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Até então a Escola Anna Nery estivera sob a direção de enfermeiras norte-americanas, quais sejam: Clara

CAPÍTULO II Alguns determinantes para a configuração da Escola de Enfermeiras Luiza Alguns determinantes para a configuração da Escola de Enfermeiras Luiza Alguns determinantes para a configuração da Escola de Enfermeiras Luiza

Em 29 de novembro de 1848, em Paris, o Conselho da Associação São Vicente de Paulo, tendo o padre Etienne como Superior Geral, autorizou a

51 Até então a Escola Anna Nery estivera sob a direção de enfermeiras norte-americanas, quais sejam: Clara

Louise Kieninger (1923-1925); Loraine Genevieve Denhardt (1925-1928) e Bertha Lucile Pullen (1928-

seguintes cursos: Curso Geral de Admínistracão: Esoecializacão em l\1icié::;,.i.:. -

Contagiosas: Curso de Tuberculose e Estuàos Cícntfrlcos de Arim:i!li;:;.,rw.:�-- . _ - --·­ Regressando ao Brasil, foi designada Assistente da Diretora da Escola Anna Nery, cargo que ocupou até junho de i 93 1 , quando assumiu a direção da instituição.

Durante sua gestão, dentre outras realizações, destaca-se a criação da Revista Annaes de Enfermagem (atual Revista Brasileira de Enfermagem - REBEn), em 1932. Rachel permaneceu no cargo de diretora da EEAN até maio de 1933, quando se afastou por motivo de doença, vindo a falecer em 25 de setembro de 1933.

Loca�ção: Banco de Dados Quem é Quem na História da Enfermagem Brasileira/Nuphebras; e Centro de Documentação da EEAN/UFRJ; Dissertação de Mestrado de Sonô Taira Oliveira (defesa apraz.ada para 23 de agosto de 2002).

O depoimento de Irmã Notarnicola (nu 7) parece atriburr o não mgresso

das Itmãs da Caridade no ensino formal de enfermagem, até 1931, ao fato de

. as diretoras norte-americanas da Escola Anna Nery não possuírem formação

religiosa católica.

Naquele tempo, eram as enfermeiras americanas. Então entrou para a direção da Escola Anna Nery Rachel Haddock Lobo, formada pelas Irmãs, que eram religiosas ["religiosas" significa Irmãs ou Freiras de outras Congregações]. Você compreende, dependia muito de quem estava na direção. Apesar de Rachel Haddock Lobo professar a religião católica com entusiasmo, parece que, à época, a Escola Anna Nery não ofereceu às Irmãs ambiente semelhante ao de sua Congregação. Sendo assim, aquelas três Irmãs não alcançaram a formação acadêmica, o que equivaleria à conquista do capital institucionalizado, existente somente na forma de suporte material

[diploma], representando simbolicamente o capital incorporado dos agentes que o possuem.

Era fato que, para estudar em escolas leigas, as Irmãs teriam que se privar, ainda que temporariamente, de alguns costumes determinados pela prática católica. Segundo análise realizada por Teixeira et ai. (1998, p. 54), a vida religiosa naquela época possuía algumas exigências difíceis de serem cumpridas fora da Comunidade. Dentre elas, as autoras citam as seguintes: a maneira de vestir das religiosas; os horários rígidos; o silêncio durante as refeições; a obediência aos superiores; as penitências; os exercícios determinados pela Comunidade; e o silêncio sagrado. Valderez Novaes

. Pontes. ( depoente nº 6) confirma: naquela época as Irmãs tinham uma vida

muito difícil. Não podiam trocar de roupa, comer, dormir, rezar, junto com as leigas. Elas faziam tudo separado; então, não podiam estudar em qualquer lugar. Fato é que, o sentimento de não prática desses hábitos parece ter sido

mais forte do que a necessidade da obtenção do diploma de enfermeira.

Lembrando que o contexto do período em discussão favorecia as ações da Igreja Católica, as Irmãs, embora não tivessem a formação requerida para dar continuidade à sua atuação profissional, encontraram apoio no governo de Getúlio V argas. Este, respondendo ao movimento de colaboração recíproca entre o Estado e a Igreja, promulgou, como vimos anteriormente, o Decreto nº 22.257, em 26 de dezembro de 1932, conferindo às Irmãs da Caridade

direitos iguais aos das enfermeiras "padrão Ana Néri", desde que apresentassem atestados provando que já contavam naquela data com seis ou mais anos de prática efetiva de enfermeira (Baptista ; Barreira, 1997 b, p. 35).

De acordo com a depoente nº 3 (Irmã Fiusa):

Havia necessidade [ do Decreto nº 22.257 /32]

porque o motivo religioso era muito maior que as leis. A situação de tradição na assistência era uma segurança para o Estado. Estamos na assistência desde que eu me entendo por gente, desde o século XVII e, no Brasil, desde o século

XIX. Sempre foi a gente que prestou

assistência.

Essa situação tinha, entretanto, um prazo, conforme registra Irmã

Notamicola ( depoente nº 7): nós tivemos um prazo até 1947.

Vale registrar que esse não foi o único grupo de exercentes da enfermagem beneficiado pelo governo Vargas. Entre 1932 e 1934, foram assinados alguns decretos, permitindo a permanência de outros profissionais no campo da saúde. Foram eles os seguintes:

• Decreto nº 21.128, de 7 de março de 1932 - Isenta, provisoriamente, do

Decreto nº 20.109, de 15 de junho de 1931 a enfermagem obstétrica.

• Decreto nº 21.141, de 1 O de março de 1932 - Aprova o regulamento para organização do quadro de enfermeiros do Exército.

• Decreto nº 21.874, de 27 de setembro de 1932 - Reorganiza a Polícia Militar do Distrito Federal, aumentando seu efetivo de mil cento e quatorze homens (1114) e criando dois novos quadros, o de sargentos alunos e o de enfermeiros, e dá outras providências.

• Decreto nº 23.502, de 27 de novembro de 1933 - Concede aos diplomados pelo Curso Prático de Enfermeiros e Padioleiros da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul as vantagens constantes do art. 33 do Decreto nº 21.141 de 10/3/32.

• Decreto nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934 - Torna extensiva aos enfermeiros práticos as regalias concedidas aos farmacêuticos e dentistas práticos quanto ao exercício de suas respectivas funções.

Em decorrência da legislação vigente, a situação de inserção das Irmãs da Caridade no campo da saúde era no mínimo preocupante. A única forma de enfrentamento era mesmo a aquisição de capital cultural institucionalizado. De acordo com a Irmã Fiusa ( depoente nº 3 ), a ausência de educação formal significava uma insegurança... nossa finalidade principal era cuidar do

doente. se as leis não permitissem mais, estaríamos fora do nosso campo.

Portanto, a promulgação desse Decreto, além de permitir que algumas religiosas continuassem a trabalhar em hospitais, ofereceu às Congregações _algum t�mpo para diplomar as Irmãs em enfermeiras.

As transformações políticas do Governo V argas foram os sma1s esperados pela ASVP para iniciar as mudanças que considerava necessárias.

A criação, em 1933, da Escola de Enfermagem Carlos Chagas (EECC)52, instalada nas dependências do Hospital São Vicente de Paulo, em Belo Horizonte (Nascimento, et ai., 1999, p. 29), passou a representar a esperança de formação das primeiras Irmãs, pois, por estar sob os domínios fisicos da Associação, oferecia ambiente apropriado para que elas pudessem