo simulações de situações verdadeiras de acordo com cada nível de conhecimento do aluno. Acreditamos nos princípios apresentados por RAMALHETE (1984): a) falar uma língua é uma atividade ao mesmo tempo física e intelectual; b) quando se fala uma língua estrangeira, faz-se uso de instrumentos de reflexão dados pela língua materna; c) a língua só existe em situação de comunicação, fora disso é urna abstração. Esses princípios direcionam nosso trabalho e orientam a equipe de professores a

Agita numa boca Descola uma mutuca E um papel

Sonha aquela mina, olerê Prancha, parafina, olará Dorme gente fina Acorda pinel Zanza na sarjeta Fatura uma besteira E tem as pernas tortas E se chama Mané Arromba uma porta Faz ligação direta Engata uma primeira E até

Dobra a carioca, olerê Desce a Frei Caneca, olará Se manda pra Tijuca Na contramão Dança pára-lama Já era pára-choque Agora ele se chama Emersão

Sobe no passeio, olerê Pega no Recreio, olará Não se liga em freio Nem direção No sinal fechado Ele transa chiclete E se chama pivete E pinta na janela Capricha na flanela Descola uma bereta Batalha na sarjeta E tem as pernas tortas

(Arranjo e regência - Francis Hime)

O Ensino de Português para Estrangeiros na

Universidade Federal de Minas Gerais

Equipe Responsável: Profa. Regina Lúcia Péret Dell’lsola

Supervisora do Curso de Português para Estrangeiros (UFMG)

Denise Araújo Pedron Estela Maura Silva de Castilho Guilherme Lentz da Silveira Monteiro Renata Josely da Silva

Professores do Curso de Português para Estrangeiros(UFMG)

O ensino de Português para Estrangeiros é oferecido semestralmente pela Faculdade de Letras da UFMG, através de seu Centro de Extensão da Faculdade de Letras e tem como público alvo alunos adultos que desejam, em curto espaço de tempo, obter o máximo de conhecimento da língua portuguesa. A principal motivação desses alunos é se comunicar na língua dos brasileiros, uma vez que estão aprendendo esta língua em contexto de imersão. Para não se perder de vista o objetivo dos alunos, pois foi para aprender o Português é que se organizou a turma (e não exatamente para que o professor os ensinasse), atualmente, o curso compreende quatro níveis: Básico (para principiantes, sem conhecimento da língua portuguesa); Intermediário I (para principiantes, com conhecimento básico de Português); Intermediário II (para estrangeiros que se comunicam em Português e desejam aperfeiçoar suas habilidades orais e escritas) e Avançado (para aqueles que apresentam bom desempenho oral e necessitam desenvolver a habilidade escrita em norma culta).

Constatamos que o trabalho mais importante na sala de aula é feito pelo aluno e não para ele. Cabe ao professor orientá-lo e estimulá-lo propondo simulações de situações verdadeiras de acordo com cada nível de conhecimento do aluno. Acreditamos nos princípios apresentados por RAMALHETE (1984): a) falar uma língua é uma atividade ao mesmo tempo física e intelectual; b) quando se fala uma língua estrangeira, faz-se uso de instrumentos de reflexão dados pela língua materna; c) a língua só existe em situação de comunicação, fora disso é urna abstração. Esses princípios direcionam nosso trabalho e orientam a equipe de professores a

dar oportunidade ao aluno estrangeiro de sistematizar, no espaço da sala de aula, o conhecimento que circula ao seu redor. Privilegia-se o uso da língua associado ao conhecimento prévio do aluno. Para implementar essa proposta, o planejamento do curso, os materiais utilizados e as atividades desenvolvidas em sala de aula ocorrem a cada semestre durante o processo, de acordo com as situações que são apresentadas ou conforme objetivos traçados pelos próprios alunos.

O curso básico de Português para Estrangeiros da UFMG é planejado de modo a tentar satisfazer as necessidades básicas de comunicação de um estrangeiro no Brasil, como ir a um restaurante, comprar ingressos para um show, convidar um amigo (que fala Português) para sair, utilizar os sistemas de transportes do país, etc. Além disso, o curso tem, como objetivo, iniciar o aluno no conhecimento da cultura brasileira. Desse modo, centra-se nesses dois objetivos, que, na verdade, são trabalhados simultaneamente.

Num primeiro momento, tenta-se satisfazer as necessidades básicas de comunicação, através de diálogos e exercícios estruturais. Visando o aprendizado do Português, em contexto de imersão, procura-se apresentar já nesses diálogos aspectos da cultura e do viver brasileiro, como gírias, expressões idiomáticas, desvios da norma culta na fala, diversos modos de tratamentos, cumprimento etc. Tudo evidentemente contextualizado. Os exercícios estruturais são dados a partir do contato contextual do aluno com a estrutura. Num segundo momento, trabalham-se mais profundamente aspectos culturais, como política, economia, sociedade e história brasileira, através de um material autêntico de suporte como músicas, textos jornalísticos e alguns literários, vídeos, tudo dentro de um vocabulário acessível ao nível básico, não impedindo que haja momentos de maior complexidade.

Dessa forma, objetiva-se um aprendizado tranqüilo, permitindo ao aluno espaço para que expresse suas dúvidas a respeito de determinado assunto, opiniões sobre o curso, dificuldades na utilização de alguma estrutura. No segundo momento do curso, procura-se estimular a capacidade do aluno na aquisição dessa língua, além da fixação de vocabulário e estruturas. Isso se faz através de atividades escritas, como redação, ditados e atividade de conversação.

O curso Intermediário destina-se a pessoas que já possuem um conhecimento elementar da língua. Tal público pode ser dividido em basicamente duas categorias, a saber, (1) a das pessoas com um domínio mínimo da língua – já fora, portanto, do domínio de um curso em nível básico –; e (2) pessoas com desempenho razoável, mas com certas falhas a nível estrutural, tais como insegurança na conjugação dos diversos tempos verbais (principalmente no caso de verbos irregulares), dúvidas quanto à distinção entre pretérito perfeito e imperfeito, entre os verbos ser e estar, emprego de certas preposições, do modo subjuntivo, etc. As pessoas pertencentes a este segundo grupo comunicam-se com desenvoltura, relacionando-se satisfatoriamente bem com o meio sócio-cultural brasileiro, mas, devido às dificuldades que apresentam, não podem ser enquadradas no curso avançado.

Fica claro que é problemático classificar esses dois grupos igualmente como de nível Intermediário, pelo menos se isso significar que eles estarão presentes em uma mesma classe. Devido a isso, o curso de Português para Estrangeiros em nível Intermediário foi dividido em dois sub-grupos, quais sejam Intermediário I e Intermediário II. Focaliza-se aqui, primeiramente, o nível 1.

Na elaboração do curso Intermediário I, partiu-se do pressuposto de que os alunos já dispunham do conhecimento elementar tanto gramatical quanto funcional. que é o objetivo do curso básico. Isso significa, por um lado, que, teoricamente, eles já deveriam dominar os itens gramaticais básicos da língua, tais como ordenação dos elementos e estrutura da frase, noções sobre o sistema verbal, notadamente no caso do modo indicativo, advérbios e utilização dos sufixos e prefixos mais comuns. Por outro lado, acreditava- se que os alunos já possuiriam um vocabulário elementar e algum conhecimento sobre expressões populares e aspectos básicos da cultura brasileira. Essa combinação elementar de conhecimento formal e comunicativo já garantiria a capacidade de usar seus novos conhecimentos lingüísticos para satisfazer as necessidades cotidianas, tais como fazer uma compra, pagar uma conta, marcar uma consulta, combinar um encontro, acompanhar superficialmente a imprensa dentre outras.

Dessa forma, considerou-se inicialmente que o curso de Intermediário I possuía um conteúdo gramatical bem determinado e um conteúdo funcional menos definido, já que o pressuposto de que o aluno já era capaz de

dar oportunidade ao aluno estrangeiro de sistematizar, no espaço da sala de aula, o conhecimento que circula ao seu redor. Privilegia-se o uso da língua associado ao conhecimento prévio do aluno. Para implementar essa proposta, o planejamento do curso, os materiais utilizados e as atividades desenvolvidas em sala de aula ocorrem a cada semestre durante o processo, de acordo com as situações que são apresentadas ou conforme objetivos traçados pelos próprios alunos.

O curso básico de Português para Estrangeiros da UFMG é planejado de modo a tentar satisfazer as necessidades básicas de comunicação de um estrangeiro no Brasil, como ir a um restaurante, comprar ingressos para um show, convidar um amigo (que fala Português) para sair, utilizar os sistemas de transportes do país, etc. Além disso, o curso tem, como objetivo, iniciar o aluno no conhecimento da cultura brasileira. Desse modo, centra-se nesses dois objetivos, que, na verdade, são trabalhados simultaneamente.

Num primeiro momento, tenta-se satisfazer as necessidades básicas de comunicação, através de diálogos e exercícios estruturais. Visando o aprendizado do Português, em contexto de imersão, procura-se apresentar já nesses diálogos aspectos da cultura e do viver brasileiro, como gírias, expressões idiomáticas, desvios da norma culta na fala, diversos modos de tratamentos, cumprimento etc. Tudo evidentemente contextualizado. Os exercícios estruturais são dados a partir do contato contextual do aluno com a estrutura. Num segundo momento, trabalham-se mais profundamente aspectos culturais, como política, economia, sociedade e história brasileira, através de um material autêntico de suporte como músicas, textos jornalísticos e alguns literários, vídeos, tudo dentro de um vocabulário acessível ao nível básico, não impedindo que haja momentos de maior complexidade.

Dessa forma, objetiva-se um aprendizado tranqüilo, permitindo ao aluno espaço para que expresse suas dúvidas a respeito de determinado assunto, opiniões sobre o curso, dificuldades na utilização de alguma estrutura. No segundo momento do curso, procura-se estimular a capacidade do aluno na aquisição dessa língua, além da fixação de vocabulário e estruturas. Isso se faz através de atividades escritas, como redação, ditados e atividade de conversação.

O curso Intermediário destina-se a pessoas que já possuem um conhecimento elementar da língua. Tal público pode ser dividido em basicamente duas categorias, a saber, (1) a das pessoas com um domínio mínimo da língua – já fora, portanto, do domínio de um curso em nível básico –; e (2) pessoas com desempenho razoável, mas com certas falhas a nível estrutural, tais como insegurança na conjugação dos diversos tempos verbais (principalmente no caso de verbos irregulares), dúvidas quanto à distinção entre pretérito perfeito e imperfeito, entre os verbos ser e estar, emprego de certas preposições, do modo subjuntivo, etc. As pessoas pertencentes a este segundo grupo comunicam-se com desenvoltura, relacionando-se satisfatoriamente bem com o meio sócio-cultural brasileiro, mas, devido às dificuldades que apresentam, não podem ser enquadradas no curso avançado.

Fica claro que é problemático classificar esses dois grupos igualmente como de nível Intermediário, pelo menos se isso significar que eles estarão presentes em uma mesma classe. Devido a isso, o curso de Português para Estrangeiros em nível Intermediário foi dividido em dois sub-grupos, quais sejam Intermediário I e Intermediário II. Focaliza-se aqui, primeiramente, o nível 1.

Na elaboração do curso Intermediário I, partiu-se do pressuposto de que os alunos já dispunham do conhecimento elementar tanto gramatical quanto funcional. que é o objetivo do curso básico. Isso significa, por um lado, que, teoricamente, eles já deveriam dominar os itens gramaticais básicos da língua, tais como ordenação dos elementos e estrutura da frase, noções sobre o sistema verbal, notadamente no caso do modo indicativo, advérbios e utilização dos sufixos e prefixos mais comuns. Por outro lado, acreditava- se que os alunos já possuiriam um vocabulário elementar e algum conhecimento sobre expressões populares e aspectos básicos da cultura brasileira. Essa combinação elementar de conhecimento formal e comunicativo já garantiria a capacidade de usar seus novos conhecimentos lingüísticos para satisfazer as necessidades cotidianas, tais como fazer uma compra, pagar uma conta, marcar uma consulta, combinar um encontro, acompanhar superficialmente a imprensa dentre outras.

Dessa forma, considerou-se inicialmente que o curso de Intermediário I possuía um conteúdo gramatical bem determinado e um conteúdo funcional menos definido, já que o pressuposto de que o aluno já era capaz de

vivenciar situações básicas daria uma certa “liberdade temática” ao professor. Não havendo necessidade de repetir o conteúdo funcional do curso Básico, seria possível introduzir o aluno em outras questões da língua, tais corno a linguagem metafórica, o senso de humor e, principalmente, a linguagem escrita e sua relação conflituosa com a expressão oral. Do ponto de vista gramatical, esperava-se, além da consolidação dos conhecimentos adquiridos no curso Básico, que os estrangeiros, ao final do curso, dominassem também os verbos no modo subjuntivo.

Entretanto, os pressupostos sobre os quais se baseava este projeto mostraram-se logo falsos, por desconsiderarem alguns aspectos básicos do curso de Português para Estrangeiros. O principal erro foi tomar o aluno egresso do nível básico como padrão para o Intermediário. O curso para estrangeiros possui um público, por assim dizer, altamente “instável”. Todos os semestres chegam alunos de diversas partes do mundo, com as experiências mais diversas. Outros já vivem no Brasil há algum tempo, mas ainda estão iniciando seus estudos de Português. Algumas pessoas desse primeiro curso de Intermediário I já haviam estudado Português em seus países e, ao ingressar no curso para estrangeiros, possuíam razoável conhecimento sobre a gramática portuguesa, o que se manifestava principalmente na expressão escrita. Percebeu-se, porém, que o domínio de itens gramaticais e o de lexicais são até certo ponto independentes entre si, de maneira que os referidos alunos não tinham um vocabulário condizente com o que já sabiam sobre a estrutura da língua, o que lhes impedia um bom desempenho. Analogamente, havia alunos perfeitamente integrados, do ponto de vista comunicativo, à sociedade brasileira, capazes de participar de conversas nos mais diversos registros lingüísticos e até de acompanhar a imprensa escrita, mas sem qualquer sistematização gramatical, principalmente no que se refere aos modelos de conjugação de verbos.

A classificação dos alunos quanto ao nível de conhecimento do Português deve obedecer uma espécie de “média” entre os conhecimentos formais e os comunicativos. Não haveria sentido em colocar no curso Básico alunos que, apesar do fraco desempenho oral, têm conhecimento sobre matérias normalmente difíceis para o estrangeiro, como o presente do subjuntivo e complexas estruturas de subordinação de orações. Da mesma forma, não se pode classificar como “avançado” um aluno que não é capaz sequer de

conjugar um verbo regular no presente do indicativo, mesmo que seu conhecimento sobre o léxico da língua portuguesa lhe permita um relacionamento satisfatório com a sociedade e a cultura brasileiras.

As dificuldades presentes em um e outro grupo irão encontrar-se em alguns pontos, permitindo o planejamento de um curso comum. Para tanto, é preciso estabelecer que a diferença básica entre os cursos Básico e Intermediário I não deve ser funcional. O que vai mudar é o nível de complexidade, tanto lexical quanto gramatical. Isso significa que o caráter “pragmático” do curso Básico deve ser mantido, ou seja, continua sendo fundamental que se trabalhe com diálogos baseados em situações cotidianas, como compras, conversas etc. As falhas quanto à sistematização de itens gramaticais podem ser corrigidas durante as primeiras semanas de curso, através de uma “revisão”. A palavra vem entre aspas porque, a rigor, não se poderia falar em revisão, já que se está considerando que nem todos os alunos já viram a matéria anteriormente. A “liberdade temática” de que se falava anteriormente pode e até deve – desde que não se percam de vista as necessidades comunicativas do aluno – existir, mantendo-se, inclusive, a introdução ao conflito fala-escrita. Trata-se, como se vê, de um processo de homogeinização da turma, o que de fato foi conseguido ao final do curso, estando os alunos prontos para iniciar o curso Intermediário II.

Dentro da sala de aula, trabalha-se segundo as orientações gerais do curso para estrangeiros, ou seja, buscando-se uma aprendizagem baseada nas interações professor-aluno” aluno-sociedade brasileira e língua-cultura. Procura-se criar nas aulas um ambiente descontraído, através de um relacionamento informal entre o estrangeiro e o professor. Isso é extremamente imponente para que os estudantes sintam-se com liberdade para falar, adquirindo segurança no uso da língua – além, é claro, dos aspectos humanos envolvidos em todo processo de aprendizagem. A esse respeito, defende-se fortemente uma postura segundo a qual o professor deve ouvir o que for dito em sala como, antes de tudo, um sujeito participante de uma conversação, ou seja, a preocupação com a discussão precede a preocupação com o conteúdo gramatical propriamente dito. A mesma orientação vale para a produção de textos escritos. Deve-se ainda ressaltar, sobre essa matéria, o fato de que a manifestação espontânea dos alunos é prioridade absoluta, não tendo o professor nenhuma hesitação em abandonar seu planejamento, no caso de surgir alguma discussão durante a aula.

vivenciar situações básicas daria uma certa “liberdade temática” ao professor. Não havendo necessidade de repetir o conteúdo funcional do curso Básico, seria possível introduzir o aluno em outras questões da língua, tais corno a linguagem metafórica, o senso de humor e, principalmente, a linguagem escrita e sua relação conflituosa com a expressão oral. Do ponto de vista gramatical, esperava-se, além da consolidação dos conhecimentos adquiridos no curso Básico, que os estrangeiros, ao final do curso, dominassem também os verbos no modo subjuntivo.

Entretanto, os pressupostos sobre os quais se baseava este projeto mostraram-se logo falsos, por desconsiderarem alguns aspectos básicos do curso de Português para Estrangeiros. O principal erro foi tomar o aluno egresso do nível básico como padrão para o Intermediário. O curso para estrangeiros possui um público, por assim dizer, altamente “instável”. Todos os semestres chegam alunos de diversas partes do mundo, com as experiências mais diversas. Outros já vivem no Brasil há algum tempo, mas ainda estão iniciando seus estudos de Português. Algumas pessoas desse primeiro curso de Intermediário I já haviam estudado Português em seus países e, ao ingressar no curso para estrangeiros, possuíam razoável conhecimento sobre a gramática portuguesa, o que se manifestava principalmente na expressão escrita. Percebeu-se, porém, que o domínio de itens gramaticais e o de lexicais são até certo ponto independentes entre si, de maneira que os referidos alunos não tinham um vocabulário condizente com o que já sabiam sobre a estrutura da língua, o que lhes impedia um bom desempenho. Analogamente, havia alunos perfeitamente integrados, do ponto de vista comunicativo, à sociedade brasileira, capazes de participar de conversas nos mais diversos registros lingüísticos e até de acompanhar a imprensa escrita, mas sem qualquer sistematização gramatical, principalmente no que se refere aos modelos de conjugação de verbos.

A classificação dos alunos quanto ao nível de conhecimento do Português deve obedecer uma espécie de “média” entre os conhecimentos formais e